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Amor Proibido — Meu Ex Genro

CAPÍTULO 01

Olá, meus amores!

Tenho um livro quentinho, escrito especialmente para vocês. Ele foge um pouco do que estamos acostumados a ler, mas peço que mantenham a mente aberta. Helena é uma mulher com mais de 35 anos que está se redescobrindo após um casamento abusivo, e sua jornada promete emoções intensas e transformadoras.

Nunca imaginei que chegaria a este ponto, mas aqui estou, encarando o homem que um dia me seduziu com palavras doces e promessas vazias.

Agora, cada frase dele soava como uma tentativa de manipulação, e eu, finalmente, percebi que não tinha mais motivos de manter essa relação tóxica.

— Helena, você está exagerando! — gritou ele, batendo a mão na mesa de seu escritório, fazendo alguns objetos saltarem. — Isso não é justo. Eu sempre cuidei de você, te dei tudo que você sempre sonhou.

— Tudo? — perguntei, ironicamente. Respirei fundo, precisava disso. — Você me deu luxo e riqueza, sim. Mas não me deu respeito. Não me deu lealdade. E me deu muito pouco amor. Eu cansei de viver assim. Cansei de ser a mulher que sorri enquanto você me trai.

Ele riu, um riso áspero, cheio de ironia.

— Então o motivo para tudo isso é traição? — Sorriu, debochado. — Tudo não passa de uma mídia sensacionalista.  Você não entende nada, Helena!

— Ah, eu entendo sim — minha voz cortava o ar como uma faca. — Entendo perfeitamente que minha vida nunca foi minha. Que minha juventude foi roubada, que minha filha cresceu vendo seu pai humilhar a mãe todos os dias, e que, por mais que eu tenha tentado, nunca consegui fazer você me respeitar.

O peso do que eu segurava nas mãos parecia esmagador. O tablet brilhava com a luz da tela, e cada palavra estampada ali fazia meu coração disparar.

Normalmente eu ignorava esse tipo de mídias, aquelas que se alimentam de escândalos alheios.

Mas a foto publicava era a mais humilhante possível — meu marido, com um pouco mais de cinquenta anos, abraçado a uma garota de dezenove… a idade da nossa filha.

Eles sorriam, como se o mundo inteiro fosse testemunha de minha humilhação. Ela, elegante e jovem, olhando para ele como se ele fosse um prêmio. Ele, convencido, acreditando que era um bom partido como sempre.

Ele não podia mais simplesmente negar. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Ele piscou, incrédulo, como se eu tivesse acabado de pronunciar palavras impossíveis de serem entendidas.

— Você... não pode e nem vai destruir tudo que construí! — murmurou, sua voz carregada de incredulidade e raiva.

— Tudo que você construiu foi sobre você mesmo — minha voz se manteve firme, quase sem tremores — Eu quero o divórcio.

Ele se levantou de repente, vindo em minha direção, mas algo em meu olhar o fez parar. Não havia medo ali, apenas a convicção de quem passou anos sendo subestimada e agora finalmente encontrou sua própria força.

— Então faça o que quiser, Helena. Mas não diga que eu não avisei… você vai se arrepender, vai voltar rastejando — rosnou, sua arrogância evidente, mas incapaz de me intimidar como antes.

— O arrependimento é a única coisa que não vou senti quando deixar você, Frederick — respondi, retirando meu anel de casada e colocando sobre a mesa dele, virando-me para sair daquele ambiente tóxico.

Tentei controlar o nó na garganta, não choraria. Enquanto arrumava minhas malas, minha mente voltava para tudo que vivi — gritos, acusações, ameaças veladas.

Eu não era mais a mesma Helena ingênua que se casara com aquele canalha aos dezessete.

Não aguentaria nada mais vindo dele. Já adiava essa decisão há dois anos, desde o dia em que nossa filha saiu de casa, mas agora chega. Já perdi tempo demais da minha vida.

Quando finalmente entendi onde havia me metido, comecei a me blindar e a construir meu próprio mundo.

Cada operação bem-sucedida, cada paciente salvo, cada reconhecimento público que conquistava era um tijolo na minha fortaleza de independência.

Sabia que ele não facilitaria nosso divórcio, mas tudo que acumulei durante todos esses anos humilhantes poderia me manter pelo resto da vida.

Ainda mais quando eu não pretendia abdicar da minha profissão — ser uma médica conceituada era parte de quem eu era, e nada poderia apagar isso.

Ele poderia até tentar me denegrir, espalhar mentiras, me difamar… mas eu tinha referências sólidas, provas incontestáveis de minha competência e ética. Eu não era mais a jovem ingênua de antes.

Eu era Helena Vaughn — cirurgiã, mãe, mulher que se reconstruiria das cinzas de um casamento tóxico. E, finalmente, eu tinha em mãos a liberdade que ninguém jamais poderia me tirar.

Meu telefone começou a tocar e, ao verificar quem estava me ligando, observei o nome de minha filha — Eduarda. O coração me apertou imediatamente.

Há semanas não nos falávamos, sempre ocupadas, cada uma em seu mundo, ela na moda e eu no hospital.

Agora, no meio de todo aquele caos, ouvir a voz dela parecia uma âncora. Peguei o aparelho e atendi a ligação.

— Oi, meu amor! — minha voz saiu baixa, carregada de saudade.

— Mãe… — a voz dela, suave atravessou a linha. — Eu vi a notícia. — Um silêncio pesado se instalou por um instante, e eu sabia exatamente a que notícia ela se referia. — Você está bem?

Fechei os olhos, o peito doía pela humilhação. Eduarda sempre fora perceptiva demais. Desde criança, absorvia o peso do ambiente sufocante daquela casa, e talvez por isso tenha decidido sair tão cedo.

— Estou, meu amor… ou pelo menos tentando estar. — Respirei fundo, forçando um tom suave. — Eu não aguento mais, Duda. Hoje decidi… e pedi o divórcio ao seu pai.

Houve uma pausa do outro lado, seguida de um suspiro aliviado.

— Até que enfim, mãe… — a emoção transparecia na voz dela. — Eu só queria que você tivesse feito isso antes, por você. — Sorri, sentindo uma mistura de alívio e orgulho.

— Eu sei, filha. Mas precisei criar coragem. E agora não tem mais volta.

Do outro lado da linha, percebi um riso contido, cheio de cumplicidade.

— Você sempre foi mais forte do que imagina. E eu estou aqui, não importa a distância.

Aquelas palavras aqueceram meu coração mais do que qualquer riqueza que aquele homem pudesse oferecer.

Ali, com o telefone encostado ao ouvido, percebi que não estava sozinha. Eu tinha Eduarda. Eu tinha a mim mesma. E isso era tudo o que precisava para começar de novo.

Assim que terminei de guardar tudo que era meu, chamei duas empregadas para que pudessem me ajudar a descer as malas.

Meu carro já estava diante da porta da mansão. Assim que cheguei no hall de entrada, Frederick apareceu.

— Pense bem, Helena, quando você voltar, já terá outra em seu lugar — ameaçou, como se isso pudesse me fazer desistir.

— Fique à vontade para colocar quantas você quiser aqui dentro, Frederick. Já sustentei demais todo esse teatro — murmurei, colocando meus óculos de sol e deixando aquele tormento para trás.

Já havia comprado um apartamento. Talvez simples demais para os padrões dele, mas eu nunca precisei do luxo que ele fazia questão de ostentar.

Enquanto ele acreditava que eu apenas desperdiçava meu tempo, eu construía minha carreira — independente, sólida e totalmente desvinculada do sobrenome dele.

Assim que coloquei meu pé em meu novo lar, sorri aliviada. A atmosfera ali era totalmente diferente da opressora que era conviver com aquele homem.

Cada parede branca, cada móvel simples, cada detalhe escolhido por mim exalava liberdade.

Caminhei até a varanda, onde o sol da tarde atravessava as cortinas leves. Respirei fundo, sentindo pela primeira vez em muitos anos o peso sair dos meus ombros.

Ali não havia gritos, nem julgamentos, nem olhares de desprezo. Apenas silêncio e a sensação de que, enfim, eu poderia recomeçar.

Peguei uma taça, servi um pouco de vinho e ergui em um brinde solitário.

— À minha vida de verdade… — murmurei, sentindo o sabor da vitória se misturar ao gosto doce da liberdade.

Mas no fundo, eu sabia — Frederick tentaria me derrubar, expor minhas fraquezas, usar cada arma que tivesse. Mas eu estava pronta. Desta vez, quem ditava as regras da minha vida era eu.

CAPÍTULO 02

Nunca havia passado uma noite tão relaxada quanto aquela. Acordei revigorada, e pela primeira vez em muitos anos, meu reflexo no espelho não carregava olheiras de exaustão ou marcas de preocupação.

Escolhi uma roupa que me deixasse leve para trabalhar e, claro, linda e elegante — uma calça de alfaiataria branca impecável, combinada com um body tomara que caia na mesma tonalidade, realçando a delicadeza da minha pele.

Por cima, um blazer bege alongado, estruturado, que transmitia seriedade sem abrir mão da sofisticação. Nos pés, scarpins nude de salto alto, e no pulso, apenas uma pulseira discreta de ouro.

O cabelo solto em ondas sutis e os brincos pequenos davam o toque final. Eu estava perfeita, pronta para enfrentar qualquer batalha — e, principalmente, mostrar ao mundo que não havia fragilidade em mim.

O interfone tocou, interrompendo meus pensamentos. Atendi, e a voz do Sr. Antônio da portaria do edifício soou preocupada.

— Sra. Helena, bom dia! Precisamos avisar que há vários repórteres na saída da garagem.

Fechei os olhos por um instante, respirando fundo. Como esses abutres descobriram tão rápido meu endereço. Não havia divulgado para ninguém. Não descartei que aquilo poderia ser obra de Frederick…

Ele sabia o quanto eu detestava estar em evidência, e sempre que algum escândalo explodia, me blindava de tudo. Agora, foi completamente diferente. Eu estava no olho do furacão

— Obrigada, Sr. Antônio!

Sorri de canto. Se ele esperava que eu me escondesse, ou gritasse por socorro. Mostraria que não estava sofrendo. Muito pelo contrário — estava feliz, radiante e decidida.

Era chegada a hora de transformar meu medo em escudo e minha liberdade em arma.

Ajustei o blazer nos ombros, peguei minha bolsa e caminhei em direção à porta. Hoje, quem controlaria a narrativa seria eu.

Assim que cheguei à garagem do edifício, pude ouvir o burburinho que vinha da rua. Claro, Frederick era um dos maiores empresários do petróleo, tido como bilionário, e qualquer notícia envolvendo o seu nome era escandalosa demais para ficar nos bastidores.

A traição estampada em sites de fofoca se transformara em combustível para jornalistas sedentos por um escândalo ainda maior.

Entrei no meu carro e me preparei para deixar a garagem, mas percebi que aquelas pessoas estavam determinadas a não me deixar passar sem conceder uma entrevista.

Luzes piscavam mesmo antes do portão abrir completamente. Assim que baixei o vidro, vários flashes foram acionados, cegando-me por um instante.

— Pessoal, sei que estão apenas fazendo o trabalho de vocês, mas no momento eu não tenho nada a declarar. Agradeceria se me deixassem passar, realmente preciso trabalhar — falei com firmeza, tentando manter a compostura. Mas as perguntas começaram a vir como rajadas de metralhadora…

— Senhora, como se sente ao ser trocada por uma garota com a idade de sua filha?

— Já solicitou o divórcio?

— Pretende processar o senhor Frederick?

Minha paciência se esgotava a cada grito, e percebi que não conseguiria sair dali sem dizer algo que encerrasse de vez aquela cena.

Respirei fundo, ergui o queixo e, com a voz firme, decidi dar o que eles tanto queriam — uma declaração.

— Tudo bem, pessoal. Já solicitei sim, o divórcio, e acredito que era algo que já devia ter feito anos atrás. A única coisa que posso dizer… é que desejo felicidades ao novo casal. — Fiz uma pausa, olhando diretamente para as câmeras. — Agora, por gentileza, estou atrasada para o meu compromisso.

Acelerei um pouco o carro, apenas o suficiente para deixar claro que precisava passar. A contragosto, abriram espaço, ainda atirando perguntas no ar e registrando cada movimento meu.

Mantive a postura até o último segundo, mesmo quando o portão se fechou atrás de mim e a rua ficou para trás.

No silêncio do carro, um sorriso leve escapou dos meus lábios. Frederick queria me ver encolhida, destruída, implorando para que a vergonha passasse rápido.

Em vez disso, eu apareci diante do mundo como o oposto — uma mulher firme, elegante e decidida a seguir em frente.

No hospital, as coisas não foram diferentes. Uma nova enxurrada de jornalistas aguardava minha chegada, câmeras e microfones apontados como se eu fosse um espetáculo à parte.

Mas eu sabia que, depois que passasse daqueles portões, eu não seria mais “a esposa traída do Bilionário do petróleo”. Ali, eu era apenas Dra. Helena, e isso bastava.

Foi complicado atravessar a portaria, flashes sendo disparados, pessoas diante do meu veículo e perguntas sendo jogadas de todos os lados. Mas, com a ajuda firme de dois vigilantes que praticamente arrastaram alguns dos mais insistentes, consegui enfim entrar.

Respirei aliviada assim que pisei no corredor principal, onde o silêncio profissional do hospital contrastava com o caos lá fora.

Ao chegar no meu consultório, encontrei Antonella já à minha espera. Seu semblante cansado revelava que o dia dela também havia começado cedo demais.

— Bom dia, doutora — disse, entregando-me uma pasta. Um olhar preocupado.

— Antonella, por favor, exclua qualquer recado que não tenha a ver com meus pacientes — larguei a bolsa na poltrona e tirei o blazer, revelando a blusa branca impecável por baixo. — Agora me diga, o que temos para hoje?

Ela pareceu aliviada por minhas palavras.

— A senhora tem uma visita programada e, logo depois, uma reunião com a equipe médica do senhor Nicolo para decidirem qual procedimento seguir. Além da visita e da reunião, alguns pacientes marcaram retorno.

— Me lembre o caso do senhor Nicolo.

— É o paciente que caiu enquanto esquiava. Fraturou o quadril, punho, costelas e clavícula.

Assenti, imediatamente lembrando do rosto simpático.

— Claro… como poderia esquecer? — um sorriso escapou dos meus lábios. — Um senhor de quase setenta anos, mas com espírito de vinte e cinco.

Recordei das últimas conversas. Mesmo com o corpo castigado pela dor, Sr. Nicolo encontrava espaço para arrancar risadas de toda a equipe. Ele fazia piadas com as talas, transformando um ambiente pesado em algo mais leve.

— Lembro que, na última vez que entrei no quarto, ele me perguntou se conseguiria esquiar no próximo inverno — balancei a cabeça, sorrindo sozinha. — É impossível não admirar a resiliência desse homem.

Antonella riu baixo, claramente partilhando da mesma simpatia pelo paciente.

— Pois é… ele insiste em dizer que vai voltar para as pistas, doutora, pelo menos foi o que o filho me disse sorrindo — disse ela, ainda sorrindo.

— Então vamos trabalhar para que isso aconteça — disse, agora com o humor melhorado.

— Doutora, a senhora realmente está bem? Quero dizer… depois de tudo que saiu na mídia.

— Antonella, faz muito tempo que deixei de me importar com o que publicam sobre meu marido. O que posso afirmar é que precisarei de algumas brechas na minha agenda para tratar de assuntos particulares com um advogado.

— Entendido, doutora. Vou organizar isso para a senhora — disse minha secretária, um sorriso surgindo em seu rosto.

Depois daquela conversa, meu dia seguiu em ritmo frenético. Precisei colocar o celular no silencioso, porque ele simplesmente não parava de tocar. Por várias vezes ouvi Antonella atendendo e inventando algum tipo de desculpa para se livrar das ligações insistentes.

Eu entendia a ânsia por um furo de reportagem, mas parecia impossível para eles compreenderem que, por trás da manchete, existiam pessoas tentando apenas viver suas vidas.

Enquanto tentava me concentrar em estudar o caso de uma criança que havia fraturado o fêmur, o celular vibrou novamente. Outra vez Eduarda. Um sorriso surgiu em meu rosto e atendi.

— Oi, meu amor! Acho que estamos começando a compensar o tempo que passamos sem nos falar — brinquei, sorrindo.

— Mamãe… é verdade que o papai vai ter outro herdeiro? — a pergunta dela me pegou de surpresa, fazendo meu humor sumir e gelando-me por dentro.

— Duda, eu realmente não sei dizer o que é verdade ou não — respondi com calma. — Eu saí de casa, meu amor, e tenho evitado ao máximo acompanhar as mídias. Aconselho você a fazer o mesmo.

Houve uma breve pausa do outro lado, antes que ela perguntasse em tom mais sério…

— A senhora já deu entrada no divórcio?

— Eu pedi o divórcio ao seu pai, mas ainda não procurei um advogado. Estou tentando arrumar uma brecha na minha agenda para isso. Seu pai, sinceramente, já não tem tanta urgência para mim — falei com um sorriso que, mesmo à distância, ela conseguiu perceber.

— A senhora está certa, mamãe. Estou muito orgulhosa da senhora. Apesar de ele ser meu pai, não tem como não me decepcionar por tudo o que ele fez a senhora passar.

— Esqueça isso, meu amor. A única coisa em que deve pensar é na sua carreira e na sua felicidade, Duda.

— Farei isso, mamãe. Amo a senhora!

— Também amo muito você, meu amor! — respondi, sentindo meu coração aquecido, apesar do turbilhão que me cercava.

CAPÍTULO 03

Na metade da noite, depois daquele dia tumultuado, enquanto tentava relaxar com uma taça de vinho, meu celular começou a tocar com insistência. Pensei em ignorar. Ninguém respeitava mais nem as minhas horas de descanso?

Mas, ao olhar o visor, senti um arrepio percorrer toda a minha espinha 7— a ligação não era local, vinha da Itália. Pelo fuso horário era madrugada lá. Meu coração de mãe disparou, certo de que algo havia acontecido.

Atendi com as mãos trêmulas e a voz do outro lado confirmou meu pior pressentimento. Era a polícia de Milão. Informaram que Eduarda havia sofrido um grave acidente de carro.

As palavras seguintes me dilaceraram — minha filha havia capotado o carro e agora lutava pela vida em um hospital de Milão.

Disseram que apenas dois números constavam para emergências — o meu e outro ao qual não conseguiram contato. Imaginei que fosse o de Frederick — que, provavelmente, não atendeu imaginando ser algum jornalista.

Mal consegui respirar ao desligar. As lágrimas nublavam minha visão, mas eu sabia que não tinha tempo a perder.

Tentei ligar para ele, mas todas as chamadas foram rejeitadas. Desesperada, peguei meu MacBook e comprei uma passagem para Milão dali há algumas horas.

Quando cheguei ao hospital San Marco di Milano — para onde Eduarda fora levada — meu coração parecia querer escapar do peito. O táxi mal havia parado junto à entrada quando eu saltei para fora.

Vários jornalistas já se aglomeravam do lado de fora, e eu tinha quase certeza de que esperavam por notícias sobre Eduarda. A suspeita se confirmou no instante em que um deles me reconheceu.

Fui completamente cercada por eles, baixei a cabeça e continuei a andar, enquanto perguntas eram lançadas para mim e vários microfone surgiam diante de meu rosto.

Assim que passei pelas portas automáticas, o barulho cessou. Arrastei minha mala de viagem, sem sequer notar os olhares curiosos.

Respirando fundo, aproximei-me da recepção e, com a voz trêmula, me identifiquei…

— Bom dia, me chamo Helena Vaughn, sou a mãe da Eduarda Vaughn… preciso falar com o médico responsável pelo caso dela, imediatamente.

A atendente lançou-me um olhar carregado de pesar — provavelmente já havia lido algo nos sites de fofoca e compreendeu meu desespero.

Em seguida, pediu que eu aguardasse, pois entraria em contato com o médico. Em poucos minutos, fui levada até um consultório.

— Bom dia, Sra. Vaughn, sou o médico responsável pelo caso de sua filha, Dr. Luca Moretti.

— Bom dia, Dr. Moretti, agradeço por me receber — disse, tentando manter a voz calma, embora a ansiedade me corroesse por dentro. — Também sou médica, cirurgiã, e gostaria de obter informações mais reais sobre a situação da minha filha.

— Entendo sua preocupação. Já fui pai de paciente também, e sei como é devastador estar desse lado da mesa. — Assenti, sentindo um nó na garganta.

Senti minhas mãos tremerem, e por um instante temi que minha voz falhasse.

Não importava quantos anos de experiência eu tivesse em centros cirúrgicos, nada me preparava para ouvir sobre minha filha naquele estado.

— A sua filha sofreu um acidente gravíssimo — disse o doutor, seu olhar sério e pesaroso. — Ela capotou que ela dirigia capotou e ela sofreu múltiplas fraturas, hemorragia interna e um trauma craniano severo. O estado dela é crítico.

Meu mundo desabou. A voz na minha cabeça se recusava a aceitar aquele diagnóstico — não enquanto eu não a visse com meus próprios olhos.

Ele respirou fundo, como se buscasse palavras mais claras antes de prosseguir.

— Preciso ser absolutamente honesto com a senhora, tanto como pai quanto como colega de profissão. As fraturas nos membros superiores e inferiores, são as que menos nos preocupa nesse momento. Mas as lesões torácicas já comprometem a função pulmonar. Por isso, está sob ventilação mecânica para garantir a oxigenação adequada.

— Então… foi realmente muito grave — murmurei, mais para mim mesma do que para ele, embora sentisse seu olhar atento acompanhar cada palavra.

— Sim, Sra. Vaughn. A hemorragia interna exigiu transfusões emergenciais, mas o risco de instabilidade hemodinâmica ainda é alto. Acredito que entenda do que estou falando.

Meu coração acelerou, um aperto sufocante tomou conta do meu peito.

— Sim, doutor. Ela… ela ainda tem chances reais de sobreviver? — perguntei, com a voz embargada, quase implorando por uma resposta que pudesse me sustentar de pé.

— O trauma cranioencefálico é grave. Identificamos um edema cerebral difuso e, neste momento, estamos monitorando a pressão intracraniana de forma intensiva. Eduarda encontra-se em coma induzido, o que nos permite controlar melhor as funções vitais, mas ainda não podemos prever quais serão as possíveis sequelas neurológicas e se elas existirão.

Senti minhas pernas fraquejarem. Era como se cada palavra dele arrancasse um pedaço do meu coração.

— Sei que não é comum permitir que familiares participem tão de perto, mas tenho experiência em situações complexas e já conduzi muitas cirurgias de risco. Não quero interferir no seu tratamento, mas desejo estar ciente de cada decisão para compreendê-la. — Ele me observou por alguns segundos.

— Posso ver em seus olhos que fala tanto como médica quanto como mãe. Mas deve ter conhecimento de que não posso, eticamente, permitir que esteja envolvida diretamente nas decisões. Seria um conflito para a equipe e para a senhora mesma. — Suspirei, já esperando aquela resposta.

— Eu compreendo, doutor. Na verdade, já imaginava que seria assim. Só preciso estar a par de tudo, sem surpresas. — Um leve sorriso surgiu em seus lábios.

— Sim, isso é possível. Autorizarei que acompanhe de perto as atualizações e participe das discussões sobre o quadro clínico. Sua experiência será respeitada.

Um alívio percorreu meu corpo, e pela primeira vez em horas consegui respirar um pouco melhor.

— Muito obrigada. Isso significa muito para mim… e para minha filha. — Ele assentiu, em tom compreensivo.

— Estaremos nos reunindo amanhã no primeiro horário, para reavaliar a paciente. Se desejar estar presente, terá acesso às informações e poderá sugerir. Só lhe peço uma coisa, Dra. Helena… mantenha a força. Eduarda vai precisar disso mais do que nunca.

— Prometo que manterei. Posso… posso vê-la por alguns minutos? — perguntei, com a garganta apertada e os olhos marejados.

— Ela está na UTI. Mas posso levá-la para vê-la — respondeu Dr. Moretti com um sorriso pesaroso.

Entrei na UTI, e lá estava ela — minha filha, deitada entre fios e tubos, o corpo coberto por ferimentos, a respiração pesada marcada pelo respirador.

Por ser médica, ficou mais fácil entender os termos técnicos enquanto o doutor começava a explicar a situação detalhadamente.

Cada palavra era precisa, e como mãe, não consegui evitar que um arrepio percorresse minha espinha. Sabia exatamente o que significava cada trauma. Compreendia a gravidade e a complexidade do caso da minha menina. E o pior era que nada podia fazer.

Ela estava, literalmente, entre a vida e a morte. Por mais que minha mente racional avaliasse possibilidades e prognósticos, não conseguia encontrar um tratamento diferente do que ela já estava recebendo.

Meu coração de mãe se contraía a cada segundo, a cada bip do monitor, martelando a lembrança cruel da minha impotência naquele momento.

Após alguns minutos, o doutor me olhou com firmeza…

— Doutora, precisamos sair agora. Não é permitido visitas permanecer neste setor.

Meu desejo era ficar ali, ao lado da minha filha, segurando sua mão, sentindo cada respiração. Mas sabia que aquelas regras existiam por uma razão. Respirei fundo e assenti, mesmo com a dor de ter que me afastar.

Assim que saí do hospital, ainda abalada, um grupo de jornalistas ainda estavam ali.

— Sra. Helena, uma única declaração, por favor… Como está sua filha? Ela está viva? Já sabe o que pode ter causado o acidente? — perguntou um dos repórteres, a voz ansiosa, quase invasiva.

Parei por um instante, sentindo a dor transbordar até se transformar em raiva. Eu entendia o papel deles, mas não podia esquecer que, naquele momento, eu não era apenas uma profissional, era uma mãe com a filha na UTI.

— Não tenho nada a declarar. Mas, como mãe, faço um pedido: o estado da minha filha é crítico, e tudo o que peço agora é que respeitem a nossa dor. Deem-nos espaço para respirar, sem nos rodearem como urubus sobre uma carniça. — Olhei cada um deles nos olhos antes de me afastar.

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