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Do Luto ao Amor

Capítulo 01 Apresentação dos Personagens

Elisa Montenegro.

Idade: 32 anos.

Profissão: Professora de literatura.

Personalidade: Sensível, introspectiva e resiliente. Possui uma força silenciosa, mas às vezes se perde em suas próprias emoções. Apaixonada pelos livros, encontra neles consolo e refúgio.

História: Casada com Gabriel, vê sua vida virar de cabeça para baixo após a morte do marido e a descoberta de que ele teve um filho fora do casamento. Vive o luto, mas sente uma necessidade profunda de reconstruir sua vida e declarar-se sinceramente para o amor novamente. Seu maior desafio é equilibrar a dor da perda com a esperança de um recomeço.

Gabriel Montenegro.

Idade: 35 anos (falecido).

Profissão: Jornalista e escritor amador.

Personalidade: Inteligente, carismático, mas com falhas humanas profundas. Amava Elisa, mas cometeu um erro que mudaria para sempre a vida de todos ao seu redor. Possuía um lado sensível, revelado nas cartas e nos livros, que deixava anotado.

História: Após uma noite de fraqueza, teve um filho, Noah, com Carla. Tentou manter o segredo, mas ao descobrir que Noah tinha leucemia, deixou instruções para Elisa cuidar da criança. Gabriel é a força invisível que move a história mesmo após sua morte.

Noah Montenegro.

Idade: 6 anos.

Personalidade: Sensível, curioso e esperto. Apesar de ser apenas uma criança, a doença que enfrenta — leucemia — o torna mais maduro em alguns momentos. Tem os olhos verdes de Raul e, inconscientemente, carrega traços do pai.

Filho de Raul e Carla, cresceu sem saber do amor de Elisa. Sua doença torna-o vulnerável, mas também aproxima aqueles que se importam com ele. Noah é a ponte entre o passado de Gabriel e o futuro de Elisa.

Carla Menezes.

Idade: 28 anos.

Profissão: Advogada ( empresária)

Personalidade: Ambiciosa, manipuladora e orgulhosa. Sorridente quando convém, fria quando necessário. Estratégica, não hesita em usar sua posição para atingir objetivos pessoais.

Mãe biológica de Noah, conhece a criança desde seu nascimento. O segredo que mantém — que Gabriel é pai de Noah — a torna uma antagonista direta de Elisa. Carla representa os obstáculos externos que Elisa.

Dr. Daniel Rios.

Idade: 35 anos.

Profissão: Pediatra oncologista.

Personalidade: Gentil, paciente e dedicado. Viúvo recente, lida com a dor da perda enquanto cuida da filha Clara. Representa esperança, estabilidade emocional e futuro para Elisa, mostrando que o amor pode renascer mesmo após grandes perdas.

Daniel divide a vida entre o trabalho intenso e a filha pequena. É sensível e atento às dores alheias, mas também carregado de uma melancolia silenciosa, uma mistura de saudade, responsabilidade e medo de perder novamente quem ama.

Clara Rios.

Idade: 2 anos.

Personalidade: Encantadora, curiosa e carinhosa. Apesar da pouca idade, percebe a ausência da mãe e sente a falta de afeto que não pôde ter.

História: Filha de Daniel, perdeu a mãe para um câncer de mama, descobriu durante a gravidez. A mãe decidiu não interromper a gestação para que Clara pudesse nascer, mas infelizmente o câncer se espalhou rapidamente após o parto. Clara cresceu sob os cuidados do pai, que lhe dá amor, proteção e atenção, enquanto enfrenta o trauma da perda da mãe. A relação entre pai e filha é intensa, moldando Daniel como um homem capaz de oferecer cuidado físico e afeto genuíno.

Capítulo 02 Recomeçar

O cheiro de café ainda pairava no ar, embora ninguém mais o tivesse tocado desde o velório.

A casa estava em silêncio. Não aquele silêncio comum das manhãs de leitura ou das noites preguiçosas de domingo — mas um silêncio pesado, denso, oco.

O tipo de silêncio que vem depois do fim.

Elisa arrastou uma caixa até o canto da sala. Era a última. Dentro dela, fotografias, cartas antigas, livros sublinhados por Raul com suas anotações rabiscadas nas margens.

Ela passou os dedos sobre a lombada de um deles — O Velho e o Mar — o favorito dele.

Sorriu de leve, mas o sorriso morreu antes de chegar aos lábios.

Três semanas. Era esse o tempo que fazia desde que o mundo tinha parado.

Desde o acidente. Desde que ela deixou de ser esposa para se tornar... viúva.

A palavra ainda doía. Ainda parecia estranha, como se fosse emprestada de outra história.

Ela não chorava todos os dias, mas também não sorria mais.

Estava suspensa entre o que foi e o que ainda não sabia ser.

Na sala, o relógio marcava 10h17. O tempo seguia em frente, indiferente à dor.

Ela, não.

Na mesinha ao lado da poltrona onde Raul costumava ler, havia uma pasta preta.

Não se lembrava de tê-la visto antes. Talvez alguém da família tivesse deixado ali, ou estivesse misturada entre os papéis do escritório dele.

Com passos lentos, Elisa se aproximou, sentou-se e abriu a pasta.

Foi quando viu.

Um envelope branco. Sem remetente. Apenas seu nome escrito à mão: Elisa.

O mundo pareceu parar por um segundo.

Era a letra dele.

O coração acelerou. As mãos tremiam.

Ela pegou o envelope com cuidado, como se fosse feito de vidro. Passou os dedos sobre seu nome e, por instinto, levou-o ao peito.

Por um momento, tudo sumiu.

A dor, a raiva, a ausência.

Só restava a voz dele.

Presente naquele papel.

E então, com os olhos já úmidos, ela abriu.

Se você está lendo isso, é porque eu já não estou mais aí. E eu sei que, depois de tudo, talvez essa seja a última coisa que você queira: ouvir a minha voz. Mas, mesmo assim, eu preciso falar. Preciso confessar.

Eu te amei, Elisa. De verdade.

Eu sei o quanto isso parece contraditório depois do que fiz, mas o que aconteceu… não foi premeditado. Foi uma noite. Uma única noite. Eu tinha saído com um amigo, bebemos demais. Você estava fora, viajando para aquele congresso de literatura. Eu me sentia sozinho, vazio, fraco.

E então aconteceu. Com Carla.

Eu quis fingir que nunca tinha acontecido. E, por muito tempo, consegui. Até que, três anos depois, ela apareceu com um menino. Disse que era meu filho. Eu duvidei, claro. Mas quando vi os olhos dele — aqueles olhos verdes, exatamente como os meus — eu soube.

O nome dele é Noah.

Elisa sentiu o corpo gelar.

Ele é só uma criança, e não merece pagar pelo meu erro. Mas a vida não foi justa com ele. Noah está doente. Tem leucemia. Quando descobri, pensei que o mundo tinha desabado outra vez. Tentei ajudar em silêncio, de longe, mas nunca tive coragem de contar a você.

Sei que não tenho o direito de pedir nada, mas se algum dia, mesmo que contra sua vontade, você puder olhar para ele… faça isso. Ele precisa de alguém que lhe dê aquilo que talvez eu nunca soube dar: amor sem medo.

As últimas linhas estavam trêmulas, como se Raul tivesse escrito às pressas, entre lágrimas.

Dentro da pasta, junto da carta, Elisa encontrou uma fotografia. Um menino sorria timidamente, segurando um carrinho vermelho. Os olhos verdes a perfuraram de imediato.

Com as mãos trêmulas, virou a foto. No verso, em letra apressada, havia um endereço:

"Ala Pediátrica – Hospital Santa Helena."

O mundo de Elisa parou outra vez.

Agora, não era apenas a ausência de Raul que pesava. Era a presença silenciosa de um menino que, de repente, parecia estar ligado a ela por laços que não compreendia, mas que não poderia ignorar.

Capítulo 03 A Outra Vida

O nome permaneceu em sua mente, latejando como uma ferida recém-aberta: Noah.

Elisa recostou-se no sofá, a carta ainda aberta sobre o colo, e sentiu que o mundo girava ao seu redor. O ar parecia rarefeito, como se a casa inteira tivesse se transformado em um túmulo onde as paredes guardavam segredos que ela nunca suspeitou de existir. A traição já seria o bastante para dilacerá-la, mas o que Gabriel deixou escrito ia além de qualquer dor que imaginara carregar.

Um filho.

Um filho que não era dela.

Passou as mãos pelos cabelos, tentando afastar a tontura. Seu coração batia forte, cada pulsação reverberando nas têmporas como um lembrete cruel de que aquela não era uma ilusão. Era real. A letra era de Raul. O tom, as pausas entre as frases, até mesmo a forma como ele tentava justificar o injustificável — tudo era dele.

Elisa fechou os olhos e, por um instante, desejou não ter aberto aquela pasta. Talvez fosse mais fácil seguir vivendo na ignorância, mantendo apenas a dor da ausência, sem acrescentar a ela o peso de uma verdade que mudava tudo. Mas era tarde demais. Uma vez lida, a carta se tornará parte dela.

Levantou-se devagar, andando pela sala como quem vagueia sem destino. Seus pés se arrastavam no tapete, e cada objeto da casa parecia observação em silêncio. As fotografias do casamento, ainda penduradas na parede, os livros com as anotações de Raul, até mesmo a poltrona em que ele gostava de ler — tudo a confrontava, como se dissesse: Você não sabia de tudo. Você não conhecia o homem por inteiro.

A raiva veio primeiro, intensa, queimando-lhe a garganta.

— Por que, Gabriel? — murmurou, a voz trêmula. — Por que não me contou?

A pergunta ecoou no vazio da sala, sem resposta.

Ela pegou novamente a carta. Os olhos, já marejados, se detiveram nas últimas linhas, borradas pela pressa da escrita:

"Ele não tem culpa, Elisa. Ele é só uma criança. Eu nunca tive coragem de te contar, e agora… não tenho escolha. Se algum dia puder olhar por ele, mesmo de longe, eu sei que vai entender. Ele merece."

As lágrimas finalmente caíram. Elisa pressionou o papel contra o peito, como se assim pudesse alcançar Gabriel do outro lado da morte, como se pudesse exigir explicações que jamais viriam. O mais cruel não era a traição em si, mas o fato de ele ter partido sem lhe dar a chance de decidir o que fazer com a verdade. Havia deixado sobre seus ombros o peso de uma vida que ela sequer conhecia.

Noah.

O nome soava suave, quase delicado. Não era a criança que tinha culpa — sabia disso. Mas como olhar para aquele menino sem sentir que cada traço dele seria um lembrete da infidelidade de Gabriel? Como separar a dor do amor que, de alguma forma, ainda restava dentro dela?

Elisa caminhou até a janela. Do lado de fora, a rua seguia viva: uma vizinha passeava com o cachorro, o carteiro atravessava a calçada, uma criança corria de bicicleta. A vida continuava, indiferente à devastação dentro dela. E, pela primeira vez desde o acidente, sentiu um impulso que não era apenas sobreviver ao luto. Era algo diferente. Uma necessidade urgente de saber.

Quem era Noah?

Onde estava agora?

Será que sabia da existência do pai? Ou teria crescido acreditando ser apenas filho de Carla?

O nome de Carla surgiu como um soco. Elisa a conhecia apenas de longe, lembranças vagas de uma moça de olhar firme e sorriso insinuante, que aparecia em festas ou eventos na época da faculdade. Nunca imaginou que seu nome fosse voltar, costurado à sua vida de maneira tão amarga.

Elisa suspirou fundo e caminhou até o escritório de Gabriel. Abriu gavetas, pastas, cadernos. Buscava qualquer pista, um endereço, um número de telefone, algo que a levasse até aquela criança. Quanto mais revirava, mais percebia que Gabriel havia sido cuidadoso em esconder aquele pedaço de sua vida. Mas, no fundo da última gaveta, encontrou uma fotografia esquecida entre contas antigas: um menino de cabelos castanhos claros, segurando um carrinho vermelho. Os olhos, de um verde profundo, eram inconfundíveis.

Elisa levou a foto até o rosto, e seu coração disparou.

Era como olhar para Gabriel em miniatura.

Sentou-se na cadeira do escritório, exausta. Sentia-se dividida em mil pedaços: a esposa traída, a viúva enlutada, a mulher que descobria a existência de uma criança inocente que, de alguma forma, agora fazia parte dela.

O relógio marcava 23h12 quando Elisa finalmente fechou os olhos. A foto ainda descansava em sua mão, e a carta de Gabriel permanecia sobre a mesa. Naquele silêncio noturno, uma certeza começou a nascer, tímida, mas firme: precisava encontrar Noah. Precisava ouvir sua voz, ver de perto quem ele era.

Não sabia se estava pronta para aceitar, muito menos para amar.

Mas sabia que não conseguiria descansar enquanto não descobrisse quem era o menino com os olhos do homem que amara — e que, ao mesmo tempo, a havia destruído.

No fundo da foto tinha endereço do hospital

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