Confusões do Coração
Capítulo 1 – O Vizinho ao Lado
Noah Hartmann
*Andando com várias caixas*
Noah Hartmann
Aff… tudo isso por causa de um atraso de cinco minutos. Ridículo *murmurou, irritado*
O saguão estava silencioso, apenas o som dos passos dele ecoava. Caminhou em direção ao elevador, chutando de leve o chão, descontando a raiva. Quando a porta se abriu, Noah avançou sem olhar direito para frente — e foi nesse instante que se chocou contra alguém.
As caixas voaram para o lado, e ele caiu de costas no chão.
Noah Hartmann
Droga! * reclamou, massageando o ombro*
Noah Hartmann
*olha para cima*
Noah Hartmann
*hesitou por um segundo, mas acabou aceitando a ajuda*
Noah Hartmann
Valeu… desculpa aí.* resmungou, juntando as caixas espalhadas*
???
Não se preocupe. É Noah, não é?
Noah Hartmann
*Piscou, confuso* Hã? A gente já se conhece?
???
De certa forma *respondeu com um sorriso discreto*
Demon Krauss
Moro no apartamento ao lado do seu. Demon Krauss. Já faz algum tempo
Noah Hartmann
*Arregalou os olhos* Espera… você é o vizinho do 403?
Demon Krauss
Exato e você é o do 404.
Noah Hartmann
Eu… *coçou a nuca, envergonhado* Achei que ninguém morava lá.
Demon Krauss
*Inclinou a cabeça, quase divertido* Eu moro lá há bem mais tempo do que você.
Noah Hartmann
*Ficou ainda mais sem graça. Apertou as caixas contra o peito e soltou uma risada nervosa*
Noah Hartmann
Bom… prazer oficial, então. Noah Hartmann
Demon Krauss
O prazer é meu *falou entrando no elevador ao lado dele*
O silêncio que se seguiu foi estranho. Noah desviava o olhar, sentindo a presença imponente do vizinho. Demon, por sua vez, parecia tranquilo, quase paciente, como se observasse cada reação do loiro com interesse.
Assim que a porta do elevador se abriu, Noah praticamente correu até seu apartamento, destrancando a porta com pressa.
Noah Hartmann
Finalmente em casa *murmurou, jogando as caixas no chão da sala*
No sofá, Hayato estava sentado de pernas cruzadas, comendo um miojo fumegante direto da panela. Ele olhou para Noah e arqueou uma sobrancelha
Hayato Sakamoto
Opa, olha quem voltou. Trouxe o prêmio “Funcionário do Mês”? *disse em tom provocativo*
Noah Hartmann
*Jogou um olhar mortal para ele*
Engraçadinho.
Hayato Sakamoto
*Apontou com o garfo* E aí, como foi conhecer o vizinho?
Noah Hartmann
*Parou, confuso* O quê?
Hayato Sakamoto
O vizinho, ué. Todo mundo aqui já conhece o cara. Até a dona Márcia do 401 já levou bolo pra ele.*riu, levando mais um fio de macarrão à boca* Mas você… você nunca reparou.
Noah Hartmann
*Estreitou os olhos, irritado* Todo mundo conhece ele menos eu? Tá de sacanagem…
Hayato Sakamoto
Sim. *sorriu com malícia* Sério, Noah, como você consegue ser tão desligado? O cara é praticamente o “príncipe CEO” do prédio.
Noah Hartmann
*Pegou a primeira coisa que viu ao alcance: um travesseiro do sofá* Cala a boca, Hayato!
Ele jogou com força… mas o travesseiro bateu direto na panela de miojo. O conteúdo voou em câmera lenta antes de cair no tapete
Hayato Sakamoto
*Arregalou os olhos, dramático* Nãoooo! Meu miojinho!
Hayato Sakamoto
*Jogou de joelhos ao lado da massa espalhada, quase chorando*
Hayato Sakamoto
Eu nunca esquecerei você… tão jovem… tão saboroso… e agora se foi!
Noah Hartmann
*tapou o rosto com a mão, envergonhado, enquanto seu amigo encenava uma verdadeira tragédia* Você é ridículo, sabia?
Hayato Sakamoto
*Apontou para ele, ainda com lágrimas falsas nos olhos* Você matou o único amor da minha noite, Noah!
Noah Hartmann
*Suspirou, jogando-se no sofá ao lado* Drama queen…
Do outro lado da parede, Demon terminava de largar a pasta em sua mesa. Um leve sorriso surgiu em seus lábios ao ouvir os ecos da confusão vindo do apartamento vizinho
Demon Krauss
Interessante… *murmurou baixinho, antes de retirar o terno e se acomodar*
Capítulo 2 – Vinte Parcelas de Desespero
Noah estava sentado no chão do quarto, rodeado pelas caixas que trouxera da antiga empresa. Uma pilha de cadernos rabiscados, canetas gastas e alguns papéis amassados ocupava o canto do cômodo. Ele suspirava fundo a cada objeto que retirava da caixa, como se cada lembrança pesasse mais do que deveria.
Noah Hartmann
Olha só pra isso...* murmurou, jogando uma caneta no chão* Três meses de trabalho e tudo o que eu tenho são post-its rabiscados e uma caneca quebrada
Noah Hartmann
*Empurrou a última caixa para o lado e se jogou na cama, afundando o rosto no travesseiro*
Noah Hartmann
Eu nunca deveria ter feito isso😞..*a voz abafada *Tirar um iPhone de quinze mil da loja, só porque achei que tinha me tornado adulto responsável
Noah Hartmann
*Virou-se de barriga para cima e encarou o teto*
— Vinte parcelas… VINTE! 😩*gritou, levando as mãos ao rosto* E eu fui esperto o suficiente pra vender meu celular antigo. Agora tô desempregado e preso com essa dívida.
Hayato Sakamoto
* Do corredor* Tá reclamando de novo?
Noah Hartmann
*Levantou na cama, irritado* Eu não tô reclamando, eu tô compartilhando minha dor existencial!
Hayato Sakamoto
*Apareceu encostado no batente da porta, segurando um pacote vazio de salgadinho* Dor existencial ou drama de pobre? Porque você parece mais com a segunda opção
Noah Hartmann
*Pegou o travesseiro e ameaçou jogar de novo* Você não aprende, né?
Hayato Sakamoto
Ei, calma, sem atacar comida dessa vez! *levantou as mãos, defensivo* Ainda tô de luto pelo meu miojinho de agora pouco
Noah Hartmann
*Suspirou e largou o travesseiro* Isso não é engraçado, Hayato. Eu tô realmente ferrado.
Hayato Sakamoto
Eu sei. *respondeu com um meio sorriso* Só tô tentando fazer você rir antes que entre em depressão profunda.
Noah Hartmann
*Bufou e pegou o celular da cabeceira, desbloqueando a tela. Passou alguns segundos rolando distraidamente até que algo chamou sua atenção e arregalou os olhos*
Noah Hartmann
Não acredito… *murmurou*
Hayato Sakamoto
O que foi? *Curioso*
Noah Hartmann
*Mostrou a tela* Uma empresa tá contratando. E parece ser grande.
Hayato Sakamoto
*Piscou algumas vezes e abriu um sorriso malicioso* Olha só, o destino te dando uma chance de pagar suas parcelas antes de morrer endividado
Noah Hartmann
*Revirou os olhos*Você fala como se fosse fácil. Vão pedir experiência, currículo perfeito… e eu só tenho uma demissão ridícula no meu histórico.
Hayato Sakamoto
E daí? *retrucou* Você é bom em fingir confiança, Noah. Vai lá, coloca uma roupa decente, fala bonito e pronto. Quem sabe você convence.
Noah Hartmann
*Pensou por um instante, mordendo o lábio inferior* Será que…?
Hayato Sakamoto
Claro que sim. *disse jogando o pacote de salgadinho vazio na caixa mais próxima* Se não conseguir, eu mesmo vou na entrevista fingindo ser você. Aposto que vou sair empregado e com bônus.
Noah Hartmann
*Estreitou os olhos, desconfiado* Você? Com essa cara de preguiçoso?
Hayato Sakamoto
Ei! *colocou a mão no peito, ofendido* Eu sou o drama encarnado, mas sei me virar
Noah Hartmann
*Voltou a encarar a tela do celular, o coração batendo um pouco mais rápido*
Noah Hartmann
Ok… talvez essa seja a chance
Hayato Sakamoto
*Bateu palmas* Isso aí! Vai lá, meu guerreiro das parcelas infinitas! Mostra pro mundo que você não vai ser derrotado por um iPhone.
Noah Hartmann
*Suspirou fundo, tentando se convencer* Tá… eu vou tentar.
No final ele mandou mensagem e a empresa respondeu que já tinha contratado uma pessoa para vaga disponível
E naquele instante, sem que ele soubesse, estava prestes a se inscrever justamente na empresa do vizinho que tinha conhecido no elevador no dia anterior
Capítulo 3 – A Entrevista
Noah estava sentado na escrivaninha improvisada do quarto novo. Ainda havia caixas abertas pelo chão, roupas espalhadas e um clima de bagunça misturado com perfume caro — uma contradição que parecia combinar com ele. Mexia no celular com expressão de tédio até que suspirou fundo e reclamou em voz alta, como se estivesse ensaiando um monólogo para plateia imaginária:
Noah Hartmann
Eu nunca deveria ter vendido meu celular antigo… quem em sã consciência troca um aparelho normal por um iPhone de quinze mil?* ergueu o aparelho brilhante nas mãos, girando-o para ver o reflexo no vidro*
Noah Hartmann
Quinze mil! Agora eu tenho vinte parcelas pra pagar e, adivinha? Desempregado! *exclamou, antes de se jogar na cama como se fosse a maior tragédia do século*
Hayato Sakamoto
*Passando pela porta aberta, deu uma risada curta* Você fala como se tivesse perdido a vida, não um emprego.
Noah Hartmann
Cala a boca, Hayato. Não é qualquer emprego, é dignidade! *resmungou, cobrindo o rosto com uma almofada*
Noah Hartmann
E além disso, eu merecia estar em Paris agora, desfilando, não preso num quarto com caixa de mudança e boletos
Noah Hartmann
*Tirou a almofada do rosto, pegou o celular de novo e rolou a tela sem muito entusiasmo, até que seus olhos se arregalaram. Um anúncio piscava na tela: “Empresa de prestígio procura novos funcionários. Vagas abertas para diferentes áreas. Candidate-se agora.”*
Noah Hartmann
Isso! É o destino falando comigo! *sorriu convencido, já clicando no link*
Noah Hartmann
Vou entrar nessa empresa e vou subir tão rápido que em pouco tempo estarei comandando todo mundo.
Hayato Sakamoto
*Cruzou os braços e arqueou a sobrancelha *Noah, você mal terminou de desempacotar suas coisas. Tem certeza de que não é só mais uma ideia dramática que você vai largar em dois dias?
Noah Hartmann
Meu querido, quando eu decido algo, o mundo se curva *respondeu com a arrogância que sempre lhe servia de escudo*
Ignorando o olhar cético do amigo, Noah digitou seus dados, anexou o currículo (um pouco enfeitado), e clicou em “enviar”. Menos de uma hora depois, o celular vibrou.
“Parabéns, sua entrevista foi agendada para amanhã, às 14h.”
Noah Hartmann
*Soltou um grito tão alto que Hayato quase deixou cair a garrafa d’água* Eu fui chamado! É claro, quem recusaria alguém como eu?
Noah acordou cedo — um milagre. Passou quase duas horas escolhendo a roupa, ajeitando o cabelo e testando poses no espelho. Quando finalmente saiu, estava impecável, como se fosse o protagonista de um comercial de perfume
O prédio da empresa era altíssimo, fachada de vidro e brilho que fazia justiça ao nome. O hall parecia uma galeria: mármore, iluminação perfeita, gente que caminhava com a certeza de ter agenda cheia. Noah ergueu o queixo, convencido de que ali cabia seu talento.
Noah Hartmann
*De boca aberta*
Noah Hartmann
Caramba essa empresa e gigante
Noah Hartmann
agora fiquei até com vergonha de entrar
Noah Hartmann
calma Noah você já chegou aqui não e hora de destir*ando em direção a porta*
Naoh foi direto a recepção
Elizabeth Salvatorie
ola tem hora marcada?
Noah Hartmann
Não que dizer sim
Elizabeth Salvatorie
*Confusa* tem ou não tem?
Noah Hartmann
na verdade eu vim para entrevista
Elizabeth Salvatorie
Você deve ser o Noah Hartmann
Elizabeth Salvatorie
certo e só pegar o elevador para o terceiro andar a primeira sala a direita
Noah Hartmann
certo obrigado *saio*
Elizabeth Salvatorie
Que garoto simpática espero que ele consigo o emprego
Noah Hartmann
*Entro no elevador* até o elevador parecer ser de luxo
Noah Hartmann
Tudo aqui parecer tô até com medo de quebrar alguma coisa sem querer
Noah Hartmann
*aperto o botão do terceiro andar*
Noah Hartmann
*saio do elevador*
Noah Hartmann
*olho em volta e entro na sala que foi dita*
Era uma sala de luxo onde alguém já tava sentado esperando ele
Noah Hartmann
*Respiro fundo e entro*
???
Você deve ser o Noah Hartmann *disse ele, estendendo a mão*
Lucas Moreira
Prazer, sou Lucas Moreira. Vou conduzir sua entrevista hoje. O chefe, infelizmente, não pôde comparecer está preso em uma reunião muito importante.
Noah Hartmann
*Aperto a mão dele*
Noah Hartmann
Prazer, Lucas. Bom… antes de mais nada, obrigado por me receber. Na verdade, acho até melhor que o chefe não esteja — menos pressão, entende? *sorriu, já soltando seu charme habitual*
Noah Hartmann
E sinceramente, acho que o seu chefe vai se arrepender de não ter vindo.
Lucas Moreira
*Soltou um riso contido, ajeitou alguns papéis na prancheta e puxou a cadeira para frente*
Lucas Moreira
Confiança é uma qualidade... desde que venha acompanhada de responsabilidade. Mas me conte um pouco sobre você. Quais experiências você traz que te qualificam para essa vaga?
Noah Hartmann
*Sentou na cadeira endireitou-se, cruzou as pernas com um gesto mais teatral do que natural, e começou seu discurso*
Noah Hartmann
Eu tenho visão, Lucas. Ambição. E, acima de tudo, estilo. Não sou apenas mais um candidato e eu sou o candidato. Sei trabalhar em equipe, cumprir prazos e, quando necessário, resolver problemas com criatividade. Em resumo: trago mais do que horas de trabalho, trago presença.
Lucas Moreira
*Anotava com calma, às vezes erguendo os olhos com curiosidade e as vezes fazendo perguntas*
Lucas Moreira
E sobre aquela demissão? *perguntou em tom neutro*
Lucas Moreira
Há algo que queira explicar?
Noah engoliu em seco por um segundo, o ego ferido lembrando do episódio. Respirou fundo e escolheu ser honesto, com uma pitada de autoproteção:
Noah Hartmann
Foi infantil. Me atrasei algumas vezes por problemas com transporte e distração. Não foi nada escandaloso, mas meu chefe naquela época decidiu que era hora de cortar. Aprendi muito e agora sei o valor da pontualidade. *sorriu, tentando transformar a falha em aprendizado*
Lucas Moreira
*Assentiu, como quem aceita a versão sem celebrá-la*
Lucas Moreira
Aprender com os erros é importante. E em termos de disponibilidade? Você pode trabalhar em horários flexíveis se necessário?
Noah Hartmann
Consigo me adaptar e faço café excelente em caso de emergência
A entrevista seguiu por quase uma hora: perguntas técnicas, cenários hipotéticos, conversas sobre comportamento e cultura da empresa. Lucas foi direto, profissional, mas também demonstrou algum humor seco que desconcertou Noah na medida certa. No fim, Lucas fechou a prancheta e olhou para ele com um olhar que misturava avaliação e sinceridade.
Lucas Moreira
Noah, obrigado por vir. Vou repassar tudo ao meu superior. Ele deve analisar os candidatos pessoalmente assim que possível. Você será informado
Lucas Moreira
*estendeu a mão outra vez* Boa sorte.
Noah Hartmann
*Levantou-se, confiante, sentindo uma onda de triunfo antecipado* Obrigado, Lucas. Tenho certeza de que vocês vão se arrepender de não me contratar hoje. Mas tudo bem tenho paciência
Ao sair, Noah ainda não tinha ideia do pequeno detalhe que poderia virar sua vida de cabeça para baixo: o verdadeiro dono da empresa — o misterioso e reservado Demon Krauss — estava, naquele momento, em uma reunião importante nos andares superiores. Noah havia passado pela porta dele sem saber que, em breve, o prédio de vidro que o havia assustado com sua grandiosidade também guardaria um vizinho cujo olhar o havia acompanhado já no elevador, e cujo cargo tinha poder suficiente para mudá-lo.
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