Breve recado da autora🍃🍃
Olá meninas, é um prazer estar de volta, como muitas de vocês já sabem há alguns meses desativei todas as minhas redes sociais e dei um tempo na escrita, estava passando por problemas pessoais que não cabem ser ditos e por esse motivo o último livro que estava sendo atualizado aqui foi retirado ainda na fase inicial, devido a algumas questães de logística não vou retorná-lo para cá, A Bela e a fera da máfia Constantino já era um trabalho que a muito tempo queria trazer para Novel então espero que gostem, antes que comecem os comentários maliciosos gostaria de deixar claro que o Livro Boas garotas sabem ajoelhar voltou a ser atualizado no telegram e que as pessoas que compraram acesso podem estar pegando o link no meu grupo de divulgação "Darck Leitura" no whatsapp, meu número para contato é (38)984236883 e as pessoas que quiserem fazer parte serão muito bem vindas, desde que gostem e respeitem o meu trabalho, meu novo Instagram é o @ leia_soares_oli, me sigam por lá para saber mais sobre os livros, será um prazer recebê-las.
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Muitos de vocês já devem ter lido o conto de fadas da Bela e a fera, bem, a história que venho lhes contar se assemelha exceto por uma única diferença, nosso protagonista o cruel e sanguinário Maverick Constantino não é um homem amaldiçoado mas é quem trás consigo a própria maldição.
Maverick sempre foi diferente dos irmãos, não falou até que completasse cinco anos e o que julgavam ser um atraso em seu desenvolvimento era na verdade os primeiros sinais de alguém atípico, diagnosticado ainda criança com (TEA) tinha hiper foco em armas e uma memória fotográfica que lhe tornou letal, o homem que mais tarde se tornou o líder a frente da família Constantino uma das mais implacáveis e cruéis facções a serviço da máfia Ndrangheta falava pouco, não tinha amigos e não permitia ser tocado, exceto pelo contato ainda que superficial com os irmãos Paolo e Darian, Maverick vivia isolado em um casarão arrematado pelo pai quando a prática de comprar imóveis históricos ainda era permitida, conhecido como "Conde" era o juízo final dos inimigos e era tanto juiz quanto executor daqueles que cruzavam seu caminho, apaixonado por cavalos e pelos animais que criava não permitia a entrada de estranhos em seu casarão, tudo seguia seu curso normal até que um dia tudo mudou, sua propriedade foi invadida, seus animais mortos e uma de suas éguas de estimação roubada, como o bom rastreador que era não demorou a chegar ao responsável, um velho homem chamado Vicente que carregava consigo um ódio mortal pelos Constantino e o que eles representavam, quando o mal que ele mesmo invocou para si recaiu sobre sua casa Vicente teve apenas duas escolhas, ou pagava com a vida pelo que havia feito ou dava em troca de sua dívida aquilo que mais amava, pai de duas belas jovens teria que escolher qual se tornaria moeda de troca, A doce Teodora de espírito livre e coração selvagem ou a bela e inocente Clara que acabava de completar quinze anos...
Uma escolha foi feita, um alto preço foi pago e quem não tinha culpa sentiu na pele a dor do sacrifício por aqueles que amava, uma história de redenção, ódio e um amor que nasceu no lugar mais improvável, no coração duro e sombrio de um homem conhecido por todos como monstro.
Maverick.
Nápoles Itália, fim de inverno
O relógio marcava três da manhã quando as filhas de Vicente Santino foram arrancadas da cama pelo pai, a madrugada era fria e lá fora o vento soprava predizendo o que estava para acontecer, Teodora a herdeira mais velha do homem foi quem viu no rosto do pai o medo estampado, as lágrimas que minaram no canto dos olhos escorrerem pela face cansada.
— Ande Clara, obedeça.
Saltou da cama se agarrando ao velho casaco preso ao cabide, o vestiu depressa enquanto Vicente encarava pela janela o agoniante vazio, Teodora o olhou preocupada, o pai já tinha idade e nos últimos anos estava sempre assustado, acreditava estar sendo perseguido e o medo o levou ao fundo do poço, o homem amoroso e bom havia se tornado um velho decrepto e demente que se escondia em um casebre no meio de um bosque com as filhas.
— Paizinho, o senhor está bem?
Teodora perguntou se abraçando ao pai, Clara a filha caçula arfou.
— De novo ? Ninguém consegue dormir uma noite de sono descente, papai o senhor precisa parar com isso.
Se deitou novamente na cama, cobriu a cabeça com um cobertor enquanto Teodora sentou o pai a mesa, lhe serviu um chá quente.
— Tome, vai ajudá-lo a dormir.
— Ele está vindo, está chegando.
— Ele quem paizinho?
— A fera, dois anos ele disse.
Teodora o encarou confusa, beijou o topo de sua cabeça.
— Tudo seria tão mais fácil se o senhor aceitasse se mudar para cidade, veríamos um bom médico e ele receitaria algo para suas crises.
— Sua mãe pode voltar, não saberá para onde fomos se partirmos.
— Paizinho, ela não vai voltar, mamãe morreu a dois anos, o senhor se lembra?
O homem não disse nada, permaneceu com olhos cravados na velha janela do casebre.
— Agora venha, deite-se um pouco, amanhã tenho que trabalhar bem cedinho, a clara vai para o colégio e como sabe não temos carro, a charrete não está muito boa, nem sei como vou levar as hortaliças e o leite para vender naquilo.
— Ele está vindo.
— Que venha papai, será bem recebido.
Teodora o ajudou se deitar, o cobriu com um cobertor colocando mais lenha na fogueira, a casa não tinha aquecedor e no inverno o frio castigava a família, a jovem mulher se sentou frente ao fogo, não dormiria naquela noite pois mais uma vez a preocupação de não ser o suficiente a golpeou bruscamente, lágrimas lavaram seu rosto, tanto o pai doente quanto a irmã caçula precisavam dela mas ja não tinha forças, se pôs de pé, secou os olhos.
— Erga a cabeça Teodora.
Falou para si mesma, apesar do pouco estudo, de não ter roupas boas e luxo, ela tinha o mais importante, coragem e um amor visceral por sua família.
— Amanhã será um dia incrível, venderá todo leite e as hortaliças na feira, terá dinheiro para comprar os remédios para o seu pai e um uniforme novo para Clarinha.
Sorrio, olhava para as velhas meias furadas em seus pés.
— Talvez até sobre um pouco para meias novas e um vestido.
A jovem se deitou na cama, o rosto lindo, a pele branca como a neve e os cabelos da cor de ébano traziam também um olhar sonhador que não combinavam com a pobreza que lhe cercava, pegou no sono repetindo para si mesma que o melhor estava por vir mas não sabia que na verdade era o mal quem estava as portas, implacável e cruel não teria misericórdia.
Teodora
Teodora terminava de guardar na charrete o que sobrou de mais um dia de trabalho na feira, estava acostumada a acordar todas as manhãs antes do sol nascer e arrumar em cestos as hortaliças e verduras que venderia, a jovem era conhecida no vilarejo, a alegria, o sorriso largo e os enormes cabelos castanhos que voavam soltos chamavam a atenção não só dos comerciantes mas de boa parte dos milionários em Napoli.
Teodora tinha doçura em sua voz, apesar da pouca instrução e de mal ter terminado a quinta série era uma mulher inteligente, agradável, fazia contas como nenhuma outra e tinha tino para os negócios, sua barraca estava sempre cercada por clientes, as empregadas da maior parte das mansões dali a procuravam pelo frescor de suas hortaliças, pelo cuidado e zelo que tinha em trazer todas as manhãs os alimentos que aquelas mulheres serviriam a mesa.
— Já vai menina?
Um dos feirantes se aproximou de Teodora com uma pequena caixa, trazia nas mãos uma dúzia de cerejas, eram as mais doces e suculentas de Napoli e as preferidas da bela moça.
— Sim senhor Rafael, Clarinha ainda não chegou, pedi a ela que não se atrasasse, que viesse direto para cá, já é noite estou preocupada.
Olhava para o velho relógio em seu pulso, a única lembrança que havia sobrado da mãe e que havia sido entregue a ela quando ainda era criança, o homem a ajudou a por na carroça os cestos, lhe entregou a caixa.
— Desculpe, não tenho como pagar, as vendas foram boas mas Clara precisa de um uniforme novo e papai de um médico, a cabeça está cada dia pior.
A voz embargada repleta de vergonha, trabalhava tanto e não tinha dinheiro o suficiente para comprar a fruta que tanto gostava.
— É um presente minha filha, leve.
O homem insistiu, Teodora o beijou no rosto de forma terna, subiu na carroça, uma tempestade forte estava prestes a desabar e com as estradas que levavam ao casebre praticamente em puro cascalho ela e a irmã não chegariam a trilha, ficariam ilhadas.
— Senhor Caetano, pode chamar minha irmã?
Teodora gritou da carroça o guarda que cuidava da portaria,o homem entrou no colégio e saiu de lá acompanhado por uma das freiras e por Clara, o coração de Teodora bateu em desespero ao fitar a irmã.
— Clara, o que houve?
Saltou da charrete, segurou o rosto da irmã entre as mãos, o canto da boca machucado e os cabelos loiros como o sol em um completo emaranhado.
— Sua irmã não estuda mais em nossa escola, eu disse a você da última vez senhorita Santino, essa é uma instituição de respeito, nossas meninas são damas da alta sociedade, abrimos uma exceção para que Clara estudasse aqui primeiramente por caridade e desde que continuasse fornecendo as verduras e hortaliças que trazia como pagamento manteriamos o acordo.
Olhou as irmãs dos pés à cabeça.
— Porém... é óbvio que isso não tem funcionado, Clara não pertence ao mundo dessas garotas, não possui a mesma finesse que elas, é como tentar misturar azeite e água.
A mulher lhes deu as costas.
— Irmã Berenice.
Teodora tentou impedir.
— Por favor não faça isso, eu imploro.
Se ajoelhou sobre o chão quente, segurava o longo e velho vestido com as mãos trêmulas.
— Não tenho condições de pagar por uma boa escola, esse internato é um dos melhores em Napoli e é também o único que aceita minhas mercadorias como pagamento, com meu pai doente, eu trabalhando na feira o dia inteiro não teria como encontrar outra escola, Clara seria obrigada a abandonar os estudos, não quero que tenhamos o mesmo destino, vejo esperança para ela.
— Clara deveria ter pensado nisso antes, sua irmã saiu nos tapas com a filha de Tiziano Rossi, sabe quem é? O dono de metade desse vilarejo, deveria estar feliz por ela ter sido expulsa e não presa, era o que os pais da outra aluna queriam que eu fizesse.
Teodora olhou para irmã com olhos cheios de lágrimas, não disse nada, nunca a repreendia de cabeça quente por medo de magoa-la, subiu na charrete, limpou os olhos molhados, puxou as redias, olhava para estrada quando Clara quebrou o silêncio.
— Mi dispiace, fiore.
Clara balbuciou, a chamava pelo mesmo nome que a mãe, sempre que pretendia acalma-la.
— Não quero conversar agora, Clara, por favor.
Manteve os olhos fixos no cavalo, Clara a encarou com raiva.
— Não é justo me tratar assim, você não sabe o que tive que aturar durante esses malditos meses, todos os xingamentos, os apelidos, as piadas, riam das minhas roupas, dos meus sapatos, do lanche que eu trazia, faziam vômito todas as vezes que eu o colocava sobre a mesa, tudo piorou quando me viram descer da charrete na frente da escola.
— Clarinha, tem vergonha de mim?
— Não Teodora eu não tive vergonha, eu tive raiva, aquelas garotas tem tudo, uma boa casa, carros, empregados que fazem tudo por elas sem sacrificar exatamente nada, ainda assim se acham no direto de nos desprezar como se não fossemos seres humanos, você trabalha tanto, vive para cima e para baixo com esse vestido velho, seus sapatos surrados, elas te chamaram de quitandeira imunda, de feirante de merda, eu queria mata-las.
Clara chorou, Teodora a abraçou com força.
— Clara eu sinto muito, eu não sabia, não fazia ideia que eram tão más com você.
— Eu nunca reclamei porque sabia o quão duro você trabalhava para me manter naquele colégio, o quanto se sacrificava para que eu pudesse estudar, mas não admito que isutem você, se não tivessem me segurado eu teria arrancado um a um cada fio daquela peruca vermelha na cabeça da Marcella.
Teodora limpou as lágrimas no rosto da irmã com as pontas dos dedos, secou as que escorriam de seus olhos.
— Não chore está tudo bem, vamos encontrar um novo colégio, talvez algo mais perto da cidade, o movimento anda mesmo fraco por aqui, será melhor para as vendas.
— Teodora, a cidade fica a vinte quilómetros, se fizermos esse percurso todos os dias vamos matar o Bartolomeu.
Se referia ao cavalo.
— Daremos um jeito, talvez seja a hora de deixarmos o casebre, de encontramos um lugar mais perto da civilização, de escolas, hospitais, quem sabe eu não encontre um novo trabalho?
— Mais e o papai?
— Ele terá que aceitar Clarinha, não tem outro jeito.
Clara
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