Isabella Salvatore.
Eu sempre soube que a vida não seria fácil para mim. Não porque me faltasse algo, mas justamente porque eu nunca aceitei menos do que o mundo inteiro aos meus pés.
Meu nome é Isabella Salvatore, tenho 21 anos, e sou a fundadora e CEO da Divina Glow, a marca de cosméticos que redefiniu o conceito de luxo, beleza e poder.
Muitos acham que nasci em berço de ouro. A verdade é que nasci na Sicília, em meio a tradições antigas, onde a maioria acreditava que mulheres deveriam se calar e apenas seguir ordens. Eu fui a exceção. Desde muito jovem, aprendi a lutar pelo que queria, e hoje carrego comigo não apenas a força do meu sobrenome, mas a ousadia de ter construído um império que poucos ousariam sonhar.
Quando caminho pelos corredores de vidro da sede da Divina Glow, vejo muito mais que números em relatórios: vejo cada noite sem dormir, cada olhar de descrença que enfrentei, cada obstáculo que transformei em degrau.
E mesmo assim, minha vida não se limita aos negócios.
Sou também modelo internacional, estampando capas da Vogue, Harper’s Bazaar, Elle… Não porque eu precise, mas porque o mundo inteiro insiste em querer ver o rosto por trás da marca. E, confesso, eu gosto de provocar essa curiosidade. A beleza foi meu cartão de entrada, mas a inteligência foi minha arma secreta.
Hoje, mais uma vez, me preparo para um movimento que mudará o rumo do meu império.
Acabei de assinar o contrato mais importante da minha carreira. Uma parceria bilionária com uma empresa internacional cujo nome carrega poder suficiente para abalar qualquer concorrência. Todos celebram, meus advogados me felicitam, meus acionistas comemoram — mas existe um detalhe: eu ainda não conheço o CEO dessa empresa.
E isso me intriga.
Quem é esse homem que aceitou unir forças com a minha marca, sem ao menos ter sentado frente a frente comigo?
Alguém que joga nas sombras… ou alguém que prefere me observar de longe antes de revelar sua face?
Enquanto penso nisso, ajeito meus cabelos castanhos lisos diante do espelho de cristal do meu escritório. Meus olhos azuis — sim, eles sempre foram minha marca registrada — refletem a imagem da mulher que o mundo inteiro aprendeu a amar e temer ao mesmo tempo. Eu visto um vestido preto de seda que abraça minhas curvas com elegância. Não sou apenas a CEO, nem apenas a modelo… Eu sou o símbolo de tudo que construí.
Minha secretária anuncia uma reunião inesperada. Meu coração dispara, mas meu rosto permanece frio, calculista. Dizem que o novo CEO pode vir pessoalmente à Sicília em breve para selar o contrato oficialmente.
E, no fundo, eu sinto… que quando esse momento chegar, minha vida não será mais a mesma.
Talvez porque eu pressinta que esse homem não carrega apenas poder econômico, mas também uma escuridão que pode se entrelaçar com a minha luz.
Mas uma coisa é certa:
Eu não nasci para ter medo.
Eu nasci para enfrentar o mundo.
E, se esse CEO misterioso ousar entrar no meu caminho… que esteja preparado para conhecer Isabella Salvatore, a mulher que não negocia fraquezas.
Poucos sabem, mas por trás dos saltos altos, das capas de revista e do título de CEO, existe outra versão minha. Uma que não brilha sob os holofotes, mas que sua no tatame, que sangra nos treinos e que respira luta.
Desde criança, eu sempre fui fascinada pela ideia de ser capaz de me defender. Não porque eu tivesse medo, mas porque eu queria provar — primeiro a mim mesma — que força não está no tamanho ou no gênero. Então, aos nove anos, entrei no meu primeiro treino de boxe. Logo depois, mergulhei de cabeça no jiu-jítsu e, mais tarde, na defesa pessoal. Hoje, aos 21, posso dizer com orgulho: sou uma das melhores.
Meu corpo aprendeu a linguagem da luta como se fosse uma extensão da minha alma.
E é exatamente por isso que, todas as manhãs, antes mesmo de assinar contratos ou dar entrevistas, eu visto meu uniforme e vou para o ginásio.
— Vamos, Isa! — grita Valentina, minha melhor amiga desde a infância. Morena de cabelos cacheados, olhos castanhos intensos, e uma energia que parece nunca acabar. Ela é como uma irmã para mim, e a única que tem coragem de me enfrentar sem medo.
Ao lado dela estão meus dois parceiros de treino: Lorenzo, alto, musculoso, sempre com um sorriso debochado no rosto, e Enzo, mais discreto, mas com uma técnica impecável que me desafia todos os dias.
— Hoje eu não vou pegar leve — aviso, colocando minhas luvas de boxe e encarando os três.
Eles riem, mas sabem que não estou brincando.
No ringue, não existe a CEO bilionária, nem a modelo internacional. Existe apenas Isabella Salvatore, a lutadora.
O primeiro round começa com Valentina. Seus golpes são rápidos, certeiros, mas eu conheço cada movimento dela. Esquivo, contra-ataco, giro o quadril e acerto um direto no abdômen. Ela perde o ar por um segundo, mas se recupera com um sorriso desafiador.
— Você nunca muda — ela ri, ofegante. — Sempre um passo à frente.
Depois é a vez de Lorenzo. A força dele é bruta, como um touro descontrolado, mas eu aprendi a usar isso contra ele. Deslizo, desvio, e aplico uma chave de braço que o faz bater no tatame.
— Droga, Isa! — ele resmunga, rindo e massageando o ombro. — Você vai me matar ainda.
Por último, Enzo. Ele é o mais difícil. Não porque seja mais forte, mas porque é frio, calculista, assim como eu. Nossos treinos são como uma dança de estratégia. Ele quase consegue me prender no chão, mas uso minha flexibilidade para inverter a posição e finalizar a luta.
Quando o treino termina, estamos todos suados, rindo e sem fôlego. Eu me deito no tatame, olhando para o teto, e sinto aquela sensação única de vitória. Não contra eles, mas contra mim mesma.
— Um dia, Isa, você vai usar isso de verdade, não apenas no tatame — diz Enzo, sério, enquanto bebe água.
Sei que ele tem razão. No fundo, sinto que minha vida está prestes a entrar em um jogo muito maior do que qualquer campeonato de luta. Um jogo onde não haverá árbitros, regras ou tapinhas de rendição.
Mas por agora, deixo a adrenalina fluir e aproveito o momento.
Eu sou Isabella Salvatore. CEO, modelo, lutadora.
E ninguém jamais poderá dizer que eu não sei lutar pelo que é meu.
A preparação para um desfile nunca foi apenas sobre roupas ou maquiagem. Para mim, é sobre presença. Sobre impacto. Ainda mais quando não é apenas um desfile: é também um baile beneficente, um dos mais comentados da Europa, que reunirá empresários, políticos, artistas e, claro, toda a imprensa.
Hoje, minha imagem não será só estampada nas passarelas, mas também nas colunas sociais. E eu sei que cada detalhe importa.
— Você vai arrasar, Isa — diz Valentina, ajustando o colar de diamantes no meu pescoço.
Meus olhos azuis refletem a luz do camarim. O vestido prateado desliza pelo meu corpo como se fosse parte de mim. Penteado impecável, lábios vermelhos, maquiagem da minha própria marca. Não é vaidade. É estratégia. Cada detalhe comunica poder.
— Quem sabe você não encontra alguém interessante hoje? — provoca Lorenzo, em seu smoking perfeito.
— Não estou aqui para isso — respondo, fria, sem desviar o olhar do espelho. — Estou aqui para representar a Divina Glow. Nada mais.
Ele ri, mas eu não.
O palácio siciliano escolhido para o evento é imponente, iluminado por lustres de cristal e velas que lançam sombras elegantes pelas paredes. Ao entrar, sinto os olhares. Eles sempre vêm. Curiosidade, inveja, desejo. Nada disso me afeta mais. Estou acostumada.
Mas então sinto algo diferente.
Um olhar que não me atravessa. Me mede. Me calcula.
Ele está no bar. Alto, impecável no smoking, a taça de uísque na mão como se tivesse nascido com ela. Não força presença, mas domina o espaço. Quando nossos olhos se encontram, percebo: esse homem não olha para mim como os outros. Ele me estuda.
— Isa… — murmura Enzo, ao meu lado. — Esse é Alessandro, um velho amigo.
Alessandro.
O nome corta o ar. Ele se aproxima com calma, como se não tivesse pressa nenhuma.
— Isabella Salvatore — sua voz é grave, firme. — Impossível não reconhecer.
Endireito os ombros. Minha postura é uma muralha. — Senhor Alessandro.
Ele arqueia a sobrancelha, curioso com a formalidade. — Apenas Alessandro, por favor.
— Eu prefiro manter certa distância — digo, polida, mas com frieza calculada. — Aproximações fáceis nunca me interessaram.
Ele sorri de canto, um sorriso que não chega aos olhos. — Direta. Gosto disso. A maioria tenta me agradar. Você não.
Olho para ele como quem analisa um número em um relatório: sem pressa, sem emoção. — Eu não tento agradar ninguém. Apenas faço o que precisa ser feito.
Um silêncio pesado se instala por um instante. Alessandro me observa, como se procurasse uma fissura na minha armadura. Não encontra nenhuma.
Sou chamada para os bastidores. Olho-o pela última vez antes de me afastar. — Tenha uma boa noite.
Viro as costas sem esperar resposta, consciente de que deixei mais perguntas do que respostas. É assim que prefiro.
Sou Isabella Salvatore. Fria. Intocável. Inacessível.
E é justamente isso que me torna inesquecível.
Mal imagino que Alessandro não é apenas um homem intrigado… mas o CEO bilionário com quem assinei meu contrato.
O salão principal do palácio estava lotado. Lustres de cristal refletiam a luz sobre os vestidos de gala, smokings impecáveis e joias cintilantes. Eu podia ouvir o sussurrar dos convidados, câmeras captando cada detalhe, flashes piscando sem parar. Era o tipo de noite que exigia mais do que beleza — exigia presença, postura e controle absoluto.
Antes de entrar no tapete vermelho do desfile, respirei fundo. Cada músculo do meu corpo estava treinado para momentos como esse. Treinos de boxe, jiu-jítsu e defesa pessoal não me prepararam apenas para a luta física; prepararam minha mente para permanecer intocável, fria e estratégica, mesmo sob pressão.
— Está pronta? — perguntou Valentina, ajustando meu vestido nos últimos detalhes.
— Sempre estou — respondi, com a voz calma, sem deixar transparecer o mínimo nervosismo.
Lorenzo e Enzo me acompanharam até a entrada do desfile. Eles não precisavam me proteger, mas a presença deles me dava segurança. Segurança de quem sabe que nenhum detalhe passa despercebido.
Assim que o desfile começou, senti todos os olhos voltados para mim. Modelos desfilaram antes de mim, mas quando meu turno chegou, o silêncio mudou de tom: atenção absoluta. Cada passo era medido. Cada movimento transmitia poder. Eu não era apenas Isabella Salvatore, CEO e modelo; eu era uma força inabalável, uma mulher que ninguém ousaria desafiar.
E então senti de novo: o olhar dele.
Alessandro estava no balcão do bar, imóvel, observando. Não precisava se mover, não precisava falar. Apenas olhava. E ainda assim, parecia controlar cada centímetro do salão com a presença silenciosa.
Quando terminei minha passagem, o público aplaudiu, mas meu olhar procurou apenas um ponto: ele. Alessandro manteve os olhos fixos em mim, e pude sentir que cada gesto meu era analisado, avaliado, estudado.
O baile começou logo em seguida. Conversas, risadas, brindes — tudo fazia parte da coreografia social. Mantive-me elegante, educada, mas fria e intocável. Nenhum sorriso fácil, nenhuma aproximação desnecessária.
E, claro, ele apareceu. Alessandro se aproximou, sem pressa, como se tivesse o controle absoluto do tempo.
— Fascinante — disse, quando finalmente estivemos a uma distância respeitável. — Você sabe que domina este salão sem precisar de palavras, não é?
Endireitei meu corpo, mantendo a postura impecável. — É o esperado de quem trabalha para manter uma imagem. E, de fato, ninguém aqui me domina.
Ele riu baixinho, curioso. — Eu gosto dessa sua… frieza. É rara. E elegante.
— Obrigada — respondi, de maneira polida, mas mantendo a barreira. — Elegância não significa interesse.
Ele inclinou a cabeça, estudando meu rosto, cada gesto. — Interessante. Muitos confundem frieza com arrogância. Você não. Você impõe respeito.
— E respeito é diferente de intimidade — retruquei, sem ceder. — Confiança não se dá. Conquista-se.
Alessandro ergueu levemente a taça em um brinde silencioso, mantendo o olhar firme. — Um brinde então… ao respeito.
— Um brinde — respondi, elegante, mantendo o olhar fixo no dele por apenas um instante antes de me virar e me afastar, intacta, como sempre.
Mesmo mantendo minha distância, senti sua presença como uma sombra constante. Ele não estava apenas interessado; estava intrigado. E, por algum motivo, isso me despertava uma curiosidade contida, embora jamais mostrasse.
O baile continuou, as músicas, os brindes, os passos de dança… Mas eu não me distraí. Cada gesto dele, cada olhar, era registrado, analisado. Alessandro não sabia que eu percebia tudo — porque Isabella Salvatore não deixa ninguém entrar, e muito menos um homem como ele.
E, ainda assim, a noite mal começava.
Mal sabíamos os dois que nossos destinos já estavam entrelaçados, e que o verdadeiro jogo ainda estava prestes a começar.
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