O Outro Pai , Do Meu Filho.
PRÓLOGO
Sou Lysandre, tenho uma floricultura e fui casado por seis meses. Hoje sou viúvo e sou pai solo de um bebê de sete meses. Deixa eu resumir, para vocês.
Eu e Isadora, minha falecida esposa. Conhecemos-nos na adolescência, eu com meus 14 anos no nono ano e ela no segundo ano do ensino médio, com 16 anos.
Eu me descobri ‘gay’ muito novo, tinha uma paixão por um menininho da escola. André, e eu o achava lindo, ele me ajudou quando eu levei um tombão no pátio. Nós viramos amigos, e uma semana depois me declarei, bobo. Ele foi um idiota e me humilhou diante de toda a turma, me chamou de escória, nojento e tarado. Fui vaiado e diariamente me batiam, ele espalhou que eu tinha o assediado. Mas eles não me esnobaram, Isadora e Miguel. Eles me ajudaram e nos tornamos amigos inseparáveis.
Miguel era da minha turma, mas nunca conversamos. Isa era da turma do babaca.
Enfim, crescemos e Miguel fez faculdade de direito e trabalha num escritório. Eu comecei a trabalhar na floricultura da avó da Isa com ela, ainda no ensino médio. Interessei-me pelo assunto e fiz pós-graduação em botânica e curso em arranjo de flores, a Isa ficou mais na administração.
A avó de Isa teve câncer de intestino e faleceu depois de quatro meses de descoberta da doença. Foi horrível, ela era muito querida e animadíssima conosco.
Como ela só tinha a Isa de neta, e os pais da mesma não moravam no Brasil. Ela deixou a casa onde morava e a floricultura para Isa. Eu e ela passamos a morar juntos, na antiga casa da avó, que era acima da floricultura. Miguel também sempre ia para ficar conosco, quando não estava trabalhando ou na casa da namorada.
Meus pais, depois que saí de casa, foram pro interior de São Paulo. Eles preferiam ir morar num sítio da família, minha irmã Pâmela casou e mora em São Paulo.
Miguel também se casou, viveu bem por quase um ano. Porém, ele e a esposa estão passando por uma crise, acredito que vão se separar.
Eu e a Isa, saímos quase todo fim de semana, e em todos nunca voltamos juntos.
Eu arrumava algum carinha , e a Isa não era diferente.
Em uma de muitas saídas, conheci um gatinho, Thiago. Saímos pro motel e transamos.
Grande desperdício, se arrependimento matasse e nem estaria aqui.
Ele era muito bonito, mas um bonito cheio de si, falou tanto que era fodástico na cama e na hora H a única coisa grande era o ego mesmo. E pensar que o gato que estava com a Isa, também me queria, mas deixei para lá, pois ela parecia curtir ele.
O cara parecia me querer mesmo e para desistir só quando fiquei com Thiago na frente dele.
Mas... Fiz o broxa do Thiago me deixar a duas quadras de casa, fui embora sem deixar meu número. Nunca mais.
Quando cheguei Isa não estava, chegou no outro dia com cara de quem foi muito bem comida. Um cara parecia a brutalidade em pessoa , era um marginal pessoa grosseira e violenta mas era extremamente gostoso , fiquei até curioso...
Isa não gosta desse tipo , mas eu? Porra! O cara era minha alma gêmea.
Ela gostou , mas não sairia uma segunda vez. Saciou a curiosidade. Ela preferia os mauricinhos , que nem o Thiago. Brincamos que trocamos os pares , ela com certeza já estaria de casamento marcado , dois emocionados.
Depois disso , como estávamos em junho. Mês dos namorados. A floricultura bombou , sempre estava cheia de pedidos pra arranjos.
Uns dias depois , a Isa começou a passar mal e a emagrecer grosseiramente. Ela tinha febres , e dores no abdômen.
Ficamos preocupados e levamos ela ao hospital.
No dia que recebemos o diagnóstico , foi o pior dia de nossas vidas. Isa tinha a mesma doença que a avó , câncer no intestino. Em meio aos exames, descobrimos que ela também estava grávida de três semanas , a única certeza que ela tinha era que o bebê é filho do tal marginal. Que ela lembra o nome , Douglas que mora numa comunidade.
Minha amiga se recusou a fazer um tratamento , ela teria mais chances que sua avó. Aquilo deixou eu e Miguel , devastados. Nossa amiga estava dando a vida pela do filho e deixou-me incumbido de ajudar a encontrar o pai.
E como ia dizendo no começo , hoje meu filho tem sete meses e chegou a hora de me encontrar com outro pai.
Lysandre Duarte
Lysandre Duarte
26 anos
1,74
Douglas Ferreira
Douglas Ferreira
28 anos
1,93
' Caveira ,
Benício Duarte
Benício Duarte
07 meses
62 cm
Miguel Monteiro
Miguel Monteiro
24 anos
1,80
Thiago Martins
Thiago Martins
22 anos
1,81
1° capítulo
Passou-se um mês da descoberta da doença e da gravidez, devo acrescentar que fizemos de tudo para encontrar o tal papai.
Conseguimos até as filmagens do dia na casa de show,mas nada. Ninguém conhece ou ouviu falar no cara , ele é simplesmente um fantasma.
Isadora estava fazendo pré-natal , mas dava pra ver que ela estava a cada dia mais debilitada. Eu e Miguel estávamos tentando ser fortes, mas era muito difícil.
Ela era apenas uma jovem bonita , nos seus 26 anos , aquilo não era justo com ela e nem com o bebê. Que , na pior das hipóteses , ficaria sem a mãe e possivelmente sem pai. O que iríamos fazer?
A Isa fez dois meses de gestação e no dia de ouvir o coraçãozinho do bebê , foi o dia mais emocionante da minha vida. Ali eu descobri que amava aquele serzinho , como se fosse feito meu.
Talvez fosse o mesmo sentimento do Miguel , pois quase alagamos a sala do médico de lágrimas. Eu nem sei explicar a emoção que senti , eu amo esse serzinho de verdade. Acho que amor de pai é assim mesmo.
Depois do pré-natal, chegamos em nossa casa com Isadora, bastante cansada. A essa altura Miguel também estava morando com a gente, como eu Previ ele está se separando, está passando por um divórcio um pouco com perturbado
Ele foi fazer o jantar e eu fiquei cuidando da minha amiga. Ela reclama que eu estou tratando feito um bibelô, mas eu não ligo, amo demais e irei cuidar dela enquanto eu puder, eu ainda acredito no milagre e esse milagre é esse bebezinho na barriga dela que me dão forças para não desabar diante dessa situação. Isadora se senta no sofá e eu faço massagens nos pés dela.
Isadora Rodrigues
—Eu estou ficando sem esperança, está tão difícil amigo.
Lysandre Duarte
—Para de falar assim, não gosto quando você tem essas crises de negatividade, sabe que fé e pensamento positivo fazem milagres né.
Isadora Rodrigues
—Eu sei, e é por isso que eu quero que você se case comigo.
Eu dou risada mas vou parando aos poucos ao perceber ela séria ponto com o susto até pare de massagear os pés dela.
Lysandre Duarte
—Amiga? Como assim? Eu sou gay.
Isadora Rodrigues
— Não estou pedindo que transe comigo Ly, quero apenas se casar comigo, quero que registre meu filho como seu filho Ly se você não registrar ele irá para um abrigo, pois não encontramos o pai dele e meus pais nem vieram me ver ao saber da minha doença, imagina arcar com a responsabilidade e criar um bebê ponto e também casando comigo você e meu filho ter um lugar para ficar e estarão estabilizados com a floricultura. Por favor, Ly.
Miguel Monteiro
—Ela tem razão amigo, infelizmente essa é a única saída diante da situação.
Olho de boca aberta para Miguel pois nem tinha percebido ele se aproximar.
Lysandre Duarte
—Miguel...
Miguel Monteiro
—Vamos jantar Ly, enquanto isso você pensa. Depois com mais calma você decide o que fazer, mas pense bem, pelo bebê e pela Isa, eu não me candidatei porque eu estou no meio de um processo de divórcio que a Amanda se recusa a assinar ainda mais se souber quero me casar, mesmo que seja por motivos tão contundentes.
Isadora Rodrigues
—Mas não demore muito Ly, se você não quiser teria que arranjar outra solução para deixar o meu bebê aos cuidados de alguém. Eu sei que bastaria registrar, mas não quero que meus pais tentem brigar pela casa e floricultura aqui de minha avó me deixou. Você sabe que ela fez tratamento para mim, Você e nosso bebê herdaram tudo.
Lysandre Duarte
— Ele herdará , eu não ficarei com nada.
Isadora Rodrigues
— Eu sei , Ly. Por isso você é a pessoa certa pra ficar com ele, sei que com você ele será a criança mais feliz do mundo.
Eles seguem em direção a cozinha , e eu os acompanho mordendo o lábio.
Lysandre Duarte
— Isadora , você sabe que você e essa bolinha são meus amores. Mas eu me sinto um aproveitador cansando com você e garantindo meu futuro , é bizarro saber que estamos esperando você...
Mordo mais uma vez o lábio , e minha garganta fecha e meus olhos enchem de lágrimas.
Lysandre Duarte
— Desculpa...
Miguel ao meu lado suspira , e a mesa cai em silêncio.
Isadora Rodrigues
— Não precisa se desculpar , eu sei que vou morrer , Ly.
Ela diz trêmula , e isso me faz desabar no choro e desencadeia todos a chorarem juntos. Ela segura minha mão e a de Miguel.
Isadora Rodrigues
— Já sabíamos que todos iríamos morrer , né? Mas não queria que fosse tão cedo , mas nós não temos o poder de escolher a data nem hora. Se fosse assim , eu escolheria viver por 100 anos , criando o nosso filho. Sim ele é nosso filho , porque mesmo sem o pai biológico , vocês já são os pais dele. Como vocês são meus pilar , minha fortaleza. Vocês serão o dele.
Lysandre Duarte
— Não fala assim , Isa...
Isadora Rodrigues
— .... Você sabe que é verdade ,vocês são meu grudinho e serão o grudinho dele também.
Ela suspira , e me olha seriamente.
Isadora Rodrigues
— Eu não quero morrer sem ter a segurança do meu filho. Mas não quero te pressionar , se você não quiser eu posso...
Lysandre Duarte
— Eu caso!
A interrompi , não aguento mais ela falar que vai morrer.
Lysandre Duarte
— Eu me caso com você, e registro nosso bebê. Fique tranquila.
Miguel bate palmas feliz e emocionado. Isadora me puxa pra um abraço caloroso.
Isadora Rodrigues
— Obrigado, obrigado Ly...
Lysandre Duarte
— Sem agradecimentos , ganhei uma noiva rica e de brinde um útero feito Kinder. Eu que agradeço.
Isadora Rodrigues
— Ridículo. Tem sempre que quebrar o clima.
Lysandre Duarte
— Tá , tá. Vamos comer esse veneno que o Guel fez.
Miguel Monteiro
— Que morra envenenado , tá uma delícia isso. E cadê a aliança da sua noiva , e o selinho.
Lysandre Duarte
— Eca que nojo , bixa!
Amanda me dá um selinho simples , nunca tivemos problema.
Lysandre Duarte
— De aliança, te dou o lacre do pai de forma.
Isadora Rodrigues
— Que romântico.
Rimos e conversamos o jantar todo, eu faço piadas para melhorar o clima.
Antes de dormir, eu realmente sou a "aliança" para ela, que prontamente prende no cordão nos eu pescoço. Particularmente eu achei brega,mas ela não tem problema com isso.
2° capítulo
Menos de quinze dias depois a Amanda passou muito mal e teve que ser internada, essa foi a primeira internação longa dela.
Eu me desesperei e larguei tudo para ficar no hospital com ela, a floricultura estava por conta dos funcionários e do Miguel que estava trabalhando de casa. Ele tinha um escritório.
Isadora voltou só para casa depois de 7 dias de internação, porém estava em repouso absoluto. E ainda tinha risco de contrair uma infecção, aliás foi por esse motivo que foi liberada do hospital pois definitivamente ela não estava com condições de ir para casa.
Enfim... Estávamos isolados, por ela. Eu e Fernando usávamos máscaras e muito álcool 70 em gel, a imunidade dela estava baixíssima, qualquer vírus que contra isso poderia ser fatal.
Mesmo com tudo isso, uma semana depois dela voltar para casa eu e ela nos casamos.
Os únicos presentes além de nós, foram apenas com Miguel e alguns funcionários da floricultura, todos devidamente higienizados e mascarados.
Miguel conseguiu que um juiz de paz fosse até a nossa casa fazer nosso casamento.
Um tempo depois, já casados, na consulta com obstetra conseguimos ver o sexo do bebê e eu quase tive um treco de tanto que fiquei feliz ao saber que era um garoto, Miguel e Isa não foram diferentes.
Estávamos gravando e fotografando tudo para deixar para o nosso bebê, Isa estava escrevendo de próprio punho um diário de gravidez, nos dias em que ela estava um pouco debilitada eu escrevi enquanto ela ditava.
Mudei minhas coisas para o quarto da Isa e passei a dormir com ela, até para estar presente sempre quando ela precisasse à noite, sei que não atrapalho, pois a cama dela é gigante e nem nos esbarramos enquanto dormimos.
Meu antigo quarto comecei a pintar para deixar para o bebê, comecei também a comprar o enxovalzinho dela pela internet e Amanda me ajudava e opinar vem tudo, achei foda ela querer participar de tudo e não se sentir mal com isso.
Quando a gestação fez cinco meses a Amanda foi internada de novo, nesse caso o desespero foi maior, pois o risco de perder nosso bebê era imenso.
Ela foi proibida até de se levantar da cama, qualquer coisinha de nada poderia causar um aborto, foram nossos piores momentos depois da descoberta da doença da gravidez isso não poderia acontecer NUNCA.
Chegou a seis meses de gestação e o médico optou por fazer uma cesariana, nosso filho nasceu pesando 750 g e foi direto para incubadora, era um serzinho que mal cabia na palma da mão e me despertou um cuidado, uma quentura, um amor imensurável que não sei escrever, ficava olhando por horas aquele bebê que até as fraldinhas próprias para prematuro ficavam enormes nele e achava um bebê mais lindo do mundo, apesar do Miguel dizer que ele mais parecia um filhotinho de gato sem pelos. Registramos ele e ele passou a se chamar Benício Duarte Rodrigues, o Rodriges é da Isadora e o Duarte meu.
Quanto a Isadora, os médicos correram contra o tempo e iniciaram a quimioterapia nela, ela Faria seis sessões para depois fazer a cirurgia para retirada do tumor, mais quatro meses depois ela se foi, e parece que ali a minha ficha caiu, eu sabia que minha amiga e esposa estava muito doente mas eu não tinha perdido a esperança, era algo absurdo acreditar que ela não estaria aqui para ver nosso filho crescer
Depois do enterro dela eu, Miguel e Benício voltamos para casa e ficamos no sofá por muito tempo tentando absorver a perda da Isadora, ela se foi e deixou um buraco imenso em nosso coração, até o Bení pareceu estar sentido que algo muito triste aconteceu pois está quietinho no meu colo parecendo estar pensativo enquanto chupa sua chupeta.
Passaram-se dois meses e um dia Miguel entra de olhos regalados em nossa casa, eu que estou na mesa terminando de dar o jantar a Bení me assusto, não darei conta de mais uma notícia ruim.
Miguel Monteiro
—Encontrei ele.
Ele diz e eu limpo a boquinha de Benício e me levanto.
Lysandre Duarte
— Encontrou quem?
Entrego uma chuquinha com água para o Benício e presto atenção em Miguel.
Miguel Monteiro
— O outro pai do Bení. Eu o encontrei.
Mas a cara dele não é nada boa, aliás ele me parece bem assustado.
Lysandre Duarte
— Como? Agente revirou essa cidade inteira e nada.
Miguel Monteiro
— Você e a Isadora estavam tão envolvidos com tudo que estava acontecendo e meio que pararam de procurar, mas eu continuei. Lembra que eu pedi para um amigo meu da polícia fazer um retrato falado?
Lysandre Duarte
— Lembro. Está no diário de gravidez da Isa.
Miguel Monteiro
— Meu amigo fez duas cópias e ficou com uma para me ajudar a procurar, e hoje ele me ligou e disse que com aquele retrato, conseguiu descobrir que o tal está na lista de um dos caras mais procurados aqui do Rio.
Arregalo os olhos e estarrecido. Como assim procurado?
Lysandre Duarte
— Procurado por quem? Por quê?
Miguel Monteiro
— Pela polícia. O cara é um traficante, dono do morro do fuligem ele é um puta bandidão.
Estou literalmente de boca aberta olhando para ele que abre uma pasta que instala em sua mão e eu nem tinha reparado nela.
Ele retira a foto do retrato falado que eu e a Isadora fizemos e o retrato impresso do cara, nitidamente a mesma pessoa e claro o nome é o mesmo: Douglas Ferreira, mais conhecido como Caveira O dono do morro do fuligem.
Olho para Miguel e a expressão dele é muito mais assustada que a minha. Não sei porquê, mas essa notícia me deu uma certa esperança.
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