NovelToon NovelToon

Prometida ao Inferno: O Legado da Família Blair

Apresentando

"Meu nome é Amélia, tenho 18 anos e carrego um fardo que não pedi. Sempre me senti deslocada, como se não pertencesse a lugar nenhum. Agora eu entendo: havia um pacto, um destino escrito muito antes de eu nascer. Dentro de mim cresce um poder que me assusta e me fascina, assim como o homem que me reclama como dele… Dantalion. Tenho medo, mas também desejo. E no fundo, parte de mim sabe que fugir nunca foi uma opção."

Dantalion (Lion)

"Sou Dantalion, príncipe das profundezas, condenado a andar entre os homens. Muitos me temem, alguns me desejam, mas poucos realmente me conhecem. Eu não esperava encontrar em Amélia aquilo que me faltava: um elo, uma promessa antiga, um poder que desperta até em mim algo diferente… quase humano. Ela é minha, desde o instante em que nasceu. Nada, nem mesmo a luz, poderá tirá-la de mim."

Teresa Blair

"Meu nome é Teresa. Sou avó de Amélia e a última guardiã da verdadeira história da nossa família. Minha mãe me contou segredos que nunca deveriam ter sido revelados… mas agora se cumprem diante dos meus olhos. Minha neta é especial, poderosa, mas também é a chave para algo muito maior. Não confio em Dantalion, não importa o quanto ele tente se disfarçar. E lutarei até meu último suspiro para proteger Amélia — mesmo que isso signifique enfrentar o próprio inferno."

Patrick Bayers

"Sou Patrick, pai de Amélia, Anne e Andrew. Sempre acreditei no que é concreto, no que se pode tocar e ver. Essas histórias de espíritos, pactos e demônios… bobagens. Mas ultimamente sinto como se minha mente não fosse mais só minha. Lion me inspira confiança, mesmo sem eu saber por quê. Não consigo explicar. Só sei que quero o melhor para meus filhos, mesmo que, às vezes, eles não entendam minhas decisões."

Rachel Bayers

"Meu nome é Rachel. Não é fácil ser mãe de três filhos, ainda mais com Amélia, que sempre foi… diferente. Tento ser firme, tento manter a ordem, mas confesso que sinto medo. Há algo em minha filha que não consigo compreender. E esse rapaz, Lion… ele me causa estranhos sentimentos. Não sei se devo confiar nele ou temê-lo. Mas, acima de tudo, só quero proteger minha família, custe o que custar."

Anne Mary Bayers

"Eu sou Anne, mas todos me chamam de Annie. Às vezes eu vejo coisas… coisas que ainda não aconteceram. É assustador, mas também parece um segredo só meu. Eu sonho com Amélia e com os bebês dela. Às vezes eles brilham, às vezes me olham com olhos escuros. Eu não sei o que significa, mas sinto que é importante. Mesmo sendo só uma criança, sei que preciso ajudar. A Amie precisa de mim."

Andrew (Andie) Bayers

"Meu nome é Andrew, mas prefiro Andie. Eu sei que sou pequeno, mas consigo fazer coisas que ninguém mais pode. Posso sentir o vento, mexer na água e até fazer o chão tremer quando fico nervoso. Mamãe acha que é imaginação, mas eu sei que não é. Eu só quero proteger a Amie, porque ela sempre cuidou de mim. Se alguém tentar machucá-la, vai ter que passar por mim primeiro."

Lúcifer

"Sou Lúcifer, a estrela da manhã, o primeiro e o mais belo. Mas também o mais temido. Não é por acaso que a linhagem Blair me pertence — um pacto de sangue me liga a eles. Dantalion é meu filho, meu herdeiro, e em Amélia ele encontrou a promessa que nos foi feita. Os filhos dela são a chave. Se forem moldados pela luz, perderemos. Mas se crescerem sob as sombras… nenhum poder, nem no Céu nem na Terra, poderá me deter."

A Estrada

A Estrada

Amélia estava sentada no banco traseiro da minivan, com os fones no colo e o olhar perdido na janela. O vidro refletia seu rosto jovem, ainda marcado pela adolescência, mas os olhos carregavam um peso que não combinava com seus dezessete anos. Dentro de duas semanas completaria dezoito, a idade que tanto ansiava — a idade da liberdade. Mas, em vez de celebrar com os amigos e com o namorado, estava presa naquela viagem que não desejava.

— Eu não precisava estar aqui… — murmurou, quase sem voz, apenas para si mesma.

Sua avó, Teresa, notou a tristeza no semblante da neta. A senhora de cabelos prateados sorriu com doçura, colocando a mão enrugada sobre a dela.

— Minha menina, eu sei que não queria vir, mas me conforta ter você comigo. Não tem ideia de como esse tempo me fará bem.

Amélia a olhou de soslaio. Havia ternura naquelas palavras, mas também uma dor silenciosa. Teresa ainda chorava, às escondidas, a morte recente do marido — o padrasto de Patrick, pai de Amélia. Não era seu avô de sangue, mas ela sabia que o amor que a avó dedicava a ele fora real. Talvez por isso a jovem engolisse a raiva da viagem; não queria que a solidão da avó se tornasse maior.

Atrás delas, os irmãos quebravam o silêncio com brigas infantis. Anne Mary, com seus doze anos, estava exasperada pelo irmão mais novo, Andrew, que insistia em cutucá-la com um pedaço de massinha de modelar.

— Para, Andrew! — a garota gritou, empurrando a mão dele. — Você é insuportável!

— Chata! — o menino retrucou, inflando as bochechas. — Eu queria estar no meu quarto, jogando videogame!

Rachel, a mãe, fechou os olhos e massageou as têmporas. Patrick, o pai, apertou o volante com força. O ambiente dentro do carro parecia prestes a explodir.

— Andrew Coles! — a voz grave de Patrick ecoou. — Eu disse para não trazer essa porcaria!

O menino se encolheu, mas ainda choramingou:

— Eu não queria vir! Eu odeio essa viagem!

O silêncio caiu por alguns segundos, até Rachel perder a paciência de vez.

— Chega! — gritou, virando-se para trás. — Se vocês três não pararem agora, juro que a viagem vai ficar muito pior do que já está!

As crianças engoliram em seco. Amélia voltou a encarar a janela, desejando se tornar invisível.

Foram oito horas de estrada, entre discussões abafadas, suspiros e silêncios pesados. O carro avançava por caminhos cada vez mais estreitos, ladeados por árvores densas que se inclinavam sobre a estrada como se quisessem engolir os viajantes. O céu, antes claro, começava a escurecer, tingido por nuvens pesadas.

Quando a minivan finalmente parou diante da casa de verão, Amélia sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha.

A construção era imensa, erguida em madeira escura e pedra, com janelas grandes que refletiam o lago que a cercava. A água, quase imóvel, espelhava o céu cinzento e parecia esconder algo profundo, insondável. A faixa de areia em volta dava um ar ilusório de praia particular, mas as árvores altas, enfileiradas como guardiãs, conferiam ao lugar um aspecto de clausura.

Anne e Andrew correram pela areia, rindo como se nada tivesse acontecido durante o trajeto. Rachel suspirou, aliviada pelo momento de paz, enquanto Teresa permanecia imóvel, encarando a casa com olhos marejados.

Amélia, no entanto, não conseguia se sentir confortável. Quanto mais olhava para a mansão e para o lago, mais sua pele formigava. Era como se algo invisível a observasse do meio das árvores.

E, mesmo sem ver, ela sabia: havia algo ali.

A Casa

A Casa

A mansão parecia suspirar ao receber a família. As portas de madeira, pesadas e escuras, rangiam como se fossem abrir à contragosto, revelando um interior cuidadosamente mobiliado, mas envolto por uma atmosfera gélida, quase hostil.

No térreo, a sala de estar exibia móveis planejados, sofás claros e uma lareira apagada, coberta por uma fina camada de poeira. O cheiro de madeira envelhecida misturava-se ao odor discreto de umidade, como se a casa, apesar de limpa, estivesse dormente havia tempo demais.

A cozinha, ampla e moderna, exibia uma ilha central com fogão embutido e banquetas altas. Armários alinhados de ponta a ponta esperavam para serem abertos, mas o primeiro impacto trouxe frustração: estavam todos vazios.

— Não temos nada para cozinhar… — disse Rachel, revirando portas e gavetas. — Patrick, você viu algum mercado no caminho?

O pai desceu até a cozinha, balançando a cabeça.

— Nada. Estrada deserta, floresta e lago, só isso. Talvez na cidade vizinha.

O silêncio que se seguiu foi interrompido por batidas na porta dos fundos. Três golpes firmes, secos, que ecoaram pela cozinha como se a madeira tivesse vibrado. Amélia foi a primeira a reagir.

Ela se aproximou, hesitante, e abriu a porta.

Do lado de fora, um jovem homem aguardava. Estava de pé, vestido de forma simples, mas impecável. Seus cabelos eram negros como a água do lago à noite, e seus olhos… Amélia não soube definir. Pareciam escuros demais, mas refletiam uma luz própria, como brasas apagadas prestes a reacender.

— Boa tarde. — Sua voz era grave, mas melódica, ressoando no peito da garota como se tivesse sido feita para ser ouvida de perto.

Patrick deu um passo à frente, educado.

— Boa tarde, rapaz. Entre, por favor.

Amélia estremeceu. Algo em seu corpo protestou contra aquele convite, mas já era tarde. O homem atravessou o batente, e o ar pareceu mudar. A cozinha ficou mais quente, quase sufocante, e Amélia percebeu os olhos dele deslizarem por seu corpo. Não era um olhar qualquer; era um toque invisível, queimando sua pele.

Ela desviou rapidamente, tentando parecer indiferente. Mas, por dentro, sentia uma inquietação nova, algo que não sabia se era medo ou desejo.

— Me chamo Lion. Moro no chalé do outro lado do lago. Sou… o caseiro da propriedade. — O sorriso dele parecia ensaiado, polido demais para ser genuíno.

Teresa franziu a testa.

— Do outro lado? Mas não vimos barcos ou trilhas…

— Há caminhos que só quem vive aqui conhece. — respondeu Lion, com naturalidade desconcertante.

Patrick, alheio à tensão crescente, parecia satisfeito em encontrar alguém que conhecesse a região.

— Que sorte termos você por perto. Há algum mercado nas redondezas?

— Não tão perto. — Lion inclinou levemente a cabeça, e seus olhos recaíram novamente sobre Amélia. — Mas posso indicar o caminho até a cidade vizinha. Uma hora de viagem, talvez mais.

Rachel suspirou, já calculando o transtorno. Patrick tomou a decisão sem hesitar:

— Então é isso. Eu, você e mamãe vamos até lá comprar mantimentos. As crianças ficam.

Amélia arregalou os olhos.

— O quê? Pai, eu não preciso de babá! Eu sei cuidar dos meus irmãos.

— Mesmo assim, alguém que conhece o lugar deve ficar. — Patrick cortou o protesto com firmeza. — É apenas precaução.

Lion sorriu, discreto, mas Amélia percebeu. E o arrepio voltou a percorrer-lhe a espinha.

Os adultos começaram a se organizar para a saída. Anne e Andrew, exaustos pela viagem, subiram correndo as escadas para explorar os quartos. Teresa, antes de partir, acariciou a mão da neta.

— Confio em você, minha menina.

Mas, quando a porta se fechou atrás dos pais e da avó, Amélia percebeu que a confiança não era suficiente.

Ela estava sozinha. Com ele.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!