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Casada com o Tio do Meu Ex: A Noiva Reencarnada

Prefácio

Eu me lembro do cheiro das flores no dia do meu casamento. Elas estavam frescas, brancas como a promessa que eu acreditava estar prestes a viver. Lembro também do peso do vestido em meus ombros, do brilho das luzes refletindo em cada detalhe de renda, e, principalmente, da sensação de estar caminhando para um futuro que eu acreditava ser meu. Ingênua. Cega.

Naquele instante, eu não enxergava os sorrisos falsos ao meu redor. Eu não percebia os olhares maldosos da amante, muito menos o desdém silencioso nos olhos dele, o homem que eu jurava amar. Eu tinha dedicado anos da minha vida a um sentimento que me consumia e me fazia acreditar que tudo valia a pena — até mesmo renunciar ao casamento arranjado pelo meu avô, que teria me dado segurança, respeito e dignidade. Eu rejeitei tudo isso por ele.

E o que recebi em troca?

No altar, diante de todos, fui acusada. Ele me apontou o dedo, me expôs, me destruiu. Disse que eu o havia traído, que eu não passava de uma mulher vil, interesseira, indigna de carregar o nome da família dele. Eu ouvi sua voz como lâminas afiadas atravessando meu coração, e, ao lado dele, a amante encenava lágrimas falsas, fingindo ser a vítima, a pobre doente que eu supostamente maltratava.

Em um único dia, perdi tudo. O homem que eu amava, a dignidade da minha família, a empresa que meus pais ergueram com tanto esforço. Todos se voltaram contra mim. Eu me tornei alvo de humilhação, de desprezo. Ninguém quis ouvir a minha versão. Ninguém acreditou em mim.

Sozinha, despedaçada e vazia, não encontrei saída. O desespero me levou a acreditar que a morte seria o único alívio. E assim, naquela noite, minha vida se encerrou em meio ao silêncio gélido de um quarto, com lágrimas escorrendo pelo rosto e a amarga sensação de ter sido esquecida pelo mundo.

Mas a vida… a vida é mais cruel e, ao mesmo tempo, mais generosa do que eu poderia imaginar. Eu acordei. Respirei de novo. E quando abri os olhos, percebi que não estava morta. Havia retornado, três meses antes do meu casamento.

Uma segunda chance.

Um presente… ou uma maldição.

Desta vez, eu não permitiria que o mesmo destino se repetisse. Desta vez, eu não seria enganada pelo falso amor que me conduziu à ruína. Desta vez, eu não renegaria a escolha que poderia ter mudado tudo: o noivado com o homem que todos ridicularizavam, o CEO cadeirante que um dia eu recusei sem ao menos lhe dar a chance de se aproximar.

Agora, o caminho que se abre diante de mim é incerto. Mas uma coisa eu sei: não morrerei novamente por causa dele. Não entregarei minha vida, meu coração e minha alma para um homem que só me deu morte.

Desta vez… será diferente.

Capítulo 1 — O Dia em que Voltei

O som estridente do despertador me fez abrir os olhos de súbito. Minha respiração estava pesada, como se eu tivesse acabado de despertar de um pesadelo… mas o mais perturbador era que tudo parecia real demais para ser apenas um sonho.

As cortinas cor de marfim balançavam suavemente com a brisa da manhã. O quarto era exatamente como eu me lembrava: cada detalhe da mobília, cada quadro, cada estante repleta de livros que eu lia para me distrair antes de dormir. Só que aquilo não podia ser. Meu quarto havia sido tomado, vendido, destruído depois que meu mundo ruiu.

Levantei-me devagar, com o coração acelerado. Minhas mãos tremiam. Fui até a penteadeira e encarei o espelho. O reflexo que vi não era o da mulher exausta e sem esperança que havia se despedido da vida, mas o de alguém mais jovem, com olhos ainda não completamente apagados pela dor. Toquei meu próprio rosto, tentando confirmar se não estava enlouquecendo. Minha pele estava firme, meus cabelos soltos caíam em ondas escuras sobre os ombros.

— Isso… isso não é possível… — sussurrei, sentindo o frio percorrer minha espinha.

Naquele instante, um som familiar ecoou pela casa: passos firmes no corredor, seguidos pelo bater de uma bengala. Meu avô. O coração quase parou no peito. Ele já não estava vivo quando eu… quando eu… me joguei no abismo. Mas agora, ali estava ele, abrindo a porta com aquele mesmo olhar grave e protetor.

— Você ainda está na cama, menina? — disse, com a voz carregada de autoridade. — Hoje temos compromissos importantes.

Eu não consegui responder de imediato. Lágrimas brotaram em meus olhos sem que eu pudesse impedir. Meu avô estava vivo. Meu avô, que havia sido o único a lutar por mim, a me defender até o fim, mesmo quando todos me condenaram. Eu corri até ele e o abracei com força, como se temesse que ele desaparecesse de novo diante de mim.

— O que é isso? — ele murmurou, surpreso. — Já é mocinha para tanta emoção logo cedo.

Eu só consegui soluçar, escondendo o rosto em seu ombro. Quando finalmente recobrei o fôlego, notei a expressão dele mudar. Seus olhos me encaravam com firmeza, como se quisesse ler a verdade dentro de mim.

— Preciso que esteja pronta para a reunião de hoje à tarde — disse ele, em tom solene. — É sobre o noivado.

Foi como se o chão tivesse desaparecido sob meus pés. Eu sabia exatamente do que ele estava falando. Três meses antes do casamento que me levou à morte, o meu avô ainda insistia no noivado arranjado com o herdeiro de uma das maiores famílias do país. Um homem que eu rejeitei, por estar cega de amor por aquele que depois me destruiria.

Eu fechei os olhos por um instante, sentindo a lembrança arder em meu peito. Eu tinha agora a confirmação: voltei. O destino me deu uma segunda chance.

Quando desci para o café da manhã, a família já estava reunida. Minha madrasta, com aquele sorriso frio, parecia sempre pronta para me criticar. Meu meio-irmão, preguiçoso e arrogante, me olhava com desdém. Só meu avô mantinha a postura de pilar, sustentando tudo com sua presença forte.

— Já decidiu, então? — ele perguntou, enquanto todos se acomodavam. — Vai aceitar o noivado?

No passado, eu disse não. E essa recusa abriu as portas para minha ruína. Mas, dessa vez, eu não hesitei.

— Sim, avô — respondi, com firmeza. — Aceitarei.

O silêncio tomou conta da mesa. Minha madrasta ergueu as sobrancelhas, surpresa. Meu meio-irmão riu, sarcástico.

— Você? Aceitar se casar com um aleijado? — zombou, sem qualquer pudor. — Vai manchar o nome da família ainda mais!

Meu sangue ferveu, mas não desviei o olhar.

— Melhor me casar com um homem que todos subestimam do que com alguém que só traria desgraça para minha vida — respondi, em tom gélido.

Meu avô observou em silêncio, e pude jurar que vi um lampejo de aprovação em seus olhos.

Naquele instante, uma decisão que parecia pequena mudou tudo. Eu sabia que esse casamento escondia segredos, que o homem que me aguardava não era quem parecia ser. E, principalmente, eu sabia que meu destino estava entrelaçado ao dele de uma forma muito mais complexa do que eu poderia imaginar.

O futuro ainda estava coberto por sombras, mas eu tinha certeza de uma coisa: eu não caminharia novamente para a morte.

Desta vez… era eu quem daria as cartas.

Capítulo 2 — O Noivado

O salão estava lotado. Homens e mulheres da alta sociedade se espalhavam pelo ambiente luxuoso, trocando cumprimentos e olhares curiosos, como abutres esperando pela mínima chance de se alimentar da desgraça alheia. Eu sabia exatamente o que esperavam ver: a herdeira que antes rejeitou o noivo arranjado agora, por algum motivo misterioso, estava disposta a aceitar.

Andei ao lado do meu avô, cada passo medido, a postura impecável. Eu podia sentir os olhares queimando em minha pele, podia ouvir os sussurros carregados de veneno.

— Ela enlouqueceu de vez.

— Casar com um inválido? É praticamente um rebaixamento.

— Melhor isso do que ficar sozinha, não é?

As palavras se enroscavam em meus ouvidos, mas desta vez eu não abaixei a cabeça. Diferente do meu passado, eu não estava aqui para agradar ninguém. Estava aqui para sobreviver, para reconstruir o que me foi roubado e para proteger a honra do meu avô.

No centro do salão, ele estava. Alto, imponente, mesmo sentado em uma cadeira de rodas que, para todos, era símbolo de fraqueza, mas que eu sabia esconder muito mais do que aparentava. Seus olhos escuros me fitavam com intensidade, como se quisesse atravessar minhas defesas e descobrir minhas verdadeiras intenções.

O burburinho aumentou quando o mestre de cerimônias anunciou oficialmente o noivado. Senti o coração acelerar, mas não hesitei. Caminhei até ele e, quando todos esperavam que eu recuasse, me ajoelhei levemente diante dele para que nossas mãos se encontrassem em igualdade.

— É um prazer estar ao seu lado — murmurei, em tom audível apenas para ele.

Vi o lampejo de surpresa em seus olhos. Na minha vida passada, eu o havia humilhado, recusado, tratado como um fardo. Agora, eu estava ali, demonstrando respeito e escolhendo-o diante de todos.

— Você não imagina no que está se metendo, pequena herdeira — ele respondeu em voz baixa, com um sorriso enigmático nos lábios.

Foi então que a revelação caiu sobre mim como um raio. Entre os convidados, reconheci um rosto que eu jamais poderia esquecer: o meu ex, o homem que me levou à morte. Ele estava parado, incrédulo, olhando para nós como se tivesse visto um fantasma.

E foi naquele instante que meu avô anunciou, com orgulho:

— Apresento a vocês o futuro esposo de minha neta. O jovem CEO, Gael Castellani.

O sobrenome caiu como uma bomba no salão. Castellani. O mesmo sobrenome do homem que um dia eu amei e que me traiu. E, como se o destino se divertisse em me torturar, percebi nos olhares chocados ao redor a verdade cruel: meu noivo era o tio jovem do meu ex.

A tensão tomou o ar. Meu ex, pálido, deu um passo à frente, incapaz de esconder a indignação.

— Isso é impossível! — ele exclamou, a voz trêmula. — Você não pode… não pode se casar com ele!

Todos os olhares se voltaram para mim. Eu, que na vida passada teria me encolhido, agora respirei fundo e deixei minha voz cortar o silêncio.

— Por que não poderia? — perguntei, com calma. — Não é um crime escolher alguém que me respeite. Ou será que está incomodado porque seu próprio tio tem mais honra do que você jamais terá?

O salão explodiu em murmúrios. Os lábios do meu ex se contorceram, a amante ao lado dele fingia indignação, e eu podia sentir a satisfação silenciosa que emanava de Gael. Ele não esperava minha ousadia.

Com um gesto inesperado, tomei a iniciativa: segurei firme a mão de Gael, entrelacei meus dedos aos dele e ergui nossos braços diante de todos.

— Este é o homem com quem escolho me casar.E não deixarei ninguém nos humilhar.

As palavras saíram afiadas, ecoando no salão. Eu estava marcando território, não apenas como noiva, mas como alguém que não seria mais a vítima.

O olhar de Gael se fixou em mim. Havia algo ali — uma mistura de admiração, surpresa e diversão. Ele, que vivia entre planos de vingança e segredos bem guardados, parecia ter encontrado em mim uma aliada inesperada.

Enquanto a cerimônia prosseguia e os convidados digeriam a novidade, meu coração ardia. Eu sabia que havia dado o primeiro passo em direção a um destino totalmente diferente. E,desde que despertei, senti esperança.

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