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Wenya e os Homens de Sua Jornada

Capítulo I: O começo da jornada

Eu me chamo Wenya e tudo mudou a partir daquele dia. Com a minha espada em mãos, "Herança", eu estava prestes a fazer algo que mudaria para sempre a minha vida. E essa espada, assim como tudo, tinha uma história.

A lâmina pertencera ao meu pai, o General Jens, o "Herdeiro" da Germânia. Cada parte do metal polido contava histórias de glória — e do dever que agora recaía sobre mim. Eu, como filha do bravo general, fui educada desde jovem a ser uma guerreira, mas com exceção de treinamentos, até aquele momento, nunca havia saído para muito longe, nem muito menos entrar em batalhas reais.

Eu tinha pouco mais de vinte anos. Uma idade complicada, algumas mulheres do reino, a maioria, talvez, pensavam em maridos, em filhos, em noites de suor e prazer trocado nos lençóis. Eu, inexperiente com essas coisas, também não via a hora de viver uma vida como adulta.

Esse desejo por paixões intensas teve que ser momentaneamente contido por conta de uma tragédia.

Meu pai, outrora o herói que derrotara hordas monstruosas, agora definhava. A batalha contra o Demônio da Bretanha não lhe roubara a vida, mas a alma. Um veneno invisível corrompia sua mente, transformando um dos melhores guerreiros em um homem frágil e fraco.

A população o recebeu em festa após saber que o bravo general venceu a batalha contra a tal criatura, mas quem poderia saber que ele fora envenenado de uma forma tão terrível? Os dias seguintes foram de reclusão para Jens, e imagino que o povo já pensava no pior.

Mas não nós, nossa família. A esperança está correndo nas nossas veias desde sempre. Minha mãe encontrou em textos antigos a lenda da Lágrima de Sol, uma gema escondida no distante Pico do Amanhecer, cujo poder diziam queimar qualquer maldição ou veneno. Um conto de fadas? Talvez, mas era a única coisa que nos restava. Ao menos, naquele momento, tínhamos um lugar, uma direção para ir e a esperança que tanto desejávamos.

Naquela manhã, minha decisão já estava tomada. Era hora de sair e me colocar a prova. Se havia uma única esperança eu haveria de buscá-la pelo meu pai, pela minha família e pelo meu reino.

Sem muita preparação, eu deixei minha casa com a bênção de minha mãe e quase que só com as roupas do corpo. Com botas e um vestido simples de algodão verde-floresta, prático e decotado, mas que se agarrava às curvas dos meus seios e quadris de uma forma um pouco reveladora, mas que compensava pelo conforto e uma proteção, além, claro, da minha espada e de uma pequena bolsa para guardar providências.

O tecido fino roçava em minha pele a cada passo, se aderindo às minhas curvas e eu sabia, com uma pontada de vaidade, que o frio da manhã enrijecia meus mamilos, desenhando dois cumes contra o algodão, já que eu não usava sutiã. Cobri com metal os antebraços. Meus cabelos loiros, sempre soltos, e meus olhos azuis, cheios de vontade para buscar imediatamente a cura do meu pai, mostravam que eu estava prepara. Quase.

Uma coisa que aprendi foi que uma guerreira confia na estratégia. Meu primeiro destino foi a forja. O ferreiro, um homem forte como pedra, ergueu os olhos. Ele não me olhou como a uma nobre, mas como um profissional avaliando uma arma. E eu gostei disso.

— Pelo jeito, está de partida — disse ele, a voz grave. — Só não exagere no que carrega. Peso demais pode ser a sua ruína ao te deixar lenta.

Suas palavras me atingiram. Em minha ânsia, eu quase me sobrecarregara. Agradeci o conselho e reduzi minha lista de compras. Rações (biscoitos que demoram a se estragar), um odre (cantil para guardar água), pederneira (para acender uma fogueira). O resto eu já possuía na mochila: corda e bandagens.

Quando o relógio da torre principal do reino marcou nove e quinze, cheguei ao portão leste. Os guardas me observaram com uma mistura de pena e respeito. Vi o julgamento nos olhos deles e não só isso. Recebi seus olhares percorrendo meu corpo, demorando-se nas curvas evidentes. Um lembrete de que, mesmo armada até os dentes, eu ainda era uma bela mulher.

Ignorei e avancei. Ao cruzar aquele portão senti meus batimentos cardíacos acelerarem. A trilha da estrada de terra se estendia como uma fita irregular e marrom pelas colinas por entre a vegetação que só crescia quanto mais distanciava meu olhar. Mas eu caminhei com firmeza. Era o começo da jornada e eu sentia que seria a coisa mais importante que eu já fiz na vida.

Eu havia caminhado menos de cem metros quando um grito rompeu a calma.

— Espera!

Meu corpo enrijeceu. Instintivamente, minha mão apertou o punho da espada.

Virei-me. Era Lenk, alguém conhecido... conhecido até demais.

Cabelo castanho despenteado, respiração ofegante... e aquele sorriso torto, por entre espinhas e sardas, que, uma vez, sob o luar, me mostrou que o mundo podia ser mais que treinamento com espada. Ele me mostrou o que era o toque, o que era o calor e a umidade, ter as pernas abertas por um motivo que não fosse um exercício de combate.

Uma lembrança agridoce. O homem que tirou minha virgindade e depois partiu meu coração com sua indiferença estava ali.

Ele parou diante de mim, os olhos percorrendo cada detalhe — da mochila à espada, até se fixarem em meu rosto.

— Onde vai? — perguntou, a voz carregada de preocupação. — Precisa de ajuda?

Meu primeiro impulso foi a frieza. Esse capítulo terminara. Mas meu corpo, traidor, lembrava-se do peso do dele sobre o meu.

Endireitei os ombros, forçando o tecido do vestido contra meus seios, uma posição de defesa sutil, ao mesmo tempo uma provocação.

— Estou de partida, Lenk. — Minha voz saiu firme, decidida. — Tenho uma missão a cumprir a leste.

Houve silêncio. Um peso invisível pairou entre nós. Eu queria que ele fosse embora. Mas uma parte tola e úmida de mim queria ver se ele ousaria ficar. Queria sentir aquele cheiro familiar de suor e terra que emanava dele.

Eu pensei por um instante e olhar de Lenk me dizia uma coisa: talvez ele não estivesse pronto para aceitar um "não". E se isso fosse verdade... era algo um tanto assustador, mas que me excitava na mesma medida. Aquele olhar... era o mesmo olhar que ele tinha na noite em que deslizou os dedos por dentro das minhas coxas pela primeira vez e de lá foi além. não apenas com os dedos.

Mesmo que já não houvesse sentimentos, o corpo tem uma memória teimosa. E o meu estava se lembrando de tudo.

Continua...

Capítulo II: O Caçador e a Presa

Ele desviou o olhar, pensando no que responder, então eu decidi antecipar um eventual pedido e por isso disse:

— E o que eu ganharia com sua companhia, além de um alvo extra para os bandidos?

Eu esperava teimosia. Um argumento, um toque ousado, talvez até que ele me prensasse contra uma árvore e me lembrasse com o corpo o que eu estava perdendo.

Não foi nada do que imaginei, a expressão no rosto de Lenk mudou. Ou talvez eu que estivesse enganada, algo que eu não soube decifrar no momento. Uma ponta de tristeza, talvez. Ele deu um passo para trás, e o calor de seu corpo se foi.

— Eu entendo — disse ele, a voz neutra. — Boa sorte, Wenya. E volte bem.

Lenk fez uma pausa, e as próximas palavras me atingiram ainda mais, esfriando o calor que pulsava entre minhas pernas. E ele prosseguiu:

— Minha namorada... ela engravidou. Quero que seja a madrinha da criança.

O mundo parou. Madrinha. Criança. Namorada.

As palavras ecoaram em minha mente e eu fiquei sem respostas. Eu estava tentando me preparar para um jogo de sedução, para uma luta de vontades que talvez terminasse com minhas saias levantadas na beira da estrada. Não estava preparada para aquele pedido. A banalidade esmagadora da vida seguindo em frente. Ele não estava ali por mim. Ele estava ali por um último adeus antes de abraçar um futuro do qual eu não fazia parte da forma que havia imaginado.

Ele sorriu de leve, depois se virou e começou a caminhar de volta para a cidade. Para sua nova vida.

Fiquei ali, parada, observando-o se afastar. Cada passo dele me fazia pensar em uma palavra para me definir naquele momento: Sozinha. Mas por baixo da dor, uma nova ideia, perigosa e libertadora, começou a brotar. A menção da gravidez acendeu um alerta. Engravidar traria consequências. A jornada à minha frente prometia sangue, mas talvez também momentos de calor, de prazer.

A fala dele, provocação ou não, havia despertado uma fome, e mantive aquilo em mente. O prazer, sim. As consequências, jamais.

Balançando a cabeça, forcei-me a seguir em frente. O passado estava para trás. O futuro, a leste.

Retomei. E ainda estava perto, mas nem pensava em voltar. Minha caminhada seguiu em passos firmes. Foi quando o instinto gritou.

Um som arrastado na vegetação. Parei, a mão no punho da "Herança". E então, eu a vi. Uma mosca do tamanho de um lobo, de um roxo doentio. A cor não me dizia outra coisa que não fosse veneno.

Com a espada em mãos, comecei a circular a criatura, cautelosa.

— Tola! Se afaste! — A voz, grave como o ranger de pedras, veio de trás de um pedregulho. Era uma voz de comando, uma voz que causou arrepios, era algo que eu não esperava logo após encontrar uma criatura venenosa.

No mesmo instante, o monstro começou a inchar. Uma baba verde e fumegante escorreu de suas mandíbulas. O homem estava certo. Explodi em movimento, correndo para escapar do veneno.

Foi quando o ar zuniu.

Uma flecha precisa atravessou o ar e perfurou o tórax do monstro, pregando-o no chão com certa força. A criatura estremeceu e... morreu.

Parei, o coração martelando. Ele salvara minha vida. Abaixei a espada, mas não a guardei.

— Você tem minha gratidão — minha voz soou firme. — Pode se mostrar?

Ele deu um passo para fora da sombra, e o ar pareceu ficar mais denso com sua aura.

Meu fôlego ficou preso na garganta. Era um homem... bonito e gostoso, um monte de músculos e poder contido sob uma armadura de couro que parecia prestes a ceder. O maxilar era uma linha dura e teimosa, e os olhos... ah, os olhos eram de um azul que prometia tempestades. Por um instante, esqueci do monstro morto, da estrada, da minha missão. Meu corpo reagiu a ele de uma forma completamente diferente. Um calor baixo, uma pulsação que me lembrou que eu era feita de carne e osso e tudo mais que ele quisesse.

Ele parou a poucos metros, sua presença uma força calma e letal. E eu notei. Mesmo à distância, através das calças de couro justas, eu notei o volume do seu pau. Uma promessa pesada e grossa que fez minhas coxas se apertarem involuntariamente. E o loiro disse:

— Loirinha, da próxima vez que ver um desses, ou ataca logo ou fica protegida. Eu me chamo Enryc.

"Loirinha". A palavra deveria me irritar, mas vinda daquela boca, soou como uma carícia áspera.

Guardei a "Herança", sentindo o olhar dele seguir cada movimento meu.

— Wenya — respondi, meu tom mais direto do que eu me sentia. — Sua lição é válida, Enryc. E sua flecha, certeira. Minha gratidão é sincera.

Meu olhar encontrou o dele, e senti um choque elétrico. Ele não me olhava como os guardas do portão. Ele me olhava como uma igual, como uma presa que ele ainda não tinha decidido se iria caçar ou proteger. Perguntei:

— Você parece conhecer bem estas estradas. Está viajando para o leste também?

Ele me observou por um momento, um sorriso quase imperceptível curvando seus lábios, para então dizer:

— Na verdade não, eu só estava de passagem — respondeu ele, casualmente. — Vi o monstro e te vi caminhando, decidi ver o que acontecia. Por que a pergunta?

A resposta era lisa demais. Ele estava me testando. Um jogo de palavras e de poder se desenrolava ali, e senti um arrepio de excitação.

— Porque homens com sua habilidade não costumam estar "de passagem" onde monstros como este aparecem — afirmei, a voz neutra. — E porque a estrada para o leste é longa. Companhia pode ser a diferença entre a vida e a morte.

Fiz uma pausa, deixando a oferta implícita pairar no ar.

— Mas se seu caminho é outro, então só me resta agradecer novamente.

Com um leve aceno, comecei a me virar, um movimento deliberado para testá-lo.

— Nossa, cuidado com essa personalidade viu.

A voz dele veio pelas minhas costas, pingando sarcasmo.

— Eu estava indo para Germânia. Boa viagem pra você, senhora grosseira.

Parei. "Senhora grosseira." A acusação me fez cair em si. Minha cautela soou como arrogância. Lentamente, virei-me para encará-lo. O orgulho gritava para que eu seguisse, mas a imagem daquele volume em suas calças e a profundidade daqueles olhos azuis me fizeram engolir o orgulho.

— Minhas desculpas, Enryc — falei, forçando a sinceridade em minha voz. — Você está certo. Fui grosseira. Onde eu vou, a desconfiança é uma armadura. Às vezes, esqueço de tirá-la.

Meu olhar encontrou o dele, voltei a falar.

— Você salvou minha vida. Eu te devo mais do que suspeitas. Se seu destino é Germânia, que sua viagem seja segura.

Ofereci a ele um aceno de cabeça genuíno. Desta vez, eu não me virei. Esperei. O silêncio se estendeu, e eu podia sentir seus olhos me avaliando, percorrendo meu corpo mais uma vez, como se estivesse me despindo ali mesmo, sob o sol da manhã. E uma parte de mim, a parte que Lenk havia despertado, desejava desesperadamente que ele o fizesse.

Continua...

Capítulo III: O Rosto do Inimigo

Meu pedido de desculpas pairava no ar, uma oferta de paz que eu esperava que ele aceitasse. Eu o havia tratado como um inimigo, e agora, encarando o belo e gostoso homem à minha frente, eu desejava qualquer coisa, menos sua inimizade.

Enryc não zombou. Em vez disso, ele me ofereceu uma explicação, e seus olhos azuis perderam a dureza.

— Eu sou um explorador — disse ele, a voz grave um ronronar baixo. — Eu ia para Germânia vender o que cacei. Depois eu voltarei ao leste.

Ele fez uma pausa, e seu olhar desceu para a minha boca por uma fração de segundo. Foi o suficiente para eu umedecer os lábios. E tenho certeza que notei um olhar discreto para meu decote, meus seios.

— Talvez eu te alcance. E espero que nosso reencontro seja mais amigável. Boa sorte.

A promessa em sua voz era carregada de segundas intenções. Ele não estava falando apenas de amizade. Um sorriso, pequeno e cúmplice, finalmente quebrou a rigidez do meu rosto.

— Um explorador — repeti, o tom mais leve. — Isso explica a flecha. Então, que seus negócios em Germânia sejam rápidos, Enryc. E se o destino nos colocar na mesma estrada novamente, eu prometo que a "senhora grosseira" terá ficado para trás.

Meu olhar desviou para a carcaça da mosca.

— E eu terei aprendido a atacar primeiro.

Com um último aceno, eu me virei e retomei meu caminho, sentindo o peso do olhar dele em minhas costas, um calor que se concentrava na curva da minha bunda a cada passo. A possibilidade de um reencontro era uma promessa quente em meu peito, um contraponto à frieza da minha missão.

A jornada continuou. O sol subia, e o calor começava a se instalar, mas não era nada comparado ao fogo que a lembrança de Enryc acendia em mim. Meus olhos não viam mais apenas árvores e pedras, mas sombras e esconderijos.

Foi quando eu a vi. Outra criatura, idêntica à primeira, talvez um pouco menor.

Desta vez, não houve hesitação. A lição de Enryc e a adrenalina pulsando em minhas veias exigiam ação. Com minha espada em mãos, a "Herança", avancei rapidamente. A cinco metros de distância, lancei meu corpo para a frente, a espada empunhada com as duas mãos, e mergulhei a lâmina para baixo com toda a minha força. E deu certo.

O som foi um estalo úmido e repugnante. A criatura estremeceu e começou a se dissolver em uma poça de ácido fumegante. Arranquei minha espada, recuando para proteger minhas botas. O aço nobre da "Herança" estava manchado, fumegando. Senti pânico, mas não fiquei parada. Cravei a ponta da espada na terra, limpando-a febrilmente com areia e com a água preciosa do meu cantil. Para meu alívio, o aço resistiu.

A estrada principal era um convite à morte. Mudei meu curso para sudeste, em direção a uma floresta mais aberta.

Mal adentrei a sombra das árvores quando meu corpo congelou.

Lá, a poucos metros, encostado em uma árvore, estava ele.

Enryc.

Um calafrio de gelo percorreu minha espinha. Raiva. Pura e fria. Ele mentiu. Ele disse que ia para o oeste. E agora estava aqui, no meu caminho, como se me esperasse. Uma emboscada. O calor que eu sentia antes se transformou em gelo. Aquele volume em suas calças não era uma promessa, era uma ameaça.

Minha mão caiu sobre o punho da espada. Fiquei séria e pronta para falar, mas tudo mudou.

Uma nova voz cortou o ar, vinda das profundezas da floresta. Uma voz calma, cansada, mas carregada de um poder que fez o chão vibrar.

— Não caia na armadilha. Ele não é humano.

No mesmo instante, a figura de Enryc olhou para o lado e começou a recuar. Ele não estava me atacando. Ele estava fugindo. Eu não estava em uma emboscada. Eu havia tropeçado no meio de uma caçada.

Um silvo metálico. Uma lâmina curva, presa a uma corrente, chicoteou para fora da floresta. Ela atingiu a figura de Enryc na cintura, cortando-a ao meio com uma força brutal.

Mas não houve sangue. A imagem do explorador se desfez como fumaça. O que caiu no chão foi uma massa cinzenta e disforme. Um monstro.

A corrente se recolheu, e um homem emergiu das sombras. Ele se movia com a graça letal de uma pantera. Não tinha a massa muscular de Enryc, mas uma força contida, eficiente. Cabelos escuros na altura dos ombros, um rosto anguloso e olhos que pareciam carregar o peso de mil noites sem dormir. Ele era mais velho, talvez na faixa dos cinquenta anos, as linhas em seu rosto contavam histórias de dor e sobrevivência. Era o tipo de homem que não precisava levantar a voz para ser obedecido. Sua presença era uma ordem.

— Isso é um metamorfo — disse ele, a voz calma.

Fui ao seu encontro. As peças se encaixaram. O Enryc da estrada era real. Esta coisa apenas roubou seu rosto da minha memória. O homem se ajoelhou ao lado da carcaça, arrancou um órgão escuro de dentro dela e o guardou, seus movimentos precisos e indiferentes.

— Metamorfos são espíritos malignos. Eles pegam a memória e criam uma imagem para devorar. E eu sou o bicho-papão que caça esse tipo de coisa. Eu me chamo Jeevs.

Ele me olhou, e seus olhos escuros me perfuraram. Senti-me nua, não de um jeito sexual, mas como se ele pudesse ver cada medo e cada segredo em minha alma. E, estranhamente, eu não quis me esconder. Havia uma segurança naquela escuridão.

— Wenya — respondi, a voz firme. — E eu te devo minha vida.

Ele então me contou sobre sua caçada, sobre sua filha, sobre como os metamorfos usam as memórias de suas vítimas. A lição era terrível, mas vital.

— Sua filha... — murmurei, o coração pesado por ele. A imagem daquele homem, com todo aquele poder contido, sofrendo uma dor tão profunda, despertou algo em mim. Um desejo de oferecer conforto, de tocar seu braço e sentir a força sob a pele, de ver um vislumbre de sorriso naqueles lábios sérios.

— Agradeço por me ensinar a lição, Jeevs. É um conhecimento que pode me manter viva.

O peso da experiência assentou em meus ombros. O mundo era mais perigoso do que eu jamais sonhara.

— Sua caçada terminou aqui? — falei, minha voz recuperando a força. — Qual o seu caminho agora?

A pergunta era mais que curiosidade. Era uma esperança. Um homem como Enryc era uma promessa de prazer. Um homem como Jeevs... ele era uma promessa de sobrevivência. E, naquele momento, eu senti que precisava desesperadamente de ambos. E talvez até de algo a mais.

Continua...

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