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Na Porta ao Lado.

Perigo!

- Após tantos anos\, agora você vem procurá-la?

_ Charles questiona a pessoa com quem fala ao telefone.

- Você não pode simplesmente aparecer como se nada tivesse acontecido\, foi você quem a abandonou\, eu cuidei da menina e da Laura\, não te pedimos nada\, você nunca fez nada por elas e agora quer me ameaçar?

_ Charles está com os nervos a flor da pele, ele nem ao menos sabe como responder à pessoa que o deixa nervoso.

- Não farei objeções a sua imposição\, mas\, se você continuar a proibir que eu veja a minha menina\, terei que fazê-lo à força\, garanto-lhe que não irá gostar nada!

_ Afirmando a sua ameaça, a pessoa do outro lado da linha desliga abruptamente, deixando Charles tremendo em cima dos seus sapatos cuidadosamente limpos, ele está tão nervoso que não percebe quando a sua filha entra no escritório, ele está visivelmente atordoado e pálido.

- Pai?

_ Questiona Gabriela ao entrar no escritório, mas, sem perceber que o seu pai acabara de desligar o telefone.

- Oi\, filha\, a quanto tempo você está aí? Ouviu a minha conversa?

_ Charles pergunta com desconfiança.

- Não pai\, acabei de chegar\, mas\, vejo que o senhor não está nada bem\, o que houve? Más notícias do trabalho?

- Não! Digo\, sim!

_ Responde Charles completamente confuso com as suas próprias palavras.

- Bom\, é que o meu chefe ligou\, terei que fazer uns trabalhos extras no feriado e acho que não poderemos viajar\, sinto muito!

_ Charles tenta disfarçar com uma desculpa sem nenhum sentido, mas, ele consegue felizmente. Gabriela não chegou a ouvir nada dessa conversa, ou a mesma teria questionado algo a respeito. Charles conhece a sua filha, sabe que a menina tem um dom para descobrir coisas ocultas e dessa vez, ele acabou se saindo bem.

- Pai\, apenas vim trazer o seu chá e também uns biscoitos para acompanhar\, tome os seus remédios\, não quero que tenha mais malestares.

_ Gabriela está visivelmente preocupada, então, Charles concorda e agradece, ele pega o chá, o prato com os biscoitos e senta para comer, enquanto a sua filha entrega os remédios e se despede, seguindo para a faculdade. Ao sair do escritório do pai, Gabriela nota em como ele se preocupou por ela ter ou não escutado a sua conversa ao telefone, mas, ela não deu muita importância ao fato, seguiu o seu caminho e foi encontrar com o seu melhor amigo, Lucian. Gabriela conhece o Lucian desde a sua infância, eles tinham 8 anos quando se conheceram na escola, estudam juntos desde a segunda série, se tornaram amigos e desde então, não se separaram mais. Lucian tem hoje 19 anos, assim como Gabriela, mas, ele faz uma faculdade diferente, ele quer ser médico Veterinário, enquanto Gabriela quer ser Oncologista, uma especialidade deveras difícil, mas, que ela vai passar com firmeza, pois, o seu sonho é um dia poder encontrar uma cura para o câncer.

_ Gabriela senta no banco da praça em frente a sua faculdade, ela espera por Lucian ali, todos os dias no mesmo horário, como ele mora em um quarteirão à frente do que ela reside, eles combinam sempre de se encontrar em frente ao Campus. Por algum motivo ela estranha a demora de Lucian a chegar ao local de encontro, ela pega o telefone e está prestes a ligar, quando sente mãos quentes no seu rosto, tampando os seus olhos.

- Adivinha quem é?

_ Pergunta Lucian bastante empolgado, esperando que Gabriela tenha um pouco de dificuldade em saber quem a surpreende. Ele faz uma careta sorridente e altera a voz enquanto aguarda a resposta de Gabriela, que em um tom brincalhão finge não saber quem é, mas, ela sabe.

- Ora\, não sei\, quem é? Pode falar novamente para saber quem me surpreende? Ou será um estranho à quem eu não tive o prazer de conhecer?

_ Lucian ri, a sua face cora diante da brincadeira, ele sabe que ela não sente o mesmo que ele, mas, mesmo ao estar perto dela, sente que não consegue suportar o amor imenso que poderia oferecer-lhe. Então por sua vez, ele tenta ser mais insinuante, de uma maneira mais sutil, talvez o resultado seja diferente.

- Se acertar\, ganha um beijo!

_ Diz em um tom mais calmo e sério, mas, com muito carinho em sua voz. Por sua vez, Gabriela se afasta lentamente, ela retira as mãos de Lucian do seu rosto suavemente, olhando bem para os seus olhos azuis, ela não sabe como falar com ele sem machucá-lo, ela já disse uma vez, quando de surpresa ele a beijou, mas, aquela vez foi diferente, ela achava que apenas era uma ilusão da sua parte, mas, pelo visto ela se enganou redondamente, pois ele tenta de tudo há dias para que ela o note como homem, o que não é difícil, pois ele é lindo, alto, de pele morena clara, seus olhos azuis e penetrantes, cabelos pretos como a noite e um sorriso lindo e encantador, mas, infelizmente o sentimento não é mútuo, ela já não sabe o que dizer para que ele pare de insistir. Então, ela apenas pensa em uma opção. dizer que já tem alguém, mesmo não sendo verdade, isso pode fazer com que ele pare de tentar.

- Lucian\, olha\, eu não sei mais o que dizer a você\, eu simplesmente não posso ficar com você\, sei o quanto gosta de mim\, mas\, eu não sinto mesmo\, você é como um irmão para mim\, não quero magoar você\, entenda por favor!

_ Lucian não aceita a premissa de que ela não possa gostar dele do mesmo jeito um dia e rebate:

- Gabi\, não me diz isso\, olha\, eu sei que você pode\, sei que pode sentir algo por mim\, sei que sente algo\, só basta dar uma oportunidade para nós\, você não pensa nisso?

_ Para dizer a verdade, Gabriela pensou, já pensava neste assunto há dias, mas, ela não viu nenhuma possibilidade de ter algo mais que uma amizade com ele, pois ela não sente aquele frio na barriga, tampouco aquela emoção de um novo amor quando o vê, ela apenas o vê, ele é o seu amigo, confidente, aquele que está com ela nos bons e maus momentos, não mais que isso.

- Lucian\, eu gosto de outra pessoa.

_ Resolve Gabriela dizer-lhe, para conter esse amor desenfreado que ele sente por ela, que pode fracassar se ela ceder, ela sabe que não irá a lugar nenhum. Então ela continua com a sua explicação, para que ele não sofra e consiga entender o que ela está tentando falar.

- Lucian\, eu não quero estragar a nossa amizade\, ela já vem de muitos anos e não posso arriscar perdê-la\, eu estimo demais a nossa amizade\, para mim é muito mais que amor\, mas\, não da maneira que você sente\, que\, na verdade\, acredito ser apenas uma ilusão.

_ Lucian, desolado e triste não responde, apenas sai e a deixa ali, sem saber o que fazer, ele não olha para trás e ela se preocupa de que ele possa fazer algo que vá machucá-lo ainda mais. Mas, ela decide deixá-lo sozinho por um tempo, talvez, ao término da aula ele esteja mais tranquilo e volte a falar com ela. Após horas de longas e cansativas aulas, já está quase anoitecendo e Gabriela desce para esperar por seu melhor amigo, mas, após quarenta longos minutos de espera, ela enfim desiste e pega o caminho para sua casa, sozinha e um pouco assustada. Gabriela muda a sua rota de destino e decide parar em um restaurante, ela pede comida para ela e o seu pai, logo que paga, segue para a porta, mas não percebe o quão deserto está nas ruas, ela segue por uma pequena viela para cortar caminho, mas, ali, um perigo reside, ela não tem ideia do que a persegue.

_ De repente, sente uma mão tapando a sua boca para não gritar, ela não tem mais ação, a não ser se debater com toda a força que encontra nas suas pernas, mas, todo o seu esforço é em vão, ela não pode com aqueles braços em torno da sua cintura, está quase perdendo as forças completamente quando sente uma dor aguda no seu pulso, ela grunhe e sente algo quente descendo por seu braço, escorre como a água quente por todo o seu braço, mas, no seu inconsciente, ela sabe que está ferida e aquilo não pode ser água. Com a intensidade do susto, ela desmaia, apagando ali mesmo e sem ter ideia do que acabara de passar.

Os vizinhos.

_ Charles espera por Gabriela, ele sabe que está na hora de costume em que ela chega da Faculdade, ele não pode esperar para ver a sua filhinha, mas, já fica tarde, mais tarde do que de costume, passa das oito horas da noite, e nada, nenhum sinal, tampouco um recado de Gabriela informando do seu atraso. Charles anda de um lado a outro da sala, ele sabe que a sua filha jamais chegaria tão tarde sem aviso, ela sabe que o pai tem problemas cardíacos e não pode passar por emoções fortes, então, sem paciência de esperar por ela, ele pega o telefone e liga para Lucian, que atende prontamente ao ver o nome de Charles no seu telefone.

- Oi\, Charles\, o que houve? Aconteceu algo?

_ Charles está nervoso e com voz tremula, mas, consegue enfim juntar forças para poder falar.

- Lucian\, por favor\, diz que a minha filha está com você!

_ Lucian não entende o motivo da ligação, ele pede para que Charles se acalme e fale o que acontece, assim ele poderá ajudar.

- Lucian\, Gabriela não apareceu e estou preocupado\, ela nunca faz isso\, sempre avisa onde está e o horário que vai chegar. Não sei o que acontece com ela\, mas\, você pode dizer onde ela está?

_ Lucian, não sabe, ele verdadeiramente não sabe onde está a sua melhor amiga, pois ele a deixou esperando e saiu sozinho, ele não ligou, não esperou e agora, sente a culpa, já que ela não apareceu.

- Charles\, eu não sei onde ela está\, mas\, vou agora procurá-la\, não descanso até encontrá-la.

_ Logo após Lucian desligar o telefone, Charles completamente nervoso liga novamente para o telefone da sua filha, com a esperança de que a mesma atenda e acabe com o seu desespero. O seu semblante não é nada confortante, ele está com as sobrancelhas franzidas e as mãos tremulas, mas, ainda assim ele consegue ligar e nada acontece, nenhum sinal de que Gabriela vá enfim atender e ele deixa vários recados, sem descanso ele continua, em uma dessas tentativas e já exausto, ele senta em sua poltrona, mas, acaba por adormecer.

_ Parece que foram horas, mas, em apenas alguns minutos depois que adormece, Charles acorda com o som das chaves na fechadura da porta, o que parece ser uma invasão mal sucedida, pois quem abre parece tremer, ou bastante nervoso e logo ele escuta uma voz, vinda do corredor, uma voz pedindo ajuda.

- Por favor\, ajuda! Alguém\, a moça sangra\, ela não parece nada bem!

_ Charles corre para a porta e o pavor no seu rosto é indescritível, ele não imagina a situação que está prestes a passar. Ele corre para a porta e se depara com um rapaz, ele não lhe é familiar, mas, carrega algo que lhe pertence, sua querida filha Gabriela, ao que parece ela está desmaiada e com muito sangue em suas roupas.

- Filha! O que aconteceu a ela? Quem é você e como sabe o nosso endereço?

_ Pergunta Charles ao rapaz que trouxera a sua filha nos braços, ele está desconfiado e com muito medo, mas, o rapaz gentilmente o conforta quando enfim lhe pede licença para entrar e pôr a sua filha cômoda no sofá da sala.

- Senhor\, por favor deixe-me colocá-la cómoda\, ela está desacordada agora\, mas\, precisa recostar-se e de atendimentos médicos!

_ Charles ouve o rapaz e permite a sua entrada, ele dá-lhe espaço para recostar Gabriela no sofá, mesmo desconfiado de que o mesmo rapaz seja o agressor da sua filha. Sendo assim, o rapaz a coloca deitada e fica de pé, parado em frente ao seu pai desconfiado e temeroso, ele explica o que aconteceu e como encontrou a sua filha naquelas condições.

- Senhor\, o meu nome é Paulo e eu encontrei a sua filha numa pequena viela perto do restaurante chinês\, ela estava desmaiada\, não respondia e estava suja de sangue já quando a encontrei\, não sei o que lhe passou\, mas tentei chamá-la\, ela apenas me disse onde morava\, logo apagou e não recobrou a consciência.

- Então você não sabe o que lhe passou? Não viu nenhum suspeito no local?

_ Indagou Charles ao tentar arrancar qualquer tipo de informação que ele achava que o rapaz poderia estar a esconder, mas, o rapaz realmente não sabia o que havia passado e tampouco quem era a moça que ele resgatara daquela viela. Ele conta que quando a encontrou, ela estava recostada em uma parede, ao lado de um grande coletor de lixo, que era perto do apartamento e que pôde pedir-lhe a informação de onde a mesma morava, ela, mesmo com tão pouca consciência, ainda conseguiu dizer-lhe onde morava e com quem.

- Senhor\, ela apenas alcançou dizer morar com o pai\, no prédio ao lado da viela\, eu ainda liguei para a emergência\, mas\, a sua filha pedia tanto para trazê-la para perto do pai\, eu não consegui fazê-la ficar\, acredito que ela esteja com febre\, pois delirava dizendo que alguém a havia mordido no pulso\, mas\, eu não vi nada e para ser sincero\, nem sei de onde vem tanto sangue\, não me parece ser dela!

_ Charles olha atentamente para Gabriela, ele procura ver algo de errado, mas, é como o rapaz lhe diz, não há sinal de que a menina esteja machucada, ou até que esteja traumatizada, ele pensa que ela apenas pode estar cansada, pode ter feito aula de biologia e ter se sujado de sangue de algum animal, pode ser que o cansaço a tenha feito desmaiar, ele nem sabe ao certo o que pensar, mas, está um pouco mais tranquilo. O rapaz deixa o seu contato de telefone, para que ele ligue se precisar, ele o agradece e pega o papel com o número de Paulo, que segue para a porta e se despede. Charles o vê seguindo para o fim do corredor, assim desaparecendo elevador abaixo. Aliviado, Charles fecha a porta atrás de si, ele volta para a sala e cobre a sua menina, ele senta na poltrona reclinável e acaba adormecendo.

_ A noite passa muito rápido, o relógio desperta para avisar que já passam da meia-noite, o som acorda Gabriela, que nos susto, de um salto longitudinal, ela acaba parando em frente ao seu pai, quase ela termina por atacá-lo, por certo pensando que poderia ser um sequestrador. Ela franze a testa, passando as mãos pelos cabelos, os seus olhos arregalados e de pupilas dilatadas, denunciam a sua provável subida de adrenalina, ou ela deve ter sido muito drogada, pois não se lembra o que aconteceu, ou, não sabe ao certo.

- Oh\, pelos céus\, não sei o que aconteceu! Como cheguei aqui?

_ Ela se questiona, andando pela sala em desespero, logo segue para o banheiro para tomar um banho, ela para em frente ao espelho e se olhando, ela procura algo que denuncie o que lhe passou, mas, não vê nada, ela apenas se sente, incrivelmente bem. Logo após tirar as roupas sujas de sangue, ela entra no box, liga o chuveiro, o mais quente possível, não entende o porquê, mas, aquela água para ela está perfeita, o que para outra pessoa, poderia causar queimaduras graves. Enquanto o seu banho é bem aproveitado, ela se distrai com um barulho que parece de uma estante virando e causando um estrondo gigantesco. Ela sai do box e se enrola na toalha, segue para ver onde é o barulho, logo percebe que vem do apartamento ao lado, ela para e pensa, que poderia ser um pessoal muito bagunceiro, pois os barulhos de coisas pesadas e vozes são altos e claros, ela então sai do banheiro e vai direto para a porta de entrada, ela só quer que o barulho pare. Saindo do seu apartamento, ela vai direto para o apartamento ao lado do seu e bate com fúria e muita força nos seus punhos. A o abrir a porta do apartamento, uma bela moça sai de lá, ela a observa, Gabriela com a sua toalha enrolada no corpo, a moça também lhe devolve o olhar.

- Olá\, boa noite\, em que posso ajudá-la?

_ Diz a moça a ela em cumprimento, mas, o sentimento de que algo não está certo estampa no rosto da moça.

- Boa noite!

_ Diz Gabriela em tom de irritação, mas, com educação.

- Com que direito vocês fazem todo esse barulho\, uma hora dessas? Não sabem que tem gente dormindo?

_ A moça não responde, ela apenas sorri e não se move da porta, mas, Gabriela está verdadeiramente furiosa!

Confusão.

_ Gabriela está muito nervosa pelo barulho e não consegue se expressar muito bem, mas, a vizinha vê que ela não está no seu normal, por algum motivo que ela não sabe, assim que a moça, apenas toma uma atitude gentil e convida Gabriela para entrar e tomar uma água. Gabriela está atordoada, por um momento cambalea na porta encostando no batente para não cair, a vizinha por sua vez, a segura pelo braço e a leva para dentro do seu apartamento. Ao passar pela entrada, Gabriela vê muitas caixas e percebe não haver muitos móveis, há também um rapaz que ela vê apenas de relance, não consegue ver o seu rosto, mesmo assim continua a seguir a moça até sentar-se numa cadeira oferecida por ela, que coloca em frente a Gabriela um copo grande com água.

- Estamos de mudança\, provavelmente por isso você possa ter ouvido alguns barulhos\, mas\, não acredito que tenha sido muito alto\, pois nem móveis temos\, acho que o seu sono estava afetado.

_ Explica a moça em tentativa de desculpar-se com ela, que a olha com uma cara confusa.

- Beba a água\, asseguro que se sentirá melhor pela manhã!

_ A moça afirma para Gabriela, que de um gole grande, ingere grande parte da água, mas, percebe que o gosto está estranho.

- O que você colocou na água? Está com gosto estranho!

_ Afirma Gabriela olhando curiosa para a moça a sua frente. A vizinha olha para ela com uma expressão tranquila, assim começa a falar.

- Bom\, coloquei umas gotas do meu calmante\, te ajudará a descansar! Eu não sei o que lhe passou\, mas\, espero que fique bem pela manhã.

_ Os olhos de Gabriela estão bastante pesados e ela não percebe que está quase adormecendo.

- Ela está pronta!

_ Gabriela alcança apenas ouvir essas palavras antes de apagar de vez.

_ Já passam das 8:30 da manhã, quando Charles levanta, ele apenas lembra de deitar-se depois que um rapaz trouxe Gabriela, como ela estava desmaiada, ou adormecida, ele não quis acordá-la, achou melhor fazê-lo pela manhã, pois assim poderia conversar melhor e observar a sua filha com mais clareza. Ele vai para a cozinha fazer um café, não sabe se Gabriela está na cama ainda, então vai até o quarto para ver se a sua filha se encontra por lá. Ao se aproximar da porta, ele bate levemente para não assustá-la, mas não há resposta, então ele gira vagarosamente a maçaneta da porta, franzindo a testa com medo do que possa haver passado durante a noite, pois ele a havia deixado na sala e ao acordar ela não estava mais lá.

- Gabi? Está acordada?

_ Ele pergunta abrindo lentamente a porta, mas, é interrompido pela campainha que soa com pressa, ele não sabe quem pode ser esta hora da manhã, então, vai atender a visita matutina, deixando a porta do quarto de Gabriela entreaberta. Ao abrir a porta da sala ele encontra Lucian, parado ali e recostado na parede, esperando que ele o convide para entrar.

- Bom dia Lucian! Por aqui tão cedo? Vem\, entra! Vamos tomar um café.

_ Lucian o olha atentamente, com olhar confuso, ele resolve perguntar por sua melhor amiga, que ele não teve notícias desde a noite.

- Charles\, vejo que está tranquilo\, Gabriela apareceu? Morria de preocupação.

_ Diz o rapaz, com expressão de medo e alívio, pois espera por notícias boas.

- Sim Lucian\, ela apareceu\, mas\, estava desacordada\, um rapaz a encontrou na viela em frente ao restaurante chinês\, disse que ela estava desmaiada e suja de sangue\, que parecia machucada.

_ Conta-lhe Charles, entrando nos detalhes que o rapaz havia-lhe dito anteriormente.

- Como assim? Mas ela está bem? O senhor chamou a polícia?

_ Pergunta Lucian extremamente preocupado com o que houve do pai de Gabriela.

- Não\, resolvi esperar que ela acordasse.

- Não! O senhor não pode deixar isso assim\, e se o rapaz que a trouxe for o mesmo que a machucou?

_ Lucian está visivelmente transtornado, ele nem espera a que Charles termine de explicar o que sucedeu a noite.

- Lucian\, você não entendeu\, ela não está ferida! Não sei o que pode ter acontecido\, mas\, não há evidências de que ela tenha sido atacada!

_ Lucian o olha com uma expressão confusa e sem saber o que lhe dizer agora. Ele apenas espera que Charles continue a contar o que aconteceu.

- Como poderia chamar a polícia se ela não tem nenhum arranhão? Dói-me pensar nisso\, mas\, eu acho que a minha filha machucou alguém! Não de propósito\, mas\, para se defender!

_ Lucian continua confuso, Gabi seria incapaz de algo assim. Ela é uma menina muito meiga e doce, não faria mal a uma mosca, que dirá a uma pessoa! Ele não consegue acreditar que Charles esteja a pensar isso da sua própria filha, quando pensa em rebater, uma voz soa no corredor dos quartos.

- Pai? O que tem para o café?

_ É Gabriela, ela está de pé, parada no corredor observando os dois conversando de longe!

- Filha\, bom dia! Como passou a noite? Eu estava preocupado.

_ Diz Charles, olhando para a sua filha e tentando ver se há algo errado no seu comportamento, mas, surpreendentemente ela parece estar muito bem.

- Pai\, precisamos conversar\, me diz como eu cheguei aqui? Não me lembro de nada que aconteceu ontem e que cheiro enjoativo é esse?

_ Ela pergunta e Charles estranha, ele não sente cheiro de nada esquisito no ar.

- Filha\, um rapaz te trouxe aqui ontem a noite\, não lembra? Ele disse que você mesma deu o endereço de casa. Pediu-lhe para trazê-la!

_ Ela faz uma careta, como se tentando lembrar o que passou, mas, no mesmo momento ela corre para o banheiro, enjoada e se põe a vomitar. Charles e Lucian vão de encontro a ela, preocupados eles param em frente ao banheiro, esperando a que ela se recomponha.

- Filha\, o que houve\, você está bem?

_ Pergunta o seu pai angustiado com a situação da sua filha, ele não imagina pelo que ela passa agora, mas, sabe que boa coisa não é, afinal, até mesmo maus estares ela tem. Ele quer perguntar, mas, prefere esperar que a mesma resolva contar o que passou para poder ajudá-la a resolver o problema. Assim que Gabriela para de vomitar, ela volta-se para o pai e pede desculpas, em seguida de um desmaio repentino e assustador para ele. Charles corre para pegar a sua filha, mas, Lucian é muito mais rápido, ele pega-a no colo e leva para a cama, colocando-a em segurança até que ela recobre a memória e deste momento em diante, nem mesmo ele a deixa só.

- Charles\, ficarei aqui\, caso o senhor precise de ajuda com ela.

_ Ele consente com a cabeça, a sua expressão é de sofrimento e preocupação com a sua filha, ele não sabe o que fará a partir dali.

- Lucian\, você não tem aula hoje?

_ Pergunta Charles preocupado em estar a atrapalhar o futuro do rapaz.

- Não\, por algum motivo que ainda não sabemos\, as aulas foram suspensas por todo o fim de semana.

_ Explica o rapaz a Charles, que indaga uma pergunta.

- Nossa\, mas\, não informaram nada para vocês?

_ Charles agora está mais preocupado ainda com o que possa acontecer mais à frente, ou que esteja a acontecer neste exato momento.

- Não explicaram\, mas\, eu ouvi uma conversa entre o diretor e a secretária\, parece que houve mais um ataque\, assim como o que Gabriela sofreu.

_ Charles arregala os seus olhos em sinal se surpresa, uma surpresa nada boa, ele não vai mesmo gostar do que está prestes a ouvir.

- O único problema Charles\, é que a garota não teve a mesma sorte de Gabriela!

_ Sabendo disso agora, Charles está mais aflito que nunca, ele agora teme que quem atacou a sua filha possa retornar e fazê-lo novamente, assim talvez, dessa vez consiga o que não teve antes. Gabriela acorda no exato momento em que ouve a história que Lucian contou, ela senta na cama e olha para ele, sem saber o que dizer, apenas olhando atentamente nos seus olhos claros como a luz do dia. Lucian sorri-lhe, ele segura a sua mão e ela permite-o, pedindo-lhe desculpas pelo que aconteceu entre eles no dia anterior, mas, Lucian balança a cabeça, ele não responde.

- Lucian\, você precisa contar-me quem desapareceu da faculdade.

_ Ele olha-lhe intensamente, sabe que foi sua amiga de classe, ela foi dada como morta, mas o seu corpo não foi encontrado, apenas manchas de sangue no local.

- Acho que\, não será uma boa ideia contar-te isso agora meu bem\, é melhor você descansar.

- Se você não me contar\, ligo para a Lauren\, ela me dirá o que preciso saber.

_ Agora, ele nem imagina qual será a surpresa, como ela receberá a notícia, mas, dessa maneira ele terá que contar.

- Foi a Lauren\, ela está desaparecida!

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