📖✨ Sinopse ✨📖
Hewellyn Fontana deixou o Brasil para recomeçar a vida em Toronto. Cantava em bares pequenos e sonhava com liberdade, sorria fácil, levava a vida no improviso… até que entrou na frente de uma bala destinada a Nikos Karras, o subchefe da máfia de Don Theo Greco.
Sobreviver fez de Hewellyn um alvo, e agora Nikos é obrigado a protegê-la. Mas a obrigação logo se transformou em algo muito mais perigoso.
Entre ordens, provocações e noites quentes, nasce uma paixão proibida: a luz debochada e brasileira dela contra a escuridão possessiva dele.
Mas amar um mafioso tem um preço. E Hewellyn terá que decidir se Nikos é sua perdição… ou sua salvação.
📖✨ Aviso às leitoras ✨📖
Essa não é apenas uma história de amor. É uma jornada intensa entre sombras e luz, entre o perigo da máfia e a doçura inesperada de um coração que aprende a amar. Aqui você vai encontrar:
Slow Burn, aquela chama que começa devagar e explode quando menos se espera.
Ciúmes Possessivos, porque Nikos não sabe dividir o que é dele.
Protetor Obsessivo, um subchefe que mata sem piscar, mas treme ao ver um sorriso de Hewellyn.
Humor Brasileiro, Hewellyn com seu jeito sarcástico e irreverente que vai fazer você rir mesmo nos momentos mais tensos.
Cenas Hot, eróticas, envolventes, sensuais e cheias de entrega, escritas para mulheres adultas.
Momentos de Cumplicidade, porque até na escuridão pode nascer poesia.
Prepare-se para suspirar, rir, se arrepiar e até chorar. 💔❤️
Essa é a história de um homem feito de ferro e de uma mulher que, com sua coragem e amor, foi capaz de domar o impossível.
⚠️ Gatilhos: violência, cenas explícitas de máfia, mortes e linguagem adulta.
📖✨ Dedicatória ✨📖
Às mulheres que escolheram mergulhar nessa história… se preparem para serem marcadas como Hewellyn foi.
Essa não é uma leitura leve, é uma promessa de intensidade.
Entre tiros e beijos, entre ordens e rendições, vocês vão conhecer Nikos Karras, o homem que não sabe amar pela metade, que protege até a última bala e que domina até o último suspiro.
Essa é para vocês, que gostam de se perder em um mafioso ciumento, possessivo, cruel com o mundo, mas capaz de ser doce apenas com a mulher que ama.
Com vocês, leitoras, divido esse pedaço de mim.
E espero que, ao virar a última página, ainda escutem a voz dele ecoando:
— “Agora você também me pertence.”
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Nikos
Hewellyn
Lina
Kostas
Hewellyn
Quando eu disse que ia embora do Brasil, metade dos meus amigos jurou que eu voltaria em três meses. A outra metade já estava pedindo lembrancinha em dólar. Minha mãe só chorou. Vinícius, meu irmão caçula, passou o dia dizendo que eu seria “a tia da neve”.
— Você vai mesmo? — perguntou minha mãe pela milésima vez, com a mão no avental florido, o cheiro de alho e cebola invadindo a cozinha.
— Vou, mãe. — respondi, fechando o zíper da mala com o peso de quem fecha uma vida inteira — Eu prometo ligar todo dia. Tá bom, quase todo dia. Tá… dia sim, dia não.
— Dia sim e dia sim. — ela corrigiu, séria, mas o canto da boca cedeu num sorriso.
Vini apareceu chutando uma bola velha pela casa.
— Ô, tia da neve, traz um boneco de gelo pra mim.
— Boneco de neve, Vinícius.
— Isso aí. Um bem grandão. E chocolate canadense. E um moletom. E…
— E um irmão mais educado. — brinquei, jogando a almofada nele.
Ele riu, se esquivou e veio me abraçar com força. Cheirava a desodorante barato e infância.
— Vai com Deus, tá? E volta milionária. Quero um videogame.
— Vou voltar cantora famosa, sua peste. Aí te coloco no meu clipe, só se você parar de chutar bola dentro de casa.
Minha mãe bateu a colher de pau no balcão.
— Menos promessas e mais comer. Senta, filha. Último almoço em casa é de responsa.
Eu sentei. Arroz soltinho, feijão com calabresa, farofa dourada, frango assado com batata, salada de tomate, o combo que salva qualquer saudade. A cada garfada, eu pensava:
— “Vou sentir falta até do cheiro dessa cozinha.”
— O Canadá é frio. — insistiu minha mãe, servindo suco — Gente fria, tempo frio, tudo frio.
— Eu tenho casaco. — falei.
— Não é só casaco. É coração quentinho. Leva o seu.
— Levo, mãe. — sorri, tentando não chorar — E eu canto. Quando eu canto, eu esquento.
Ela apertou minha mão sobre a mesa.
— Você nasceu cantando. Eu te ouvi antes do choro. Foi um dó maior. — Riu, emocionada — Vai, meu amor. O mundo precisa te ouvir.
No aeroporto, o cheiro de café e despedida se misturava. Meu pai, que quase nunca dizia muito, me abraçou tão forte que doeu nas costelas.
— Se der errado, volta. Se der certo, volta também. A gente cabe no seu sucesso.
— Pai… — sussurrei, com a garganta ardendo.
Vini abriu os braços, performático.
— Último abraço grátis, hein!
A gente riu. Eu abracei os três e guardei o som da risada deles num lugar que ninguém podia roubar.
Toronto me recebeu com um vento que parecia mordida. Eu, que achava que sabia o que era frio, aprendi naquele dia que “frio” tem dialetos. O frio de Toronto fala grosso e sem paciência.
Meu primeiro apartamento era do tamanho de uma generosidade… um quarto que mal cabia a cama, uma cozinha onde eu batia o quadril na bancada se virasse rápido, e um banheiro que fazia barulhos de filme de terror quando a água esquentava. Mas era meu. Coloquei uma vela cheirosa, pendurei um pano de prato com um tucano e fiz do micro-espelho a moldura do meu recomeço.
De dia, eu entregava currículos em qualquer lugar que tivesse uma placa “help wanted”. De noite, corria atrás dos bares que aceitavam música ao vivo. Depois de dois “não”, um “tá bom, mostra o que você sabe” me salvou. O dono se chamava Pete, um canadense com cara de quem já tinha visto todas as bandas ruins do mundo.
— Você canta o quê? — ele perguntou, coçando a barba, apoiado no balcão.
— O que você quiser. Mas se deixar, eu canto o que eu gosto. — respondi, com meu inglês de coragem.
Ele apontou para o palco minúsculo, um tapete gasto e um microfone que claramente já viveu além de seu tempo.
— Quarta e sexta. Duas entradas por noite. Começa com clássico. Se a galera gostar, você me convence do resto.
— Fechado. — respondi, tentando não pular.
Mia, a bartender, me deu um sorriso simpático.
— Bem-vinda ao show, Brazil.
— Obrigada. Seu delineado é perfeito.
— É a única coisa que eu controlo aqui. — ela piscou.
Na primeira noite, minhas mãos tremiam de um jeito que só quem sonha reconhece. Segurei o violão, respirei três vezes e comecei suave. “Stand by Me” foi minha senha para o público me dar ouvido. Depois, uma versão lenta de “Garota de Ipanema”. O “tchu tchu tchu” tímido de alguém batendo os dedos na mesa me fez rir no microfone.
— Obrigada, vocês são fofos. Eu sou Hewellyn, sou do Brasil… e sim, eu sinto falta do feijão. — A plateia riu — Mas aqui tem poutine, então estamos quites. Mentira, feijão ganha.
Uma mulher levantou o copo.
— To the girl from Brazil!
— Cheers! — respondi, e cantei uma do Djavan em inglês macarrônico. Virou charme.
No final da noite, Pete me chamou de lado.
— Você tem algo. Não sei o quê, mas tem. Volta sexta.
— Se eu sei algo é o nome disso… esperança. — retruquei, e Mia bateu palma.
Foram semanas assim. Eu cantava com o coração, sorria com a alma e voltava para o meu micro-apê com um pouco de dinheiro e a sensação de que, talvez, eu tivesse acertado a aposta.
Naquela sexta, tudo parecia no lugar. Sábado eu ia folgar, então a minha vibe era: cantar, aquecer as mãos na caneca de chá, não me julgue, eu tentava ser chique, e depois ir pra casa ver vídeo de receita de pão de queijo. A vida adulta é isso.
Cantei a primeira entrada com uma playlist que misturava Norah Jones e Marisa Monte. Na segunda, arrisquei uma música minha, sobre saudade que fala alto no travesseiro. Teve gente que chorou. Eu também, mas fingi que era o ar-condicionado no olho.
— Você é boa. — Mia comentou, colocando um copo de água no palco — E honesta. O povo sente.
— Eu também sinto, né? — brinquei — Quem não sente, mente.
— Profunda. — ela ironizou.
— Brasileira. — corrigi, piscando.
Saí do bar enrolada no meu casaco com capuz. O ar cheirava a asfalto molhado, mesmo sem chuva. Quando eu dobrei a esquina para cortar caminho até em casa, ouvi o primeiro estalo.
Na minha cabeça, eram fogos. Eu sei, quem mora no Brasil confunde “tiro” e “fogos” desde cedo. Mas ali não tinha São João. O segundo estalo não deixou dúvidas. Tiro. Seco. Cru.
— Droga. — sussurrei, procurando abrigo atrás de um carro.
Me encolhi, o coração pulando. O som vinha do quarteirão de cima. Vozes em uma língua que eu não reconhecia, passos apressados, metais raspando, pneus cantando baixo na curva.
Eu deveria ter dado meia-volta. Eu deveria ter ido pro bar de novo, pedido ajuda, ligado pra polícia. Mas o problema das palavras “deveria ter” é que elas chegam sempre depois. Na hora, eu só redefini coragem como “falta de noção” e dei uma espiada.
Foi quando eu vi.
Ele.
No meio do caos, um homem avançava. Alto, ombros largos, a postura de quem sabe mandar sem gritar. Não corria. Se movia com precisão, como se cada passo tivesse sido ensaiado centenas de vezes. Na luz amarelada do poste, eu só conseguia ver os contornos, um casaco escuro, luvas, olhos que pareciam farejar perigo antes dele acontecer.
Dois carros parados em sentidos opostos erguiam uma barricada improvisada. De trás, um dos homens levantou a arma. Eu segui a linha invisível entre o cano e o alvo.
Era nele.
Eu não sei te explicar o que aconteceu comigo naquele segundo. Tem gente que trava. Tem gente que corre. Eu… fui.
— Não! — o grito saiu de mim antes da razão.
Meus pés decidiram primeiro. A rua virou sala, o asfalto virou palco, eu virei… louca. Cruzei o espaço entre carros como se fosse pegar um ônibus. O rosto dele virou para mim, e por um instante, os olhos dele encontraram os meus. Eram escuros, de uma calma aterrorizante, como se o caos fosse rotina e eu, uma interrupção imprevista.
Eu me joguei.
O estampido cortou o ar. O choque me atravessou como faca quente em manteiga. Não parecia como nos filmes. Era quente. Ardido. Injusto. Minhas pernas fraquejaram, meu corpo pediu chão.
— Merda! — ouvi alguém xingar, longe demais. Passos correndo, outro tiro.
Caí. O frio do asfalto subiu pela minha coluna. Tentei pensar em algo inteligente, tipo “se eu sobreviver, nunca mais vou atravessar a rua sem olhar”. Consegui só: “minha mãe vai me matar se eu morrer.”
A sombra dele me cobriu. As mãos, grandes, firmes, me tocaram com uma urgência que não doeu.
— Ei. — A voz veio grave, firme, um comando que parecia saber o que fazer com o mundo inteiro — Fica comigo.
Eu queria dizer “tô aqui”, mas minha boca não obedeceu. Abri os olhos. Vi os dele. Claramente não eram olhos de um homem qualquer. Havia dureza, havia cálculo… e havia uma faísca que não combinava com a frieza em volta. Não era piedade. Era decisão.
— Não fecha os olhos. — ele deu uma ordem, como quem proíbe a morte de se aproximar.
Eu tentei obedecer, juro. Mas o escuro chegou com dedos gentis, como um cobertor. O som dos tiros ficou distante, como se alguém tivesse fechado a porta do mundo. Tudo foi ficando pequeno, pequeno, até caber dentro dos olhos dele.
E antes que a noite me engolisse, pensei o pensamento mais idiota da minha vida:
— “Se eu não morrer, vou brigar com esse homem por ter voz de “manda e desmanda”.”
E, então, apaguei.
Nikos
Toronto nunca dorme. Não importa a estação, o frio cortando os ossos ou a neve cobrindo as ruas como um lençol de silêncio. A cidade sempre pulsa. Mas eu aprendi a viver nas frestas desse pulso, nas sombras que engolem os sons, onde a vida e a morte se decidem em segundos.
Sou Nikos Karras, braço direito do Don Theo Greco. Subchefe da máfia Greco. A mão que executa, o punho que cala, a lâmina que corta.
— E o que sobra depois disso? — perguntei uma vez para mim mesmo, numa dessas noites em que o silêncio grita mais que qualquer rajada de tiros.
O que sobra é vazio.
Trabalhar ao lado de Theo me ensinou duas coisas: primeiro, que nenhum homem, por mais temido que seja, sobrevive sozinho. Segundo, que mesmo o carrasco mais frio pode encontrar redenção em um olhar. Theo encontrou a dele em Naya. Eu vi esse amor nascer diante dos meus olhos, vi o Don, o homem que todos acreditavam incapaz de sentir, se ajoelhar diante de uma mulher.
E eu? Eu assisti de camarote.
Assisti e senti um buraco crescer dentro de mim. Não era inveja, não. Era constatação. Eu me dei conta de que, no fim de cada noite, quando volto do sangue, dos gritos e da pólvora, não há ninguém me esperando. Não há uma voz suave dizendo:
— “Você está vivo”.
Não há calor no meu lado da cama. Só o frio e a escuridão.
E foi nesse momento que senti, pela primeira vez, a necessidade absurda de ter alguém. Não uma mulher qualquer, não um corpo vazio numa cama. Alguém que, mesmo sabendo o monstro que eu sou, escolhesse ficar.
Mas aí vem a verdade. Eu não tenho esse direito. Não sou feito para flores, para amor, para promessas. Eu sou a arma perfeita da máfia Greco. Nasci para obedecer, matar e garantir que nenhum inimigo respire depois de tocar no nome da nossa família.
É isso que eu sou. É isso que eu aceito ser.
E, ainda assim, essa maldita solidão insiste em me visitar quando menos espero. O Don tem sua rainha. Eu? Eu tenho apenas o peso da lealdade, o sangue nas mãos e o silêncio como companhia.
Foi nesse ponto da minha vida que aprendi a lidar com a solidão: afogando-a em whisky, em ordens e em execuções perfeitas.
E, naquela noite em específico, a solidão veio de novo.
O barulho do gelo tilintando dentro do copo foi a única resposta que dei a Theo quando ele entrou no escritório. Ele sempre entrava sem bater, porque o Don Greco não precisava pedir licença em lugar nenhum.
— Você anda calado demais, Nikos. — disse ele, apoiando-se na mesa, os olhos avaliando cada detalhe do meu rosto como se pudesse ler pensamentos.
— Eu sempre fui calado. — Bebi o resto do whisky de uma vez — É por isso que você confia em mim.
Theo riu baixo, aquele riso que mais parecia ameaça.
— Confio em você porque sei que faria qualquer coisa pela nossa família. Mas não é só isso que eu vejo.
— O que você vê? — perguntei, franzindo o cenho.
— Solidão. — A palavra saiu cortante — Você me lembra de mim antes da Naya.
Revirei os olhos.
— Não começa, Theo.
Ele não se intimidou, nunca se intimidava.
— O momento vai chegar, Nikos. Um dia vai aparecer alguém que não vai se importar com o sangue nas suas mãos. Alguém que vai ver além do mafioso que você acha que é.
Soltei um riso curto, sem humor.
— Você fala como se a gente tivesse esse luxo. Amor não se encaixa em homens como nós.
— Se não se encaixasse, eu não estaria respirando agora. — Ele cruzou os braços — O que você acha que mantém um homem de pé? Só poder e medo? Não, Nikos. É a mulher que te encara no fim do dia e ainda assim diz que você é dela.
— Isso não é pra mim. — Respondi firme — Eu aceito o que sou. A arma perfeita da máfia Greco. O subchefe. O monstro que você solta quando precisa.
Theo não insistiu. Apenas me lançou aquele olhar de quem já sabia mais do que eu estava pronto para admitir.
Horas depois, eu estava no meio da rua escura, os sons da emboscada ecoando como trovões em minha cabeça. Gritos, pneus cantando, cheiro de pólvora.
Eu puxei a arma, avancei. Cada disparo era calculado, cada movimento preciso. Era o que eu fazia de melhor: ser letal.
Mas então aconteceu.
No momento em que o cano frio da arma inimiga se ergueu na minha direção, uma sombra atravessou meu campo de visão. Pequena, rápida, insana.
Um disparo. Um gemido. Um corpo caindo.
— Malaka! — xinguei em grego, sentindo o sangue ferver nas veias.
Uma mulher. Uma completa desconhecida havia se jogado na frente de uma bala que era minha.
A raiva me dominou. Eu matei o desgraçado que atirou sem pensar duas vezes, mas quando me virei para ela, deitada no asfalto, o coração bateu de um jeito estranho.
Ela respirava. Fraca, mas respirava.
— Porra, menina… o que você fez? — perguntei, ajoelhando ao lado dela.
O sangue escorria pelo casaco dela, manchando o chão. Eu pressionei a ferida com as mãos, ignorando a bagunça dentro de mim.
— Ambulância! — gritei para um dos meus homens — Agora!
O hospital cheirava a desinfetante e urgência. Eu a vi ser levada na maca, inconsciente, a pele pálida demais. Segui atrás, como uma sombra maldita, com as mãos ainda sujas do sangue dela.
Enquanto esperava, sentei no banco frio do corredor, a cabeça entre as mãos. Uma parte de mim queria ir embora, esquecer, apagar. Mas a outra… a outra me mantinha preso ali.
Uma enfermeira saiu com uma bolsa de pertences.
— É da paciente. — Ela me entregou a bolsa sem perguntar nada.
Foi assim que vi o nome no documento: Hewellyn Fontana.
— Brasileira. — sussurrei — Claro que só podia ser.
Horas depois, ela abriu os olhos. O quarto era pequeno, iluminado demais. Eu estava de pé, no canto, braços cruzados.
Ela piscou algumas vezes, tentando focar.
— Onde eu…?
— Hospital. — Respondi seco — Você quase morreu.
Ela engoliu em seco, a voz fraca.
— Você… é você. — O olhar dela me reconheceu — O cara do tiroteio.
— Você é louca. — Falei sem rodeios — Nunca deveria ter se jogado na frente de uma bala por um desconhecido.
Ela arqueou a sobrancelha, mesmo fraca.
— Belo jeito de agradecer por salvar sua vida.
O sarcasmo dela me pegou de surpresa. Por um segundo, a ponta da minha boca quis ceder num sorriso. Mas eu não permiti.
— Eu não pedi. — Respondi frio — Você devia cuidar da própria vida, não da minha.
— É, de nada. — Ela fechou os olhos por um instante — Na próxima vez, eu deixo você levar o tiro.
A resposta atravessou meu peito como um tiro. Eu soltei o ar pesado.
— Não vai ter próxima vez. — Disse apenas, virando as costas.
Quando saí do quarto, ainda ouvi a voz dela, baixa, irônica:
— Mal educado.
No corredor, minhas mãos tremeram. Não de medo, mas daquela sensação que eu não queria admitir. A fúria de vê-la ferida. A estranha necessidade de protegê-la, mesmo sem saber por quê.
Mas eu sabia uma coisa: Hewellyn Fontana tinha acabado de entrar na minha vida da forma mais perigosa possível.
E nada seria igual depois disso.
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