- Lysander Blackwood
- Amara
- Elizabeth Blackwood
- Annelise Thornton
- Theron
Lysander Blackwood – o nome ressoava nos salões da alta sociedade de Veridia como sinônimo de poder, riqueza e um certo ar de melancolia aristocrática. Herdeiro de um império industrial construído ao longo de gerações, Lysander carregava nos ombros o peso de um legado que se estendia muito além dos negócios. Havia uma sombra pairando sobre a família Blackwood, segredos sussurrados em corredores escuros e um fardo que ele sentia cada vez mais pesado. Sua mãe, Elizabeth Blackwood, uma matriarca de gelo e diamantes, tinha uma visão clara para o futuro da família, uma visão que incluía um casamento estratégico.
Lady Annelise Thornton, filha de um magnata bancário com laços que se estendiam pelos corredores de poder de Veridia, era a escolha perfeita aos olhos de Elizabeth. Inteligente, ambiciosa e impecavelmente educada, Annelise representava tudo o que Lysander achava sufocante em seu mundo: a superficialidade, a ganância e a ausência de paixão. Ela era um trunfo valioso, uma peça-chave no intrincado jogo da alta sociedade, e Lysander se sentia cada vez mais preso em uma teia de obrigações.
"Lysander, meu querido, você precisa entender a importância disso," Elizabeth insistia, a voz aveludada mal disfarçando a determinação implacável. "Um casamento com Annelise trará estabilidade e segurança para a família."
Lysander, dividido entre o dever e o desejo, sentia-se sufocado. Ele amava sua família, mas a ideia de se casar sem amor, de sacrificar sua felicidade em nome de uma conveniência social, era insuportável. Havia um anseio em seu coração por algo mais, algo autêntico e verdadeiro.
Numa noite fria e implacável, enquanto a chuva torrencial transformava as ruas de Veridia em rios caudalosos, Lysander, atormentado por seus dilemas, dirigia sem rumo. O acaso, ou talvez o destino, o guiou até um beco escuro, onde uma figura solitária se encolhia sob a proteção precária de uma marquise desbotada.
Era uma jovem, envolta em farrapos que mal a protegiam do frio cortante. Seu rosto, sujo e cansado, era emoldurado por madeixas castanhas emaranhadas. Mas, mesmo na penumbra, Lysander podia vislumbrar uma beleza singular, uma aura de dignidade que brilhava através da adversidade. Seus olhos, da cor de jade, pareciam conter a sabedoria de todas as eras e uma tristeza profunda que tocou o coração de Lysander de uma forma que ele jamais imaginou ser possível.
Movido por um impulso irresistível, Lysander parou o carro e se aproximou. A jovem, assustada, ergueu a cabeça, revelando um olhar que o atingiu como um raio.
"Está tudo bem?" Lysander perguntou, a voz embargada pela emoção.
A jovem hesitou, avaliando-o com um olhar cauteloso. Havia algo em seus olhos, uma mistura de vulnerabilidade e força, que o cativou instantaneamente.
"Estou apenas esperando a chuva passar," ela respondeu, a voz suave e rouca, como o sussurro do vento. "Meu nome é Amara."
Amara. O nome soou como uma promessa em meio ao caos da noite. Significa amor eterno, e Lysander sentiu uma conexão imediata, uma faísca que acendeu uma chama em seu coração.
"Eu sou Lysander," ele disse, estendendo a mão. "Gostaria de ajudá-la."
Amara recuou, desconfiada. "Não preciso da sua ajuda," ela respondeu, a voz firme. "Sei cuidar de mim mesma."
Lysander admirou sua independência, sua resiliência. Ele sabia que não podia obrigá-la a aceitar sua ajuda, mas não conseguia simplesmente ir embora. Havia algo em Amara que o prendia, uma promessa de algo mais, de uma vida diferente daquela que ele sempre conhecera. Ele sentia que, de alguma forma, o destino os havia unido naquele beco escuro.
"Pelo menos, deixe-me levá-la para um lugar seguro," ele insistiu, o coração apertado. "Não pode passar a noite aqui, nesse frio."
Amara mordeu o lábio inferior, dividida entre a desconfiança e a exaustão. A proposta de Lysander era tentadora, mas perigosa. Ela sabia que pertencia a um mundo diferente, um mundo que jamais a aceitaria. Havia segredos em seu passado, cicatrizes que ela tentava esconder.
Finalmente, o cansaço venceu. Amara assentiu, aceitando a mão estendida de Lysander.
Enquanto ele a conduzia até o carro, Lysander sentiu um pressentimento. Ele sabia que sua vida nunca mais seria a mesma. O casamento sob suspeita com Annelise, as expectativas da família, o peso do legado - tudo empalidecia diante da intensidade do olhar de Amara.
O que ele não sabia era que Amara era muito mais do que aparentava. Por trás de sua humildade e aparente fragilidade, escondia-se uma força extraordinária e um passado misterioso que a ligava à família Blackwood de uma forma que ele jamais poderia imaginar. A noite estava apenas começando, e o destino os aguardava nas sombras de Veridia, tecendo uma trama de amor, segredos e perigos que mudaria suas vidas para sempre.
A noite em que Lysander conheceu Amara marcou um divisor de águas em sua vida. A imagem da jovem de olhos cor de jade, envolta em farrapos mas irradiando uma dignidade inabalável, o assombrava. Ele não conseguia tirar Amara de sua mente, a melodia de sua voz sussurrando em seus pensamentos, a promessa de um amor verdadeiro acendendo uma chama em seu coração. Lysander estava decidido: ele pediria a mão de Amara em casamento.
No entanto, o caminho para a felicidade estava pavimentado com obstáculos. Em sua mansão em Veridia, Elizabeth Blackwood fervilhava de impaciência e determinação. O plano de casar Lysander com Lady Annelise Thornton era a pedra angular da salvação da família, e ela não permitiria que nada, nem mesmo os caprichos do coração de seu filho, o desviasse do curso.
"Lysander, meu querido, preciso que você entenda a seriedade da situação," Elizabeth disse, a voz aveludada carregada de um tom de advertência. "Annelise é a escolha perfeita para você, para a família. Ela tem a linhagem, a educação, as conexões necessárias para garantir o futuro da Blackwood Industries."
Lysander respirou fundo, reunindo a coragem para confrontar sua mãe. "Mãe, eu aprecio sua preocupação, mas não posso me casar com alguém que não amo. Annelise é uma mulher admirável, mas não é ela quem ocupa meu coração."
Elizabeth ergueu uma sobrancelha, o olhar gélido. "E quem seria a felizarda que conseguiu cativar o coração do meu filho? Alguma socialite fútil, imagino."
"Não, mãe," Lysander respondeu, a voz firme. "É alguém diferente. Alguém que me mostrou o verdadeiro significado da vida, do amor."
Elizabeth soltou uma risada fria. "Não seja tolo, Lysander. O amor é um luxo que não podemos nos permitir. O futuro da nossa família está em jogo."
Ignorando os protestos de sua mãe, Lysander procurou seu confidente e melhor amigo, Theron. Juntos, eles vasculharam os bairros mais humildes de Veridia, seguindo o tênue rastro de Amara. Eles perguntaram de porta em porta, mostraram o retrato mental que Lysander carregava gravado em sua alma, mas ninguém parecia conhecer a jovem de olhos cor de jade. A cada beco vazio, a cada resposta negativa, a esperança de Lysander diminuía, mas sua determinação permanecia inabalável.
O destino, no entanto, tinha seus próprios planos. No dia seguinte, enquanto caminhava pelas ruas movimentadas de um mercado local, Lysander se viu envolvido em uma pequena confusão. Uma discussão acalorada entre um vendedor e uma jovem atraiu sua atenção. Ao se aproximar, seu coração disparou. Era ela. Amara.
Sem hesitar, Lysander interveio, acalmando os ânimos e pagando a dívida de Amara com o vendedor. A gratidão brilhou nos olhos de Amara enquanto ela o seguia para um café próximo.
"Eu não sei como agradecer," Amara disse, a voz suave. "Você me salvou de uma situação muito desagradável."
"Não precisa agradecer," Lysander respondeu, o olhar fixo no rosto de Amara. "Eu faria qualquer coisa por você."
Enquanto conversavam, Lysander descobriu que Amara era, de fato, uma moradora de rua. Ela explicou que havia perdido tudo e que estava lutando para sobreviver nas ruas de Veridia. Mas havia uma hesitação em sua voz, uma sombra em seus olhos que indicava que ela estava escondendo algo.
"Amara, você pode confiar em mim," Lysander disse, segurando a mão dela. "Eu quero te ajudar. Mas preciso saber a verdade."
Amara desviou o olhar, o rosto tomado por uma expressão de dor. "Há coisas sobre o meu passado que eu não posso revelar," ela respondeu, a voz embargada pela emoção. "Segredos que podem colocar você em perigo."
Lysander sentiu um aperto no peito. Ele sabia que Amara estava escondendo algo, algo que a assombrava e a impedia de se entregar completamente. Mas ele também sabia que a amava, com cada fibra de seu ser. E ele estava disposto a enfrentar qualquer perigo, a desvendar qualquer segredo, para conquistar o coração de Amara e construir um futuro ao lado dela.
"Eu não tenho medo," Lysander disse, o olhar fixo nos olhos de Amara. "Eu enfrentarei qualquer obstáculo, contanto que você esteja ao meu lado."
Amara o encarou, os olhos marejados. Ela podia ver a sinceridade em seu olhar, a paixão em suas palavras. Mas ela também sabia que o mundo de Lysander era um mundo de privilégios e segredos, um mundo que jamais a aceitaria. E ela temia que, ao se aproximar demais, ela acabaria destruindo a vida dele.
O silêncio pairou entre eles, carregado de emoção e incerteza. Lysander sabia que havia muito a ser revelado, muitos obstáculos a serem superados. Mas ele estava disposto a lutar por Amara, a desafiar as convenções da sociedade e a enfrentar a ira de sua mãe. Pois ele sabia, em seu coração, que havia encontrado o amor verdadeiro, um amor que valia a pena arriscar tudo.
O que nenhum dos dois sabia era que o passado de Amara estava intrinsecamente ligado à família Blackwood, e que os segredos que ela tanto se esforçava para esconder estavam prestes a vir à tona, desencadeando uma série de eventos que mudariam suas vidas para sempre. O casamento sob suspeita estava prestes a se tornar uma batalha por amor, verdade e sobrevivência.
Almas Destinadas ao Casamento.
O brilho do anel de noivado, um diamante lapidado como uma lágrima de esperança, tremulou na penumbra do pequeno apartamento de Amara. Lysander, com o coração pulsando em expectativa, estendeu a joia para ela, um símbolo de seu amor incondicional e da promessa de um futuro juntos. Mas, em vez da resposta radiante que ele ansiava, Amara desviou o olhar, a sombra da incerteza toldando seus belos olhos.
"Eu não posso, Lysander," ela sussurrou, a voz embargada pela emoção. "Não posso aceitar seu pedido."
A dor cortou o coração de Lysander como uma lâmina afiada. Ele havia imaginado esse momento tantas vezes, sonhado com a alegria de tê-la como sua esposa, mas agora, diante da recusa de Amara, sentia o mundo desabar ao seu redor.
"Por quê?" ele perguntou, a voz embargada pela emoção. "Eu te amo, Amara. Eu faria qualquer coisa por você."
"Eu sei," ela respondeu, as lágrimas escorrendo pelo rosto. "E é por isso que não posso aceitar. Você merece mais do que eu posso oferecer. Meu passado é sombrio, cheio de segredos que podem te destruir."
Lysander tentou argumentar, mas Amara o interrompeu, colocando um dedo delicado em seus lábios. "Por favor, Lysander. Não torne isso mais difícil do que já é. Eu preciso de tempo para resolver meus problemas, para me libertar das amarras do passado."
E assim, com o coração partido, Lysander aceitou a decisão de Amara. Ele sabia que não podia forçá-la a amá-lo, que precisava respeitar seus sentimentos e dar-lhe o espaço que ela precisava. Mas, mesmo com a recusa, ele se recusava a desistir dela. Ele acreditava que o destino os havia unido por um motivo, e que, no momento certo, eles encontrariam um caminho para ficarem juntos.
E o destino, como um maestro invisível, continuou a orquestrar encontros fortuitos entre Lysander e Amara. Em cada situação de perigo, em cada momento de necessidade, Lysander surgia como um anjo da guarda, protegendo Amara de todos os males. Ele a salvou de um incêndio em seu prédio, a defendeu de um agiota ganancioso e a protegeu de um stalker obsessivo. A cada ato de bravura e generosidade, o coração de Amara se derretia um pouco mais, e os sentimentos que ela tanto se esforçava para reprimir começavam a florescer.
Ela se sentia cada vez mais atraída por Lysander, por sua bondade, sua coragem e sua devoção. Mas o medo de seu passado a paralisava, impedindo-a de se entregar completamente ao amor que ele lhe oferecia.
Enquanto isso, na mansão Blackwood, a tensão aumentava a cada dia. Elizabeth, cada vez mais irritada com a recusa de Lysander em se casar com Annelise, intensificava sua pressão sobre o filho, tornando sua vida um inferno. As discussões eram constantes, as chantagens emocionais se tornavam mais frequentes, e o estresse consumia Lysander, minando sua energia e sua determinação.
Para piorar a situação, Annelise, percebendo o crescente interesse de Lysander por Amara, começou a suspeitar da relação entre os dois. Movida pelo ciúme e pela ambição, ela decidiu investigar a vida de Amara, buscando qualquer informação que pudesse usar para separá-los.
E, como uma serpente traiçoeira, Annelise descobriu que Lysander havia comprado um apartamento para Amara, um ato de generosidade que a revelava a profundidade dos sentimentos de Lysander pela jovem. Furiosa, Annelise confrontou Amara em público, humilhando-a e acusando-a de ser uma interesseira que estava se aproveitando da bondade de Lysander.
A cena foi humilhante para Amara, que se sentiu exposta e vulnerável. As palavras venenosas de Annelise a atingiram como flechas, reabrindo feridas antigas e reacendendo o medo de ser julgada e rejeitada.
Lysander, ao saber do ocorrido, ficou furioso com Annelise e a confrontou, defendendo Amara com unhas e dentes. Mas, ao mesmo tempo, ele se sentia culpado por ter exposto Amara ao escrutínio público e por ter causado dor a ela.
Em meio a paixões ardentes, segredos obscuros e intrigas familiares, Lysander e Amara se viam cada vez mais envolvidos em uma teia de emoções conflitantes. O amor que os unia era forte, mas os obstáculos que se interpunham em seu caminho pareciam insuperáveis.
Será que eles conseguiriam superar seus medos e segredos para finalmente ficarem juntos? Ou o destino os reservava um final trágico, onde o amor seria apenas uma miragem em meio ao caos e à escuridão?
As paredes da mansão Blackwood pareciam se fechar sobre Lysander, sufocando-o com as expectativas e exigências de sua família. A voz estridente de Elizabeth ecoava em seus ouvidos, cada palavra como uma farpa envenenada, destinada a ferir sua alma.
"Você está louco, Lysander!" ela gritava, o rosto vermelho de fúria. "Como pode se rebaixar a essa mendiga? Ela não é digna de você, do nosso sobrenome, da nossa fortuna!"
Annelise, com um sorriso venenoso nos lábios, observava a cena com satisfação. "Lysander precisa entender que o amor não paga as contas," ela disse, com um tom condescendente. "Ele precisa se casar com alguém que possa garantir o futuro da família, não com uma aventureira sem passado."
O sangue de Lysander fervia em suas veias. Ele não suportava mais ouvir aquelas palavras, aqueles julgamentos cruéis e injustos. Amara era tudo para ele, a luz em sua escuridão, a esperança em seu desespero. Ele não permitiria que ninguém a insultasse ou a menosprezasse.
"Já chega!" ele explodiu, a voz carregada de raiva e frustração. "Eu não vou me casar com Annelise, e não vou abandonar Amara. Eu a amo, e é com ela que eu quero passar o resto da minha vida."
Elizabeth soltou uma gargalhada sarcástica. "Você acha que essa paixãozinha vai durar, Lysander? Ela só está interessada no seu dinheiro, na sua posição. Quando você perder tudo, ela vai te abandonar como um cão sarnento."
As palavras de sua mãe o atingiram como um soco no estômago. Ele sabia que Elizabeth era capaz de tudo, que faria qualquer coisa para separá-lo de Amara. Mas ele se recusava a ceder, a deixar que o medo o paralisasse.
"Eu não vou te dar esse prazer, mãe," ele disse, com firmeza. "Eu vou lutar pelo meu amor, e vou provar que você está errada."
Com o coração em pedaços, mas a determinação renovada, Lysander se virou e saiu da mansão Blackwood, deixando para trás sua mãe e Annelise, as duas mulheres que o queriam controlar e manipular.
Precisava de um amigo, de um conselheiro, de alguém que pudesse ouvi-lo e ajudá-lo a encontrar um caminho. E ele sabia exatamente para quem recorrer.
No aconchegante escritório de Theron, Lysander desabafou, contando sobre as pressões de sua mãe, as maquinações de Annelise e a recusa de Amara em aceitar seu pedido de casamento. Theron ouviu atentamente, sem interromper, e quando Lysander terminou de falar, ele colocou a mão em seu ombro e disse:
"Lysander, você está em uma encruzilhada. Você precisa escolher entre o que sua família quer e o que seu coração deseja. Eu sei que é difícil, mas você precisa ser honesto consigo mesmo e tomar uma decisão que te faça feliz."
"Mas e se eu estiver errado?" Lysander perguntou, com angústia. "E se Amara não for a pessoa certa para mim? E se eu estiver jogando minha vida fora por um amor impossível?"
Theron sorriu com compreensão. "Lysander, não existe garantia de felicidade. A vida é um risco, e o amor é o maior de todos. Mas se você não arriscar, nunca saberá o que poderia ter sido."
As palavras de Theron ressoaram no coração de Lysander, dando-lhe a coragem que ele precisava para seguir em frente. Ele sabia que não podia controlar o futuro, mas podia controlar suas escolhas. E ele escolhia amar Amara, lutar por ela, e provar a todos que seu amor era verdadeiro e inabalável.
Enquanto isso, no pequeno apartamento que Lysander havia comprado para ela, Amara se sentia dividida entre a gratidão e a culpa. O gesto de Lysander a havia tocado profundamente, mostrando o quanto ele se importava com ela. Mas, ao mesmo tempo, ela se sentia indigna de seu amor, assombrada por seu passado e pelo medo de machucá-lo.
Às vezes, ela se pegava pensando no pedido de casamento de Lysander, imaginando como seria sua vida ao lado dele. Ela sonhava com um lar, uma família, um futuro feliz. Mas então, a realidade a atingia como um balde de água fria, lembrando-a de que ela não era uma princesa, mas sim uma plebeia com segredos obscuros.
"Será que eu mereço ser feliz?" ela se perguntava, com tristeza. "Será que eu tenho o direito de amar Lysander, sabendo que posso arruinar sua vida?"
As dúvidas a atormentavam, impedindo-a de dormir, de comer, de viver plenamente. Ela precisava tomar uma decisão, mas não sabia qual caminho seguir. O amor a chamava, mas o medo a paralisava.
Almas Destinadas ao Casamento.
Diante do espelho, Annelise se encarava com um olhar crítico, buscando em seu reflexo a resposta para a pergunta que a atormentava: por que Lysander a rejeitava? Ela era uma mulher elegante, culta, rica, a personificação da perfeição aos olhos da alta sociedade. Como ele podia preferir uma mendiga insignificante, uma intrusa sem berço nem futuro?
"É inacreditável," ela murmurou, a voz carregada de incredulidade e raiva. "Eu sou tudo o que ele sempre quis, tudo o que ele precisa. Como ele pode ser tão cego?"
Elizabeth, sentada em uma poltrona luxuosa, observava Annelise com um olhar de cumplicidade. "Não se preocupe, querida," ela disse, com um sorriso venenoso. "Lysander está apenas passando por uma fase. Ele logo perceberá o erro que está cometendo e voltará para você."
"Mas e se ele não voltar?" Annelise perguntou, com um tom de preocupação. "E se ele realmente se apaixonar por essa... essa criatura?"
Elizabeth soltou uma gargalhada sarcástica. "Isso nunca vai acontecer. Lysander é um Blackwood, e os Blackwood não se misturam com a ralé. Ele pode se divertir com ela por um tempo, mas no final, ele sempre escolherá o que é melhor para a família."
"Você tem certeza?" Annelise insistiu, com um olhar desconfiado. "Lysander parece tão decidido, tão apaixonado..."
"Eu conheço meu filho melhor do que ninguém," Elizabeth respondeu, com um tom autoritário. "Eu sei como manipulá-lo, como fazê-lo obedecer. O casamento dele com você é inevitável, Annelise. É o destino."
Annelise sorriu, sentindo-se reconfortada pelas palavras de Elizabeth. Ela confiava na astúcia e na determinação da matriarca Blackwood, sabia que ela não permitiria que nada nem ninguém atrapalhasse seus planos.
"Então, o que devemos fazer?" Annelise perguntou, com um olhar conspiratório. "Como vamos nos livrar dessa Amara de uma vez por todas?"
Elizabeth sorriu, revelando seus dentes afiados como os de uma predadora. "Não se preocupe, querida. Eu tenho um plano. Um plano que garantirá que Lysander volte para seus braços, e que essa mendiga desapareça de nossas vidas para sempre."
Enquanto Elizabeth e Annelise tramavam seus planos maquiavélicos, Lysander procurava por Amara, ansioso para se redimir e mostrar a ela o quanto se importava. Ele a encontrou em seu pequeno apartamento, olhando pela janela com um olhar melancólico.
"Amara," ele disse, com a voz embargada pela emoção. "Eu sinto muito pelo que minha família fez. Eles não te conhecem, não sabem o quão maravilhosa você é."
Amara se virou, surpresa ao vê-lo. "Lysander," ela disse, com um sorriso triste. "Você não precisa se desculpar. Eu sei que sua família não me aceita, que eles querem que você se case com outra pessoa."
"Mas eu não quero me casar com outra pessoa," Lysander respondeu, com veemência. "Eu quero me casar com você, Amara. Eu te amo mais do que tudo neste mundo."
Amara sorriu, sentindo o coração se aquecer com as palavras de Lysander. Ela sabia que ele era sincero, que seus sentimentos eram verdadeiros. Mas o medo ainda a paralisava, impedindo-a de se entregar completamente ao amor que ele lhe oferecia.
"Eu preciso de tempo, Lysander," ela disse, com um tom hesitante. "Eu preciso resolver meus problemas, me libertar do meu passado. Só então poderei te dar uma resposta."
Lysander assentiu, compreendendo a necessidade de Amara. Ele sabia que não podia forçá-la a amá-lo, que precisava respeitar seus sentimentos e dar-lhe o espaço que ela precisava.
"Eu vou esperar por você, Amara," ele disse, com um olhar apaixonado. "Eu vou esperar o tempo que for preciso. Porque eu sei que somos almas destinadas, e que no final, ficaremos juntos."
E assim, com a promessa de um futuro incerto, Lysander e Amara se permitiram desfrutar do presente, dos momentos de alegria e cumplicidade que compartilhavam. Eles passeavam pelos parques da cidade, dançavam sob a luz das estrelas, riam das piadas um do outro e se perdiam em beijos apaixonados.
A cada dia que passava, os sentimentos de Amara por Lysander se intensificavam, e o medo de seu passado diminuía. Ela começava a acreditar que talvez, apenas talvez, ela pudesse ter uma vida feliz ao lado dele.
Mas o destino, como um mestre cruel, reservava novas provações para Lysander e Amara. Elizabeth e Annelise, movidas pela inveja e pela ambição, estavam prontas para atacar, dispostas a tudo para separar os dois amantes e garantir o futuro que elas tanto desejavam.
A presença de Lysander na vida de Amara era como um raio de sol rompendo as densas nuvens de uma tempestade. Sua gentileza, sua generosidade e seu amor incondicional a envolviam em um abraço caloroso, dissipando as sombras do passado e iluminando o caminho para um futuro melhor.
Lysander a incentivava a perseguir seus sonhos, a acreditar em seu potencial, a se libertar das amarras da pobreza e da desesperança. Ele a ajudava a encontrar um emprego digno, a aprimorar suas habilidades, a construir uma vida estável e independente.
Amara, com o coração transbordando de gratidão, hesitava em aceitar a ajuda de Lysander. Ela não queria ser vista como uma interesseira, uma aproveitadora que se beneficiava da riqueza e da posição social dele. Mas a insistência de Lysander, sua genuína preocupação com seu bem-estar, a convenciam a aceitar sua ajuda, não como uma esmola, mas como um gesto de amor e companheirismo.
A cada dia que passava, Amara se sentia mais forte, mais confiante, mais capaz de enfrentar os desafios da vida. Ela sabia que não estava sozinha, que tinha Lysander ao seu lado, pronto para apoiá-la, protegê-la e amá-la incondicionalmente.
Enquanto isso, Annelise fervia de raiva e frustração a cada vez que presenciava as demonstrações de afeto entre Lysander e Amara. Ela não suportava a ideia de que Lysander pudesse preferir uma mulher simples e humilde a ela, uma dama da alta sociedade, rica, elegante e culta.
A inveja a corroía por dentro, transformando-a em uma pessoa amarga e rancorosa. Ela não conseguia entender o que Lysander via em Amara, o que o atraía para aquela mulher insignificante.
Em um dia ensolarado, enquanto Lysander estava trabalhando em seus negócios da família, Elizabeth decidiu agir, movida pela raiva e pelo desespero. Ela saiu da mansão Blackwood e foi ao encontro de Amara, disposta a tudo para afastá-la de seu filho.
Ao encontrar Amara caminhando pela rua, Elizabeth a abordou com um olhar de desprezo e um tom de voz venenoso. "Você," ela disse, com escárnio. "O que você pensa que está fazendo? Acha que pode roubar Lysander de mim e da minha família?"
Amara, surpresa com a abordagem agressiva de Elizabeth, tentou manter a calma e a compostura. "Eu não estou roubando ninguém, senhora," ela respondeu, com firmeza. "Lysander está comigo por vontade própria."
"Não seja tola," Elizabeth retrucou, com um sorriso sarcástico. "Lysander está apenas sendo gentil com você, como ele seria com qualquer pessoa necessitada. Ele não te ama, ele sente pena de você."
As palavras de Elizabeth atingiram Amara como um soco no estômago. Ela sabia que Elizabeth estava tentando manipulá-la, fazê-la duvidar de seus sentimentos e de seu relacionamento com Lysander. Mas a crueldade e a maldade da matriarca Blackwood a chocavam profundamente.
"Eu não acredito em você," Amara disse, com a voz embargada pela emoção. "Eu sei que Lysander me ama, e eu o amo também."
Elizabeth soltou uma gargalhada estridente. "Você é tão ingênua," ela disse, com desdém. "Você acha que o amor é suficiente para superar as diferenças sociais, as expectativas familiares, o peso da tradição? Você está enganada."
Em um gesto desesperado, Elizabeth abriu sua bolsa e retirou um maço de notas, oferecendo a Amara uma quantia exorbitante de dinheiro. "Pegue," ela disse, com um tom de voz frio e calculista. "Pegue todo esse dinheiro e suma da vida de Lysander. Vá para outro país, mude de nome, faça o que quiser. Apenas deixe meu filho em paz."
Amara olhou para o dinheiro com repulsa. Ela não era uma interesseira, uma mercenária disposta a vender seu amor por alguns trocados. Ela era uma mulher honesta, íntegra, que valorizava os sentimentos e os princípios acima de tudo.
"Eu não quero seu dinheiro," ela disse, com a voz carregada de indignação. "Eu não vou vender meu amor por nada neste mundo. Você é uma mulher cruel, Elizabeth Blackwood. Você não ama seu filho, você só se importa com o seu poder e com o seu prestígio."
Elizabeth, furiosa com a recusa de Amara, cerrou os punhos e a encarou com um olhar de ódio. "Você vai se arrepender de ter me desafiado," ela disse, com um tom ameaçador. "Eu vou fazer da sua vida um inferno. Eu vou te destruir."
Amara não se intimidou com as ameaças de Elizabeth. Ela sabia que estava enfrentando uma inimiga poderosa e implacável, mas não estava disposta a ceder. Ela lutaria por seu amor, por sua felicidade, por seu futuro ao lado de Lysander.
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