Entre Sombras e Desejos
1.
O sol da manhã atravessava as cortinas finas da sala, iluminando o cheiro de café fresco que se espalhava pelo ambiente. Ele estava sentado no sofá, descalço, ainda com a camiseta amarrotada da noite anterior. Aquela era uma das raras vezes em que podia descansar em casa, longe das câmeras, longe da correria dos fãs e da imprensa.
A mãe surgiu na cozinha, com a pasta de trabalho debaixo do braço e a expressão cuidadosa de quem sabe que vai dar uma notícia inesperada.
chohee
— filho...-ela começou, pousando a xícara de café diante dele.- eu preciso viajar. É a trabalho, sabe como é.vou ficar fora por alguns meses.
Rui
Ele ergueu os olhos, um pouco surpreso. - e eu ? Vai me deixar sozinho aqui?
chohee
Ela suspirou, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha . - Não exatamente. Seu pai já sabe ...e você vai pro Brasil ficar com ele.
Um silêncio pesado tomou conta do ar. O modelo se recostou no sofá, tentando processar a ideia. Brasil. Seu pai. Duas palavras que, juntas, nunca soavam fáceis.
chohee
Mais nada rui -ela chega mais perto me abraçando. — seu pai quer se desculpar e passar mais tempo com você filho, tenta entender o lado dele.
chohee
Obrigada filho,espero que eu não fique muito tempo na viagem, vou sentir sua falta-ela fala fazendo cafuné no meu cabelo
Rui
Eu também espero — faço cara de cachorro coitadinho
chohee
não faz essa cara rui,você vai gostar do Brasil
Rui
A última vez que eu fui lá eu tinha uns 7 anos por aí
chohee
aproveita muito lá tá bom?quando estiver chegado me manda mensagem ok?
Rui
Ok! - abro um sorriso no rosto
Logo minha mãe recebeu uma ligação e atendeu seu celular
chohee
Ah sim ,entendi *no celular* tá bom já estou indo . -minha mãe desliga o celular
chohee
Filho eu vou ter que ir agora, arruma suas malas, toma um banho e pede para o nosso motorista te levar até o aeroporto ok? Vou ter que ir agora,ainda vou ter uma reunião antes de ir
Rui
Ok mãe,te amo — abraço minha mãe, parecia que seu abraço era o último, parecia mais reconfortante que os outros, eu não queria deixar ela ir,mais não poderia fazer nada, já que eu também iria embora
2.
Respiro fundo, tentando guardar a sensação daquele abraço, como se pudesse congelar o tempo por alguns segundos. Vejo minha mãe se afastar apressada, os saltos ecoando pelo mármore do hall, até desaparecer atrás da porta. O silêncio da casa parece maior depois que ela vai embora.
Subo para o meu quarto e começo a arrumar minhas malas. Cada peça de roupa que coloco dentro parece pesar mais do que deveria, como se carregasse não apenas tecidos, mas lembranças, medos e expectativas. O Brasil... fazia anos que eu não via meu pai, e agora teria que passar meses ao lado dele. A ideia era estranha, quase desconfortável.
Enquanto fecho o zíper da mala, meu celular vibra.
Uma mensagem nova.
> "Estou esperando você lá . não se atrase ".
Meu coração acelera. Reconheço aquele número imediatamente.
"Como ele conseguiu meu número tão rápido?
Rui
Serio que minha mãe passou meu número para esse escroto?
Rui
"Afss" -falo saindo do quarto e indo para o banheiro
Rui
Tenho que tomar um banho bem caprichado e vestir minha melhor roupa, a final,eu vou para o Brasil né
Rui
ainda bem que eu aprendi português
Rui
Se não eu estaria lascado 😹
Entro no banheiro, fecho a porta e encaro meu reflexo no espelho.
Rui
— Tá... respira. — falo baixinho para mim mesmo.
A água quente começa a cair, e junto dela a sensação de que algo enorme está prestes a acontecer. Não é só uma viagem qualquer, é o Brasil, o lugar onde meu pai vive. O mesmo pai com quem quase não tenho contato.
Rui
— Será que ele vai gostar de me ver? — penso em voz alta, passando a mão pelos cabelos molhados.
Depois do banho, visto minha melhor roupa: uma calça jeans escura, camisa branca e uma jaqueta leve. Dou um último sorriso nervoso para o espelho
Rui
— É isso. Partiu Brasil.
Enquanto desço as escadas, a ansiedade cresce. No fundo, uma parte de mim está animada... mas outra teme o que vou encontrar.
3.
Assim que coloco a mala no porta-malas do táxi, respiro fundo, tentando acalmar o coração acelerado. O motorista me olha pelo retrovisor e sorri de leve.
Rui
— Sim… * respondo, a voz mais baixa do que eu esperava*
A cada esquina da cidade que deixo para trás, minha mente insiste em imaginar como será a chegada. O cheiro, as ruas, as pessoas falando uma língua que soa estranha e, ao mesmo tempo, familiar.
No avião, encontro meu assento perto da janela. Aperto o cinto, fecho os olhos por um instante e sinto o peso de tudo o que está prestes a mudar.
Rui
“Será que ele vai me reconhecer? Será que vai me abraçar… ou apenas me olhar como quem encara um estranho?”
A voz da aeromoça anunciando a decolagem me arranca desses pensamentos. As turbinas rugem, e meu corpo é pressionado contra a poltrona. Lágrimas discretas ameaçam cair, mas seguro firme. Não quero que ninguém perceba.
Olho pela janela e vejo as nuvens ficando cada vez mais próximas. Um novo capítulo começou, e eu não tenho ideia de como será o final.
O pouso é brusco, me fazendo despertar de um sono leve e inquieto. O anúncio da tripulação ecoa no avião, mas quase não escuto — meu coração bate tão forte que é como se ocupasse todo o espaço dentro de mim.
Quando o avião finalmente para, sinto um frio na barriga. O corredor se enche de vozes em português, rápidas, intensas, quase musicais. É estranho… e bonito. Pego minha mochila e sigo o fluxo de pessoas, tentando não demonstrar o quanto minhas mãos tremem.
A porta do desembarque automático se abre, e um calor diferente me envolve. O ar do Brasil tem outro cheiro, mais úmido, mais vivo. A cada passo, a ansiedade cresce.
Rui
“Será que ele veio? Será que está mesmo aqui?”
Meus olhos percorrem a multidão do saguão. Placas com nomes, famílias que se abraçam, risos altos ecoando. Até que vejo.
Um homem parado, braços cruzados, olhar fixo em mim. O mesmo olhar que vi em poucas fotos antigas.
Meu corpo congela por um segundo.
Ele descruza os braços e dá um passo à frente.
jun-ho
— Então… você chegou. — a voz é firme, grave, carregada de algo que não sei decifrar: surpresa, nervosismo ou… saudade.
Rui
Engulo em seco, ajeito a alça da mochila no ombro e forço um sorriso nervoso.
— Cheguei.
Para mais, baixe o APP de MangaToon!