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O Passageiro Maldito

Capítulo 1: O Assassino nas Sombras

O relógio já passava da meia-noite quando a chuva começou a despencar, tamborilando com força nas ruas escuras do bairro de Meadowville. O vento soprava frio, assoviando entre os becos estreitos, carregando o cheiro de terra molhada e o som distante das sirenes. Para a cidade, era apenas mais uma noite comum, mas para James, aquela noite prometia ser diferente.

Recém-saído da Academia de Polícia, James ainda se adaptava ao ritmo implacável do Departamento de Homicídios. Com apenas 26 anos, o cansaço já deixava marcas visíveis em seu rosto — olheiras profundas, traços de noites mal dormidas enquanto tentava mostrar seu valor entre os veteranos. Novatos raramente eram colocados em casos importantes, mas uma série de desaparecimentos em um bairro periférico mudou tudo.

O chamado parecia ser mais um caso de rotina. Uma ligação vinda de uma casa abandonada na Rua dos Pinheiros, um lugar conhecido por abrigar viciados e pequenos criminosos. O relatório inicial indicava uma possível overdose, mas quando James chegou ao local, percebeu que estava prestes a enfrentar algo muito mais sombrio.

A casa estava envolta em uma escuridão densa. As janelas estavam quebradas, e as paredes eram uma tela para grafites grotescos. O cheiro de mofo e decadência impregnava o ar, aumentando a tensão a cada passo que James andava pelo corredor estreito. Ele ainda não havia se acostumado com cenas de crime, e o que encontrou naquela noite o marcaria para sempre.

James sentiu o estômago revirar, mas manteve a compostura, concentrando-se em cada detalhe. Havia algo de inquietante naquela cena, algo que não se encaixava na narrativa de um assassinato comum. Enquanto seus olhos percorria, minuciosamente, o ambiente em busca de pistas, uma sensação incômoda começou a crescer dentro dele. Era como se o próprio ar da casa sussurrasse segredos que ele ainda não estava preparado para ouvir. E então, ele teve a estranha sensação de que não estava sozinho.

Um estalo atrás de si congelou seus pensamentos. Com o coração disparado, James se virou rapidamente, a mão instintivamente alcançando o cabo da arma em seu coldre. Mas tudo que encontrou foi o vazio — apenas o som do vento, balançando suavemente as cortinas rasgadas ao entrar por uma fresta na janela. O silêncio que se seguiu era quase opressor, como se a casa estivesse prendendo a respiração.

Ele sabia, naquele instante, que estava apenas no início de algo muito maior e mais perigoso do que poderia imaginar. A cena de crime não era apenas um ponto final; era o começo de um jogo que ele mal compreendia, mas que já o envolvia por completo. E no fundo, James tinha a sensação perturbadora de que, a partir daquele momento, sua vida nunca mais seria a mesma.

A luz fraca da lanterna de James tremia enquanto ele se aproximava do corpo. O cenário diante de seus olhos era de uma brutalidade que superava qualquer coisa que já havia imaginado. O homem no chão havia sofrido de forma inimaginável. O sangue seco tingia o piso de madeira em uma poça espessa e irregular, e o cheiro de ferro misturava-se com o de mofo, criando um ambiente sufocante. Era uma cena de ódio puro, de um rancor tão visceral que parecia impossível acreditar que houvesse sido orquestrada por um ser humano.

O corpo estava mutilado de maneira grotesca. O assassino havia cortado as mãos e os pés da vítima, colocando-os ordenadamente ao lado do corpo, como se fossem troféus macabros. As genitálias, decepadas com brutalidade, foram inseridas na boca do homem morto, um último gesto de humilhação que expressava um desprezo profundo.

James, mesmo sendo novo na profissão, percebeu que não estava diante de um crime comum. O padrão de violência e o método de mutilação indicavam que aquele assassino não era apenas alguém que havia perdido o controle em um acesso de raiva. Havia um propósito naquilo, uma mensagem que ele ainda não conseguia decifrar.

Ele se agachou ao lado do corpo, analisando cada detalhe com uma calma calculada, tentando ignorar a repulsa que ameaçava tomar conta de si. Os cortes eram precisos, mas também profundamente carregados de fúria. Era como se o assassino quisesse fazer a vítima sofrer até o último momento, cada corte, cada golpe, parecia ter sido feito com a intenção de prolongar a agonia.

James olhou ao redor, notando a falta de qualquer sinal óbvio de luta. A vítima, claramente dominada desde o início, provavelmente estava amarrada ou sedada, incapaz de reagir enquanto era lentamente destroçada. No entanto, o que mais o intrigava era a frieza do assassino ao planejar cada movimento. Mesmo em meio a tanto ódio, havia um método, uma espécie de lógica macabra que guiava suas ações.

Os outros policiais, mais experientes, estavam visivelmente perturbados. A maioria evitava olhar diretamente para o corpo por muito tempo, preferindo se concentrar em áreas menos violentas do cenário. Mas James, ao contrário deles, mergulhava na cena com uma intensidade crescente. Ele sentia que havia algo ali, algo que escapava aos olhos dos outros, e isso o impelia a continuar, a buscar o que estava oculto nas entrelinhas daquele massacre.

Por mais que ele tentasse, não encontrou nenhuma pista visível. O assassino havia sido meticuloso, cuidando para não deixar nada que pudesse incriminá-lo. Nenhuma impressão digital, nenhum fio de cabelo, nem sequer uma pegada. A limpeza da cena, em contraste com a brutalidade do crime, mostrava um nível de controle que assustava.

Enquanto os outros policiais davam de ombros, frustrados por não encontrar nada, James começou a perceber uma verdade incômoda. Ele era diferente. Sua mente funcionava de forma distinta. Ele não apenas via o que estava à sua frente, mas conseguia ler a intenção, o padrão oculto sob o caos.

James olhou mais uma vez para o corpo mutilado e sentiu uma conexão com o assassino, como se ambos estivessem jogando um jogo de xadrez sombrio. E naquele momento, ele soube que não seria o último a ver aquela obra de horror. O assassino estava apenas começando, e James era o único que poderia decifrar seu próximo movimento.

Capítulo 2: A cena do Crime

Enquanto examinava a cena, James não conseguia afastar a sensação de que o assassino estava jogando com ele, provocando-o. Cada detalhe parecia cuidadosamente planejado para transmitir uma mensagem, mas qual? Ele fechou os olhos por um instante, tentando organizar os pensamentos, enquanto a imagem do corpo mutilado permanecia gravada em sua mente. Quem quer que tivesse feito aquilo, não era apenas um homicida; era alguém que tinha prazer em manipular o medo, em mostrar que estava no controle.

James levantou-se lentamente, seus olhos percorrendo cada canto da sala. As paredes descascadas, o chão irregular, tudo parecia impregnado com a energia sombria do que havia acontecido ali. Mas, por mais que procurasse, não havia nenhum sinal de luta, nenhuma marca que sugerisse resistência. A vítima estava completamente à mercê do assassino, subjugada desde o início. E isso significava que o assassino tinha planejado tudo com antecedência, escolhendo o local e o momento exato para agir.

Os outros policiais se moviam pela casa como sombras, ainda mais perturbados pela ausência de pistas do que pela própria brutalidade do crime. James os observou por um momento, percebendo o desalento em seus rostos. Eles estavam acostumados a cenas de violência, mas aquela era diferente. Não era apenas um assassinato; era uma exibição calculada de poder e crueldade. Eles não sabiam o que fazer com isso, e essa incerteza os deixava vulneráveis.

Enquanto a equipe de perícia começava a tirar fotos e coletar amostras, James se afastou um pouco, buscando uma nova perspectiva. Ele sabia que o assassino estava confiante, seguro de que não havia deixado nada para trás. Mas havia algo mais, algo que ainda escapava à compreensão dos outros. James sentia que estava lidando com uma mente que via além das aparências, que compreendia o medo de uma forma única, quase artística.

Ele se abaixou mais uma vez, olhando diretamente para os olhos vidrados da vítima, como se tentasse captar a última coisa que aquele homem havia visto antes de morrer. Seria o rosto do assassino? Ou algo ainda mais assustador, a própria certeza de sua morte iminente? James queria entender o que havia passado pela mente da vítima, mas tudo que encontrou foi um vazio frio e sem resposta. Talvez, pensou ele, o verdadeiro terror estivesse não no que o homem viu, mas no que ele não podia ver — a total ausência de esperança.

Com um suspiro, James se levantou, sentindo o peso da cena sobre seus ombros. Ele sabia que aquele era apenas o começo, o prólogo de algo muito maior e mais sombrio. O assassino não pararia ali. Aquela era uma declaração de intenções, um convite para um jogo mortal que ele estava determinado a vencer. E James, com sua mente aguçada e instinto apurado, era a única pessoa que poderia tentar decifrar os próximos passos desse predador sombrio.

A questão era: ele estava pronto para enfrentar o que viria a seguir?

James mal havia conseguido dormir após a noite da descoberta do corpo. O horror daquela cena continuava a assombrá-lo, surgindo em flashes cada vez que fechava os olhos. Ele não era o tipo de pessoa facilmente abalada, mas havia algo na brutalidade meticulosa do crime que o atingia de maneira profunda. Naquela manhã, enquanto o sol nascente banhava a cidade com uma luz pálida e fria, ele se encontrava de volta ao Departamento, encarando o quadro branco na sala de investigações. Nele, fotos da vítima, o diagrama da cena do crime, e os poucos detalhes que tinham conseguido até agora estavam organizados, mas não havia uma conexão clara.

Cada tentativa de encontrar uma pista, um padrão, parecia levar a becos sem saída. James estava inquieto, seus dedos tamborilando na mesa, enquanto revisava os relatórios mais uma vez. Ele sabia que o assassino havia sido cuidadoso, mas havia algo mais ali, algo que ainda não conseguia captar. Sua mente trabalhava freneticamente, tentando ligar os pontos entre a violência do crime e a frieza clínica com que foi executado. Quem poderia odiar tanto a vítima a ponto de mutilá-la daquela maneira? E mais importante, por quê?

Uma batida na porta interrompeu seus pensamentos. O Capitão Moretti entrou na sala com um semblante grave. Ele se aproximou de James em silêncio, antes de pousar uma nova pasta sobre a mesa. “Mais um”, disse ele, sua voz carregada de uma preocupação que não precisava ser verbalizada. James abriu a pasta lentamente, sentindo uma onda de antecipação sombria enquanto olhava as fotos de um novo corpo. A semelhança com a primeira cena era inconfundível — a mesma mutilação meticulosa, o mesmo padrão de crueldade. Agora, não havia dúvida: eles estavam lidando com um serial killer.

James sentiu uma tensão crescente em seu peito, uma mistura de adrenalina e medo. O jogo havia escalado, e o tempo estava contra eles. O assassino estava desafiando a polícia, se movendo com precisão cirúrgica, deixando um rastro de terror sem pistas claras para segui-lo. Cada novo corpo era uma mensagem, um lembrete de que ele estava sempre um passo à frente. O relógio estava correndo, e James sabia que o próximo movimento poderia ser decisivo, tanto para o assassino quanto para ele.

O silêncio na sala de investigações era quase palpável, apenas o som distante da cidade quebrando a tensão. James fechou os olhos por um momento, tentando visualizar o que o assassino faria em seguida, onde atacaria, e como poderia antecipá-lo. Ele sentia que estava perto de algo, uma epifania que parecia prestes a se revelar. Mas antes que pudesse concretizar seus pensamentos, o telefone tocou, ecoando pela sala vazia. James atendeu, e a voz do outro lado da linha trouxe uma nova informação, algo que fez seu coração disparar. A investigação estava prestes a tomar um rumo inesperado, e ele não tinha ideia do que iria encontrar a seguir.

Capitulo 3: O Telefonema

O telefone na sala de investigações tocava de forma insistente, ecoando como um prenúncio de algo sombrio. James atendeu com um aperto no peito, sentindo que o que quer que viesse a seguir mudaria tudo. Do outro lado da linha, uma voz masculina, fria e controlada, começou a falar. "Eu vi você lá," disse o homem, sua voz carregada de uma calma perturbadora. "Foi o único que realmente olhou para a cena do crime, mas não achou nenhuma pista, porque eu não vou deixar pistas." James sentiu um calafrio percorrer sua espinha, o medo e a adrenalina se misturando em uma onda que ameaçava tomar conta de seus sentidos.

"Por que está fazendo isso?" James perguntou, sua voz firme, mas carregada de tensão. Havia algo profundamente inquietante na serenidade daquela voz, algo que o deixava mais nervoso do que qualquer outra coisa. Após uma longa e profunda respiração, a resposta veio de forma lenta e calculada. "Eles merecem e vão pagar," disse o homem. "Ainda falta mais quatro crimes para investigar. Já foram dois. No próximo, eu deixei uma pista, mas só se você olhar direitinho." O telefone ficou mudo, deixando James sozinho na sala, com o coração batendo descompassado e a mente girando com as implicações do que acabara de ouvir.

Sem perder tempo, James correu até o local onde o segundo corpo havia sido encontrado. Ele sabia que estava entrando em um jogo perigoso, um jogo em que cada erro poderia custar mais vidas. A tensão em seu peito só aumentava à medida que ele se aproximava da cena do crime. As palavras do homem ressoavam em sua cabeça: "Só se você olhar direitinho." Ele sabia que não podia se dar ao luxo de errar, que cada detalhe poderia ser a chave para entender a mente distorcida do assassino.

De volta à cena do crime, James se forçou a desacelerar, a respirar fundo e se concentrar. Ele sabia que o assassino estava observando, que cada movimento seu estava sendo medido e avaliado. Com um olhar atento, começou a revisar cada centímetro do local, focando em áreas que antes poderiam ter passado despercebidas. Seus olhos vasculhavam cada canto, procurando algo fora do comum, algo que não deveria estar ali. E então, em um pequeno e quase imperceptível espaço entre duas tábuas do assoalho, ele viu algo que não havia notado antes: um pedaço de papel cuidadosamente dobrado, quase invisível a olho nu.

Com mãos trêmulas, James pegou o papel e o desdobrou lentamente. Havia uma única frase escrita ali, em letras pequenas e precisas: "Você está chegando perto, mas cuidado com o que deseja encontrar." O aviso era claro, o jogo estava esquentando, e o assassino estava gostando da perseguição. James sabia que agora não havia mais volta. Ele estava preso em uma caçada perigosa, onde a linha entre caçador e presa se tornava cada vez mais tênue. As vítimas tinham algo em comum, algo que ele precisava descobrir rapidamente. Agora, ele tinha uma pista, mas o relógio estava correndo, e o assassino estava determinado a ver seu plano até o fim. No fundo, James sabia que a chave para tudo estava nos detalhes, nos segredos que as vítimas levavam consigo, e na dívida que, aparentemente, elas tinham com um inimigo implacável.

James sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao considerar a possibilidade de estar lidando com algo muito maior do que imaginava. Durante um breve momento, a ideia de uma organização criminosa, uma máfia operando nas sombras da cidade, pareceu fazer sentido. Dois crimes horríveis, sem pistas aparentes, quase como se as vítimas tivessem se auto mutilado. Mas o raciocínio era absurdo, e James sabia disso. No entanto, a complexidade do caso o forçava a manter a mente aberta para qualquer possibilidade, por mais improvável que fosse.

Mesmo assim, a dúvida persistia. E se houvesse algum tipo de manipulação psicológica? E se as vítimas, de alguma forma, tivessem sido levadas a se mutilar, hipnotizadas ou coagidas a tirar a própria vida? James balançou a cabeça, afastando o pensamento. Sem provas, aquilo não passava de uma teoria frágil. Mas até que surgissem novas pistas, ele não podia descartar nada. Com a mente pesada, ele jurou a si mesmo que continuaria até o fim, independentemente do que fosse necessário.

Decidido a explorar todas as possibilidades, James foi até seus superiores para perguntar se havia alguma informação sobre máfias, gangues ou famílias criminosas operando na cidade. O Capitão Moretti, com uma expressão cansada e cínica, respondeu com desdém: "Aqui nessa merda de cidade? O que iriam querer por aqui? Se tivesse algo valioso como ouro ou diamante até que poderia ser, mas nem para tráfico essa cidade serve. Não iriam pagar nem o transporte, a cidade é minúscula e afastada de quase tudo, no meio do nada." As palavras de Moretti dissiparam as preocupações de James sobre uma conspiração criminosa de grande escala. O problema não estava em uma organização poderosa, mas em algo muito mais enigmático e pessoal.

Com a ideia de máfias e traficantes descartada, James se viu de volta ao ponto de partida, ainda mais confuso. Ele estava perdido em seus pensamentos, tentando conectar os pontos que pareciam não se encaixar. Foi então que ele percebeu que estava entrando exatamente no jogo do assassino. Este queria que ele se perdesse em teorias e desconfianças, desviando sua atenção do que realmente importava. Respirando fundo, James decidiu que era hora de simplificar. Ele precisava voltar ao básico, ao que estava bem diante de seus olhos.

Organizando todos os arquivos e anotações em sua mesa, James começou a focar nas ligações entre as vítimas. Onde moravam, onde trabalhavam, se tinham algum registro na polícia, se eram conhecidos um do outro. Ele sabia que a resposta estava ali, oculta nos detalhes da vida dessas pessoas. Enquanto analisava as informações, um padrão começou a emergir, mas ainda estava obscuro, como uma sombra à espreita na periferia de sua mente. Ele estava se aproximando de algo, uma verdade que, por enquanto, escapava à sua compreensão. Sabia que precisaria continuar escavando, camada por camada, até que a ligação entre as vítimas se tornasse clara. Mas com isso, também vinha a crescente sensação de que, a cada passo, ele estava se aprofundando mais no jogo perigoso do assassino.

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