🎭 Personagens Principais:
• Isabela \(Isa\) – 21 anos. Criada no interior, doce, orgulhosa e determinada. Carrega a frustração de um amor perdido na fazenda, mas está disposta a se reinventar. Agora na cidade grande, quer apenas estudar e seguir em frente, mas não esperava encontrar tantos conflitos internos ao conviver com Lucas.
• Lucas – 26 anos. Primo de Isa. Desde cedo carregou a fama de rebelde, e agora é conhecido por ser irresistível e mulherengo. Arrogante, sarcástico e dominador, ele adora provocar e brincar com Isa, como se quisesse testá\-la a cada instante. Por trás da máscara de conquistador, esconde uma faceta possessiva e intensa, que só se revela quando se trata dela.
• Helena e Marcos – Tios de Isa. Generosos e afetuosos, sempre receberam todos de braços abertos. Helena é carinhosa, enquanto Marcos mantém uma postura mais rígida. Marcos é irmão da mãe de Isabella
• Clara – Irmã mais nova de Lucas, prima de Isa, 19 anos. Romântica e ingênua, adora comentar sobre os casos amorosos do irmão mais velho. É também o contraponto doce e acolhedor para Isa em meio às provocações de Lucas.
• Mateus – Amigo de infância de Isa no interior, 23 anos. Sempre nutriu sentimentos por ela, mas um mal\-entendido arquitetado pelos pais afastou os dois. Representa o passado que Isa tenta esquecer.
Capítulo 1 – Adeus à Fazenda
O sol dourava o horizonte quando Isabela atravessou o portão da fazenda com passos pesados. O vento soprava entre os campos de milho, mas o som não era suficiente para abafar a dor em seu peito.
Ela havia acreditado… tinha se permitido sonhar com Mateus, o rapaz que tantas vezes a acompanhara nas tardes de colheita, que sorria para ela de um jeito que parecia prometer o mundo.
Mas tudo desmoronara em poucas horas.
Na véspera, sua mãe havia sido clara:
— Os pais de Mateus vieram até aqui, Isa. Disseram que ele nunca teve interesse em você. Que só te via como uma amiga de infância. Que ele já tinha alguém, mas não sabia como contar para não machucá-la
As palavras ainda ecoavam como facas. Isa lembrava do rosto dos pais de Mateus, sérios e duros, quase ofendidos pela possibilidade de um romance entre ela e o filho.
Ela não conseguiu confirmar com o próprio Mateus, não teve coragem. O orgulho ferido falou mais alto.
“Então era isso… eu me iludi o tempo todo.”
Ao seu redor, a fazenda, que sempre lhe pareceu aconchegante, agora parecia uma prisão. A cada canto, lembranças a sufocavam. Não queria mais esperar pelo impossível.
Seus pais estavam na cozinha, ocupados com tarefas de sempre, mas a tensão no ar era inegável.
Rosa, sua mãe, era uma mulher de semblante suave, cabelos castanhos sempre presos em um coque simples, mas olhos capazes de enxergar a alma de quem estivesse à sua frente. Ela tinha um jeito protetor, mas sabia ser firme quando necessário.
— Está decidida mesmo? — perguntou, a voz embargada, enquanto esfregava as mãos no avental.
Isabela respirou fundo, segurando o choro.
— Estou, mãe. Preciso ir para a cidade. Preciso me afastar de tudo isso. Estudar, ter uma vida diferente. Aqui… aqui eu não consigo mais.
Jorge, seu pai, era homem de poucas palavras, forte e calmo, com mãos calejadas pelo trabalho na lavoura. Sempre sério, mas com um senso de justiça inabalável. Ele se aproximou, apoiando uma mão firme no ombro da filha.
— Se é isso que você quer, Isa… você vai ter nosso apoio. Mas lembra: o mundo lá fora é grande e nem sempre fácil. Cuide-se.
Isabela apenas assentiu, apertando a mala como se fosse sua âncora.
Rosa então pegou o celular do bolso do avental. Discou rápido e levou o aparelho ao ouvido.
— Oi, Marcos? É a Rosa. A Isa… ela vai mesmo. Decidiu passar uns tempos aí com vocês, para estudar.
Houve uma pausa. Isa conseguia ouvir a voz do tio do outro lado, grave e acolhedora, concordando com tudo.
— Sim, sim, irmão. Sei que vai cuidar dela como uma filha. — Rosa sorriu de leve, ainda com lágrimas nos olhos. — Obrigada. Ela precisa desse recomeço.
Quando a ligação terminou, Rosa abraçou a filha com força.
— Vai ser difícil para mim, mas quero ver você feliz.
Jorge encostou a mão no ombro da esposa, silencioso, apoiando a decisão da filha sem dizer mais nada.
— Lembre-se sempre de onde veio — disse apenas, sua voz baixa e firme — e nunca se esqueça de quem você é.
Isabela respirou fundo. No fundo do peito, uma parte dela gritava pelo nome de Mateus, implorando por uma despedida, por uma última chance de ouvir a verdade da boca dele. Mas o orgulho a empurrou para frente. Se ele realmente tivesse sentimentos, teria vindo atrás dela.
E assim, com o coração em pedaços e a mala nas mãos, Isabela tomou a decisão que mudaria sua vida.
Não fazia ideia do que a esperava na cidade grande, muito menos que reencontraria alguém de seu sangue… alguém que despertaria nela sentimentos tão intensos quanto perigosos.
Lucas.
O nome ainda não ecoava em seus pensamentos, mas logo se tornaria impossível de ignorar.
Capítulo 2
A viagem de carro foi longa, mas Isabela mal percebeu o tempo passar. Seus olhos estavam fixos na paisagem que mudava aos poucos: os campos verdes do interior davam lugar aos prédios e ruas movimentadas da cidade grande. O coração batia acelerado, não só pelo medo do desconhecido, mas também pela expectativa de começar uma nova vida.
Quando o carro finalmente estacionou em frente à casa dos tios, uma construção imponente com janelas grandes e jardim bem cuidado, Isa sentiu um frio na barriga. Tudo era novo, diferente… e ao mesmo tempo acolhedor.
— Bem-vinda, Isa! — a voz de Helena a recebeu ainda antes que conseguisse sair do carro. A tia abriu os braços e a abraçou forte, transmitindo toda a segurança que ela precisava. — Estamos tão felizes em te ver aqui!
— Obrigada, tia… — Isabela murmurou, retribuindo o abraço.
Enquanto arrumavam suas malas no quarto que ficaria temporariamente, Isabela percebeu que não estava sozinha. Um silêncio pesado pairava no ar, e uma sombra alongada surgiu no corredor.
— Então… você finalmente chegou. — A voz masculina era baixa, firme e carregava um tom provocador que fez o coração de Isa pular.
Ela virou-se lentamente, e lá estava Lucas. Não era mais o menino que corria atrás dela na fazenda; agora era um homem alto, com ombros largos e postura imponente. O olhar intenso, a boca que parecia sempre pronta para um sorriso torto… tudo nele exalava perigo e sedução.
— Lucas… — Isa conseguiu dizer, surpresa e constrangida.
— Sim, sou eu — respondeu ele, aproximando-se devagar, quase intimidando-a. — Mas me diga, a pequena Isa do interior agora se acha tão adulta que não precisa mais de mim?
Isa respirou fundo, tentando controlar a mistura de raiva e desejo que ele despertava.
— Eu não… eu não preciso de ninguém me dizendo o que fazer.
— Ah, claro… — Lucas sorriu de um jeito que fez Isa morder o lábio para não reagir. — Mas você sempre gostou de desafios, não é?
Ela sentiu o corpo reagir sem querer, o calor subir, mas ergueu o queixo, mantendo a postura.
— E você sempre foi arrogante, controlador e… impossível de suportar.
Ele deu um passo mais próximo, tão perto que Isa pôde sentir o perfume masculino dele, misto de madeira e algo que a deixava sem fôlego.
— Impossível de suportar? — repetiu, provocando. — Ou impossível de ignorar?
Isabela sentiu o sangue ferver. Ele a provocava de propósito, e ela sabia. Tentou se afastar, mas Lucas a seguiu, como se cada movimento dela fosse uma dança que ele conduzia.
— Você… você não vai me dominar — disse, quase sussurrando, embora a voz tremesse um pouco.
— Dominar? — Ele riu baixo, divertido. — Não se preocupe, Isa… eu só quero ver até onde você aguenta resistir.
O coração dela disparou, e Isa percebeu que aquela luta contra ele acabaria sendo muito mais difícil do que imaginara. Lucas não era apenas um primo que se tornara adulto; ele era um desafio constante, provocador e… extremamente atraente.
E naquela tarde, com o céu começando a tingir-se de tons alaranjados, Isa soube que sua vida na cidade nunca mais seria a mesma.
Capítulo 3
Isabela desceu as escadas com cuidado, o coração ainda acelerado pelo breve reencontro com Lucas. O aroma de comida caseira preenchia a casa, misturando-se ao cheiro das flores do jardim. Ela abriu a porta da sala de estar e foi recebida por sorrisos acolhedores.
— Isa! — exclamou Clara, a prima mais nova, correndo até ela e a abraçando com entusiasmo. — Que bom que você chegou! Você vai adorar morar aqui.
— Obrigada, Clara — respondeu Isabela, sorrindo de leve, sentindo-se mais calma.
Do outro lado, Marcos, o tio, levantou-se da mesa e a cumprimentou com um aperto de mão firme, típico de quem gosta de demonstrar segurança e proteção.
— Seja bem-vinda, Isa. Amanhã iremos juntos fazer sua matrícula na faculdade, está bem? Quero garantir que tudo seja perfeito para você.
Isabela assentiu, agradecida, sentindo-se um pouco mais à vontade.
— Obrigada, tio Marcos. Fico feliz por poder contar com vocês.
Ela se acomodou à mesa e começou o almoço. A conversa familiar fluía naturalmente: Helena comentava sobre a cidade, Clara fazia perguntas sobre os estudos, e Marcos contava histórias da própria juventude. Tudo parecia perfeito… até que Lucas abriu a boca.
— Então… a garota do interior acha que a cidade grande vai conseguir aturá-la? — disse ele, com aquele sorriso torto e provocador. — Porque eu já duvido.
Isabela sentiu o rosto esquentar.
— Lucas… — começou, tentando soar firme. — Por favor, me deixe em paz por alguns minutos.
— Ah, eu só estou sendo educado — respondeu ele, inclinando-se levemente para frente, como se pudesse atravessar qualquer barreira física entre os dois. — Mas não posso prometer que vou conseguir resistir a provocá-la quando estiver tão perto.
O clima carregado misturava frustração e desejo. Cada comentário dele era como um fio elétrico que atravessava o corpo de Isa, fazendo-a lutar para não perder a compostura diante da família.
Enquanto isso, muito distante dali, na fazenda do interior, Mateus descobria a verdade. O garoto, que sempre guardara sentimentos por Isabela, ouvira rumores de vizinhos e amigos da família: ela havia partido para a cidade.
O choque foi imediato. O peito doeu. Seus pais não haviam contado a verdade sobre a mentira que fizeram para afastá-la — sobre dizer que Mateus não a queria. Agora, tarde demais, ele se via impotente.
— Ela se foi… — murmurou Mateus, incapaz de acreditar. Ele pegou o celular, discou para ela diversas vezes, mas todas as tentativas caíam em vazio. Mensagens de WhatsApp bloqueadas, ligações sem resposta. Era como se o mundo estivesse conspirando para mantê-lo distante.
Desesperado, ele correu até a casa dos pais de Isabela, batendo na porta com força.
— Por favor, me digam o endereço dela! Eu preciso falar com ela! — implorou.
— Mateus… — disse a mãe dela, firme, olhando-o nos olhos. — Entendemos seu desespero, mas não podemos. Para o bem dela, ela está em um lugar onde precisa se reerguer, longe de tudo que a machucou aqui.
— Mas… mas ela não sabe a verdade! — Mateus insistiu, a voz quase quebrando. — Ela precisa saber que eu sempre a quis!
— Não agora — cortou o pai de Isa, severo, mas com uma ponta de dor na voz. — Ela precisa desse tempo. Vocês não entendem que estamos tentando protegê-la?
Mateus caiu em silêncio, o coração apertado, incapaz de lutar contra a realidade. A distância entre eles parecia maior do que qualquer estrada ou cidade, e a raiva e culpa pelos pais dela o consumiam.
Enquanto isso, Isabela na cidade tentava ignorar o turbilhão de emoções, mal sabendo que o passado ainda a perseguiria. E Lucas, por sua vez, continuava ali, na mesma mesa de almoço, provocando-a a cada palavra, a cada olhar… deixando claro que seu desafio e seu desejo não tinham intenções de ceder.
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