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"Desejos Proibidos da Madrasta!"

Capítulo 01! O Início do Desejo.

Paris. Primavera.

O céu, em tom de lavanda suave, parecia abençoar minha nova vida ao lado de Hamilton.

Eu, **Diane**, 38 anos, mulher feita de silêncios e escolhas pesadas, finalmente me via diante da promessa de estabilidade.

Dono de uma advocacia respeitada, Hamilton trazia consigo um olhar seguro, mãos firmes, e a tranquilidade que tantas vezes me faltara.

Com ele, eu acreditava poder viver sem sobressaltos, como quem encontra enfim um porto após tempestades longas demais.

Eu acreditava… até conhecer **Lupita**.

Recordo-me do instante exato em que a vi pela primeira vez. Foi no jantar de noivado, meses antes de eu me tornar esposa de Hamilton.

Ele falava dela com orgulho, como se cada feito da filha fosse também seu triunfo pessoal.

Quando finalmente entrou no salão, o tempo pareceu suspender-se. **Lupita Morel**, 29 anos, regressara de Nova York após concluir o mestrado em História da Arte.

Alta, de pele clara e olhos verdes que capturavam tudo com intensidade, trazia em cada gesto a ousadia dos que sabem que pertencem ao mundo.

Estendeu-me a mão, e por um instante temi que percebesse o leve tremor da minha.

— É um prazer conhecê-la, Diane. Ou devo chamá-la de… madrasta? — disse, em tom brincalhão, mas com um brilho de desafio nos olhos.

Sorri, esforçando-me para manter a compostura.

— Diane está perfeito. Madrasta soa como algo dos contos de fadas… e não quero esse peso entre nós.

— Melhor assim. Nunca acreditei em finais felizes — respondeu ela, antes de erguer a taça de vinho.

Sorri, mas o comentário ficou impregnado em mim. E naquela noite compreendi que Lupita não seria apenas “a filha do meu marido”.

Com o casamento consumado, nossas vidas se entrelaçaram. Lupita passou a frequentar a casa com assiduidade. Às quartas, almoçávamos juntas; aos domingos, nos encontrávamos em exposições ou cafés.

A princípio, eu me via tentando conquistar sua simpatia, ser para ela uma amiga, uma presença agradável. Mas logo percebi que havia algo mais.

O problema é que os olhos não se enganam.

Eu a observava em silêncio: o modo como prendia os cabelos num coque apressado, a risada solta que ecoava como música, o fervor com que falava de arte.

Tudo nela me atraía de uma maneira que me assustava.

Certa tarde, em uma visita ao Musée d’Orsay, percebi que já não admirava os quadros. Meu olhar não se fixava nas telas, mas em Lupita.

Na curva de seu pescoço iluminado pela luz da tarde, na boca que se curvava em sorrisos. Quando ela se virou e me flagrou fitando-a, sorri, disfarçando:

— Você analisa cada obra como se pudesse entrar dentro dela.

— E você me olha como se fosse uma das obras — respondeu, sem desviar os olhos.

Meu coração parou por um instante. Não sabia se havia ironia em sua voz ou se a ousadia era genuína. Limitei-me a rir.

— Cuidado com suas interpretações, Lupita. A arte engana.

— Ou revela — devolveu ela, erguendo as sobrancelhas.

Aquele diálogo breve queimou em mim por dias.

Hamilton, alheio ao turbilhão que se formava, parecia feliz com nossa aproximação.

— Você e Lupita se dão muito bem. Isso me alegra, Diane. — disse ele certa noite, acomodando-se ao meu lado na lareira.

— Sim, ela é… encantadora — respondi, tentando esconder o rubor que me traía.

Encantadora. Não havia palavra mais insuficiente. Lupita era inquietação, era um convite ao abismo. E eu, mesmo consciente do perigo, não conseguia recuar.

Numa sexta-feira chuvosa, Lupita surgiu de surpresa na galeria que eu dirigia. Trazia nos olhos um brilho ansioso.

— Preciso de uma opinião sincera — disse, mostrando algumas fotografias no celular. — Estou pensando em uma exposição sobre o desejo.

— Desejo? — repeti, engolindo em seco.

— Sim. Como a arte pode ser veículo para aquilo que escondemos, para o que é proibido.

Olhei as imagens, mas o que via era apenas o reflexo de meus próprios pensamentos. Lupita se aproximou, seu ombro roçando no meu. Um contato breve, mas que acendeu labaredas em mim.

— Você está tremendo — comentou ela, em voz baixa. — Está frio — menti. Ela sorriu, quase divertida.

— Não está.

Seus olhos encontraram os meus. E, naquele segundo, tive a certeza: ela também sentia.

Mas então, como quem desperta de um sonho perigoso, recolheu o celular e deu um passo para trás.

— Acho que já atrapalhei demais o seu dia.

Fiquei sem palavras, apenas acompanhando sua saída apressada. A porta da galeria fechou-se, e comigo ficou o peso de um segredo que já não cabia no silêncio.

Nessa noite, deitada ao lado de Hamilton, senti-me estrangeira em meu próprio corpo. Ele dormia tranquilo, enquanto eu fitava o teto escuro.

Perguntava-me: quando começou? No primeiro olhar? No primeiro sorriso? Ou estaria escrito desde sempre, como um destino impossível de evitar?

No quarto acima, eu imaginava Lupita igualmente desperta, lutando contra os mesmos pensamentos. E, no entanto, havia uma diferença cruel: ela podia fugir. Eu, não.

Eu era a esposa do pai dela. Eu era a mulher que escolhera a estabilidade, mas que agora ardia por aquilo que jamais poderia confessar.

Foi então que compreendi: o desejo não pede permissão. Ele se insinua, cresce e se instala como sombra. E, quanto mais o negamos, mais ele nos possui.

Naquela primavera parisiense, percebi que meu coração já não me pertencia. Pertencia a ela.

**A Lupita.**

Capítulo 02! O Jogo do Silêncio.

Dizem que o silêncio é cúmplice de muitas verdades — e, naquela semana, ele se tornara meu maior inimigo.

Desde o dia em que Lupita deixara minha galeria, levando consigo aquele olhar que atravessara minhas defesas, tudo parecia fora do lugar.

As flores na varanda já não tinham cor, os quadros da sala pareciam distantes, e até a voz de Hamilton soava abafada por um ruído que não vinha de fora… mas de dentro.

Era o som do meu coração tentando se convencer de que aquilo não passava de um devaneio.

Mas não era.

Na quarta-feira seguinte, ela apareceu para o almoço habitual. Trazia os cabelos soltos e um vestido verde-oliva que realçava a pele clara.

Sua presença preencheu cada canto da casa como um perfume forte e doce demais para ser ignorado. Fingi naturalidade — ou pelo menos tentei.

— Que bom que veio — disse eu, com um sorriso treinado. — Hamilton vai se atrasar, está preso em uma reunião.

— Então ficaremos só nós duas? — perguntou ela, com uma expressão que poderia ser inocente… ou não.

— Sim. Só nós duas.

Cozinhei algo simples — salmão com ervas, salada e vinho branco. Conversamos sobre trivialidades: arte contemporânea, viagens, o futuro da galeria.

Cada palavra era cuidadosamente escolhida, como se ambas temessem pisar em terreno minado.

Mas o silêncio entre as frases… esse dizia tudo.

Em determinado momento, nossas mãos se tocaram ao mesmo tempo no frasco de azeite. Foi um segundo, talvez menos, mas meu corpo reagiu como se tivesse sido incendiado.

Ela também pareceu sentir — seus olhos se ergueram até os meus, e por um instante inteiro, ficamos presas naquela troca muda.

— Diane…

— começou ela, num tom diferente, quase frágil.

— Você tem estado… estranha.

— Estranha? — perguntei, forçando um riso.

— O que quer dizer com isso?

— Não sei. Como se estivesse escondendo alguma coisa. Ou… sentindo alguma coisa.

O mundo pareceu parar. O relógio da cozinha silenciou, o vento lá fora sumiu, e tudo o que restava era o som do meu coração descompassado.

Eu poderia mentir. Eu deveria mentir.

Mas em vez disso, desviei o olhar e murmurei:

— Talvez eu esteja mesmo.

Ela não respondeu. Apenas ficou ali, observando-me em silêncio, como se tentasse decifrar cada camada do que eu não dizia. E, naquele instante, percebi que ela já sabia. Talvez sempre soubera.

Nos dias que se seguiram, Lupita passou a evitar-me. As visitas diminuíram, as mensagens rarearam. Quando vinha à casa, fazia questão de manter uma distância segura, e seus olhos, antes cheios de provocações silenciosas, agora fugiam dos meus.

Era o certo. Era o que eu deveria desejar.

Mas a ausência dela me corroía como uma febre.

Certa tarde, não resisti e fui até a livraria onde ela trabalhava temporariamente enquanto decidia o rumo de sua carreira.

Ela estava de costas, organizando livros em uma prateleira alta. Por um momento, fiquei apenas observando-a — o modo como se esticava para alcançar o último volume, a naturalidade dos movimentos.

Era a imagem mais bela e dolorosa que já vi.

— Diane? — Sua voz me arrancou do transe.

— Desculpe aparecer sem avisar…

— murmurei. — Precisava te ver.

Houve um silêncio tenso. Ela colocou o livro no lugar e virou-se devagar.

— Por quê?

— Porque sinto sua falta — respondi sem pensar.

Lupita suspirou, como quem luta contra algo maior que a própria vontade.

— Isso não pode acontecer. Você sabe disso.

— Sei. — dei um passo à frente.

— Mas isso não muda o que sinto.

Seus olhos brilharam, mas ela recuou.

— Meu pai confia em você. Ele… ele te ama.

— E eu o amo — respondi com sinceridade.

— Mas amar alguém não nos impede de sentir algo por outra pessoa.

Ela riu, um riso nervoso, quase desesperado.

— Isso é loucura.

— Talvez seja. — dei mais um passo.

— Mas é real. E negar não vai fazê-lo desaparecer.

O silêncio voltou a se instalar entre nós. Ela me olhou por longos segundos, como se procurasse em meu rosto um motivo para odiar-me e, ao mesmo tempo, uma razão para se entregar.

Mas, no fim, apenas balançou a cabeça.

— Preciso de tempo — disse, antes de sair da livraria sem olhar para trás.

Os dias seguintes foram um tormento. Hamilton continuava alheio, imerso em seus casos e audiências, e eu seguia ao seu lado com o coração ausente.

Cada palavra que ele dizia soava distante. Cada toque, vazio.

E, ainda assim, a culpa me esmagava.

“Você está traindo a confiança dele”, sussurrava minha consciência.

“Não fiz nada”, respondia eu.

“Mas deseja fazer.”

Era verdade. Eu não havia cruzado a linha — ainda. Mas desejava, com cada célula do meu corpo, atravessá-la.

E esse desejo me destruía.

Na semana seguinte, recebi um convite inesperado: uma mensagem curta de Lupita, dizendo que queria conversar. Pediu que nos encontrássemos no Jardin du Luxembourg ao entardecer.

Passei o dia inteiro com o estômago em nós, os pensamentos em espiral.

Quando a vi, sentada em um banco sob as árvores douradas pelo outono, senti que cada passo que dava em sua direção era também um passo rumo ao abismo.

— Obrigada por vir — disse ela, sem me olhar.

— Eu viria mesmo que não pedisse.

Ela sorriu de leve, depois respirou fundo.

— Tenho pensado muito. Sobre nós. Sobre isso.

— E? — minha voz era quase um sussurro.

— Eu não escolhi sentir nada disso, Diane. E, por mais que tente… não consigo deixar de sentir.

O mundo parou. Por um instante, nada existia além daquelas palavras.

— Então não lute — sussurrei. — Não agora.

— Não posso prometer nada.

Mas não quero fugir mais.

E foi ali, no meio de um parque silencioso, sob um céu cor de fogo, que compreendi que o jogo do silêncio havia terminado.

Já não éramos duas mulheres tentando negar o impossível — éramos duas almas prestes a desmoronar juntas.

O desejo, agora, tinha nome e rosto. E era tarde demais para fugir dele.

Capítulo 03! Confissões ao Crepúsculo.

Dizem que há verdades que se escondem nas sombras do entardecer — e foi sob a luz alaranjada do céu de Paris que eu, Diane, percebi que não havia mais volta.

Algo em mim havia se rompido no instante em que Lupita confessou o que sentia. Não éramos mais duas mulheres tentando fugir do impossível: agora, éramos cúmplices de um segredo que poderia destruir tudo.

Naquela tarde no Jardin du Luxembourg, nossas palavras pairaram no ar como promessas silenciosas.

Não houve toque, nem gesto ousado — apenas a presença uma da outra, tão intensa que doía.

— Você entende o que isso significa, não entende? — perguntei, com a voz rouca, quase temendo a resposta.

— Entendo — disse ela, olhando o horizonte.

— Significa que precisamos ser cuidadosas.

Que qualquer passo em falso pode machucar meu pai. — E você está disposta a seguir mesmo assim?

Lupita demorou a responder. Passou a mão pelos cabelos, respirou fundo e finalmente disse:

— Não sei o que estou disposta a fazer. Só sei que não quero te perder.

Essas palavras ficaram ecoando em mim por dias.

O tempo começou a passar de forma diferente depois daquele encontro. Cada olhar trocado carregava uma camada de significado.

Cada palavra dita escondia o que não podíamos dizer. Era um jogo perigoso — e viciante.

Durante um jantar em casa, alguns dias depois, Hamilton falava animado sobre um caso novo no escritório.

Eu tentava ouvir, tentava participar da conversa, mas a minha atenção se perdia em Lupita, sentada à minha frente.

Ela mexia distraidamente na taça de vinho, e quando seus olhos encontraram os meus por acaso, foi como se o mundo inteiro tivesse desaparecido.

— Diane? — a voz de Hamilton me trouxe de volta. — Está tudo bem?

— Sim… claro. Desculpe. Estava pensando no evento da galeria. — sorri, tentando disfarçar.

Lupita abaixou o olhar, mas pude ver um pequeno sorriso surgir no canto de sua boca.

Ela sabia o efeito que tinha sobre mim — e, de certo modo, parecia se deliciar com isso.

Depois do jantar, enquanto Hamilton subia para o escritório, encontrei-a sozinha na varanda. A cidade se estendia diante de nós, iluminada e silenciosa.

— Você está brincando com fogo — sussurrei, aproximando-me dela.

— Talvez — respondeu, virando-se para mim.

— Ou talvez esteja tentando entender se vale a pena queimar.

A forma como ela disse aquilo, tão calma e direta, fez meu coração acelerar.

— E você já decidiu? — perguntei.

— Ainda não. Mas cada vez que olho para você… sinto que já não posso voltar atrás.

O silêncio que se seguiu era denso demais para ser ignorado. Não houve toque.

Não houve beijo. Apenas a confissão silenciosa de duas almas que se reconheciam no perigo.

Os dias seguintes foram um turbilhão de dúvidas. Passei noites em claro, debatendo-me entre a razão e o desejo.

Parte de mim gritava que era errado, que eu devia me afastar. Outra parte sussurrava que talvez, só talvez, aquilo fosse amor.

E então, numa tarde fria, Lupita apareceu novamente na galeria. Não estava ali para falar de exposições ou projetos. Estava ali por mim.

— Precisamos conversar — disse ela, firme.

— Sobre o quê?

— Sobre o que está acontecendo. Sobre nós.

Fechei a porta do escritório e sentei-me à sua frente. O ar estava pesado.

— Diga.

— Não consigo mais fingir que não sinto nada. E, ao mesmo tempo, cada vez que penso no meu pai…

— ela parou, apertando os olhos. — Eu me sinto a pior pessoa do mundo.

— Eu também — confessei. — Sinto como se estivesse traindo tudo o que construímos.

Houve uma pausa longa, e então Lupita se aproximou um pouco mais.

— Mas ao mesmo tempo, quando estou perto de você, tudo faz sentido.

Essas palavras foram como um golpe certeiro no meu peito. Sem pensar, toquei de leve sua mão — um gesto simples, quase inocente, mas que carregava todo o peso do que não ousávamos dizer. Ela não recuou.

Ficamos assim, imóveis, como se aquele contato bastasse.

— Talvez o amor não seja sobre o que é certo — murmurei. — Talvez seja sobre o que é verdadeiro.

Lupita sorriu, um sorriso triste e bonito.

— E se o verdadeiro for o que pode destruir tudo?

— Então teremos que decidir se estamos dispostas a correr esse risco.

Naquela noite, ao voltar para casa, olhei para Hamilton dormindo ao meu lado. Senti um aperto profundo no peito. Eu o amava.

Amava sua gentileza, sua calma, o modo como sempre acreditou em mim. Mas, ao mesmo tempo, meu coração batia por outra pessoa. E essa dualidade me despedaçava.

Olhei pela janela do quarto e vi as luzes de Paris se estendendo até o horizonte.

Era uma cidade feita de paixões proibidas, de amores escondidos e verdades sussurradas. E agora, eu fazia parte dessa história.

“Não posso continuar assim”, pensei. “Preciso escolher.”

Mas no fundo, eu sabia: já havia escolhido.

No fim daquela semana, recebi uma mensagem curta de Lupita: *“Podemos conversar? Só nós duas. Em algum lugar longe de tudo.”*

Aceitei sem hesitar. O destino do nosso segredo, e talvez das nossas vidas, estava prestes a ser decidido.

Quando a encontrei no pequeno café à beira do Sena, ela parecia nervosa, mas decidida.

— Diane… — começou, antes mesmo de eu sentar. — Eu não posso mais fugir disso. E não quero mais mentir para mim mesma.

Respirei fundo, tentando conter o turbilhão dentro de mim.

— Então o que vamos fazer?

— Vamos descobrir — respondeu ela, pegando minha mão por baixo da mesa. — Devagar. Sem pressa. Mas juntas.

E ali, no meio da cidade que testemunhara tantos amores proibidos antes do nosso, percebi que a linha fora cruzada — não com um beijo ou um gesto ousado, mas com uma decisão silenciosa.

A decisão de não fugir.

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