Isabela sempre acreditou que o amor verdadeiro era apenas um mito contado em romances e filmes. Dedicada ao trabalho e acostumada à rotina, ela nunca imaginou que um encontro inesperado poderia virar sua vida de cabeça para baixo.
Gabriel, um jovem médico recém-chegado à cidade, carrega marcas do passado e um coração fechado para o amor. Ele jurou nunca mais se envolver profundamente, até que o destino o coloca frente a frente com Isabela em uma situação improvável.
Entre encontros acidentais, olhares que falam mais do que palavras e obstáculos que parecem intransponíveis, os dois precisarão decidir se estão prontos para arriscar tudo por um sentimento que cresce a cada instante.
Mas nem todos ao redor torcem por essa união, e o passado de Gabriel pode ser a chave que ameaça separá-los para sempre.
Um romance cheio de emoções, reviravoltas e paixão, onde cada capítulo traz uma nova descoberta — e a pergunta que ecoa até o fim: vale a pena lutar por um amor que pode mudar tudo?
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🌹 Capítulo 1 – O Encontro Inesperado
A tarde caía preguiçosa sobre a pequena cidade, tingindo o céu de tons alaranjados que refletiam nos prédios antigos do centro. Isabela caminhava apressada pelas ruas de paralelepípedo, equilibrando a bolsa no ombro e tentando não deixar os papéis escaparem da pasta que carregava.
— Só podia ser hoje... — murmurou, bufando. Havia prometido entregar um relatório no escritório antes do fim do expediente e, claro, escolhera o pior dia para se atrasar.
Enquanto acelerava o passo, sentiu o salto prender-se em uma pedra solta. Antes que pudesse se recompor, desequilibrou-se e viu os papéis voarem como pequenas aves em pleno voo.
— Droga! — exclamou, abaixando-se para recolhê-los.
Foi então que uma mão firme segurou alguns dos documentos antes que o vento os levasse para longe.
— Parece que o vento hoje não está do seu lado — disse uma voz grave, carregada de um tom suave que soava quase como um sorriso.
Isabela ergueu o olhar e deparou-se com um homem alto, de cabelos escuros desalinhados e olhos verdes que refletiam a luz do entardecer. Por um instante, esqueceu-se do mundo ao redor.
— Obrigada... eu... não sei o que faria se perdesse esses papéis — respondeu, tentando disfarçar o rubor que subia em seu rosto.
Ele entregou os documentos, curvando-se levemente.
— Gabriel — apresentou-se, estendendo a mão.
Hesitante, ela a apertou.
— Isabela.
Por alguns segundos, os dois permaneceram ali, imóveis, como se o tempo tivesse parado. Havia algo naquele olhar que a deixou inquieta, como se estivesse diante de alguém que já conhecia, embora tivesse certeza de nunca tê-lo visto antes.
Um carro buzinou ao longe, quebrando o momento. Isabela pigarreou e recolheu os últimos papéis.
— Preciso ir... já estou atrasada.
— Claro — ele disse, com um meio sorriso. — Mas espero que nos vejamos de novo.
Ela apenas acenou rapidamente e seguiu apressada, sentindo o coração bater mais forte do que deveria.
Enquanto se afastava, não conseguiu evitar de pensar naquele estranho que surgira como um herói inesperado. Havia algo magnético nele, algo que a intrigava profundamente.
Do outro lado da rua, Gabriel observava Isabela desaparecer entre a multidão. Um sorriso discreto surgiu em seus lábios, mas logo foi substituído por uma expressão séria. Ele não estava ali apenas por acaso. Sua chegada àquela cidade escondia razões que ele ainda não estava pronto para revelar.
Naquele instante, nenhum dos dois poderia imaginar que aquele encontro simples seria o início de uma história capaz de mudar suas vidas para sempre.
Na manhã seguinte, Isabela despertou ainda com a lembrança daquele olhar verde que havia cruzado o seu caminho no fim da tarde anterior. Tentou convencer-se de que fora apenas um encontro passageiro, mas a sensação de que algo maior a ligava àquele desconhecido insistia em permanecer.
No trabalho, sua melhor amiga e colega de escritório, Camila, notou a distração.
— Ei, você está em outro planeta hoje. O que aconteceu? — perguntou, rindo enquanto digitava.
Isabela mordeu o lábio inferior antes de responder.
— Ontem, no caminho para cá, conheci alguém... por acaso.
— “Conheci alguém”? — Camila repetiu, com os olhos brilhando de curiosidade. — E quem é ele?
Isabela suspirou.
— Só sei que se chama Gabriel. Foi educado, gentil... e tinha um olhar que... — calou-se, percebendo que estava se entregando demais.
Camila arqueou as sobrancelhas, maliciosa.
— Ah, então finalmente alguma coisa mexeu com o seu coração gelado!
— Para com isso, Camila! Eu nem sei quem ele é, de onde veio... pode ter sido apenas coincidência.
No entanto, o destino parecia empenhado em provar o contrário.
Naquela mesma tarde, um burburinho tomou conta do pequeno hospital da cidade. Comentava-se sobre a chegada de um novo médico, jovem e talentoso, que assumiria parte dos atendimentos. A notícia corria de boca em boca, despertando curiosidade em todos.
Ao sair do trabalho, Isabela passou em frente ao hospital e, sem saber exatamente o porquê, diminuiu o passo. Foi então que o viu novamente. Gabriel estava de jaleco branco, conversando com uma enfermeira, o semblante sério e atento.
O coração de Isabela acelerou. Ela não podia acreditar na coincidência. Gabriel não era apenas um estranho qualquer — ele trabalharia na cidade, e o destino acabara de cruzar seus caminhos pela segunda vez.
Antes que pudesse se afastar discretamente, Gabriel levantou os olhos e a viu. Um sorriso suave surgiu em seus lábios, como se já esperasse por aquele reencontro.
— Isabela — disse, aproximando-se. — Parece que o destino não gosta de deixar as coisas inacabadas.
Ela corou, surpresa por ele lembrar-se de seu nome.
— Você... trabalha aqui?
— Comecei hoje. Sou o novo clínico-geral. Vim em busca de novos começos.
Houve um silêncio breve, carregado de significados não ditos. Gabriel parecia pesar suas palavras, como se houvesse muito mais por trás daquela simples frase.
— Bem-vindo à cidade, então — respondeu Isabela, tentando manter a compostura.
Ele a olhou com intensidade, como se quisesse enxergar além da superfície.
— Obrigado. Espero que possamos nos ver mais vezes, fora dos tropeços e papéis voando.
Isabela riu, um riso leve que saiu sem esforço.
— Talvez o vento ainda tenha planos para nós.
Antes que pudessem continuar, um chamado do hospital fez com que Gabriel se afastasse.
— Até breve, Isabela.
Ela ficou parada por alguns instantes, observando-o sumir pelas portas do hospital. O coração batia acelerado, e pela primeira vez em muito tempo, sentiu uma centelha de algo novo. Algo perigoso, mas irresistível.
Ao caminhar de volta para casa, Isabela refletia sobre o que aquilo poderia significar. Conhecer alguém duas vezes, em circunstâncias tão diferentes, parecia mais do que mera coincidência. Era como se o destino estivesse lhe dando um aviso.
E, no fundo, ela já sabia: sua vida estava prestes a mudar.
O sábado amanheceu ensolarado, com uma brisa leve que percorria as ruas tranquilas da cidade. Isabela havia prometido a si mesma que dedicaria aquele dia a descansar, mas a inquietação a acompanhava desde a noite anterior. Gabriel aparecia em seus pensamentos de forma constante, como se tivesse deixado uma marca difícil de ignorar.
Para tentar se distrair, decidiu sair cedo e caminhar até a cafeteria da esquina, um lugar que adorava pela calma e pelo aroma irresistível de café recém-passado. O sino da porta tilintou quando entrou, e o ambiente acolhedor a recebeu como um abraço: mesas de madeira, livros espalhados em prateleiras e uma vitrola tocando baixinho uma canção antiga.
Ela escolheu uma mesa próxima à janela e começou a folhear um livro que sempre levava na bolsa. Entretanto, a concentração não vinha. Os olhos corriam pelas páginas, mas a mente insistia em se perder em lembranças recentes: a voz firme de Gabriel, o sorriso discreto, aquele olhar profundo que parecia atravessar barreiras invisíveis.
Quando o garçom trouxe seu pedido, um cappuccino polvilhado com canela, uma sombra projetou-se sobre a mesa. Isabela ergueu os olhos e sentiu o coração disparar.
— Posso me sentar? — perguntou Gabriel, com um sorriso suave, segurando uma xícara de café preto.
Ela demorou um instante para responder, surpresa demais com o reencontro.
— Claro... fique à vontade.
Ele puxou a cadeira e acomodou-se em frente a ela. Por um breve momento, apenas o som da música e o burburinho discreto dos outros clientes preenchiam o silêncio entre eles.
— Não imaginei te encontrar aqui — disse Gabriel, apoiando os braços na mesa.
— Eu sempre venho aos sábados — respondeu Isabela, tentando soar natural. — É o meu refúgio preferido.
— Acho que já temos algo em comum — comentou ele. — Também gosto de lugares assim. Onde o tempo parece andar mais devagar.
Ela sorriu, sentindo a conversa fluir com uma naturalidade que a surpreendia.
— Então você realmente veio para ficar na cidade?
Gabriel hesitou por um segundo antes de responder.
— Sim. É uma mudança necessária. Precisei deixar algumas coisas para trás... e começar de novo.
Havia uma sombra em suas palavras, um peso escondido que Isabela percebeu, mas não quis insistir. Algo lhe dizia que o passado dele guardava feridas ainda abertas.
— Recomeços podem ser difíceis, mas também trazem esperança — disse, com delicadeza.
Ele a olhou fixamente, como se aquelas palavras o atingissem de forma especial.
— Talvez você tenha razão.
A conversa seguiu leve: falaram sobre livros, sobre filmes, sobre os cantos tranquilos da cidade. A cada minuto, Isabela sentia que uma ligação invisível se fortalecia entre eles, como se sempre tivessem se conhecido.
Quando o relógio da cafeteria marcou o meio-dia, Gabriel recebeu uma ligação e precisou se levantar.
— Devo voltar ao hospital. Mas... — fez uma pausa, encarando-a com intensidade. — Gostaria de jantar com você, algum dia desses.
Isabela ficou em silêncio por alguns segundos, surpresa pelo convite direto. O coração batia descompassado, mas ela não conseguia negar o que sentia.
— Eu... adoraria.
O sorriso de Gabriel foi breve, mas verdadeiro.
— Então está combinado.
Ele saiu, deixando para trás o eco de sua presença e uma Isabela sorridente, tomada por uma mistura de ansiedade e expectativa.
Enquanto observava pela janela o médico desaparecer pela rua, uma certeza começou a nascer em seu peito: talvez aquele encontro não fosse apenas obra do acaso. Talvez fosse mesmo o início de algo que poderia mudar toda a sua vida.
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