✓Comedia Romântica.
No coração vibrante do Brasil, onde o sol beija a terra e a música pulsa nas veias da cidade, existia Aurora, uma florista com a alma tão independente quanto as orquídeas selvagens que cultivava.
Sua floricultura, "O Refúgio das Flores", era um oásis de cores e aromas, mas para Aurora, era também um santuário de sua preciosa solidão.
"Relacionamentos?" ela resmungava para suas rosas, enquanto as podava com precisão. "
São como trepadeiras invasoras, sufocam o crescimento individual."
Sua rotina floresceu em uma bela manhã quando uma figura enigmática, uma senhora idosa com olhos que brilhavam como pedras preciosas, adentrou.
"O Refúgio das Flores".
Envolta em um xale de seda bordado com flores exóticas, ela sorriu para Aurora, um sorriso que parecia carregar séculos de segredos.
"Minha querida," disse a velha senhora com uma voz suave como o murmúrio do vento, "tenho aqui um presente para você.
Um amuleto que atrairá o amor para sua vida."
Ela estendeu um bracelete de prata adornado com pequenas esmeraldas que cintilavam como gotas de orvalho.
Aurora, cética, mas intrigada, aceitou o bracelete. "Obrigada," respondeu, "mas não tenho interesse em amor. Prefiro a companhia das minhas flores."
A velha senhora apenas sorriu. "O amor é uma flor que desabrocha quando menos esperamos. Use este bracelete e verá."
Assim que a senhora partiu, Aurora colocou o bracelete. Nada aconteceu. "Bobagem," pensou, voltando para suas orquídeas.
No dia seguinte, "O Refúgio das Flores" se transformou em um palco de comédia romântica.
O primeiro a aparecer foi Ricardo, um professor de literatura com a paixão de um trovador medieval.
Ele entrou na loja declamando sonetos de amor, com os olhos fixos em Aurora.
"Oh, florista celestial," ele exclamou, "sua beleza supera a mais bela das rosas!"
Aurora revirou os olhos. "Professor, por favor, estou trabalhando. Se quiser comprar flores, fique à vontade, caso contrário..."
"Comprar flores? Não, minha querida! Vim aqui para declarar meu amor eterno!"
Enquanto Aurora tentava se livrar do professor apaixonado, um aroma delicioso invadiu a loja.
Era Gabriel, um chef de cozinha famoso por seus pratos afrodisíacos. Ele carregava uma torta de morango decorada com pétalas de rosa.
"Aurora," disse Gabriel com um sorriso sedutor, "preparei esta torta especialmente para você. Cada mordida é uma explosão de paixão!"
"Chef, agradeço o gesto, mas não posso aceitar," respondeu Aurora, tentando manter a compostura. "Estou em horário de trabalho."
"Horário de trabalho? Que bobagem!
O amor não tem hora nem lugar!"
A situação ficou ainda mais caótica quando um artista plástico excêntrico, chamado Bruno, invadiu a loja com um cavalete e tintas.
"Aurora, minha musa inspiradora!" gritou Bruno, começando a pintar um retrato frenético da florista. "Sua beleza é uma obra de arte divina!"
"Senhor, por favor, pare com isso!" Aurora exclamou, sentindo-se como a protagonista de um filme surreal.
A maldição do bracelete se manifestava de forma hilária. Quanto mais Aurora tentava se afastar dos pretendentes, mais eles se apaixonavam.
Um toque acidental, um esbarrão sem querer, e a paixão deles se intensificava a níveis absurdos.
Um dia, ao ajudar um cliente a escolher um buquê, Aurora tocou sua mão por um segundo. O homem, um engenheiro tímido chamado kevin, se transformou em um Romeo moderno.
Ele começou a segui-la por toda parte, cantando músicas românticas e construindo esculturas de flores em frente à sua casa.
Desesperada, Aurora decidiu procurar a velha senhora. Encontrou-a em um parque, alimentando pombos.
"Senhora," disse Aurora, mostrando o bracelete, "preciso que tire essa maldição de mim! Não aguento mais tantos pretendentes apaixonados!"
A velha senhora sorriu. "Minha querida, este bracelete não é uma maldição, mas sim uma oportunidade. Uma chance de abrir seu coração para o amor."
"Mas eu não quero amar!" Aurora protestou. "Prefiro a solidão das minhas flores!"
"O amor é como uma flor, Aurora. Precisa ser cultivado com paciência e cuidado.
Aprenda a aceitar os espinhos, pois eles protegem a beleza da flor."
Aurora suspirou. A velha senhora tinha razão. Talvez fosse hora de dar uma chance ao amor.
E assim, a florista que odiava abraços se viu em um turbilhão de encontros românticos, situações engraçadas e momentos de ternura.
A maldição do bracelete se transformou em uma jornada de autodescoberta e crescimento.
Quem sabe, no final dessa aventura, Aurora encontraria o jardineiro perfeito para cultivar o jardim do seu coração.
A vida de Aurora se transformou em uma sitcom de humor negro. Cada dia era um novo desafio para evitar o contato físico e, consequentemente, mais um pretendente bizarro.
A paranoia atingiu níveis estratosféricos: Aurora passou a usar um traje de astronauta improvisado, com direito a capacete e luvas grossas, para ir ao supermercado. Resultado: foi confundida com uma ativista ambiental radical e expulsa do estabelecimento.
O ápice da vergonha aconteceu durante um festival de flores.
Aurora, tentando desesperadamente se esconder dos admiradores, esbarrou em sua melhor amiga, Sofia, uma designer de interiores extrovertida e apaixonada por astrologia.
No susto, um abraço rápido e desajeitado.
Aurora congelou.
"Não, não, não!", gritou em pensamento.
Sofia, que sempre foi um poço de autoestima e independência, começou a ter crises existenciais.
Abandonou o trabalho, passou a usar roupas floridas (ironicamente), a compor poemas melancólicos e a questionar a validade de todos os seus relacionamentos passados.
"Sempre te amei, Aurora!", confessou em meio a lágrimas e soluços.
"Você é a minha alma gêmea, meu sol, minha lua, meu ascendente em Libra!"
Aurora, horrorizada, tentou explicar o feitiço, mas Sofia interpretou tudo como uma declaração de amor velada.
A situação ficou ainda mais constrangedora quando Sofia começou a competir com os outros pretendentes, declarando guerra a qualquer um que se aproximasse de Aurora.
A floricultura se transformou em um campo de batalha campal, com buquês de flores sendo usados como armas e serenatas desafinadas como gritos de guerra.
Em meio a esse caos amoroso, Aurora finalmente conseguiu o contato do tal cientista especialista em robótica. Seu nome era Matias, e ele trabalhava em um laboratório isolado na periferia da cidade.
Marcou um encontro, desesperada para encontrar a cura para sua maldição.
Ao chegar no laboratório, Aurora se deparou com um cenário digno de filme de ficção científica: robôs de todos os tamanhos e formatos, fios e cabos por toda parte, luzes piscando e um cheiro forte de metal e óleo.
Matias, com seus óculos de aro grosso, jaleco branco e expressão absorta, mal notou sua presença.
"Senhor Matias?", perguntou Aurora, tentando chamar sua atenção.
Matias, sem sequer levantar os olhos, respondeu: "Estou ocupado. Tentando ensinar um robô a sentir emoções. Uma tarefa, devo dizer, infinitamente mais complexa do que entender o comportamento humano."
Aurora suspirou. Aquele era o seu príncipe imune? Um robô indiferente que não conseguia nem sequer notar sua existência? A comédia, definitivamente, havia se tornado trágica.
Mal sabia ela que o "príncipe robótico", o homem imune ao seu abraço, era, na verdade, seu melhor amigo de infância, Lucas, um nerd apaixonado por tecnologia que sempre esteve ao seu lado, mas que ela nunca enxergou com outros olhos.
E, por enquanto, nem ia enxergar.
O destino, afinal, adora pregar peças.
Lucas, o amigo nerd de infância de Aurora, sempre foi o tipo de cara que passava despercebido.
Óculos de grau fundo de garrafa, camisetas de Star Wars e uma habilidade impressionante para resolver problemas de computador, mas zero para lidar com dramas amorosos.
No entanto, ao ver sua amiga desesperada, Lucas sentiu um impulso heróico (e uma pontada de ciúmes, que ele prontamente ignorou) e se ofereceu para ajudar.
"Eu vou ser seu escudeiro anti-paixão!"
Declarou Lucas, com a determinação de um Jedi enfrentando Darth Vader.
Aurora, cética, mas sem opções melhores, aceitou a ajuda. Mal sabia ela que Lucas era a chave para resolver seu problema, mas a miopia amorosa de Aurora era mais forte que qualquer feitiço.
A primeira medida de Lucas foi criar um "traje anti-paixão" para Aurora. A ideia era boa, a execução, desastrosa.
O traje consistia em uma armadura de papelão improvisada, repleta de alarmes sonoros e repelentes de pretendentes.
(alho, pimenta e spray de citronela)
O resultado: Aurora parecia um Transformer rejeitado e atraía mais olhares curiosos do que apaixonados.
Durante um evento beneficente, Aurora, vestida com seu traje bizarro, tentava desesperadamente evitar contato físico com os convidados.
Lucas, responsável por acionar os alarmes e borrifar o repelente, se atrapalhou com os botões e acabou atingindo o prefeito da cidade com um jato de spray de citronela.
O prefeito, alérgico à substância, começou a espirrar descontroladamente, causando um efeito dominó de espirros em toda a plateia.
O evento se transformou em um caos alérgico, com direito a ambulâncias e manchetes sensacionalistas nos jornais.
Para piorar a situação, Sofia, a amiga apaixonada, não dava trégua.
Seguia Aurora e Lucas por toda parte, lançando olhares fulminantes e sabotando suas tentativas de encontrar uma solução para o feitiço.
Em uma cena digna de novela mexicana, Sofia invadiu a floricultura vestida de noiva, declarando seu amor eterno por Aurora e desafiando Lucas para um duelo de flores.
No meio de toda essa confusão, Lucas e Aurora se esbarravam, se trombavam, quase se abraçavam, mas, por um milagre (ou por pura teimosia do destino), nunca se tocavam de verdade.
A tensão entre eles era palpável, mas ambos estavam tão focados em resolver o problema do feitiço que não percebiam a faísca que começava a surgir.
Em uma noite chuvosa, Lucas, exausto e frustrado, desabafou com Aurora:
"Eu não sei mais o que fazer! Parece que tudo o que eu tento só piora a situação."
Aurora, comovida com o esforço do amigo, colocou a mão em seu ombro (sem perceber, é claro, que estava prestes a cometer um erro gravíssimo).
"Você está sendo incrível, Lucas", disse ela, com um sorriso sincero.
"Eu não sei o que faria sem você."
Lucas, ao ouvir aquelas palavras, sentiu um calor percorrer seu corpo. Pela primeira vez em anos, ele enxergou Aurora com outros olhos.
Mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, o alarme do traje anti-paixão disparou, interrompendo o momento.
Aurora, assustada, se afastou bruscamente, sem notar o olhar apaixonado que Lucas lhe lançou.
O destino, mais uma vez, havia pregado uma peça.
O príncipe imune estava ali, ao seu lado, mas Aurora, cega pelo feitiço e pela confusão amorosa, continuava a procurá-lo em lugares errados.
E a comédia, longe de terminar, estava apenas começando.
Aurora quase engasgou com o próprio ar ao ver Lucas. O nerd desengonçado havia se transformado em um espécime de academia, com músculos definidos, um corte de cabelo estiloso e um sorriso que faria até uma estátua de mármore corar.
"Lucas? É você mesmo?", perguntou, incrédula.
Lucas, com um misto de orgulho e nervosismo, respondeu: "Surpresa! Decidi que era hora de uma repaginada.
O que achou?"
Aurora, sem conseguir desviar os olhos do tanquinho (antes inexistente) de Lucas, gaguejou:
"É... é... diferente. Bem diferente."
A verdade era que Aurora estava chocada. Nunca havia reparado em Lucas como algo além de um amigo, um confidente, um nerd adorável.
Mas, de repente, ele havia se transformado em um objeto de desejo, um galã de novela mexicana.
E, para sua surpresa, ela estava gostando da visão.
Em um momento de ousadia (ou seria desespero?), Aurora estendeu a mão para tocar o rosto de Lucas.
Queria sentir a textura da pele, confirmar se aquele era mesmo o seu amigo de infância.
Lucas, com o coração acelerado, fechou os olhos, esperando o toque.
"Lucas...", sussurrou Aurora, com a voz embargada.
"Você está... diferente."
A tensão era palpável. O ar parecia carregado de eletricidade. Aurora estava prestes a quebrar a barreira da amizade e se entregar à tentação.
Quase o abraçou, teria abraçado, se não fosse por um grito histérico que ecoou pela floricultura.
"NÃO!", berrou Sofia, irrompendo na loja como um furacão.
"Não ouse tocar Nesse Esquisito, Aurora!"
Sofia, vestida com um vestido de noiva improvisado feito de pétalas de rosas, agarrou Aurora pelos braços e a afastou de Lucas.
"Ele está te enfeitiçando com esse corpo sarado!", acusou Sofia, com os olhos injetados de ódio.
"Não caia nessa armadilha, meu amor!"
A cena se transformou em um circo.
Sofia gritava, Lucas tentava se explicar, Aurora se sentia como uma marionete sendo puxada para um lado e para o outro.
A situação chegou ao cúmulo do absurdo quando Sofia começou a jogar pétalas de rosas em Lucas, gritando:
"Sai pra lá, Satanás! Volta para o inferno de onde você veio!"
A floricultura virou um campo de batalha.
Sofia, empunhando um regador como arma, lançava jatos d'água em Lucas, gritando impropérios e acusações.
Lucas, tentando se defender, se escondia atrás de vasos de samambaias, lançando olhares desesperados para Aurora.
Aurora, coberta de terra e pétalas de rosas, se sentia como uma figurante em um filme trash de baixo orçamento.
"Você nunca a amará como eu!", gritava Sofia, com a voz rouca de tanto berrar.
"Eu conheço a Aurora desde que éramos crianças!
Sei qual é a flor favorita dela, qual é o filme que a faz chorar, qual é a marca de sorvete que a deixa feliz!"
Lucas, em um momento de ousadia (ou seria desespero?), rebateu: "Ah, é? Então me diga, qual é a flor favorita dela?"
Sofia, com um sorriso triunfante, respondeu: "Orquídeas! Ela sempre amou orquídeas!"
Lucas, com um olhar de superioridade, corrigiu: "Errado! Aurora odeia orquídeas! Ela acha que são pretensiosas e artificiais.
A flor favorita dela são as margaridas. Simples, delicadas e cheias de vida. Assim como ela."
Aurora arregalou os olhos.
Lucas sabia mais sobre ela do que sua melhor amiga! Como isso era possível?
Sofia, furiosa, jogou um vaso de violetas em direção a Lucas, que desviou por pouco. O vaso atingiu um espelho, que se estilhaçou em mil pedaços.
"Isso é a prova de que nosso amor está fadado ao fracasso!", lamentou Sofia, com um drama digno de atriz de teatro.
"O espelho quebrou! Sete anos de azar nos aguardam!"
Em meio à confusão, Lucas tropeçou em um balde de água e caiu em cima de Aurora, que estava tentando se levantar.
Os dois se desequilibraram e caíram no chão, em uma posição comprometedora.
Lucas, instintivamente, apoiou as mãos no chão para não machucar Aurora. Mas, ao fazer isso, acabou tocando nos braços dela.
O tempo parou.
Aurora prendeu a respiração. Será que o feitiço finalmente iria funcionar? Será que ela estava prestes a se apaixonar por Lucas?
Sofia, ao ver a cena, soltou um grito agudo e se jogou em cima dos dois, tentando separá-los.
Na confusão, Sofia acabou acertando um tapa na cara de Lucas, que, no susto, se virou e beijou Aurora sem querer.
Um beijo rápido, desajeitado e completamente acidental. Mas um beijo, afinal.
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