Na perspectiva da protagonista Lívia Bernadini

Lívia Bernadini— Lívia é uma recém-formada em arquitetura moderna, nasceu em Bristol na Inglaterra, mas quando fez seus 18 anos saiu de sua cidade natal com sua mãe e sua irmã para Edimburgo na Escócia. Após o divórcio dos pais elas mudaram para a cidade natal de sua mãe Ana Lúcia, que após descobrir a traição do marido com a vizinha, levou as filhas para outro país, na tentativa de recomeçar.

Flávia Bernadini- é irmã mais velha de Lívia tem 28 anos, Flávia é modelo alta 1,83 de altura ruiva com sarda no rosto, e corpo esbelto, solteira recentemente saiu de um relacionamento conturbado com Peter que não aceitava que ela fosse modelo.

Ana Lúcia Garmélio- mãe de Lívia, é uma advogada, formada após o divórcio, pois antes da separação ela era apenas dona de casa, tem seus 51 anos, vive com as filhas na casa dos pais que há poucos anos partiram por doenças crônicas. Ana Lúcia também é ruiva assim como as filhas e o seu pai Frederick. Ela era filha única casou com Carlo quando tinha 20 anos após se conhecerem no casamento de uma amiga em comum Débora, Ana foi casada por 23 anos o casamento no início era flores e amor, após o nascimento de Flávia as coisas mudaram ele a proibiu de concluir o curso de arte que Ana Lúcia cursava, aos 25 anos quando teve Lívia, Carlo se tornou mais carinhoso com Ana, e assim viveram com paciência e "amor" até descoberta da traição.

Carlo Bernadini— pai de Lívia sempre foi um pai ausente na vida das filhas, a empresa sempre vinha em primeiro lugar, saia de casa antes das filhas acordarem e voltava tarde da noite após elas dormirem, nunca podia ir às apresentações de escola, pois achava perda de tempo, e tempo é dinheiro, usava sempre essa desculpa, aos finais de semana Ana levava as Flávia e Lívia a passeio de escola e lazer, mais Carlo nunca ia. Carlo tem seus 59 anos, empresário do ramo de construção vive em Bristol ainda na casa onde vivia com a família. Após o divórcio ele não casou novamente, mais já teve várias namoradas durante os oito anos divorciados. Atualmente ele namora há dois meses uma engenheira de 30 anos, Paula Bergonis.

Júlia Alcântara- era melhor amiga de Lívia com 26 anos, é professora de dança na universidade estadual de Bristol, além de vizinhas, estudaram e crescerem juntas no bairro de Clifton, Julia tem dois irmãos Danniel Alcântara o mais velho, Matteu Alcântara o do meio, filhos de Gabriel Alcântara e Soraia Santin.

Matteu Alcântara _ 27 anos, empresário trabalha com o irmão Danniel Alcântara na empresa da família de investimentos mobiliário Batting movil, casado com Davila de 27 anos ela é secretaria de Danniel, juntos tem dois filhos, Danilo 3 anos e Lua 5 anos.

Danniel Alcântara_ 29 anos vive em Bristol CEO do grupo Batting movil, namora a influenciadora Vanessa Senna de 28 anos. Mora num apartamento no bairro Central, com vista para o parque central da cidade.

Lívia Bernadini

Lívia _ 💭desde que saí de Bristol, só retornei para a formatura de Júlia, ela se formou em artes e hoje é uma das melhores professoras da universidade estadual. Então já fazem 4 anos que não retorno a este lugar, a última vez que vim aqui não tive uma boa experiência, fiquei na casa de Júlia, pois não consigo olhar para meu pai ainda. Não consigo superar o que houve naquela época.💭

(8 anos atrás)

Lívia _ estava eu e Júlia na minha casa era por volta das 14:00 da tarde de sábado, minha mãe e minha irmã haviam saído para uma feira de moda no centro da cidade. Meu pai bom meu pai era para está na empresa. A família de Júlia também havia saído, os pais dela e os irmãos foram há um jogo de futebol, Júlia era vizinha de lado da minha casa, vivíamos juntas, e estávamos planejando qual a melhor faculdade cursar. Fomos aceites em várias e estávamos escolhendo a melhor, estávamos com dificuldade em decidir qual seria melhor pras duas, quando Júlia recebeu um telefonema de seu irmão mais velho Danniel. Na ligação ele pedia a Júlia para ir olhar se a mãe deles havia chegado bem em casa, pois a mesma não tinha se sentido bem e voltou para casa. Juntas decidimos ir até à casa dela, ao sair de casa estranhei o carro do meu pai está do outro lado da rua, mais imaginei que ele estaria no quarto e não o vi chegar. Entramos na casa de Júlia e ouvimos o que sabíamos ser a mãe dela gritando e gemendo, corremos até lá, pois pensamo que ela estava muito mal. Quando entramos no quarto dos pais de Júlia, a cena que me atormenta dia e noite estava lá, estampada ao vivo e a cores. Meu pai e a mãe de Júlia na cama pelados, um pesadelo para mim e para Júlia, ela gritava amarrada com os braços para trás, enquanto meu pai estava atrás dela puxando e batendo nela. Eu fiquei paralisada com a cena, voltei a ter reação quando escuto o grito de Júlia ao meu lado.

Júlia não gritou para eles pararem nem ao menos para chamar a atenção deles, foi um grito de desespero, ela gritou tão alto que penso que o vizinho da frente ouviu, pois, só assim faz sentido ele ter vindo tão rápido para dentro da casa ver o que estava acontecendo. Meu pai olhou para gente puxando o lençol da cama para se esconder enquanto a mãe de Júlia gritava mandando nós sairmos do quarto. Eu não consegui me mexer nem ao menos gritar como a Júlia. não sei em que momento mais o vizinho me puxou para fora do quarto. Não via a Júlia em lugar algum da casa, desci e procurei ela por toda parte, não achava ela, voltei a sala e só estava o vizinho.

Ficamos os dois um olhando para o outro, e parecia que ele tava mais desesperado que eu naquele momento. Quando olho para cima meu pai desce as escadas e me chama para acompanhá-lo, a Soraia mãe de Júlia estava no quarto ainda, não tinha coragem para descer. Assim como antes eu não mexi um dedo, estava imóvel. O vizinho saiu da casa e foi embora e meu pai me aguarda a acompanha-lo.

Quando tive reação eu andei para fora da casa, saí e fui em sentido contrário a minha casa, eu escutava meu pai falar comigo me ordenando a voltar e eu não lhe dava ouvidos continuei a andar sentido a lugar nenhum.

Estou andando fora de mim, nem pensando em nada estou, só estou indo. Quando me assusto com a buzina de um carro, olho para o lado e vejo tio Gabriel pai de Júlia, eles estavam voltando do jogo. E agora.

Gabriel — Lívia vai onde? Quer carona?

Eu fiquei imóvel, sempre fui assim, nunca fui de reagir, nem mesmo quando criança quando Danniel me jogava uma bola ou outros brinquedos, eu via o objetivo vir em minha direção e paralisava, tudo acertava em cheio a minha cabeça. Mas enfim.

Eu _ Tio preciso ligar para minha mãe antes.

Aposto que ele pensou que eu tava drogada, vejo no banco do passageiro Danniel rir da minha cara, e Matteo só olha com aquele olhar de pena de sempre. Estou tremendo não consigo segurar direito meu celular. Tio Gabriel ver que não tô em condições de segurar o celular e desce do carro.

Gabriel _ calma deixa eu te ajudar. Você não parece bem, entra no carro. Você bebeu algo ou usou? - 💭eu sabia que ele pensava que estava drogada 💭.- a Júlia estava com você?

Eu_ tio não vai pra casa. A gente precisa achar a Júlia e chamar minha mãe.

Vejo o olho dele arregalar, claro né, ele pensa que eu tô drogada agora também deve achar que a filha dele está drogada e perdida nessa cidade.

Gabriel- onde a Júlia está?

Vejo Danniel me fuzilar com os olhos saindo de dentro do carro numa velocidade anormal. Ele se aproxima e eu perco o fôlego, e começo a chorar, não sei se estava com medo dele me bater ou se estava desesperada pela situação. Matteo desce do carro e me abraça tentando me acalmar.

Danniel — o que vocês estavam fazendo?

Gabriel — liga para Júlia, Danniel.

Eu- ela deixou o celular dela em minha casa.

Gabriel — o que houve? Por que ela sumiu?

Danniel- calma pai, vamos levar Lívia para casa lá a gente ver o que está acontecendo.

Gabriel — isso, você tem razão, entrem vamos.

Claro que eu não queria voltar, mais precisava ver onde Júlia poderia estar, chegando próximo de casa, estava muito calmo, tudo normal. Claro eu vi o vizinho fingindo arrumar o carro na garagem com a esposa, e claramente o carro não precisava de conserto algum, saio da minha análise com Danniel me chamando para sair de dentro do carro.

Ao sairmos percebo todos correndo casa adentro na casa de Júlia, vejo que tem gritaria e barulho de vidro estilhaçado, entro atrás de Danniel e vejo Julia jogando todos os porta retrato da parede no chão, ela estava gritando. Tio Gabriel agarrar ela pela cintura e puxa, para imobilizar ela, agora com certeza ele pensa que ela está drogada.

Vejo acima da escada Soraia chorando sentada no chão. E Matteo corre onde a mãe pra consolar ela, Danniel permaneceu na minha frente para me proteger de entrar e pisar nos vidros na sala. E escuto o que o tio Gabriel está falando, é sério que ele está rezando, ele acha que ela está possuída. Eu corto a oração gritando.

Eu- ela não está com o demônio, e nem drogada.

Todos olham pra mim, pronto interrompi a oração. E eu continuo.

Eu- Nós pegamos a tia Soraia e meu pai na cama agora pouco. A Júlia está surtando por conta disso.

Quando termino de falar sinto meu rosto queimar, levei um tapa tão forte que quase caí, não caí porque Danniel me segurou. Olho para direção de onde apanhei e levo mais dois tapas, era meu pai, ele veio proteger o segredo dele. Quando ia receber mais um tapa Danniel segurou a mão do meu pai, foi a oportunidade para mim fugir. Quando ia saindo da porta tropeço e caio depois da calçada, olho para minha mão e vejo meu dedo indicador torto, quebrou.

Meu pai veio em minha direção e eu me encolhi, não por dor do meu dedo quebrado, eu achei que ele me bateria mais. Mais ele me apanhou do chão e perguntou se estava doendo. Ali vi meu pai, me levando pro hospital.

No hospital estava em atendimento chorando muito dessa vez de dor. Mais o médico estava imobilizando meu dedo. Quando minha mãe entra desesperada na sala onde estou. Acho que ela descobriu.

Mãe- filha pelo amor de Deus como que você está?

Eu- espero que melhor que você mãe. Como você está?

Mãe- filha você bateu a cabeça? - ela pergunta passando a mão no meu cabelo soltando ele procurando algum hematoma.- tá sentindo tontura filha?

Eu- mãe para, mãe o pai tava te traindo com a Soraia.

Nesse momento eu percebo que ela não chegou a ir em casa, vejo Flávia na porta parada com o que eu disse, ela é outra mosca morta sem reação. Olho pra minha mãe ela empalideceu, falei pra minha irmã chamar um médico. Meu pai tava sentando ao nosso lado numa poltrona de acompanhante, ele levantou e pegou na mão da minha mão e sentou ela na poltrona.

Minha mãe tava chorando agora, não entendendo nada. Eu comecei a falar tudo pra ela. E meu pai ao nosso lado escutando tudo, como se o que eu tava contando fosse história de algum filme.

Todo mundo parece que ficou mudo, minha mãe chorava na poltrona enquanto a enfermeira media a pressão dela, minha irmã chorando segurando o batente da porta, e meu pai parado junto com o médico observando a cena. E eu com o dedo engessado não podia nem ligar pra Júlia pra saber como estava as coisas por lá.