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Laços De Sangue🩸

O Primeiro Amanhecer

CASA DE VALENTINA

Valentina Sinclair estava sentada no chão de seu quarto, cercada por amostras de tecidos, convites e pequenos detalhes para o casamento que aconteceria em três semanas. Ao seu lado, Estela e Monique examinavam cada item com cuidado e entusiasmo.

VALENTINA: Eu mal consigo acreditar… daqui a três semanas vou me casar! Preciso da ajuda de vocês para decidir tudo!

Valentina pegou dois tecidos que estavam espalhados pelo chão, segurando-os como se fossem preciosidades.

VALENTINA: Qual desses vocês acham melhor?

ESTELA: Ai, Val… os dois são lindos! Difícil escolher.

MONIQUE: O primeiro é elegante e moderno, mas o segundo é mais romântico… depende do que você quer transmitir no grande dia.

Valentina olhou para as amigas, seus olhos brilhando de excitação.

VALENTINA: Ai, não sei… quero que seja perfeito!

ESTELA: Vai ser, Val. Cada detalhe vai refletir você e o amor de vocês.

MONIQUE: E nós vamos estar aqui para garantir que tudo saia exatamente como você sonhou.

Valentina respirou fundo, sentindo uma onda de felicidade tomar conta de si, e sorriu para as amigas, animada com as decisões que ainda estavam por vir.

VALENTINA: Então vamos começar! Hoje é dia de escolher tecidos, cores e flores… tudo precisa estar impecável!

Valentina estava radiante, cercada por suas amigas, enquanto espalhavam sobre a cama amostras de flores, tecidos e convites.

VALENTINA: Ok, então vamos por partes… primeiro, as flores! Quero algo delicado, mas que também seja marcante.

ESTELA: Que tal rosas brancas e algumas flores lilases para dar contraste? Fica elegante e romântico ao mesmo tempo.

MONIQUE: Concordo!

VALENTINA: Agora, o vestido… Ainda estou dividida entre o modelo clássico e o mais moderno.

ESTELA: O clássico é lindo, mas o moderno vai mostrar toda a sua personalidade.

MONIQUE: Mas o clássico combina mais com a igreja que você escolheu. Ela é tão imponente… o vestido precisa harmonizar com o espaço.

VALENTINA: Verdade… falando na igreja, precisamos pensar na decoração também. Quero que cada canto seja especial, mas sem exageros.

ESTELA: E sobre os convidados? Você quer algo mais intimista ou um casamento grande mesmo?

VALENTINA: Intimista, com familiares e amigos mais próximos.

MONIQUE: Ok.

VALENTINA: Sim! E o cardápio… Quero pratos que todos amem, mas também algo que surpreenda.

ESTELA: Podemos escolher uma entrada leve, prato principal sofisticado e uma sobremesa que seja o destaque da noite.

MONIQUE: E não podemos esquecer do bolo! Ele precisa ser incrível!

Valentina sorriu, sentindo seu coração explodir de felicidade.

VALENTINA: Ai, meninas… eu realmente não sei o que faria sem vocês. Tudo isso está ficando mais real a cada minuto!

ESTELA: É só o começo, Val. E vai ser perfeito, tenho certeza.

MONIQUE: Exatamente… e o mais importante é que tudo seja feito com amor.

Valentina se levantou, pegou algumas amostras de tecido e flores, e começou a organizar tudo, imaginando o grande dia que se aproximava com tanta emoção e expectativa.

Enquanto Valentina ainda organizava flores e tecidos, a porta do quarto se abriu e sua mãe, Alisa, entrou com um sorriso carinhoso.

ALISA: Valentina, querida… Lucas está lá embaixo esperando por você.

Valentina respirou fundo, o coração acelerando só de pensar em ver Lucas.

VALENTINA: Ai, mãe… obrigada por avisar! Eu já vou.

Ela se virou para Estela e Monique, que ainda estavam mexendo nas amostras de convites e flores.

VALENTINA: Meninas, eu preciso descer… Lucas está me esperando.

ESTELA: Sem problemas, Val! Nós entendemos. Mas amanhã temos que continuar nossa maratona de decisões lá em casa, hein?

MONIQUE: Exatamente! Ainda temos muito para escolher: bolo, cardápio, pequenos detalhes da decoração…

VALENTINA: Combinado! Amanhã eu estarei lá. Obrigada, meninas, por tudo hoje.

As três amigas se abraçaram, rindo e se despedindo.

Estela e Monique saem da casa de Valentina pela porta dos fundos sem se encontrar com Lucas.

Valentina desce as escadas rapidamente, sentindo o coração acelerar a cada passo. Ao entrar na sala, encontrou Lucas encostado no sofá.

LUCAS: Ei… demorou! Estava ansioso para te ver.

VALENTINA: Eu também, amor… só estava vendo alguns detalhes com as meninas.

Lucas se levantou e estendeu a mão para ela, que a segurou com delicadeza.

LUCAS: Elas já foram?

VALENTINA: Sim, elas disseram que iam sair pela porta dos fundos kkk

LUCAS: Ah... Eu vim porque só queria um tempinho com você… sentir que esse momento é nosso, antes da correria do casamento.

Valentina sorriu, sentindo uma onda de felicidade percorrer seu corpo.

VALENTINA: Eu adoro quando você fala assim… faz tudo parecer ainda mais real.

Eles se sentaram juntos no sofá, mãos entrelaçadas, olhando um para o outro com aquela intimidade que só quem se ama profundamente conhece.

LUCAS: Três semanas… mal posso esperar para te ver caminhando até mim.

VALENTINA: Eu também… e cada detalhe que estou escolhendo é pensando em nós, em como quero que seja perfeito para nós.

Lucas acariciou o rosto dela, sorrindo.

LUCAS: Então vamos aproveitar este momento… só nós dois. Depois voltamos para o mundo das flores e convites.

Valentina encostou a cabeça no ombro dele, respirando fundo e sentindo-se completamente feliz.

VALENTINA: Nada melhor do que isso… você e eu, aqui e agora.

Eles ficaram ali por alguns minutos, rindo, conversando e apenas aproveitando a companhia um do outro, guardando aquele instante doce e tranquilo antes da correria dos últimos preparativos do casamento.

Valentina se aconchegou ainda mais perto de Lucas, sentindo o calor do corpo dele e a segurança de estar em seus braços.

VALENTINA: Lucas… você sabe que eu te amo, né? Mais do que tudo.

LUCAS: Eu sei, amor… mas eu nunca me canso de ouvir isso de você. E eu te amo ainda mais, Valentina. Cada dia que passa, meu amor por você só cresce.

VALENTINA: Às vezes eu penso no nosso grande dia e… meu coração quase explode de felicidade. Imaginar você me esperando no altar, sorrindo, é como um sonho.

Lucas segurou o rosto dela com delicadeza, os olhos brilhando de emoção.

LUCAS: E eu fico imaginando o momento em que você vai entrar… toda linda, radiante… e eu vou sentir que sou o homem mais sortudo do mundo por ter você ao meu lado.

VALENTINA: Eu também sonho com isso… com cada detalhe… a música, a igreja, os nossos amigos e familiares, e principalmente nós dois, unidos para sempre.

LUCAS: Para sempre… amor, eu prometo que vou te fazer feliz todos os dias da minha vida. E não só no casamento… cada amanhecer, cada sorriso seu, cada pequena coisa… eu vou amar você intensamente.

Valentina sorriu, emocionada, sentindo uma felicidade que parecia não caber dentro do peito.

VALENTINA: Eu também prometo, Lucas. Prometo te amar, te apoiar e sonhar com você todos os dias… pelo resto da minha vida.

Eles se olharam por um instante, como se o mundo lá fora não existisse, apenas eles dois e o amor que transbordava entre eles.

LUCAS: Mal posso esperar para dizer “sim” e começar a nossa vida juntos.

VALENTINA: Eu também… e cada detalhe desse dia será perfeito porque vamos vivê-lo juntos, com todo nosso amor.

Eles se abraçaram forte, rindo e sussurrando palavras de amor, sonhando acordados com o dia que estava cada vez mais próximo… o dia em que seus sonhos se tornariam realidade.

VALENTINA SINCLAIR 21 ANOS

ESTELA BEAUMONT 22 ANOS

MONIQUE MONROE 22 ANOS

LUCAS PETERSON 23 ANOS

ALISA SINCLAIR 52 ANOS MÃE DE VALENTINA

( As imagens dos personagens acima foram retiradas da internet.)

Laço De Sangue

A mansão do vampiro Adrien Duvall em Ashbourne era antiga, imponente. Cada corredor ecoava memórias de séculos de existência, mas naquela noite, ele estava perdido em pensamentos que o atormentavam.

Adrien apoiou a mão no vidro frio da janela, observando a escuridão que se estendia pela pequena cidade de Iowa. O vento agitava os galhos das árvores, e ele podia ouvir, lá ao longe, o murmúrio de algum animal noturno. Mas nada disso conseguia tirar de sua mente a lembrança de Elizabeth… sua noiva de outrora, morta de maneira cruel e injusta.

ADRIEN: Elizabeth… se ao menos eu pudesse mudar o passado…

Um frio percorreu sua espinha, não pelo vento, mas pela presença súbita de alguém atrás dele. Adrien se virou sem surpresa. Era Catarina, sua amiga e confidente de séculos, cujo olhar profundo escondia tanto segredos quanto advertências.

CATARINA: Você ainda está preso a ela, Adrien.

Adrien voltou a encarar a escuridão da janela, mas agora com a presença de Catarina ao lado, sentiu a familiar sensação de que não estava sozinho.

ADRIEN: Por que você escolheu esse lugar Catarina?

CATARINA: É mais tranquilo e Londres já não dava mais para nós três.

Adrien fechou os olhos por um instante, sentindo o peso da eternidade em seus ombros. Trêscentos e sessenta e sete anos de vida, mas o destino ainda conseguia surpreendê-lo.

A lua iluminou seu rosto pálido, revelando a intensidade de seus olhos azuis que, por trás da beleza eterna, guardavam séculos de dor, amor e um desejo que agora não poderia mais ser contido.

CATARINA: Adrien… você pode se abrir comigo. Sempre. Sabe disso, não sabe?

Ele permaneceu imóvel, ignorando as palavras dela como se fossem apenas mais um sopro do vento que rondava a noite. Seu olhar não se desviava da escuridão lá fora.

Catarina, porém, não se deixou abalar. Aproximou-se, os passos suaves ecoando sobre o piso antigo.

CATARINA: Eu nunca lhe agradeci como deveria… por ter me transformado. A mim e ao meu irmão, César.

Adrien não respondeu, mas ela continuou, a voz carregada de lembranças.

CATARINA: Minha vida humana… era um pesadelo. Eu vivia acorrentada ao medo, à dor, à miséria. Mas você… você me libertou. Você nos deu uma eternidade que não conhecíamos nem em sonhos.

Ela o olhou com intensidade, como se esperasse um mínimo de reconhecimento. Mas Adrien permaneceu calado, a expressão fria, perdida no passado.

ADRIEN: Não me agradeça por condená-los. A eternidade não é libertação, Catarina… é prisão.

Os olhos dela brilharam por um instante, uma mistura de reverência e dor.

CATARINA: Para você pode ser prisão, Adrien. Para mim, foi salvação. Se tivesse permanecido humana, já estaria morta há muito tempo… ou pior.

Adrien desviou o olhar dela, retornando ao manto de sombras além da janela. Ele não queria carregar gratidão, tampouco culpa. Seu coração ainda pertencia a memórias de séculos atrás — memórias que nem o tempo, nem o sangue, nem a escuridão conseguiam apagar.

ADRIEN: Não fale de salvação, Catarina. Não existe salvação para nós. Apenas sobrevivência.

Adrien se afastou lentamente da janela, o manto negro de sua presença se dissolvendo pelos corredores da mansão. Sem uma palavra, passou por Catarina e deixou a sala, a madeira do assoalho rangendo sob seus passos firmes.

Catarina ficou sozinha, os olhos fixos no vazio que ele havia deixado. Um silêncio quase sufocante dominou o lugar, até que uma nova figura surgiu pela porta: César, seu irmão, alto, de traços marcantes, com a mesma frieza nos olhos imortais.

Ele entrou sem cerimônia, as mãos cruzadas atrás das costas, olhando para o ambiente escuro.

CÉSAR: Não sei por que insiste em ficar aqui, Catarina. Londres era melhor. Lá tínhamos poder, influência… e sangue em abundância. Aqui, nesta cidade esquecida em Iowa, estamos perdendo tempo.

Catarina se voltou para ele, erguendo o queixo com firmeza.

CATARINA: O destino me diz que vamos ser felizes aqui.

César riu baixo, um som seco e incrédulo.

CÉSAR: Destino? Você fala como se ainda acreditasse nessas tolices humanas. Nós não temos destino, Catarina. Apenas noites intermináveis, sangue e escuridão.

CATARINA: Está errado irmão.

César estreitou os olhos, desconfiado, mas curioso.

No outro dia, era praticamente fim de tarde quando Valentina resolveu ir na casa de Estela. O vento entrava pela janela aberta do carro, fazendo os cabelos ruivos de Valentina Sinclair dançarem levemente. Ela dirigia com um sorriso no rosto, os olhos brilhando de entusiasmo.

VALENTINA (pensando):

Em três semanas… eu estarei casada. Tudo vai ser perfeito.

Enquanto acelerava pela estrada ladeada por árvores altas, sua mente viajava pelos detalhes do casamento. O vestido branco, as flores no altar, o sorriso de Lucas à sua espera. Estava feliz, animada, sonhando acordada com cada instante daquele futuro tão próximo.

De vez em quando, ela falava sozinha, como se Estela já estivesse ao seu lado.

VALENTINA: Estela vai amar a ideia das flores brancas na entrada… e talvez o vestido das madrinhas precise de um tom diferente. Ah, eu preciso mostrar isso a ela!

O rádio tocava uma melodia suave, preenchendo o carro com uma atmosfera de otimismo.

Valentina sorria, imersa nos planos do casamento, cantarolando junto à música que tocava no rádio. O vestido, as flores, o futuro… tudo parecia perfeito.

Mas, distraída em seus devaneios, ela não percebeu as luzes de um carro vindo em alta velocidade na curva estreita da estrada.

Valentina tentou desviar mas perdeu o controle do carro.

O mundo girou. O carro de Valentina foi lançado para fora da pista, chocando-se contra uma árvore com violência. O vidro se estilhaçou, o som metálico da lataria retorcendo ecoou na estrada deserta.

A dor atravessou seu corpo em ondas. O gosto de sangue preencheu sua boca, e sua respiração se tornou difícil, frágil. Os olhos de Valentina, turvos pelas lágrimas e pelo choque, tentavam permanecer abertos.

VALENTINA (pensando):

Não… não pode acabar assim…

O rádio ainda tocava baixinho, ironicamente suave, enquanto a escuridão começava a tomá-la.

Adrien Duvall se ergueu de súbito em sua mansão. Seus olhos azuis se iluminaram com um brilho intenso, como se um chamado invisível tivesse atravessado os séculos e o atingido.

Ele sentiu a dor dela. O medo. O coração prestes a se apagar.

O príncipe das trevas jamais havia sentido algo assim. Uma ligação súbita, ardente, que queimava sua alma imortal. Ele sabia apenas uma coisa: não podia ignorar.

O sangue escorria pela testa de Valentina, seus olhos já semicerrados lutando contra a escuridão. Cada respiração era um esforço doloroso. O mundo ao seu redor parecia distante, abafado.

VALENTINA (pensando, com a mente turva):

Eu… não quero morrer… Lucas… mamãe…

Uma lágrima solitária escorreu por sua face pálida. Então, tudo se apagou. Seu corpo cedeu ao desmaio.

Na mansão, Adrien Duvall já não conseguia conter o impulso que rasgava sua alma. Ele atravessou os corredores como uma sombra veloz, e em poucos instantes estava na estrada, guiado não pelos olhos, mas pelo chamado no sangue.

O cheiro metálico de ferro e fumaça o atingiu primeiro. O carro retorcido estava encostado a uma árvore, a noite já se adensando ao redor da cena. Adrien se aproximou, seus passos silenciosos, até ver através do vidro estilhaçado…

Uma jovem. O rosto delicado, os cabelos ruivos manchados pelo sangue, a respiração fraca. A beleza dela brilhou mesmo na morte iminente, e os séculos de dor de Adrien pareceram tremer em um único instante.

Ele se ajoelhou ao lado do carro, a mão pálida pousando levemente sobre a porta retorcida, como se tivesse medo de quebrar o frágil corpo que repousava ali. Seus olhos azuis ardiam.

Com um movimento sobrenatural, ele arrancou a porta destruída como se fosse de papel, inclinando-se sobre Valentina. O coração dela batia fraco, cada compasso ecoando dentro dele como se fossem um só.

Por um momento, Adrien hesitou. Ele nunca acreditou que sentiria isso novamente, aquela ligação feroz, inescapável, que unia sua eternidade à mortalidade de alguém. Mas ali, diante dele, Valentina parecia mais que uma jovem humana. Ela era destino.

ADRIEN: Não vou deixar você morrer.

Ele afastou os cabelos ensanguentados de sua testa, contemplando-a como se já a conhecesse há séculos. Seu instinto clamava pelo sangue, mas algo mais forte o mantinha: um juramento silencioso, nascido naquele instante, de protegê-la.

Adrien inclinou-se sobre ela. O peito de Valentina subia e descia com esforço, cada batida do coração um som frágil, quase imperceptível. Ele a olhava com intensidade, como se pudesse gravar cada detalhe de seu rosto antes que a morte a roubasse.

Seu instinto de predador gritava para cravar os dentes e sugar o sangue quente, mas Adrien o conteve. Não… não seria para matar. Seria para salvar.

Ele ergueu o punho até a boca e, com uma pressão de suas presas, abriu um corte. O sangue escarlate começou a escorrer, brilhando sob a luz fraca da lua.

Adrien aproximou-se, tocando suavemente os lábios inconscientes de Valentina com o sangue que pulsava dele.

ADRIEN: Beba… apenas o suficiente para você viver.

Por reflexo, mesmo desacordada, Valentina moveu levemente os lábios, recebendo a essência dele. O laço se formou no mesmo instante: invisível, ardente, poderoso. Adrien sentiu a conexão atravessar sua alma imortal como fogo e gelo ao mesmo tempo.

O coração dela acelerou por alguns instantes, respondendo ao sangue do príncipe das trevas. Ele fechou os olhos, absorvendo a intensidade daquele vínculo novo.

Mas logo recuou, interrompendo o fluxo.

Ele a tomou nos braços com delicadeza, como se fosse feita de vidro. A noite envolvia ambos em silêncio, e Adrien sabia que nada seria como antes.

Catarina e César, que se aproximavam pela estrada após sentirem a perturbação no ar, pararam à distância, observando.

Adrien, porém, só enxergava Valentina. A mortal que carregava, agora ligada a ele pelo sangue.

O corpo de Valentina repousava nos braços de Adrien, agora com o coração um pouco mais estável graças ao vínculo de sangue. Os olhos dela tremiam sob as pálpebras, prestes a despertar. Adrien sabia que não podia permitir que a jovem lembrasse o que havia acontecido.

Ele ergueu a mão e pousou dois dedos na têmpora dela. Sua voz saiu baixa, profunda, carregada de um poder antigo que hipnotizava até a própria noite.

ADRIEN: Esqueça, pequena estrela… nada aconteceu aqui. Você não se feriu. Apenas dirigia, e saiu ilesa do acidente

Um leve brilho azulado atravessou os olhos de Valentina, selando a nova lembrança implantada. O acidente, o sangue, a dor — tudo se apagava, substituído por uma memória tranquila.

Adrien ajeitou-a cuidadosamente de volta no banco do carro, deixando-a em posição segura, como se tivesse apenas adormecido por alguns instantes.

Então, pegou o celular dela. A tela brilhou com a foto de Valentina e a mãe sorrindo juntas. Por um instante, Adrien sentiu um peso no peito, algo tão humano que o incomodava. Mas, sem hesitar, digitou:

"Mãe, estou bem. Só que o carro bateu em uma árvore na estrada, venha me pegar."

Ele enviou a mensagem e deixou o aparelho ao lado dela.

Em seguida, verificou os arredores com os sentidos aguçados. Adrien não poderia ser visto.

Com um último olhar para Valentina tão frágil e tão essencial ao mesmo tempo, ele recuou para a escuridão da floresta ao lado da estrada. Seus olhos brilharam em azul intenso antes de desaparecer completamente na noite.

Catarina e César, que observavam de longe, trocaram olhares.

CÉSAR: Ele a marcou.

CATARINA: Sim…

A noite voltou a se encher apenas do som distante do vento. Valentina respirava tranquila, sem nunca imaginar que sua vida já estava entrelaçada à do príncipe das trevas.

ADRIEN DUVALL (VAMPIRO) 367 ANOS

CATARINA CLAU (VAMPIRA TRANSFORMADA POR ADRIEN) 173 ANOS

CÉSAR CLAU (VAMPIRO TRANSFORMADO POR ADRIEN) 173 ANOS

( As imagens acima foram retiradas da internet.)

Não Há Como Fugir Dessa Ligação

Quando o dia amanheceu a claridade suave atravessava a janela do quarto de hospital. Valentina piscou algumas vezes, o som contínuo dos monitores preenchendo o silêncio. Sentia a cabeça pesada, mas estranhamente não havia dor forte, nem arranhões e nem hematomas leves.

Ao virar o rosto, viu Alisa, sua mãe, sentada ao lado. Ela segurava firme sua mão, com os olhos marejados de alívio.

ALISA: Graças a Deus… você acordou, minha menina.

Valentina sorriu de leve, tentando tranquilizá-la.

VALENTINA: Estou bem, mamãe. Foi só um susto, nada demais…

Logo depois, Lucas, seu noivo, se aproximou apressado. O olhar dele estava cheio de preocupação, embora tentasse disfarçar com firmeza. Ele tomou a mão livre dela e a beijou suavemente.

LUCAS: Você quase me matou do coração, Valentina. Não faz mais isso comigo.

Ela soltou uma risadinha fraca, tentando aliviar o peso do momento.

VALENTINA: Ei, não foi culpa minha… eu só… acho que me distraí um pouco. Mas eu estou bem, de verdade.

LUCAS: Como isso aconteceu?

VALENTINA: Foi tão rápido, eu estava dirigindo ouvindo uma música e eu não percebi o carro que vinha na frente, quando ele se aproximou eu tentei desviar e meu carro saiu da estrada e bateu na árvore.

Do outro lado, Estela, sua melhor amiga, inclinou-se com um sorriso trêmulo.

ESTELA: Você não imagina o pânico que causou em todos nós! Quando sua mãe me ligou eu vim correndo pra cá.

ALISA: Quando eu cheguei no local você estava desmaiada, mas graças a Deus sem nenhum arranhão, o que é um milagre pois o vidro da frente quebrou e o carro estava todo quebrado na frente.

VALENTINA: Pois é, mas que bom né.

ALISA: Mesmo assim eu liguei para a ambulância e mandei o carro para o conserto.

Valentina apertou a mão dela com carinho, emocionada. Mas no fundo… havia algo estranho. Uma sensação que não conseguia explicar. Seu corpo parecia diferente, mais forte, mais desperto e havia uma lembrança vaga, como um sonho perdido: um par de olhos azuis intensos, observando-a na escuridão.

Um arrepio percorreu sua espinha.

Ela piscou, afastando o pensamento, sem coragem de contar a ninguém.

Enquanto isso, Alisa acariciava seus cabelos, murmurando baixinho:

ALISA: O importante é que está bem, meu amor. Isso é tudo o que me importa.

[ MANSÃO DUVALL ]

Quando a noite chega o vento soprava pelas janelas altas, agitando as cortinas pesadas. No salão principal, Adrien permanecia em silêncio, de pé diante da lareira apagada, os olhos fixos na escuridão.

Ele tentava ignorar a sensação que queimava dentro de si… mas era impossível.

O laço estava ali.

Cada batida do coração de Valentina ecoava em sua mente como se fosse o dele próprio. Ele sentia sua respiração irregular, a confusão em seus pensamentos, até mesmo o medo leve que a envolveu quando despertou no hospital.

Ele fechou os olhos, apertando as mãos atrás das costas, como se isso pudesse silenciar a força do vínculo.

ADRIEN: Maldição… eu nunca deveria ter me envolvido.

Atrás dele, passos leves ecoaram. Catarina entrou no salão, observando-o com um meio sorriso, como alguém que já sabia o que estava acontecendo.

CATARINA: Você a marcou, Adrien. Não importa o quanto negue. Agora, não há como fugir dessa ligação.

Ele se virou lentamente, os olhos azuis faiscando com raiva contida.

ADRIEN: Foi um erro. Eu apenas a salvei. Nada além disso.

Catarina arqueou a sobrancelha, cruzando os braços.

CATARINA: Três séculos sem olhar para ninguém… e justo agora chama de "erro"? Não se engane. Você sente o que está acontecendo.

Adrien desviou o olhar, o maxilar tenso. Ele não queria admitir, mas as palavras dela eram verdadeiras. Desde o momento em que provou a essência de Valentina, algo havia despertado, algo que ele acreditava ter sido enterrado junto com Elizabeth, sua noiva morta há tanto tempo.

Adrien fechou os olhos por um instante, tentando sufocar a raiva e o desejo. Ele não podia permitir que Valentina fosse arrastada para o mundo das sombras. Não ela.

ADRIEN: Ela nunca deve saber.

Mas, no fundo de sua alma imortal, ele sabia que era apenas uma questão de tempo.

[ CASA DA VALENTINA ]

No amanhecer do dia seguinte o sol da manhã iluminava suavemente o quarto de Valentina em sua casa. Ela ainda se recuperava do susto do acidente, mas estava animada e feliz por estar cercada pelo conforto do lar.

O som da campainha tocou e, em poucos segundos, Lucas entrou, com o sorriso preocupado no rosto.

LUCAS: Bom dia… como você está se sentindo hoje?

Valentina sorriu, sentindo o calor do carinho dele.

VALENTINA: Estou bem, Lucas. Um pouco assustada ainda, mas me recuperei rápido.

Ele aproximou-se dela, segurando suas mãos com firmeza, e seu olhar se encheu de preocupação.

LUCAS: Ainda bem… mas por favor, tenha mais cuidado da próxima vez.

VALENTINA: Eu prometo, vou ser mais atenta.

Lucas respirou fundo, relaxando apenas um pouco, mas continuava com o semblante sério.

LUCAS: Você é preciosa para mim, Valentina. Não quero te perder.

Ela sorriu, emocionada, e apertou a mão dele levemente. Um calor doce percorreu seu peito, mas, ao mesmo tempo, uma estranha sensação insistia em chamá-la, como se algo ou alguém estivesse perto, observando, mesmo que ela ainda não conseguisse identificar.

[ MANSÃO DUVALL ]

Na mansão Duvall, Adrien permanecia em silêncio diante da grande janela do salão principal. O céu clareava lentamente com a manhã de Ashbourne, mas ele não percebia a luz do sol, seus olhos azuis estavam fixos em algo invisível, uma sensação que percorria sua alma imortal.

Ele sentia cada batida do coração de Valentina, mesmo sem saber onde exatamente ela estava. O vínculo recém-criado pelo sangue pulsava com força, uma chama invisível que ardia dentro dele.

ADRIEN (pensando, tenso):

Ela está viva… e está segura. Ainda está longe de perceber o que aconteceu.

Catarina, que se aproximava silenciosa, percebeu a intensidade do olhar dele.

CATARINA: Eu sabia que não seria capaz de ignorar isso por muito tempo.

Ele estreitou os olhos, desviando o olhar da escuridão.

ADRIEN: Não posso. Ela é humana… não posso arrastá-la para este mundo. Não agora.

CATARINA: Arrastar? Não, talvez guiar. Você sente isso porque ela está destinada a cruzar seu caminho. E você sabe que não pode resistir para sempre.

Adrien respirou fundo, a tensão percorrendo cada músculo de seu corpo. Tentava controlar o desejo de ir até Valentina, de vê-la, de sentir sua presença mais perto, mas cada instante longe dela era torturante.

ADRIEN: Três séculos e meio… e ainda não aprendi a me afastar de algo que me chama assim…

Catarina se afastou silenciosa, deixando Adrien sozinho, mas seu olhar cúmplice deixava claro que a batalha interna dele apenas começava.

[ CASA DE VALENTINA ]

Valentina estava sentada no sofá, tomando uma xícara de chá, tentando retomar a calma depois do susto do acidente. Seu corpo ainda doía levemente, mas nada grave.

ALISA: Valentina você tem certeza que está bem?

VALENTINA: Estou bem, de verdade. Foi só um susto mesmo.

Alisa apertou sua mão com carinho, o alívio estampado no rosto.

ALISA: Sério, Valentina… você precisa ter mais cuidado. Não quero passar por isso de novo.

VALENTINA: Eu prometo, mamãe. Vou ser mais cuidadosa.

Apesar da conversa leve, uma estranha sensação percorreu Valentina. Um frio súbito, quase como um arrepio, aquela sensação outra vez de estar sendo observada, embora ninguém estivesse por perto além de sua mãe.

VALENTINA (pensando):

Que estranho… parece que alguém… ou algo… está perto.

Ela sacudiu a cabeça, afastando o pensamento. Talvez fosse só a imaginação. Mas a sensação insistia, como se algo ou alguém estivesse tentando se comunicar com ela, algo que ela ainda não podia compreender.

Valentina vestiu uma blusa leve e calças confortáveis, ainda sentindo o calor do sol da manhã atravessando as janelas da casa. Pegou sua bolsa e, ao sair, respirou fundo, aproveitando a sensação de liberdade depois de tanto susto.

Valentina então pegou um taxi e no caminho até a casa de Estela, Valentina sentia algo estranho. Um leve arrepio percorreu sua espinha, e por alguns segundos teve a sensação de que alguém a observava, mas, ao olhar pelo retrovisor e para os lados, não havia ninguém.

VALENTINA (pensando):

É só impressão… deve ser o susto ainda.

O carro percorria as ruas tranquilas de Ashbourne, cercadas por árvores altas e casas antigas. Mesmo assim, Valentina não conseguia afastar aquela sensação: uma presença sutil, invisível, mas que parecia tocar sua alma.

Logo à frente, ela viu Estela acenando animadamente do portão de casa, os cabelos loiros refletindo a luz do sol e os olhos azuis brilhando de entusiasmo.

ESTELA: Valentina!

VALENTINA: Precisamos planejar tudo do casamento… ainda tenho algumas ideias novas!

Enquanto elas caminhavam juntas em direção à casa de Estela, Valentina sentiu novamente aquele arrepio súbito, dessa vez mais forte, como se algo invisível estivesse tentando se aproximar dela. Ela franziu levemente a testa, olhando ao redor.

VALENTINA (pensando):

Por que essa sensação insiste em aparecer? É como se… alguém estivesse perto, mas eu não consigo ver.

Ela deu de ombros, tentando ignorar o pressentimento e se concentrar na conversa animada com Estela. Mas, ao longe, na sombra de uma rua lateral, Adrien Duvall observava. Seus olhos azuis penetravam a luz do dia, fixos nela, sentindo o vínculo crescer mais intenso a cada instante, silencioso, invisível… aguardando o momento certo para agir.

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