Tudo Pela Coroa
prólogo
O salão estava mergulhado em um silêncio sufocante. As pessoas me olhavam horrorizadas, como se eu fosse um monstro diante delas. Ergui os olhos e encontrei o olhar decepcionado de meus pais; aquele peso me atravessou como uma lâmina. Mas, entre todos ali, eu só conseguia enxergar uma pessoa…
Amélie Golitsyn
— Azak..— *Um sorriso maldoso surgiu em seus lábios enquanto sua expressão ainda era de tristeza e agonia.*
Azak Golitsyn
*lacrimejei ao ver seu sorriso maldoso* — Por quê?..—
Ah, Amélie… como você pôde? Eu a protegi por tantos anos, suportei castigos para encobrir seus erros, fui sua sombra e seu escudo. Fiz tudo por você. Então por que me acusar de traição?
Ao seu lado, estava Aleksey, seu noivo e meu primeiro amor. Seus olhos, tão escuros e profundos, estavam voltados para mim com uma dor que parecia sufocar. Ele não ousava falar, mas eu podia sentir que, no fundo, ainda era a mim que ele desejava desde o início.
Aleksey Dolgorukov
*Ele estava silêncio, sua expressão era neutra,um lampejo de dor estampado em seu olhar.*
Vi, então, o sorriso de Amélie: falso, rude, um gesto que tentava parecer tristeza, mas exalava crueldade. Não senti tristeza naquele instante. Senti ódio. Minha irmã… minha própria irmã me acusando injustamente apenas para roubar a coroa que deveria ser minha.
Fechei os olhos quando a lâmina fria tocou meu pescoço. Ouvi os soluços de minha mãe, que gritava meu nome desesperada, enquanto o carrasco erguia a espada para me golpear.
Lidia Golitsyn
— Azak!..Ah,meu bebê..meu doce menino..— *Ela chorava descontroladamente, apoiada nos braços de Dmitri*
Dmitri Romanov
*Abraçado com Lidia enquanto observava Azak ser empurrado pera frente pelo carrasco.* — Meu filho... — *a dor em sua voz era previsível.*
A espada caiu no chão abruptamente, sangue jorrava pelo chão enquanto as pessoas soluçavam em silêncio.
De repente, um som baixo ecoou pelo salão. Abri os olhos, e lá estava eu, em meu antigo quarto, 2 anos antes. Ao meu lado, Amélie chorava, o rosto manchado de lágrimas. Eu havia voltado no tempo. E desta vez… eu não a perdoaria.
Farei ela pagar por cada lágrima derramada, cada mentira que contou para me atingir.
Chapter 1 𖦹
Amélie Golitsyn
*tremendo com os olhos cheios de lágrimas.*
Azak Golitsyn
*Levei minha mão até seus longos cachos dourados, acariciando-os com delicadeza antes de forçar um sorriso.*
— Amélie? — *chamei seu nome, abrindo lentamente os olhos, fingindo ter acabado de acordar.*
Ela estava ali, sentada ao meu lado, os olhos vermelhos e inchados, o rosto ainda manchado de lágrimas secas. Por um instante, quase acreditei que tudo não passava de um sonho, ou de um pesadelo. Mas o tremor em suas mãos e o som da chuva contra a janela me lembraram: eu havia voltado.
dois anos antes de toda aquela tragédia.
O mesmo quarto, o mesmo ambiente tenso em que vivi por anos.
E o pior, a criança que um dia cuidei com tanto amor e carinho. A mesma criança que mentiu para todos daquele inferno, aquela que foi a culpada por minha morte.
Azak Golitsyn
*a olhei por alguns instantes antes de perguntar com a voz suave:* — Você... teve um pesadelo? — *perguntei com a voz falha, tentando esconder a tensão em meu rosto*
Observei-a em silêncio por alguns segundos. A Amélie de agora parecia frágil, vulnerável, tão diferente da mulher fria que um dia sorriu enquanto eu era condenado à morte.*
Amélie Golitsyn
— Sim… um pesadelo — *respondeu Amélie, enfim, erguendo o olhar para mim.* — Posso dormir com você, Zak? —
Engoli em seco. O ódio, silencioso e pulsante, pareceu despertar dentro de mim. “Zak”. Assim ela sempre me chamava. Eu odiava esse apelido — curto, íntimo demais, como se fosse um lembrete de um afeto que já não existia. Não que eu quisesse soar rude, mas nunca gostei de apelidos. Ainda assim, Amélie era a única a quem eu permitia esse pequeno gesto de intimidade… ou ao menos, costumava permitir.
Azak Golitsyn
*Respirei fundo, tentando controlar o último fio da calma que ainda habitava em mim* — Claro, deite-se aqui.— *murmurei, tentando soar o mais gentil possível.*
Ela sorriu de leve, aquele sorriso inocente, doce, o mesmo que um dia enganara a todos. Se eu não soubesse o que ela seria capaz de fazer, talvez tivesse acreditado de novo. Mas agora, ao vê-la se aproximar, pude sentir algo diferente. Uma pontada gelada de lembrança. A lâmina em meu pescoço. A traição. O olhar vazio.
Amélie se deitou ao meu lado, e por um instante, o quarto pareceu encolher, o ar ficando denso, quase sufocante.
O tempo pode ter voltado, mas o ódio… esse nunca me deixou.
Amélie Golitsyn
*Ela o olhou e perguntou* — Você está bem, Zak? — *uma expressão de falsa preocupação surgiu em seu rosto.*
Azak Golitsyn
*Arrepiei ao escutar sua voz me chamando,mas mantive a calma e respondi* — Sim, e por favor, não me chame mais assim de agora em diante. — *Falei friamente, pude notar a surpresa em seu olhar, não me importei.*
Amélie Golitsyn
*Assustada* — Quê? Por quê? — *A garota disse espantada, provavelmente não esperando aquela resposta tão direta.*
Azak Golitsyn
— Me deixa desconfortável, só isso.— *Respondi amargamente* — Bom, já está tarde. Vamos dormir.—
Amélie Golitsyn
*Ela abaixa a cabeça, evitando olhar para o garoto.* — Sim..boa noite.— *ela se virou lentamente e deitou-se sob a cama macia.*
Cԋαρƚҽɾ 2 𖦹
O dia amanheceu mais rápido do que eu esperava. Quando abri os olhos, percebi que Amélie já não estava mais ao meu lado. Um alívio profundo percorreu meu corpo, como se o simples fato de respirar o mesmo ar que ela durante a noite tivesse sido um fardo.
Azak Golitsyn
*suspira alíviado*
Levantei-me com cuidado, sentindo o frio do chão tocar meus pés descalços. Caminhei até o banheiro e deixei que a água morna do banho lavasse não apenas o cansaço, mas também os resquícios daquela lembrança amarga. O vapor subia lentamente, envolvendo o espelho, e por um instante, encarei meu próprio reflexo.
O mesmo rosto… mas algo em meus olhos havia mudado.
Azak Golitsyn
*Ao terminar, me enrolei na toalha e saí. Fui até o vestiário e escolhi uma roupa simples* — essa vai servir.—
Vesti-me com calma, ajustando cada dobra do tecido como quem prepara uma armadura. Quando saí do quarto, uma de minhas criadas já me aguardava à porta, com o olhar submisso e atento.
Irene Tvrskoy
— Bom dia, alteza — *disse ela, curvando-se levemente.* — Quais são as ordens para essa manhã?—
Permaneci em silêncio por alguns segundos, observando-a. Era estranho estar de volta àquele tempo… saber exatamente o que aconteceria e, ainda assim, sentir que agora eu tinha o poder de mudar tudo.
Azak Golitsyn
— Bom dia. Irene, certo?— *perguntei, analisando-a de cima a baixo.* — É nova aqui?—
Irene Tvrskoy
*Ela se encolheu, um tanto tímida, e levantou o olhar apenas o suficiente para responder.*
— Sim, sou a nova serviçal da princesa, meu senhor. Tive ordens de ajudá-lo durante o dia. —
Azak Golitsyn
— Ah… — *fiquei tenso ao ouvir o nome de Amélie sair de seus lábios.* — Que irresponsabilidade da parte da minha irmã. Sei que ela se preocupa comigo, mas você é a serviçal dela, é a ela que deve servir. Você deveria estar com ela, senhorita. — *minha voz soou mais fria do que eu pretendia.*
Irene Tvrskoy
*Ela estremeceu, abaixando novamente a cabeça.*
— Peço perdão, meu senhor… —
Azak Golitsyn
*Suspirei lentamente, passando a mão pelos cabelos ainda úmidos.*
— Não se desculpe. Mais tarde conversarei com Amélie. —
Por um momento, o silêncio voltou a dominar o corredor. Irene manteve-se imóvel, sem ousar erguer o olhar. Eu, por outro lado, sentia o peso do passado e a raiva contida fervendo sob a pele.
Irene saiu em silêncio, deixando o leve som de seus passos ecoar pelo corredor. Suspirei, tentando me recompor. O ar do quarto parecia denso, como se o passado ainda estivesse impregnado nas paredes — cada detalhe, cada lembrança.
Poucos minutos depois, ouvi batidas suaves na porta
Azak Golitsyn
— Entre — *murmurei, ajustando o punho da camisa olhando diretamente para o espelho*
A maçaneta girou, e lá estava ela
Amélie entrou, envolta em um vestido azul-claro que refletia a luz da manhã. Os cabelos dourados caíam soltos pelos ombros, e o sorriso em seus lábios era tão inocente quanto falso. O mesmo sorriso que um dia me condenou.
Amélie Golitsyn
— Bom dia, Zak! — *disse ela, com um tom doce demais para ser sincero.* — Irene me contou que queria conversar comigo.
Azak Golitsyn
*Suspirei tenso.* — Já disse para não me chamar mais assim Amélie..— *Me levantei e caminhei até a cama* — E sim,eu quero mesmo conversar com você. — *me sentei na beirada da cama, mantendo o olhar firme nela.* — Achei estranho você enviar sua própria criada para me servir.
Amélie Golitsyn
*Amélie piscou algumas vezes, fingindo surpresa.*
— Oh, não quis ser inconveniente. Só achei que você poderia precisar de ajuda… afinal, ainda parece abatido desde ontem. —
Azak Golitsyn
*Prendi a respiração por alguns instantes*
— Ontem? — *repeti a palavra, a voz trêmula escapando antes que eu pudesse disfarçar.*
Amélie Golitsyn
*Ela sorriu com calma, aquele tipo de sorriso estudado, que não revela nada, mas provoca tudo.*
— É, você parecia nervoso, irmão. Apenas quis conferir se estava bem… até porque o nosso império precisa de um rei forte e saudável. Não acha? —
A palavra rei saiu de seus lábios como uma agulha fina perfurando o ar entre nós.
Engoli em seco, tentando esconder o aperto no peito. Amélie sempre soubera como brincar com as palavras....e comigo.
Azak Golitsyn
— Claro — *respondi, forçando um leve sorriso.* — E o império precisa, acima de tudo, de lealdade.
Por um segundo, o sorriso dela vacilou. Pequeno, quase imperceptível. Mas foi o suficiente para me lembrar de que, por trás daquela doçura ensaiada, ainda havia a serpente que me traiu.
Azak Golitsyn
*Levantei-me lentamente, aproximando-me dela até que pudesse sentir o perfume familiar de jasmim.* — Não se preocupe, irmã. Estou muito bem. E prometo… estarei ainda mais forte em breve. —
Ela sustentou o olhar, mas eu percebi no fundo de seus olhos azuis, o mesmo medo que um dia vi no momento da minha sentença.
Medo disfarçado de afeição.
Amélie Golitsyn
*Amélie sorriu novamente, e dessa vez, desviou o olhar.*
— Fico feliz em ouvir isso, Azak. —
Saímos do quarto lado a lado, o som de nossos passos ecoando no corredor de mármore.
Mas, por dentro, eu sabia, estávamos apenas reencenando o início de uma guerra.
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