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Contrato de Amor e Ódio.

Dominique Callahan.

Meu nome é Dominique Callahan. Filho único de um fazendeiro que acreditava que meu destino era seguir seus passos. Para ele, eu era o herdeiro de terras, gado e a pequena fortuna que ele construiu com minha mãe. Para o mundo secreto que me acolheu, eu era algo bem diferente: um executor que não precisaria de dinheiro por muitas gerações.

Desde os quinze anos, carrego nas mãos o peso de vidas ceifadas. Não por escolha, mas por necessidade. A máfia não me deu alternativa, um dia o alvo era meu amigo, e para que ele não morresse matei o cara, tempos depois me acharam e fizeram a proposta, desde então foi assim: fui moldado para obedecer, executar, liderar. Aos dezessete, já era quase um comandante, respeitado e temido, movendo peças que homens feitos não ousariam tocar.

E, ainda assim, ali estava eu, cavalgando ao lado do meu pai sob o pôr do sol do Texas, ouvindo-o falar sobre bois, colheitas e cercas como se nada disso fosse uma prisão para mim.

— Dominique — disse ele, com aquele tom firme. — Um dia, tudo isso será seu. Sua mãe sonhou em ver você cuidando do que construímos juntos, casado, talvez meus netos rodando aqui.

Minha mãe. A lembrança dela sempre vinha como uma faca. Talvez fosse verdade: aquele era o sonho dela. Mas o meu? O meu era outro.

— Eu não quero cavalos, pai. Não quero terra. Quero tribunais, cidades, poder. Eu vou dominar o mundo, não um curral.

Ele me olhou com uma mistura de dor e fúria.

— Mais do que esta falando? O lugar de um filho é próximo ao pai, senão para que vivi até hoje?

Baixei os olhos. Se ele soubesse a verdade... Se soubesse que eu já estava mergulhado até o pescoço em sangue e segredos, que as mãos dele tremiam por me ver somente como filho, e não como o monstro que a máfia fazia de mim.

As manchetes ainda ecoavam na minha mente: “Esposa de magnata assassinada em plena tarde com a filha ao lado.” Eu sabia o preço de ser visto, de ter vínculos. Sabia que, se ficasse ali, não seriam só meus inimigos que me caçariam. Meu pai pagaria o preço.

Então menti.

— Está bem, pai, ainda temos um ano, veremos isso depois, se acalme.

Naquela noite, ele subiu para o quarto cedo, exausto. Eu, sentado à mesa da cozinha, encarei o silêncio até o telefone vibrar no bolso. Atendi sem hesitar.

— Dominique, temos um alvo. — a voz do outro lado soou seca.

— Estou a caminho — respondi.

Logo depois, o celular apitou: notificação de transferência bancária. O valor faria qualquer homem adulto tremer, mas para mim era apenas mais um número. Eu tinha dezessete anos e minha conta já superava a do meu pai. Ele acreditava ser o senhor de uma fortuna, mas a verdade era que sua riqueza era modesta diante da minha. Ninguém sabia. Ninguém poderia saber.

Levantei-me, respirei fundo e comecei a me arrumar. Cinto, armas, casaco. O reflexo no espelho mostrava um garoto simples demais para a vida que levava, mas com olhos endurecidos de quem já tinha visto e feito mais do que devia.

Meus 18 anos finalmente chegaram, o quarto parecia menor do que nunca. A mala aberta no canto, as roupas dobradas como se isso fosse uma despedida qualquer. Mas nada ali era simples.

Meu pai estava parado na porta, os punhos cerrados, o rosto marcado pelo sol e pela decepção.

— Então é verdade. Vai embora? Vai abandonar tudo que construí?

Respirei fundo, encarando-o.

— Pai, se eu ficar, eu morro.

Ele franziu o cenho, confuso e irritado.

— Não fale besteira, Dominique. Você tem tudo aqui. Tem a fazenda, tem meu nome. É seu destino.

— Não é, pai. — minha voz saiu mais baixa do que eu queria.

Ele deu um passo à frente, mas depois parou, os ombros tombando.

— Se sair por essa porta… esqueça que tem um pai — disse, a voz partida.

Engoli em seco. Se ele soubesse quem eu realmente era, morreria, se achar que fui embora só, seria a decepção, mas ele estaria vivo. Meu pai ainda acreditava que eu seria o guardião da fazenda, o filho que honraria os sonhos da minha mãe. Mas eu já tinha escolhido outro caminho, um que jamais poderia confessar.

Fechei a mala, desci as escadas e atravessei a porta sem olhar para trás. O carro me esperava na entrada. Entrei, liguei o motor e tentei engolir o peso daquela despedida.

O telefone vibrou.

— Dominique, temos um alvo, um casal. Estão infiltrados. — a voz do outro lado soou fria.

— Onde? — perguntei.

— Parados em um posto na saída da cidade.

Logo em seguida, a notificação bancária brilhou na tela. O valor caiu como sempre, e agora seguiria para concluir mais uma missão.

Dirigi até o local. O posto estava quase vazio, apenas um carro parado ao lado da bomba. Dentro, o casal conversava distraído. Mas quando estacionei, notei algo que não constava na informação: havia uma menina no banco de trás.

— Vocês disseram que era só o casal. — minha voz saiu cortante no telefone.

— É só o casal — insistiu a voz no telefone. — A menina não importa.

Meu trabalho não era questionar. O acidente que provoquei fez o carro capotar em um estrondo de metal e vidro. O casal não teria volta. Olhei para a menina, ainda inconsciente, o rosto angelical sujo de poeira e sangue.

Não era problema meu. Nunca era, afinal este foi o destino que escolhi.

Veronica Blake

Meu nome é Veronica Blake e, ao contrário da maioria das meninas da minha idade, eu sempre preferi o cheiro de feno ao perfume das lojas da cidade. Enquanto minhas amigas sonhavam com moda e celulares novos, eu sonhava com cavalos, galpões e bichos machucados para cuidar. Um dia vou ser veterinária, era isso que eu dizia para mim mesma toda vez que via um animal na estrada.

Naquela tarde, estávamos em casa. Meu pai, dono de uma empresa de contabilidade, revisava papéis no escritório enquanto minha mãe preparava café na cozinha. Eu encostei no balcão, animada.

— Pai, sabia que a universidade de Austin tem um curso incrível de veterinária? — falei, os olhos brilhando. — Eu quero estudar lá. Vou cuidar dos animais, das terras…

Meu pai ergueu os olhos dos papéis e sorriu de canto.

— Você e esses bichos, menina… — disse, balançando a cabeça. — Com tantos números no sangue, achei que seguiria meus passos.

— Números são frios, pai. Animais têm coração — retruquei, fazendo minha mãe rir.

— Ela é igual à sua avó, Thomas — comentou minha mãe. — Adorava o campo.

Mais tarde, decidimos dar uma volta de carro. O céu estava limpo e eu ia no banco de trás, falando sem parar sobre cavalos, rodeios, veterinária. Meus pais trocaram olhares cúmplices pela frente. Era um daqueles momentos comuns, uma noite qualquer.

Quando paramos para abastecer no posto de estrada, notei algo estranho. Meu pai saiu do carro com o semblante tenso, olhando em volta. As mãos tremiam um pouco ao segurar a bomba de combustível.

— Mãe… o que aconteceu com o papai? — perguntei, inclinando-me para frente. — Ele parece nervoso.

Ela me olhou pelo retrovisor, forçando um sorriso.

— Não deve ser nada, querida. Às vezes ele se preocupa demais com o trabalho.

Mas a maneira como ela apertou a bolsa contra o colo fez meu estômago apertar. Eu não sabia, mas aquela seria a última vez que eu o veria tranquilo.

Meu pai voltou para o carro, o rosto pálido. Tentou disfarçar, mas não enganou ninguém. A tensão grudava no ar como poeira. Engoli seco, mas antes que pudesse perguntar de novo, ele ligou o motor e saímos do posto.

A estrada estava quase deserta, cortando os campos em silêncio. Eu encostei a testa no vidro, observando as luzes distantes, até perceber que havia um carro atrás de nós. Primeiro parecia coincidência, mas quando aceleramos, ele acelerou também.

— Pai? — minha voz saiu pequena.

Ele não respondeu, apenas apertou o volante com força. Minha mãe esticou a mão e tocou a dele.

— Thomas… — murmurou, tentando acalmá-lo.

Então tudo aconteceu rápido demais. O farol forte atrás de nós, cegou meus olhos rapidamente. O carro bateu com violência em nossa traseira. O mundo virou de cabeça para baixo, vidro estilhaçado, metal retorcido, minha cabeça batendo contra o teto. O grito da minha mãe se perdeu no estrondo.

Quando o carro parou de capotar, o silêncio foi cortado pelo som da minha respiração entrecortada. Minha visão embaçada captou movimentos ao longe. Um homem caminhava em nossa direção. Alto, firme, a sombra dele desenhada contra os faróis.

Meu coração disparou. A lembrança é confusa, como fragmentos soltos: um rosto jovem, olhos frios, mãos decididas. Um tiro. O estalo ecoou. Depois, outro.

Eu tentei chamar minha mãe, mas a voz não saiu. O calor do sangue escorria pela minha testa. Antes que a escuridão me engolisse de vez, a última imagem que guardei foi a do estranho, metade anjo, metade demônio — pairando sobre a cena.

Depois, nada. Só o vazio.

Quando abri os olhos de novo, o mundo girava. O cheiro de gasolina e fumaça enchia o ar. Minha testa ardia, e quando levei a mão, senti o sangue escorrer. Olhei para frente: meus pais estavam desmaiados, imóveis.

— Pai? Mãe? — tentei chamá-los, mas a voz saiu fraca, embargada pelo desespero.

As portas estavam amassadas, o vidro quebrado. Empurrei o cinto com dificuldade e consegui sair do carro, tropeçando na beira da estrada. As pernas mal me obedeciam.

Foi então que uma figura se aproximou. Um homem, firme, mas com expressão carregada de dor, estendeu os braços para me segurar antes que eu caísse.

— Calma, menina… você está segura agora.

— Q-quem é você? — perguntei, com a voz trêmula.

— Otávio Callahan. — ele respondeu, firme. — Vou te ajudar.

Dois homens atrás dele lançaram olhares rápidos para dentro do carro capotado. Eu entendi, ainda que não tivesse forças para reagir: não havia mais nada a ser feito por meus pais.

— Sinto muito… — Otávio murmurou, erguendo-me com cuidado. — Vou levá-la ao hospital. Você não está sozinha.

Apertei os olhos, tentando conter as lágrimas, enquanto ele me conduzia até outro veículo. Entrei cambaleante, sentindo o corpo fraquejar. Otávio bateu a porta, entrou ao volante e acelerou pela estrada escura.

A cada quilômetro, a dor e o cansaço me puxavam de volta para a inconsciência. O último som que ouvi antes de apagar de vez foi a voz dele, firme, quase uma promessa:

— Você vai sobreviver, menina. Eu juro.

No hospital fui cuidada, ele se manteve ao meu lado, perdi a noção de quanto tempo passou quando acordei.

— Oi, eu sou Otávio Callahan, a polícia teve aqui, o acidente infelizmente levou seus pais, tiveram inúmeros mortos essa semana aqui na cidade e o clima está tenso, que idade você tem? Consegue me entender? Me diga se tem alguém que posso chamar?

Olhei confusa, o que mais chamava a atenção era o fato de ainda ser ele, e não alguém da polícia, ou assistente social, o chapéu em sua cabeça me fez sorrir, e só consegui falar sobre isso.

— Sabia que eu amo os animais, meus pais não gostavam, mas eu amo, sou Veronica Blake, e não tenho mais família, mas pode ir embora senhor, você me salvou e lhe devo a vida, mas agora vou esperar o fim triste de algum lar temporário.

— Posso cuidar de você até que a polícia venha e resolva isso, você não teve ferimentos graves, e eu também não tenho ninguém, então mesmo sem substituir seus pais, posso te ajudar, em troca você me ajuda a cuidar dos meus animais. — ele respondeu, era errado confiar? Não sei, mas ele me salvou, e sentia como se fosse Deus me dando ali uma nova chance.

Depois que ele assinou um termo com a assistente social do hospital viemos para a fazenda dele, pediu que uma senhora cuidasse do quarto e do que eu precisava e disse que ia ver na cidade sobre o funeral e cuidar de tudo, assenti emocionada e confusa, era inacreditável que nunca mais veria meus pais.

A ligação.

Cinco anos haviam passado desde a noite em que sai de casa, a dois anos de fato assumi as rédeas da organização. Aos vinte e três anos, já não era apenas o executor, era o líder. O velho que me pagava, ele era o líder, confiara a mim seu legado, e eu não hesitei em eliminar quem ousou tramar contra ele. O sangue derramado naquela noite cimentara minha posição, eu o salvei e ele me guiou ao topo. Desde então, todos me temiam, todos me respeitavam. Eu tinha dinheiro, armas, homens me servindo e qualquer mulher aos meus pés… tudo que qualquer outro ambicionaria.

Tudo, menos meu pai.

Eu mantinha contato à distância, por um de seus homens de confiança da fazenda. Mandava dinheiro, cuidava de dívidas, mantinha o lugar de pé sem que ele sequer soubesse que partia de mim, quantias pequenas para que o velho teimoso não recusasse.

De vez em quando, ouvia relatos curiosos: meu pai estava sempre acompanhado de uma tal de Veronica, uma mulher que parecia lhe trazer paz. Talvez fosse bom para ele ter alguém assim por perto. Eu nunca pedi detalhes. Nunca quis saber mais.

Naquela noite, eu negociava com dois aliados, homens de famílias poderosas de Chicago. Discutíamos carregamentos, rotas e valores como se estivéssemos falando de negócios limpos. A sala estava cheia de fumaça de charuto, copos de uísque pela metade, olhares pesados. Um jogo de poder corriqueiro, nada que me abalasse.

Foi então que meu celular vibrou na mesa. O número era familiar. Atendi.

— Senhor Callahan… é sobre seu pai. — a voz, tensa, hesitou. — Ele está muito mal. Não sabemos se resiste até amanhã, ele quer te ver.

Por um instante, tudo ao meu redor sumiu. O barulho, os homens, o peso da liderança. Restou apenas o temor frio, a lembrança do homem que me criou, e a culpa que nunca me deixou.

— Preparem o carro. — minha voz soou firme, mas por dentro eu desmoronava.

Pela primeira vez em anos, não era o chefe da organização que falava. Era apenas um filho, correndo contra o tempo para não perder o último olhar do pai.

Antes de partir, tracei as rotas alternativas. Ninguém poderia saber do meu destino. Meus homens acreditariam que eu estava fora do país em negociações. Para eles, seriam somente alguns dias de silêncio. Para mim, era a viagem mais importante da minha vida.

A estrada até a fazenda parecia interminável, cada curva trazendo de volta lembranças de quando eu ainda era somente um garoto que sonhava em sair dali. Só que agora eu voltava diferente: carregado de pecados e poder, mas vazio onde mais importava.

Ao chegar, a visão da casa me atingiu como um soco. Não era mais o mesmo lugar vibrante que guardava memórias da minha mãe; agora parecia pesado, silencioso. Entrei sem pedir licença, e antes que pudesse dar dois passos, algo veio em minha direção.

Um vaso estourou contra meu braço, os cacos voando. À frente, uma jovem de olhos claros me encarava com fúria e coragem.

— Saia daqui! — gritou, erguendo outro objeto como se fosse uma arma. — Não vou deixar que faça mal a ele! Malditos abutres, já falaram que ele está partindo? Mas ele não vai, Otávio não vai me deixar.

— O que está fazendo? — retruquei, controlando o impulso de reagir. — Eu sou o filho dele, quem pensa que é?.

— Mentira! — os olhos dela faiscaram. — Otávio não tem filho. Eu cresci ao lado dele, eu saberia!

O choque me paralisou por um instante. Como assim? Antes que pudesse responder, passos ecoaram pelo corredor. O velho empregado de confiança surgiu, ofegante, e a cena congelou.

— Veronica, pare! — disse, segurando o braço dela. — Esse é Dominique Callahan… o filhodo Otávio, ele foi embora a cinco anos, pouca coisa antes de você chegar.

Ela piscou, atônita, ainda sem largar o objeto. O homem então se virou para mim, a voz pesada de significado:

— Dominique, essa é Veronica Blake. Há cinco anos, Otávio a cria como filha.

O silêncio que se seguiu foi mais cortante que qualquer lâmina. De repente, eu não era apenas o herdeiro ausente. Era um estranho invadindo um lar que já tinha outra guardiã.

— Venha filho, seu pai tem algo a dizer. — ele falou e seguiu corredor adentro.

Ainda atordoado pela revelação, o segui. O cheiro de medicamentos e o ranger da porta denunciaram a fragilidade do lugar.

Meu pai estava ali, deitado, a respiração pesada, o rosto envelhecido além do que eu lembrava. Mas, ao me ver, seus olhos marejados brilharam como se voltassem a ser os de antes.

— Dominique… — sua voz falhou, mas carregava emoção. — Meu filho…

Me aproximei, engolindo a culpa como veneno. Toquei sua mão, e senti a pele frágil, mas o calor familiar.

— Estou aqui, pai.

Ele olhou para Veronica, que estava imóvel no canto do quarto, ainda com a expressão de desconfiança.

— Veronica… ele é meu filho. Foi embora há cinco anos. Nunca te contei porque… porque doía demais falar.

Ela franziu o cenho, cruzando os braços.

— Não deviam ter chamado ele. — disse, ríspida. — Quem abandona não merece voltar. Você ficou sozinho porque ele quis.

Meu sangue ferveu. Dei um passo à frente, encarando-a com dureza.

— Cale a boca. — rosnei. — Não fale como se soubesse de alguma coisa. Você não passa de uma interesseira vivendo à sombra do meu pai.

Ela ergueu o queixo, ofendida.

— Interesseira? Eu estive ao lado dele quando você decidiu virar as costas! Eu cuidei dessa casa, dessa fazenda, enquanto você vivia a sua vida perfeita longe daqui!

Meu punho fechou, a raiva latejando, mas antes que eu pudesse retrucar, a voz cansada de Otávio ecoou, mais forte que a briga.

— Chega! — ordenou, com esforço. — Se vocês me respeitam… vão me ouvir, só uma vez.

— Mas Otávio, ele está me provocando, não vê? — ela reclamou cruzando os braços, seus olhos azuis como o infinito brilhavam com uma fúria impressionantemente atraente.

O quarto mergulhou em silêncio. Ele, o homem que fora o pilar de tudo, exigia a atenção dos dois filhos — de sangue e de coração.

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