Sob o Controle deles
Ele
A cidade não dormia, mesmo naquela noite abafada de quarta-feira. Do décimo segundo andar do pequeno apartamento onde morava, Luanna via as luzes dos carros passando, indiferentes ao turbilhão que crescia dentro dela.
Ela estava sentada no chão, com as costas apoiadas no sofá e o celular descansando ao lado. À sua frente, um copo de vinho barato, pela metade. O calor fazia a camiseta velha colar levemente à pele. Mas nada incomodava mais do que a ansiedade que a devorava por dentro.
Caio
Você vai pirar quando conhecer ele pessoalmente. *Jogando-se ao lado dela com a intimidade de quem a conhecia desde sempre.*
Luanna
*Viro o rosto e o encaro com desconfiança.* Você fala do William como se ele fosse um deus grego… ou um vilão de filme.
Caio
Os dois talvez se encaixe. *Digo com um sorriso no rosto*
Caio
Mas é sério. Ele é diferente. Tem um jeito que… sei lá. Te atravessa só com o olhar.
Luanna riu, sem dar tanta importância. Ela conhecia muitos homens que se achavam intensos. O mundo estava cheio de “alfa de fachada”.
Mas mesmo assim, a curiosidade começou a arranhar a superfície da sua razão.
William. Gerente de uma loja luxuosa no centro.
Mas Caio sempre dava a entender que havia mais.
Mais dinheiro. Mais influência. Mais… controle.
Era o tipo de homem que não falava alto, mas quando entrava em uma sala, o ar mudava. E segundo Caio, ele gostava de mulheres que sabiam provocar, mas sabiam também abaixar a cabeça — quando e para quem quisessem.
Luanna não sabia exatamente por que isso a fez estremecer.
Ela conhecia bem seu temperamento. Era teimosa, orgulhosa, independente. Detestava ordens. Mas havia algo inconfessável dentro dela — uma parte que queria, só uma vez, ser dominada por alguém que realmente soubesse fazê-la baixar a guarda. E o olhar de Caio dizia que talvez… William fosse esse tipo de homem.
Luanna
Você já mandou meu currículo pra ele? *Pergunto, tentando soar casual.*
Caio
Mas ele é observador. Se for pra te chamar, ele vai. E vai fazer questão de te receber pessoalmente.
Luanna apenas assentiu, mas algo acendeu em seus olhos. Ela odiava esperar. Odiava mais ainda não saber o que esperar.
Naquela noite, Caio dormiu no sofá, como tantas outras vezes. Eles eram íntimos de um jeito puro, natural. Ela confiava nele como num irmão — mesmo quando ele falava besteira, mesmo quando a irritava. Era uma conexão verdadeira, sólida, sem segundas intenções.
Na manhã seguinte, o celular vibrou com uma mensagem curta:
Luanna
Celular: “Entrevista confirmada. Amanhã, 9h. William vai recebê-la. Loja Ponto Zero.”
O coração de Luanna pulou. O nome dele ali, naquela tela fria… parecia mais quente do que o café recém-passado.
Dia seguinte: Luanna acorda pela amanhã e vai tomar um banho quente. Ela se arruma e logo chama um Uber para chegar no escritório.
O escritório da Ponto Zero ficava escondido no segundo andar da loja — um espaço moderno, silencioso, quase clínico. E quando ela subiu, foi recebida por uma secretária.
Luanna
Bom dia! Tenho uma entrevista com o senhor William. *Digo bem animada*
Luanna: A secretária com cara de metida não me diz nada e saiu andando. Eu a sigo e avisto uma grande porta no final do corredor, diferente das outras.
Sinto calafrios. De repente a secretária para na frente da porta e me olha.
Secretária
Aqui está a sala do senhor William. Apenas bata na porta e espera a autorização para entrar. *Voltando para o balcão da recepção*
Luanna
*Antes de eu pensar em bater na porta, ele aparece*
Alto, moreno, vestindo uma camisa social escura, sem gravata. Seu rosto era marcado por traços sérios, o olhar profundo e o queixo firme. Ele andava como quem comanda — e quando falou seu nome, a voz foi baixa, mas carregada de autoridade.
Agora são, eles.
William Montenegro
Luanna, certo? Entra comigo.
Caio, enquanto isso, ainda dormia no sofá da casa dela. Mas sua história também estava só começando. Seu maior segredo não era ter indicado Luanna para aquela vaga. Era o fato de que seu pai — Joaquim — estava prestes a retornar à cidade.
Um homem elegante, respeitado… e perigoso.
Joaquim era o tipo que impunha respeito com um simples gesto. Frio, metódico e imprevisivelmente protetor. Ele e Caio não tinham a relação mais fácil, e a convivência entre eles sempre foi cercada de silêncios desconfortáveis.
William Montenegro
Sente-se. *Disse, sem sequer olhar diretamente para ela*
Sua voz era calma, baixa, mas carregava uma firmeza quase militar. Luanna obedeceu, sem perceber que tinha feito isso sem pensar.
A sala era minimalista: apenas uma mesa de madeira escura, uma estante discreta, e uma janela que deixava a luz invadir com elegância. Nada ali era supérfluo. Nem o homem à sua frente.
William se sentou lentamente, apoiando os cotovelos na mesa. Seus olhos finalmente a encontraram. Escuros. Fixos.
Ele não a avaliava como um currículo. Ele a media como um território.
William Montenegro
Você sabe por que está aqui?
Luanna
Porque enviei meu currículo. *Sustentando o olhar, teimosa.*
Um leve sorriso curvou os lábios dele, mas não chegou aos olhos.
William Montenegro
Caio me falou de você. Disse que era… brava. Que não leva desaforo pra casa.
Luanna
Ele me conhece bem. *Mantendo a expressão neutra.*
William Montenegro
Veremos.
O silêncio caiu por alguns segundos. William a observava como quem desmonta um quebra-cabeça. Cada detalhe do seu rosto, postura, escolha de roupa. E então, sem pedir permissão, ele se levantou e deu a volta na mesa, ficando atrás dela.
William Montenegro
Levante-se. *Digo com a voz suave.*
Luanna
*Viro o rosto, confusa.* Pra quê?
William Montenegro
Está questionando uma instrução simples?
O tom dele era calmo, mas frio. Quase clínico. Um frio que queimava.
Luanna se levantou, devagar. Ele passou ao lado dela e parou a poucos centímetros de distância. Seu perfume era amadeirado, seco, masculino. A presença dele era opressora de um jeito sedutor. Ela sentia que, se respirasse fundo demais, cederia.
William Montenegro
Gosto de pessoas que entendem ordens simples. Não porque são fracas. Mas porque sabem quando é hora de comandar… e quando é hora de ceder.
Luanna
E se eu não quiser ceder? *Provoquei com um sorriso leve.*
William Montenegro
*Me afasto* Então não vai durar muito tempo aqui, Luanna.
Ela não respondeu. Não conseguia. Seu corpo estava em alerta — não por medo, mas por algo que não queria nomear.
Horas depois, Luanna saiu da sala com a mente em caos. O emprego era dela. William havia dito isso com poucas palavras. Ela começaria na semana seguinte.
Caio a esperava na recepção, com um sorrisinho satisfeito.
Caio
E aí? Sobreviveu à entrevista?
Luanna
Você devia ter me avisado que ele era… assim.
Caio
Assim como? *Perguntei fingindo inocência.*
Luanna
Não sei explicar. Ele não fala alto, mas quando fala, parece que…
Caio
Que você quer obedecer. *Dou uma gargalhada*
Luanna
*Lancei um olhar atravessado.*
Mais tarde, naquela mesma noite, Luanna foi até a casa de Caio para comemorar — pizza, vinho barato e piadas idiotas. Era o ritual deles.
Caio
Você tá estranha desde que saiu da sala dele. *Deito no sofá.*
Caio
Tá sim. Eu te conheço.
Luanna
É que ele tem um jeito… intimidador. Sabe aquele tipo de homem que não precisa gritar? Só olha e pronto. Você já quer obedecer. Não é normal.
Caio virou o rosto para ela, meio sério.
A pergunta veio seca. Direta.
Luanna
*Dou um sorriso, tentando disfarçar.* Não sei… talvez.
Silêncio. Por alguns segundos, eles só se encararam. Havia algo ali. Um nó invisível que os dois sentiam, mas nunca puxavam
Caio
Já pensou que você vive procurando alguém, mas nunca conseguiu? *Pergunto, com a voz baixa.*
Luanna
Já pensou que talvez eu só esteja cansada de ser forte o tempo todo? *Me levanto e pego um pouco de vinho.*
Caio não respondeu. Se aproximou um pouco, apenas o suficiente para que ela sentisse o calor do corpo dele. Os olhos de Luanna baixaram por um segundo. Ele ia dizer algo, talvez se aproximar ainda mais…
Mas foi então que a porta da frente se abriu.
O som dos passos pelo corredor era firme, lento, marcante.
Com isso, a tensão entre Luanna e Caio é melhor estabelecida. Você mostra que eles têm algo mais profundo — algo que pode se complicar com a chegada de Rafael e o envolvimento com William.
Caio
Meu pai chegou. *Me afasto de Luanna.*
O homem era alto, elegante, e carregava no olhar a mesma intensidade que William tinha… mas diferente. Joaquim era silêncio. Era controle em forma de presença. Vestia roupas simples, mas tudo nele exalava poder. Os olhos dele pararam em Luanna por um segundo mais longo do que o necessário.
E nesse segundo… ela soube.
Soube que ali também havia perigo. E desejo.
Mas diferente de William, que parecia testar, medir, estudar… Rafael parecia já saber tudo o que ela era — e tudo o que queria.
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A chegada
Caio
Achei que viria só amanhã…
O homem ergueu o olhar, e só então eu percebi a semelhança: os traços firmes, a postura, a intensidade. Mas ao contrário do sorriso leve de Caio, havia nele algo mais denso. Ele era silêncio. Era controle.
Os olhos dele passaram pela sala até pararem em mim. Longos segundos, talvez mais do que deveria. Senti meu corpo inteiro despertar sob aquele olhar — como se ele pudesse atravessar todas as minhas defesas.
Caio
Ah… essa é a Luanna, pai. Minha amiga. *Falo rápido demais.*
Caio
Ela conseguiu um emprego lá na loja.
Rafael Capone
Na loja do William. *Coloco as malas no chão sem tirar os olhos dela.*
Luanna
*Engoli em seco, tentando sustentar o olhar dele.*
Luanna
Sim. Fiz a entrevista hoje.
Ele se aproximou, sem pressa. Cada passo parecia pesado, calculado.
Rafael Capone
Interessante. O William tem um faro peculiar para escolher pessoas. *Cravando os olhos nela sem desviar.*
Rafael Capone
E raramente erra.
Luanna
*Senti minhas mãos suarem. Não sabia se era pelo elogio escondido ou pela ameaça implícita.*
Caio
Lu, esse é meu pai, Rafael. *Falei tentando aliviar a tensão.*
Caio
Pai, não assusta ela, por favor.
Rafael Capone
*Finalmente desvio o olhar para o meu filho e soltei um breve sorriso, quase irônico.*
Rafael Capone
Eu só estou sendo educado.
Caio
Isso é a sua versão de educação? Parece mais um interrogatório.
Rafael ignorou o comentário, voltando a me encarar.
Rafael Capone
E então, Luanna… você tem ideia do que está prestes a viver?
Luanna
*Meu peito apertou. Eu sabia que ele não falava apenas de trabalho.* Eu… costumo aprender rápido.
O sorriso dele se alargou, lento, perigoso.
Rafael Capone
Boa resposta.
Caio
* Bufo e passo a mão pelos cabelos.* Já vi que vocês dois vão dar trabalho juntos.
Rafael Capone
Ninguém aqui está planejando dar trabalho.
Luanna
{Senti minhas bochechas queimarem. Era como se ele já soubesse tudo sobre mim: minhas inseguranças, meus desejos, minhas falhas. E isso me deixava exposta… mas também estranhamente fascinada.} 💭
O silêncio caiu sobre nós por um instante. O tipo de silêncio que pesa. Eu não sabia se devia desviar o olhar ou encarar até o fim. E quando finalmente ele piscou, desviando os olhos para a mala no canto da sala, percebi que estava prendendo a respiração.
Rafael Capone
Vou me acomodar no quarto.
Rafael Capone
Mas não se preocupem, continuem a comemoração de vocês.
Caio apenas assentiu, ainda incomodado com a intensidade do encontro. Eu, por outro lado, mal conseguia raciocinar.
Porque no instante em que Rafael subiu as escadas, eu soube.
Soube que havia perigo ali. E desejo.
Desejo do tipo que não pede licença.
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