Brotheragem
namorada insuportável
O calor da tarde fazia a quadra da escola parecer uma fornalha.
O barulho da bola quicando no chão ecoava pelo espaço quase vazio, só interrompido pelo som dos tênis arrastando no cimento.
Era aquele tipo de momento simples que, sem ninguém perceber, acabava virando memória — dois amigos matando o tempo depois da aula, competindo por nada e rindo de tudo.
Haruka nunca foi do tipo que levava o basquete tão a sério, mas sempre aparecia quando Joo Sung o chamava.
Não pelo jogo em si, mas pela zoeira, pelas piadas que só os dois entendiam.
Jin Haruka
— Anda logo, caralho, passa essa bola direito — Haruka reclamou, mas com um sorriso de canto, suando já na terceira partida seguida.
Joo Sung riu, ajeitando o cabelo encharcado de suor.
Joo sung
— Você fala demais e joga de menos, velho.
Haruka fez questão de bater a bola com força no chão, como se a raiva fosse real.
Jin Haruka
— Cala a boca, porra. Vou enfiar essa bola na sua cara daqui a pouco.
Joo sung
— Quero ver tentar — Joo Sung rebateu, erguendo os braços na marcação, provocando.
Haruka avançou driblando, exagerando nos movimentos só pra tirar uma risada do amigo
Jin Haruka
— Olha só, NBA, tá vendo? — debochou, antes de errar a cesta de propósito e jogar a culpa nele. — Tá vendo? É você que me desconcentra.
Joo Sung gargalhou alto, quase se dobrando.
Joo sung
— Você é um merda mesmo.
Jin Haruka
— E você é chato pra caralho — Haruka respondeu, jogando a bola no peito dele. — Bora, última, valendo a honra.
Joo sung
— Ah, agora é sério? — Joo Sung sorriu, entrando na pose competitiva. — Beleza, perdedor paga o lanche depois.
Haruka bufou, mas não contestou.
Jin Haruka
— Foda-se, só não pede nada caro.
O jogo seguiu cheio de empurrões leves, provocações e risadas, até que Haruka, sem querer, acertou uma jogada bonita e fez a cesta.
Virou para Joo Sung com aquele sorriso de quem sabia que ia se gabar pelo resto do dia.
Jin Haruka
— Tá vendo? Eu sou foda, caralho. Aprende.
Joo Sung balançou a cabeça, rindo.
Joo sung
— Moleque metido do caralho…
E assim eles foram a uma Lanchonete perto dali.
A lanchonete estava cheia, o barulho de pratos batendo e vozes se misturava com o cheiro de batata frita e hambúrguer recém-feito.
Haruka e Joo Sung sentaram num canto perto da janela, ainda rindo do jogo na quadra.
Jin Haruka
— Mano, você perdeu porque é burro mesmo — Haruka falou, dando uma mordida exagerada no sanduíche. — Não tem desculpa.
Joo sung
— Cala a boca — Joo respondeu, rindo. — Você só ganhou porque eu deixei.
Eles começaram a trocar piadas pesadas, rindo alto como se não existisse ninguém em volta.
Era aquele tipo de humor que faria qualquer um olhar torto, mas pros dois era normal, quase uma linguagem própria.
No meio da conversa, a porta da lanchonete abriu e entrou a namorada de Joo Sung.
Cabelo arrumado como se tivesse saído de salão, roupa de marca e um olhar que sempre misturava arrogância e tédio.
Haruka revirou os olhos por dentro, mas manteve a cara neutra.
Atrás dela vinha uma amiga, tão phaty quanto: salto alto, perfume forte demais e o celular já na mão, pronta pra tirar foto de qualquer coisa.
zoe
— Oppa! — a namorada chamou, se jogando ao lado de Joo com um beijo demorado demais pra situação. — Não sabia que você tava aqui.
Haruka fingiu interesse na batata frita, mastigando devagar, evitando olhar.
Jin Haruka
— Legal… — murmurou baixo, só pra si.
As duas logo se acomodaram à mesa, puxando conversa sobre moda, maquiagem, influenciadores e viagens que queriam fazer.
O tom de voz era agudo, cheio de riso ensaiado.
Haruka tentou acompanhar por alguns minutos, mas sua paciência foi evaporando.
Ele largou a batata e se levantou.
Jin Haruka
— Vou mijar — avisou, seco.
Joo notou o jeito dele e, depois de alguns segundos, inventou uma desculpa qualquer e foi atrás.
No banheiro, Haruka já estava na frente do espelho, imitando a namorada com um tom esnobe:
Jin Haruka
— “Ai, porque eu não vivo sem minha base importada, sabe? Se não tiver filtro, eu nem posto. O mundo não tá preparado pra minha cara natural!”
Depois mudou pra amiga dela, exagerando o jeito de falar.
Jin Haruka
— “Eu só como se for gourmet, essas coisas populares dão até alergia.”
Joo Sung não aguentou e caiu na risada, segurando a barriga.
Joo sung
— Mano, você é muito otário…
Haruka riu junto, mas depois olhou pra ele pelo reflexo do espelho.
Jin Haruka
— Sério agora… Como caralho você consegue gostar dela?
A pergunta veio direta, sem rodeio. Joo Sung parou de rir aos poucos, encostando na parede.
Abriu a boca pra responder, mas travou. A verdade era que nem ele mesmo sabia explicar.
Joo sung
— Eu… sei lá — murmurou, coçando a nuca. — Acho que é costume.
Haruka bufou e balançou a cabeça, lavando as mãos.
Jin Haruka
— Costume de dor de cabeça, só se for.
O silêncio ficou entre os dois por um instante, carregado de algo que nenhum dos dois tinha coragem de colocar em palavras.
talvez....
Eles voltaram para a mesa, Haruka secando as mãos na camiseta e Joo Sung ainda rindo da imitação no banheiro.
A namorada de Joo estava distraída no celular, mas a amiga dela, Mia, endireitou a postura assim que viu os dois chegando.
O olhar dela percorreu Haruka de cima a baixo com uma intenção óbvia.
Mira
— Então, Haruka, né? — ela começou, apoiando o queixo nas mãos. — Você joga basquete também?Eer... você è lindo.
Haruka arregalou um pouco os olhos, surpreso com a abordagem.
Jin Haruka
— Hã… sim, de vez em quando. — puxou uma batata frita e enfiou na boca. — Mas eu só me envolvo se valer a pena se a pessoa também curtir anime, jogo e basquete. Senão… sem chance.
Mia deu um risinho confiante.
Mira
— Ah, eu adoro anime!
Haruka se animou um pouco, curioso.
Jin Haruka
— Sério? Qual seu favorito?
Mira
— Ah… Dragon Ball Z, né? Aquela música “Naruto run” é clássica.
Joo Sung quase engasgou com a Coca-Cola, cobrindo a boca pra não gargalhar.
Haruka piscou, sem acreditar.
Jin Haruka
— Amiga… Dragon Ball e Naruto são coisas diferentes… e “Naruto run” não é uma música.
Mia riu sem jeito, mexendo no cabelo.
Mira
— Ah, mas é tudo igual, né? Desenho japonês.
Dessa vez, Haruka soltou um riso curto, incrédulo.
Jin Haruka
— Tá, e jogos? O que você joga?
Mira
— Candy Crush. — ela respondeu séria. — Sou nível 1.400, sabia?
Joo Sung não se aguentou, deu um tapa na mesa e começou a rir alto.
Haruka arregalou os olhos, mas também caiu na gargalhada.
Jin Haruka
— Meu Deus, velho… — ele respirava com dificuldade, lágrimas quase saindo. — Não, não é possível…
Mia ficou sem entender muito bem porque eles riam tanto, e a namorada de Joo a puxou pelo braço, sem paciência.
zoe
— Enfim, vamos? Já tá tarde.
Ela se inclinou e deu um beijo longo demais em Joo, que retribuiu meio automático, ainda rindo das bobagens ditas antes.
Mia deu tchauzinho animado para Haruka, que apenas acenou de leve, aliviado por elas irem embora.
Quando saíram, a mesa recuperou a leveza de antes.
Haruka e Joo se levantaram, decidiram andar sem rumo até pararem numa ponte próxima.
O vento da noite soprava fresco, e a lua refletia sobre o rio escuro abaixo.
Ficaram lado a lado, apoiados no corrimão, em silêncio por um tempo.
Joo sung
— Você sabe que a Mia tava dando mole pra você, né?
Haruka franziu a testa, olhando pra ele.
Jin Haruka
— Quê? Tava não…
Joo sung
— Claro que tava — Joo insistiu, rindo. — E você cagou pra ela. Por quê?
Haruka desviou o olhar para a lua, pensativo.
Jin Haruka
— Sei lá… é que eu não consigo me interessar. Não combina comigo.
Ele parou, apertou os lábios e, meio envergonhado, levantou a mão, encostando de leve as costas dela sobre a boca.
As bochechas ganharam um tom corado.
Jin Haruka
— Acho que… não gosto de meninas.
As palavras ficaram no ar, flutuando entre eles e o som distante da cidade.
Joo virou o rosto devagar, surpreso, observando o amigo com atenção.
Haruka evitava o olhar dele, mas a confissão já estava feita.
voz gostosa no ouvido
O silêncio depois da confissão parecia pesar mais que o próprio ar da noite.
Haruka ainda com a mão sobre a boca, a cara meio corada, não encarava Joo.
Mas Joo Sung não tirava os olhos dele, completamente surpreso.
Joo sung
— O quê? — saiu num tom mais alto do que ele queria. — Tá zoando comigo, né?
Haruka virou o rosto devagar, irritado.
Jin Haruka
— Puta que pariu, olha minha cara de quem tá brincando?
Joo piscou algumas vezes, tentando processar.
Era estranho ouvir aquilo de Haruka.
O mesmo Haruka que fazia piada com absolutamente tudo: gays, brancos, pretos, índios, deficientes… não sobrava ninguém.
Haruka sempre tinha sido o “boca suja” da turma, o escroto que ria até em velório.
E agora tava ali, falando sério como nunca.
Joo sung
— Mano… — Joo balançou a cabeça, quase rindo de nervoso. — Eu nunca ia esperar isso de você.
Jin Haruka
— Fala alguma coisa, porra. — Haruka bufou, o coração batendo rápido. — Vai ficar me olhando com essa cara de bosta?
Joo respirou fundo, e então soltou, num tom calmo:
Joo sung
— Tá de boa. Você ainda é você, cara.
Haruka arregalou os olhos, como se tivesse sido pego de surpresa. Uma mistura de alívio e raiva passou pela expressão dele.
Jin Haruka
— Caralho… demorou tudo isso só pra falar uma coisa óbvia? Seu bosta.
Joo riu baixo, balançando a cabeça.
Joo sung
— Tá, mas me fala… quando você percebeu isso?
Haruka pensou por um instante, coçando a nuca.
Jin Haruka
— Acho que no quinto ano… eu me apaixonei pelo professor de educação física.
Joo engasgou, tentando segurar o riso.
Joo sung
— Tá de sacanagem.
Jin Haruka
— Tô falando sério, porra! — Haruka rebateu, mas já começava a rir também. — E teve outra vez… no vestiário, quando um dos caras do basquete ficou pelado do nada… mano, eu fiquei duro.
Joo Sung caiu na gargalhada, dobrando o corpo e batendo a mão no corrimão da ponte.
Joo sung
— NÃO, NÃO, PARA! — ele falava entre risos. — Eu não acredito que você tá me contando isso!
Haruka ria junto, mas cobria a boca com as mãos.
Jin Haruka
— Vai tomar no cu, Joo. Você pediu pra eu contar, agora aguenta!
Quando a risada foi morrendo, os dois ficaram olhando o reflexo da lua na água. O clima voltou a ficar mais sério, mas dessa vez mais leve.
Jin Haruka
— E aí? — Haruka quebrou o silêncio. — Você não vai começar a me tratar diferente agora, vai?
Joo olhou pra ele, sério.
Joo sung
— Eu já disse. Você continua sendo você. E não importa se você gosta de cara, de mina, ou se resolver usar saia amanhã. A gente não vai se separar.
Haruka ficou quieto por alguns segundos. O peito parecia menos pesado, e uma risada curta escapou.
Jin Haruka
— Filho da puta… sempre tem que dar uma de herói, né?
Joo sung
— Só tô sendo real.
E ali ficaram por um Tempo.
Mais tarde Quando Haruka abriu a porta de casa, foi recebido por um vulto pequeno correndo na direção dele.
Mina
— FEDORENTE! — a irmãzinha pulou nele, abraçando com força.
Jin Haruka
— Ai, caralho! — Haruka quase caiu de costas, mas segurou firme. — Tu tá me chamando de fedorento, pirralha?
Ele jogou a mochila no chão e a levantou no colo, carregando até o sofá. Em seguida, a derrubou lá e começou a encher a menina de cócegas. Ela se contorcia e gritava entre risadas.
Mina
— PARA, PARA, HARU! — ela se debatia, rindo tanto que mal conseguia respirar.
Jin Haruka
— Não vou parar não! — ele respondeu, pegando uma almofada e batendo de leve nela. — Aprende a respeitar teu irmão mais velho!
O barulho chamou a atenção do pai, que apareceu na sala, apoiado no batente com os braços cruzados.
Senhor Jin
— O que vocês estão aprontando aí?
Haruka parou, ainda com a almofada na mão
Jin Haruka
— Nada demais, só dando uma surra merecida na pirralha.
Senhor Jin
— Claro, né — o pai sorriu de canto. — E você? O que fez hoje?
Haruka se jogou no sofá, respirando fundo
Jin Haruka
— Saí com o Joo, a gente jogou basquete, depois fomos comer e… sei lá, só demos umas voltas. Foi da hora. — ele fez uma pausa e olhou para a cozinha. — E aí, qual é a janta?
Senhor Jin
— Tá na cozinha — o pai respondeu, firme. — Mas vai tomar banho primeiro. Tá cheirando a suor misturado com hambúrguer.
Jin Haruka
— Sempre tem que reclamar, puta merda…
Subiu pro quarto, pegou uma toalha e foi direto pro banheiro.
Ligou o chuveiro e deixou a água quente escorrer pelas costas.
Ficou um tempo parado, pensando na conversa com Joo na ponte. O coração ainda parecia leve por ele ter entendido tão fácil, por não ter julgado.
Aquilo deixava Haruka… feliz, de um jeito que não admitiria em voz alta.
Depois do banho, vestiu um short qualquer e sentou em frente ao PC.
Ligou o Discord e abriu a conversa com Andy, um dos amigos do time.
Andy
Andy: kkkkkkk tu é muito cancelável, viado
Jin Haruka
Haruka: olha quem fala kkkk
Andy
Andy: onde tu se enfiou o dia todo? sumiu
Jin Haruka
Haruka: sai com o joo
Andy
Andy: pqp eu dormi nas provas hj, tirei zero kkkkk
Jin Haruka
Haruka: já tava esperando, tu é um inútil msm
Andy
Andy: vai se foder kkkk
Trocaram mais algumas mensagens, zoando um ao outro, até que Andy disse que ia sair.
Haruka então colocou o headset na cabeça, ajeitou o microfone e entrou no jogo.
Minutos depois, a tela piscou: chamada de vídeo de Joo.
Haruka atendeu, Ainda sem camisa, sem pensar muito nisso.
Joo sung
— Bora jogar, porra — Joo falou, com o headset na cabeça também.
Jin Haruka
— Já tô aqui, seu animal — Haruka respondeu, abrindo a partida.
Eles ficaram jogando lado a lado, as vozes misturadas ao som do jogo, xingamentos e risadas escapando.
Do outro lado da tela, Joo mal conseguia se concentrar.
O peito nu de Haruka, iluminado pela luz do monitor, chamava atenção demais.
Ele tentava ignorar, mas o incômodo no corpo era óbvio.
Enquanto Haruka falava, distraído, Joo ajeitou-se na cadeira e deixou a mão escorregar discretamente para baixo da mesa.
Massageava o próprio membro por cima da calça, sentindo o coração disparar.
Não entendia por que aquilo acontecia, nem por que era justamente o Haruka que o fazia sentir daquele jeito.
Mas a verdade era inegável: só de olhar para ele, já estava excitado.
Após isso a partida já estava rolando há quase vinte minutos quando Haruka percebeu algo estranho.
Joo estava mais quieto que o normal.
Câmera mostrava o rosto dele vermelho, um brilho de suor na testa.
Jin Haruka
— Ei, cê tá bem? — Haruka perguntou, erguendo a sobrancelha. — Tá com cara de quem tá passando mal, porra.
Joo tentou disfarçar, ajeitando o headset.
Joo sung
— Tô… tô de boa, relaxa.
Mas a voz saiu falhada, e junto veio um som baixo, quase um gemido.
Haruka franziu a testa, confuso.
Jin Haruka
— Que caralho foi isso? Você gemeu, mano?
Joo sung
— N-não… é que eu… — Joo desviou o olhar, apertando os lábios. — Preciso desligar, depois a gente se fala.
Antes que Haruka pudesse insistir, a tela escureceu. O chamado caiu. Ele ficou olhando pro monitor, sem acreditar.
Jin Haruka
— Filha da puta… desligou na minha cara.
Do outro lado, Joo encostou a cabeça na cadeira gamer, ainda ofegante.
Não conseguiu mais segurar.
Puxou a calça pra baixo e terminou o que tinha começado, a respiração cada vez mais pesada.
O corpo inteiro parecia em chamas, e a culpa se misturava ao prazer.
O celular vibrou na mesa. Era Haruka, mandando áudios no WhatsApp.
Jin Haruka
— “Ô, seu arrombado, desligar na minha cara é falta de respeito, viu?!”
Jin Haruka
— “Fala logo que merda foi essa, tá doente ou tá drogado?”
Jin Haruka
— “Responde, caralho!”
Joo apertou play nos áudios um por um, e a voz irritada de Haruka encheu o quarto.
Cada Palavrão, cada entonação furiosa, só deixava tudo mais intenso.
Ele se pegou gemendo baixo enquanto se tocava, mordendo o lábio pra abafar o som.
O prazer explodiu no mesmo instante em que o último xingamento de Haruka ecoava pelo fone.
Era errado, era confuso, mas nada parecia mais viciante do que ouvir aquela voz enquanto chegava ao limite.
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