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Sob o Olhar da Lua

1

O salão da matilha estava cheio de aromas tentadores. Café fresco, pão quente saindo do forno, frutas maduras com aquele cheiro doce que preenchia o ar… e Ethan seguia pelo corredor, pegando seu prato na fila do café da manhã.

Enquanto pegava algumas fatias de pão e uma maçã suculenta, algo diferente atravessou seus sentidos. Um aroma doce, delicado, viciante… e só ele parecia percebê-lo. Um perfume natural, misturado ao cheiro de pão recém-assado, que fazia seu coração disparar.

Ele ergueu os olhos e, lá na frente, estava ela.

Lily. Loira, olhos azuis que brilhavam sob a luz da manhã, corpo esguio e gracioso, sorrindo e conversando com uma amiga. Não era apenas a beleza dela que chamava atenção; havia algo mais. Algo que ninguém mais parecia sentir, mas que Ethan percebeu imediatamente.

Ela é minha.

O pensamento surgiu com uma clareza assustadora. Não podia declarar nada ainda — a diferença de idade era grande demais, e a lei da matilha proibiria qualquer aproximação direta. Mas, ainda assim, a certeza estava ali, queimando em seu peito.

Ela virou o rosto e os olhos dela encontraram os dele. Um sorriso sutil, reconhecendo sua presença, e um cumprimento respeitoso com a cabeça. Apenas isso, mas suficiente para fazê-lo perder o fôlego.

Ethan ficou ali, parado, o prato na mão, incapaz de se mover. Cada fibra do seu corpo dizia: ela é minha companheira.

— Chefe? — a voz de Alex cortou seus pensamentos. O beta estava ao lado dele, segurando o prato. — Você está aí? A realidade chama…

Ethan piscou, voltando ao presente.

— Ah… sim. Claro. — murmurou, tentando recompor-se.

Mas os olhos continuavam fixos em Lily. Ela era jovem, ela era vulnerável, mas acima de tudo, havia nela algo que nenhum poder ou lei da matilha podia negar. Era destino. Era lua. Era ela.

Ele respirou fundo, tentando acalmar o coração que batia acelerado. Mas sabia que, dali em

diante, sua vida nunca mais seria a mesma.

Enquanto Ethan se movia pela fila, tentando parecer natural, seus olhos não desgrudavam de Lily. Ela conversava com a amiga, rindo suavemente, e o aroma dela continuava a dominá-lo, doce e envolvente, misturado com o cheiro de pão e café ao redor.

"Respira, Ethan… ela ainda é jovem… calma."

Ele murmurou para si mesmo, tentando controlar o impulso de se aproximar demais.

Alex, percebendo o olhar fixo do Alfa, não conseguiu conter o sorriso malicioso.

— Está visivelmente hipnotizado, chefe. Sério, essa é a primeira vez que vejo você assim.

Ethan lançou-lhe um olhar quase mortal, mas não podia negar: — Eu sei. Mas não é apenas isso… há algo nela. Algo que ninguém mais sente.

Alex arqueou uma sobrancelha:

— Aha… você acabou de descobrir que ela é sua companheira, não é?

Ethan engoliu em seco, tentando não reagir.

— Sim… mas não posso fazer nada ainda. — murmurou, mantendo o tom firme. — Idade dela, regras da matilha… tudo.

Alex riu baixinho:

— Vai ser interessante… você sempre foi cabeça dura, mas isso aqui vai testar você.

Enquanto isso, Lily finalmente terminou de pegar seu prato e começou a caminhar para uma mesa vazia. Ao passar perto de Ethan, seus olhos cruzaram novamente com os dele, e ela sorriu discretamente, educadamente.

Ethan sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Aquela confirmação silenciosa de que ela reconhecia sua presença fez seu coração acelerar ainda mais. Ele respirou fundo, tentando não parecer completamente vidrado.

"Vou protegê-la. Sempre. Mesmo sem poder me aproximar direito agora."

Pensou, sentindo uma certeza que ia além de qualquer lógica ou lei da matilha.

E enquanto Alex continuava falando algo sobre como Lily tinha “espírito próprio”, Ethan percebeu que, mais do que amizade ou curiosidade, algo profundo e inevitável já começava a se formar entre eles.

E a cada passo dela pelo salão, ele sabia: aquela jovem órfã, com seus olhos azuis e sorriso delicado, tinha acabado de mudar o curso de sua vida para sempre.

Enquanto Ethan ainda observava Lily de longe, Alex não perdeu a oportunidade de provocar o Alfa:

— Sabe, chefe… hoje é aniversário dela. Lily completa 17 anos. — Alex falou, fingindo casualidade, mas com um sorriso divertido. — Vai ter uma pequena comemoração na floresta à noite. Alguns do orfanato e membros da matilha vão estar lá.

Ethan engoliu em seco. Aniversário… hoje. A percepção de destino dentro dele pulsava ainda mais forte. Ele não podia se aproximar demais, mas sabia que precisava estar atento.

— Festa… na floresta, hein? — murmurou, tentando soar indiferente. — Interessante…

Alex deu de ombros, percebendo que havia mexido com o Alfa:

— Vai ser simples, mas eles vão gostar. Talvez você devesse aparecer, discretamente, claro. — piscou, divertido.

Ethan desviou o olhar para Lily, que agora ria com a amiga, alheia à conversa dos dois.

"Ela é minha… vou protegê-la, mesmo que ainda não possa mostrar nada." pensou, a determinação crescendo dentro dele.

Com o café encerrado, Ethan colocou o prato de lado e respirou fundo.

— Vamos treinar. — disse a Alex, a voz firme, mas os pensamentos ainda em Lily.

O campo de treino da matilha estava iluminado pelo sol da manhã. Ethan se juntou a outros guerreiros, todos jovens e experientes, prontos para aperfeiçoar força, velocidade e técnicas de combate.

Enquanto executava movimentos precisos, golpes de espada e saltos ágeis, Ethan não conseguia tirar Lily da mente. Cada bloqueio, cada ataque, era uma distração: ele precisava manter o foco, mas a lembrança do sorriso dela e do perfume doce pairava em sua mente.

— Mais força! — gritou Alex durante o treino, incentivando os guerreiros, mas com um olhar de canto de olho para Ethan. — Você está lento hoje, chefe. Parece que alguém está roubando sua atenção.

Ethan bufou, apertando os punhos e concentrando-se nos movimentos.

"Vou focar agora… depois vou observar o aniversário dela. Vou me certificar de que nada aconteça à minha companheira."

O treino continuou, mas a determinação de Ethan estava dupla: fortalecer-se para a matilha e, secretamente, estar pronto para proteger Lily à noite.

2

Depois do treino exaustivo, Ethan voltou para sua casa dentro da matilha. Os corredores eram silenciosos, mas o aroma de madeira e lareira ainda preenchia o espaço, trazendo-lhe uma sensação de calma.

Ao entrar, ouviu risadas baixas vindas da sala de estar. Franziu a testa, curioso. Aproximando-se, percebeu que não estava sozinho. Seu irmão mais novo, Leo, estava sentado no chão, com Lily ao lado, rindo enquanto planejavam algo em segredo.

— Lily, você tem certeza de que vai dar certo? — Leo perguntava, com um sorriso travesso. — Se eu fizer do jeito que planejamos, essa festa vai ser incrível!

Lily sorriu, animada, sem perceber que Ethan estava ali, observando.

— Claro! Vai ser a melhor festa do ano! E você também vai gostar, não é? — ela disse, olhando para Leo com entusiasmo.

Ethan engoliu em seco. O cheiro doce dela misturado à empolgação de estar planejando algo para a noite fez seu coração apertar. Ele sabia que não podia se aproximar, mas sentiu a necessidade de proteger cada movimento dela.

— Vocês dois estão planejando algo grande, hein? — sua voz soou firme quando entrou na sala, mas sem mostrar surpresa.

Lily e Leo se viraram, surpresos.

— Oh! Alfa Ethan! — Lily exclamou, tentando disfarçar o nervosismo, mas Ethan percebeu o rubor em suas bochechas. — Nós… estávamos apenas planejando a festa de aniversário.

Ethan assentiu lentamente, os olhos fixos nela.

"Então é por isso… eles estão cuidando de tudo, planejando a noite…" pensou. — Certo. Isso significa que vocês dois estão confiando um no outro. Bom… mas vou estar de olho.

Leo sorriu nervoso, percebendo o olhar intenso do irmão mais velho.

— Claro, chefe… só… garantindo que nada saia errado.

Ethan respirou fundo, tentando controlar a mistura de preocupação e desejo de protegê-la.

"Ela está tão perto… e ainda assim tão distante. Mas nada vai acontecer com ela sob meu olhar."

Ele se afastou, deixando que os dois continuassem a planejar, mas com a mente já cheia de estratégias: como manter Lily segura, como permitir que ela se divertisse, e ainda assim não quebrar as regras da matilha.

Enquanto caminhava até seu quarto, a certeza se firmava dentro dele: essa noite seria especial, e ele não permitiria que nada ou ninguém prejudicasse sua companheira — mesmo que ainda não pudesse chamá-la assim em voz alta.

A noite caiu sobre a floresta da matilha, trazendo uma brisa fresca e o perfume das árvores misturado ao aroma doce de frutas e velas que iluminavam o local. Pequenas tochas criavam um caminho de luz até uma clareira decorada com flores e lanternas penduradas nos galhos.

Lily apareceu primeiro, vestindo um vestido simples, mas que realçava sua juventude e beleza natural. Seus olhos azuis brilhavam ao ver as decorações, e ela sorriu ao cumprimentar alguns colegas do orfanato e membros da matilha.

Ethan estava escondido à distância, observando cada gesto dela. Ele não podia se aproximar, mas cada movimento, cada sorriso, cada risada, parecia uma confirmação silenciosa: ela era sua companheira.

— Lily, parabéns! — Leo exclamou, aproximando-se dela com um pequeno bolo que carregava. — Feliz 16 anos!

Ela sorriu radiante, segurando o bolo com cuidado.

— Obrigada, Leo… vocês todos foram incríveis! — disse, olhando ao redor, sem perceber os olhos atentos de Ethan na sombra das árvores.

Ethan sentiu um aperto no peito. Ela era jovem, ainda vulnerável, mas cheia de luz e energia, e ele estava determinado a proteger cada instante dela.

"Não vou permitir que nada estrague sua noite… minha companheira merece felicidade." pensou, mantendo-se nas sombras.

Enquanto Lily se divertia com risadas e brincadeiras, Ethan observava o cuidado com que ela interagia com todos, especialmente com Leo, que parecia orgulhoso de ajudá-la a organizar a festa. Cada gesto dela confirmava a certeza que queimava dentro dele: ela era única, destinada a ele, e ele faria qualquer coisa para protegê-la sem que ela percebesse ainda.

A lua cheia brilhava sobre a clareira, iluminando Lily como se fosse uma bênção silenciosa. Ethan respirou fundo, sentindo o vínculo entre eles se fortalecer, mesmo à distância.

"Essa noite é sua… mas eu estarei sempre por perto."

3

A música suave ecoava pela floresta, e o som de risadas preenchia a clareira. Lily dançava com algumas amigas, girando de leve o vestido branco que parecia refletir o brilho da lua. Seu riso inocente atingia Ethan como um raio no coração.

Ele permanecia nas sombras, próximo a uma árvore, observando. Cada instinto dentro dele gritava para se aproximar, segurá-la, dizer a verdade, mas sua razão o mantinha firme: ela ainda não está pronta… não posso roubar sua juventude.

Alex, seu beta, aproximou-se devagar e murmurou:

— Você precisa se controlar, Ethan. Está queimando só de olhar pra ela.

Ethan apertou o maxilar.

— Eu sei… mas olha pra ela, Alex. A lua a escolheu. Eu posso sentir.

Na clareira, Leo — seu irmão mais novo — se aproximou de Lily, oferecendo-lhe a mão para dançar. Ela sorriu, corando, e aceitou. Ethan sentiu um calor de ciúme subir por dentro, um rugido quase escapou de sua garganta.

"Controle-se… ela merece sorrir hoje. Não é contra ele que você deve lutar."

Ainda assim, seus olhos seguiam cada movimento dela, cada detalhe.

Em certo momento, Lily se afastou do grupo para pegar um copo de suco em uma mesa decorada. Foi nesse instante que Ethan não resistiu. Ele caminhou devagar até onde ela estava, sua presença imponente fazendo com que alguns jovens ao redor se calassem e se afastassem respeitosamente.

Lily ergueu os olhos para ele, surpresa.

— A-Alfa Ethan… não sabia que o senhor estava aqui. — disse com uma voz doce, um pouco trêmula.

Ele manteve o tom controlado, mesmo que seu coração estivesse em chamas.

— É o seu aniversário. Não poderia deixar de prestigiar.

Os olhos dela brilharam de alegria genuína.

— Obrigada, isso significa muito pra mim. — respondeu com um sorriso, que quase fez Ethan perder o fôlego.

Por alguns segundos, eles ficaram em silêncio, apenas se olhando. O cheiro doce dela era ainda mais forte ali, perto, queimando cada parte dele.

Antes que ele dissesse algo imprudente, Leo apareceu correndo, puxando Lily para voltar à roda.

— Vamos, Lily! É sua festa, tem que dançar mais uma vez!

Ela riu e acenou para Ethan.

— Obrigada por vir… de verdade.

E então sumiu entre as pessoas, deixando o Alfa parado, com o coração acelerado e os punhos cerrados para manter o controle.

"A lua me deu você… mas eu tenho que esperar.

A festa já começava a se dispersar. Risadas ainda ecoavam pela clareira, mas alguns grupos se recolhiam, deixando a noite mais silenciosa. Lily, cansada de dançar, resolveu caminhar um pouco pela beira da floresta. Gostava da sensação da brisa fria no rosto, da lua alta iluminando o céu.

Carregava os sapatos na mão, andando descalça sobre a grama, quando um barulho de galhos a fez parar. Seu coração acelerou por um instante, até reconhecer a figura que emergia da escuridão.

— A-Alfa Ethan? — sua voz saiu num sussurro surpreso.

Ele estava encostado em uma árvore, de braços cruzados, observando o céu. Mas ao ouvir sua voz, virou o rosto. A luz da lua ressaltava os traços fortes dele, a expressão séria que parecia esconder tempestades.

— Lily… — disse devagar, o nome dela soando quase proibido em seus lábios. — Está tarde para andar sozinha por aqui.

Ela apertou os sapatos contra o peito e sorriu, meio tímida.

— Eu precisava de ar. Lá dentro todo mundo só quer que eu dance… eu não sou tão boa assim.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Todos parecem discordar de você. — respondeu, e pela primeira vez, permitiu um meio sorriso.

O coração dela deu um salto. Não era comum ver o Alfa sorrindo.

Por alguns segundos, o silêncio se instalou, quebrado apenas pelo vento entre as árvores. Lily mordeu o lábio, nervosa, e perguntou:

— O senhor… gostou da festa?

Ethan a observou com intensidade. Cada fibra do seu ser queria dizer que sim, que a festa fora perfeita porque era dela, que sua simples presença já bastava para iluminar a noite. Mas conteve-se.

— Foi… agradável. — respondeu de forma controlada, desviando os olhos.

Lily riu baixinho.

— Isso soa como algo que alguém diz quando está entediado.

Ele voltou o olhar para ela, e a forma como a luz da lua refletia nos olhos azuis de Lily quase o desarmou.

— Não foi tédio. — sua voz saiu mais baixa, rouca. — Foi… diferente.

Ela sentiu um arrepio percorrer sua pele.

De repente, um vento mais forte soprou, e Lily estremeceu, abraçando os próprios braços. Antes que pudesse reagir, Ethan tirou o casaco escuro que vestia e colocou sobre os ombros dela.

Lily ergueu o olhar surpresa.

— N-não precisava…

— Precisava. — ele interrompeu, firme, mas sua voz tinha uma suavidade que raramente mostrava. — Você não deve passar frio.

Os olhos dela se prenderam nos dele, e por um instante, o mundo pareceu parar. A conexão era palpável, forte, quase proibida.

Ethan desviou primeiro, cerrando os punhos para controlar os instintos.

"Ela é minha. A lua grita isso para mim… mas ainda não posso. Preciso esperar."

Lily, sem entender o peso daquele olhar, apenas sorriu timidamente, apertando o casaco contra si.

— Obrigada, Alfa.

Ele a acompanhou de volta até a clareira, caminhando alguns passos atrás, como um guardião silencioso.

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