Salvador, 04 de janeiro de 1994
O som das cigarras invadia a varanda como uma música contínua, abafada, quase hipnótica. Era verão em Salvador. O céu parecia uma pintura derretida, azul demais, brilhante demais, quente demais. Safira, de catorze anos, balançava devagar na rede presa entre duas colunas do apartamento no Costa Azul, um livro fechado no colo e os pensamentos tão abertos que não cabiam mais na cabeça.
Safira
O cheiro de maresia, o vento morno e úmido, a cidade pulsando do lado de fora… tudo parecia distante. Porque dentro dela, só existia uma coisa: memória.
Ela estava naquele estado em que o corpo está presente, mas a alma anda lá longe. E, como fazia desde pequena, quando o mundo ficava pesado demais, começou a falar com si mesma em pensamento. Como se fosse um diário que só o coração escutasse.
Safira (em pensamento): Engraçado como algumas coisas nunca saem da gente, mesmo que a gente mude de país, de vida. Eu nasci na Itália em Roma. Em 1979. E, por mais que eu more aqui desde os dois anos, tem dias que ainda sinto o cheiro da Itália. Pão fresco, terra molhada depois da chuva, o perfume da minha mãe misturado com café forte logo cedo… Tem lembrança que não precisa de foto, ela vive presa no corpo da gente.
Naquela casa de tijolos claros, com flores nas janelas e varanda estreita, eu brincava com meu irmão, Davi. Ele sempre foi meu mundo inteiro. Seis anos mais velho que eu, mas parecia meu segundo pai. Me carregava no colo, me protegia de tudo. E nossa mãe, Juliana… era tão nova. Tinha só 21 anos quando casou com o meu pai, Enzo. Achava que amor era suficiente para manter uma família. Coitada.
Juliana
Enzo
Davi
Juliana era linda. Olhos claros, cabelo loiro natural ondulado, jeito firme. Mas tinha aquela fragilidade que só as mulheres sonhadoras têm: acreditava nas promessas de um homem bonito. E Enzo era exatamente isso bonito, charmoso, educado, com sorriso que fazia as pessoas abrirem a guarda. Mas por dentro, era ausente, imaturo e um covarde.
Desaparecia por dias. Chegava em casa com desculpas ensaiadas. Juliana fingia não ver. Por amor a ele, por medo do que poderia acontecer se ela largasse dele, medo do que os seus filhos poderiam acabar sofrendo por serem apenas duas crianças e por não saber como ser mãe sozinha tão longe de tudo.
Até que um dia, tudo desmoronou.
Foi numa noite fria de outono, em 1980. Juliana tinha esquecido uma pasta de documentos na casa da amiga Francisca, sua confidente desde a adolescência. Decidiu voltar para buscar esses documentos, mas como ela já era de casa não bateu na porta da casa apenas entrou. Ao chegar, ouviu risos abafados vindos do andar de cima do quarto de Francisca, mas reconheceu umas das risadas e era a de seu marido Enzo. Então Juliana resolveu subir em silêncio.
Ao abrir a porta do quarto de Francisca, congelou com a cena que viu.
Juliana (gritando): Enzo?!
Safira (pensando): Ele estava lá. Pelado, com a Francisca, rindo, como se nada daqui fosse errado.
Francesca tentou se cobrir. Enzo arregalou os olhos.
Enzo: Juliana, eu…
Juliana (com a voz quebrando): Você destruiu tudo, Enzo. Com ela?! A minha melhor amiga?!
Enzo (baixo): Foi um erro…
Juliana: Não, Enzo. Um erro foi eu ter acreditado em você por tanto tempo. Foi te dar meu corpo, minha juventude, minha confiança. Você fez da minha vida uma mentira. E agora, quer me chamar de louca?
A discussão variou de madrugada.
Davi e Safira que tinham ido junto com a mãe estavam parados na porta do quarto sem entender o que estava acontecendo, Juliana virou-se para o filho e mandou ele descer com a irmã.
Juliana (com o tom de voz tentando se manter calma, virose para o filho): Davi desça com sua irmã e me espera na sala, mamãe já vai descer.
Davi, com 8 anos e Safira, com 2 anos desceram, mas continuaram ouvindo tudo que estava acontecendo lá de baixo. Davi estava com Safira no colo, tentando abafar os sons da discussão com as mãozinhas dela nos ouvidos. Mas ela sentia e conseguia ouvir algumas gritarias. O peito apertava, mesmo sem entender nada.
Alguns dias depois, Enzo desapareceu. Na verdade nem Safira e nem Davi sabem o que aconteceu direito nos últimos dias porque eles passaram três dias na casa de sua avó materna, Dona Graziella. Mas logo depois desses dias quando eles voltaram pra casa não tinha mais notícias do pai. Juliana disse que ele tinha sumido pra nunca mais sem bilhete, sem explicação, sem volta e sem se despedir dos filhos que ele dizia que amava mais que tudo.
Juliana reuniu os filhos na sala logo depois deles terem voltado da casa de sua mãe, ela com o rosto inchado, mas o olhar duro, decidido.
Juliana: Nós vamos embora daqui. Vamos pro Brasil. Não quero criar vocês num lugar que só me lembra o que a gente perdeu.
Safira (com voz fina e sem entender muita): Mas… e o papai?
Juliana (segurando o choro): Seu pai escolheu não estar aqui com a gente, minha filha. Agora somos só nós três. E vamos recomeçar do zero.
Davi: Mas porque o Brasil, mamãe?
Juliana: Porque é distante de tudo e de todos e o idioma vai ser fácil pra gente entender.
Davi: E vamos morar aonde, mamãe?
Juliana: Ainda não sei meu amor, mas a mamãe tem uma amiga que disse que a gente pode morar lá com ela até eu conseguir um lugar pra gente morar.
E foi isso que ela fez, Juliana junto com os meninos vieram para o Brasil e ficaram na casa dessa amiga de Juliana que sempre foi verdadeira com ela e sempre contra o casamento dela. Sua amiga Alessia era madrinha de seus filhos e Juliana dos três filhos dela.
Alessia era italiana e conheceu Juliana brincando na rua desde então vieram amigas inseparáveis, ela era dois anos mais velha que Juliana. Quando Alessia se casou ela veio para o Brasil dóis meses depois, pois seu marido era brasileiro.
Salvador, 1981 – Um novo mundo
Safira (em pensamento): A gente chegou em Salvador quando eu tinha dois anos. Ficamos 6 meses morando com minha tia que era minha madrinha, meu padrinho e meus primos. Não ficamos muito tempo lá pois minha mãe conseguiu um emprego em um escritório e consegui da entrada em um apartamento no Costa Azul, posso até dizer que o apartamento era chique pois tinha piscina e várias coisas diferentes. Aqui é tudo diferente do que lá na Itália. O calor era demais, eu suava se corresse por dois minutos seguidos, as pessoas falavam rápido, os nomes das pessoas e dos lugares era difícil de entender e de se falar, o cheiro das ruas era outro. A língua… nossa, parecia impossível de entender, mas o que eu amei foi as praias, inclusive minha madrinha morava perto da praia da Barra e hoje em dia moramos perto da praia de Jardim de Alah.
Pra eu aprender o português foi uma dificuldade enorme, mas foi o Davi que me ensinou os primeiros sons e as primeiras palavras em português.
Davi: “Oi. Tudo bem?”
Ele dizia, devagar. Eu errava tudo. Ele ria. Me fazia rir também.
Davi: Fala “bem”, Safi. Com “m”.
Safira (pequena): Bên.
E a gente ria de novo.
Juliana, forte como só uma mãe machucada sabe ser, se reergueu. Estudou. Formou-se em Medicina. Virou uma médica respeitada e muito querida por todos. Construiu um lar. Mas o coração, esse ela enterrou, mas o destino já está escrevendo outra coisa. Nunca mais se envolveu com ninguém. Só trabalho, filhos e noites silenciosas no sofá com uma taça de vinho barato.
Safira (em pensamento): Ela é minha inspiração. Mesmo quando não consigo dizer isso pra ela, mesmo quando a gente briga. Eu sei, ela morreu um pouco quando meu pai foi embora. E, no fundo, eu também.
Safira (em pensamento): Entrei no Colégio São Paulo com quatro anos e ia fazer cinco em setembro. Em fevereiro de 1984. Estudo lá até hoje. Já são dez anos andando pelos mesmos corredores, ouvindo os mesmos barulhos, vendo os mesmos rostos, sei o nome de todos os professores antigos da casa e é engraçado lembrar que, desde pequena quando eu ainda estava na pré-escola, eu via o professor Apolo andando por lá. Ele era um dos professores mais conhecidos do colégio, mais respeitado, mais brincalhão. Ele era alto, elegante, bonito, com aquele jeito leve demais que sempre me deixava desconfiada. Depois que meu pai fez o que fez com a gente eu só confiava no meu irmão e no meu padrinho, somente e todo mundo sabia disso!
Nunca fui com a cara dele, nada contra ele, mas o erro era eu. Ele era sempre muito simpático, sempre sorridente. Sabe aquele tipo que parece estar sempre observando tudo, como se soubesse mais do que deveria? Mas… era bonito. Não vou mentir. Era. Ainda é. Mas bonito não significa confiável. Eu aprendi isso cedo.
Safira (em pensamento): Conheci a Thai quando eu tinha quatro anos. Foi no parquinho do prédio. A gente brigou por uma boneca esquecida no escorregador.
Thai (mandona): Essa boneca é minha!
Safira (com sotaque): Não é! Eu achei primeiro!
Thai: Você fala estranho.
Safira: Você também.
As duas se encararam por alguns segundos… e caíram na risada. E nunca mais se largaram.
Thai era tudo que Safira não era: falava alto, fazia amizade com todo mundo, se jogava na vida como se não tivesse medo de cair. Foi ela quem puxou a amiga pra vida social, quem obrigou Safira a ir nas festas, quem arrancava a menina dos livros.
Safira (em pensamento): O Vini chegou na nossa vida no ano seguinte. Estava sendo zoado por outros meninos por causa do jeito mais delicado. A voz fina. A roupa certinha. Eu atravessei o pátio, peguei o caderno dele do chão e entreguei.
Safira: Não liga pra eles. Eles são idiotas.
Vini (tímido):Você é nova?
Safira: Mais ou menos. Nova daqui.
Vini: Quer sentar comigo no recreio?
Safira: Quero.
E foi assim. Sem promessas. Sem palavras grandes. A gente virou trio inseparável: eu, Thai e Vini. E, com eles, eu descobri que o mundo não era tão perigoso assim. Só que, mesmo com eles por perto, meu medo de confiar nos homens continuava. Crescia, aliás. Me protegia demais. Me blindava.
E é por isso que o Apolo sempre foi um problema. Porque ele parecia enxergar por trás da armadura.
Safira (olhando o céu): Acho que esse ano vai ser diferente. Tem alguma coisa no ar. Como se o passado tivesse voltado. Como se algo grande estivesse por vir. Eu tô sentindo. Aqui dentro. E, pela primeira vez, eu tenho medo… mas também tô curiosa
Capítulo 2 – A vida de Juliana
Quando fecho os olhos e volto no tempo, não vejo silêncio. Vejo barulho. Muito barulho. Gente correndo, chorando, rindo, brigando, chamando pelo meu nome.
Nasci em Roma, em 1959, e fui a 10ª filha de um total de 20. Sim, vinte. Minha mãe, Graziela, deu à luz seis pares de gêmeos ao longo da vida, e eu sempre digo que ela devia ter ganhado um prêmio por isso. Meu pai, Lorenzo, era um homem simples, vendedor no mercado central, mas com uma paciência que eu nunca vi igual.
A casa onde crescemos era apertada para tanta gente, mas sempre cheia de vida. O cheiro de pão assando misturava com o de café fresco, e o som da rua entrava junto com o som da família: portas batendo, risadas, brigas por causa de brinquedos e vestidos emprestados sem pedir. Eu era a do meio, o que significa que não era nem a mais paparicada nem a mais responsável. Mas eu tenho uma irmã gemia que é mais nova que eu 15 minutinhos o nome dela é Jaqueline e por um tempo a gente não ia muito uma com a cara da outra, mas no entanto atualmente nós damos muito bem. Isso me dava uma certa liberdade, mas também me fazia sentir… invisível, às vezes por ter tantos irmãos e irmãs.
Desde pequena, aprendi a dividir tudo — comida, espaço, roupas, sonhos. Acho que foi aí que cresceu em mim essa necessidade de conquistar algo que fosse só meu. Talvez por isso, quando conheci Enzo, eu tenha me agarrado à ideia de que ele poderia ser esse “meu” no meio do caos. Conheci Enzo quando tinha 18 anos, numa ida à loja de sapatos do tio dele, onde minha mãe comprava sempre que precisava calçar tantos pés de crianças. Ele me atendeu com aquele sorriso seguro, fez um comentário bobo sobre meus olhos, e eu… ri. Simples assim. Não tinha nada de extraordinário naquele momento, mas foi o suficiente pra plantar uma semente.
No começo, ele parecia perfeito: educado, atencioso, sabia falar de um jeito que me fazia sentir única, coisa que eu não sentia nem dentro da minha própria casa, com tantos irmãos. Passeios de lambreta, flores baratas, cartas cheias de promessas — e eu acreditava em todas. Até porque eu era inocente demais pra perceber qualquer outra coisa. Casei com 21 anos. Minha mãe me achava jovem demais, mas ela mesma tinha se casado cedo, e no fundo acho que estava orgulhosa. Meu pai gostava do Enzo. Dizia que ele tinha “boa postura” e que saberia cuidar de mim.
O primeiro ano de casamento foi doce. Vivíamos num pequeno apartamento em Roma, ríamos muito, eu cozinhava e sonhava com uma família pequena — duas crianças, no máximo. Não queria repetir a história da minha mãe, não porque não amasse meus irmãos, mas porque eu queria tempo para viver cada filho. Davi nasceu quando eu tinha 22 anos. Enzo chorou no parto, prometeu que ia ser o melhor pai do mundo. Por um tempo, parecia que seria verdade. Mas, aos poucos, as ausências começaram. As desculpas também.
Quando Safira chegou, seis anos depois, eu já sentia o peso da solidão dentro do casamento. Enzo parecia cada vez mais distante, e eu me ocupava cuidando das crianças e tentando tapar os buracos que ele deixava.
Hoje, olhando para trás, sei que já havia sinais de que nossa história iria ruir. Mas, naquela época, eu acreditava que, com esforço, eu conseguiria manter tudo de pé.
Eu estava errada.
Sabe quando a gente sente que algo mudou, mas não sabe exatamente o quê? Foi assim que começou. O cheiro dele estava diferente, os horários já não batiam, e, de repente, tinha perfume de mulher na camisa que não era meu, perfumes adocicados do qual eu não reconhecia e não usaria por nada até porque tanto eu quando os meus filhos tínhamos alergia a perfumes muito doce e aquele era um perfume irritativo. Ele dizia que era “coisa da rua”, que eu estava ficando neurótica. Eu fingia acreditar. Até que parei de fingir.
As ausências começaram a ter hora marcada: toda quinta-feira à noite, “reunião com amigos do trabalho”. Chegava tarde, com o cabelo desalinhado, e um sorriso torto que não me convencia. Eu conhecia aquele sorriso… não era de quem estava cansado. Era de quem estava escondendo algo.
O pior é que, por ser minha amiga desde a adolescência, Francisca frequentava nossa casa, conhecia meus filhos, sentava à mesa comigo. Nunca passou pela minha cabeça que ela poderia ser a “outra”. Mas foi ela. E foi justamente isso que me matou por dentro: não só perdi meu marido, perdi minha amiga.
A noite da descoberta ainda é um corte aberto na minha memória. Eu tinha deixado uma pasta de documentos na casa da Francisca, e, como já era de casa, entrei sem bater na porta o que era normal. Lá de baixo, ouvi risadas abafadas vindas do quarto dela. Uma das risadas… eu conhecia. E não era a dela. Era a dele. Subi as escadas com o coração martelando nas costelas. Quando abri a porta…
Juliana: Enzo?! (Minha voz saiu cortando o ar.)
Ele estava lá. Nu. Ela também. E os dois rindo como se aquilo não fosse a pior cena da minha vida.
Não lembro exatamente a ordem das coisas. Sei que voei em cima dele primeiro. O soco que dei no peito fez ele cambalear. Depois foi a vez dela: um puxão de cabelo que deve ter arrancado metade. Gritei, xinguei, bati com toda a força que eu tinha acumulado de todas as vezes que chorei escondido no banheiro para as crianças não ouvirem.
Juliana: Você destruiu tudo, nossos anos de casado foram por água abaixo e vc me troca por essa puta! (Eu berrava.)
Enzo: Foi um erro… Eu não queria fazer isso, eu juro mon chérie .(Ele dizia, tentando se cobrir.)
Juliana: Erro é confiar em você! Erro é achar que você era homem suficiente pra cuidar da própria família! E nunca mais se ouse a me chamar de mon chérie seu vagabundo!
No meio do caos, ouvi os passinhos do Davi no corredor e acabei me esquecendo que as crianças tinham vindo comigo. Mandei ele descer com Safira no colo e esperar na sala. Ele obedeceu, mas sei que ouviram os gritos de lá de baixo. A discussão durou horas. Eu o expulsei de casa naquela noite, mas ele ainda tentou voltar no dia seguinte. Não deixei. Poucos dias depois, ele sumiu de vez.
Foi só quando as crianças foram passar uns dias na casa da minha mãe, para eu tentar respirar, que o destino me deu outro choque: estava grávida. Descobri no consultório do médico. A mão suava, o estômago revirava, e a única coisa que consegui pensar foi: “Meu Deus! mais um filho dele! Como isso foi acontecer?” Sei que isso pode soar sarcástico, mas já tinha algum tempo ao qual eu e ele não nós relacionamos. Mas eu lembro de uma vez específica que os meninos foram para casa de minha irmã, ele chegou em casa sob efeito de algumas bebidas, acabou que nós bebemos um pouco de vinho o clima foi ficando quente coisa que já não acontecia a alguns anos.
Ele me levou para o quarto e foi naquele dia que tudo isso aconteceu, a gente fez sem cautela, sem análises, eu estava no período fértil sem saber. Engravidei de primeira, mas não tive sintomas nenhum da gravidez.
Quando cheguei em casa chorei até não ter mais lágrimas, não era culpa da criança — nunca seria. Mas a ferida ainda estava aberta, e a ideia de trazer outra vida ao mundo, sozinha me apavorava. Nesse momento, decidi que não importava o que fosse preciso, eu ia criar meus filhos longe de qualquer sombra dele. Foi quando comecei a planejar a mudança conversei com outra amiga que morava na Itália, mas se mudou para o Brasil então eu resolvi que iria para lá fiz o comunicado algumas pessoas da minha família dizendo que me mudaria para o Brasil e que não saberia quando irá voltar.
Ninguém além dessa amiga minha sabia dessa minha gravidez e foi melhor assim pois depois de alguns meses que a gente chegou no Brasil em um dia específico eu estava na faculdade e acabei passando mal e fui levada para enfermaria, quando cheguei lá eu acabei descobrindo tinha perdido o meu bebê. Eu tinha pouco tempo de gestação não sabia nem o sexo ainda, eu tava com uns 4 meses quando perdi o meu bebê e enterrei isso junto com ele e junto com os meus sentimentos. A única pessoa que sabia era minha amiga meus filhos não fazem ideia que isso aconteceu eu prefiro continuar poupando eles disso até hoje, mas sei que um dia de alguma forma eles irão descobrir.
Atualmente moramos no Costa Azul em Salvador perto da praia. Safira tem 14 anos irá fazer 15 anos está no primeiro ano do segundo grau, Davi já em 21 já concluiu a faculdade de administração que ele sempre quis fazer. A Safira estuda no colégio São Paulo desde pequena e continua lá até hoje e o Davi ele estudou por um período lá, mas pediu para sair e eu tirei ele. Atualmente não temos contato nenhum com o pai e ele também nunca mais tentou entrar em contato. O Davi não demonstra muita coisa depois do abandono do pai, mas eu sei que afetou bastante foi a Safira, pois ela não consegue confiar em homem nenhum.
Assim ela confia no Davi que é irmão dela, nos meus irmãos, nos meus cunhados e algumas pessoas que viram ela pequena. Mas são essas pessoas como parentes muito próximos que ela conhece, alguns primos ela já olha torto e alguns professores da escola também.
Isso foi algo que eu sempre tentei ensinar para ela, que ninguém é culpado por nada que o pai dela fez, mas ela continua dizendo que ela não confia em homem e que homem é tudo igual já cheguei a ser chamada duas vezes na secretaria por arrogância da Safira com outros professores um professor específico de matemática o Apolo. O coitado é aquele professor que parece tentar entender ela, mas quanto mais ele tenta mais a Safira toma raiva dele e isso é desde do sexto ano. Quando eu não consigo ir para esses ocorridos de última hora quem vai resolver é o Davi então às vezes ele sabe de mais situações do que eu, mas eu penso que dia isso melhora pode ser a fase da adolescência e um dia tudo amadurece na cabeça dela. Ela vai entender que nem todo homem é que nem o pai dela ou que nem todo homem é culpado pelo que ocorreu nenhuma pessoa é igual ao outro.
Terça-feira à noite. Apolo está sentado em sua escrivaninha, em meio a livros antigos de cálculo e cadernos organizados por matéria, quando resolve escrever algo no seu velho caderno de capa dura azul-marinho. Não era um diário propriamente dito, mas um espaço onde ele despejava pensamentos quando o silêncio da casa parecia mais alto que o comum.
Me chamo Apolo Maximiliano Alencar Lacerda. Tenho 32 anos vou fazer 33 anos em 18 de setembro. Sou professor de Matemática e Física no Colégio São Paulo, em Salvador. Mas não, não foi esse o sonho da minha vida. Pelo menos, não no início.
Apolo
Ele parou por um instante, olhou para o abajur aceso ao lado e sorriu fraco.
Nasci num vilarejo do interior da Bahia. Feira de Santana. Ruas sem nome, poeira nos chinelos e cheiro de sabão em pedra nas mãos da minha mãe. Apesar disso, não vivíamos na pobreza. Meus pais, Roberto Lacerda e Maria Cecília Alencar, eram batalhadores e fizeram fortuna com algo que nasceu do amor deles.
Apolo deixou a caneta correr.
Meu pai se apaixonou por minha mãe ainda adolescente. Ela era linda. Forte, criativa, cheia de ideias. Desde pequena desenhava joias em cadernos velhos. Nunca teve curso técnico, mas desenhava com alma. Juntos fundaram uma pequena oficina, que virou uma fábrica. A Joias Lacerda. No começo, eram pedras simples, alianças feitas à mão, anéis sob encomenda. Mas eles tinham talento, visão e coração. Transformavam metal e pedra em emoção. Com o tempo, vendiam para cidades vizinhas, depois para grandes lojas na Bahia e, por fim, para joalherias do Sudeste. Antes mesmo de eu casar com Clara, a fábrica já era um sucesso nacional.
Cada um de nós, os oito filhos, recebeu um conjunto de joias nomeado com o próprio nome. Não eram para uso comum, eram peças únicas, feitas com pedras que meus pais diziam ser a nossa 'alma em forma de brilho'.
A família, como dá pra perceber, sempre se formou cedo. Meus irmãos e irmãs encontraram seus parceiros ali pelos 20, 21 anos. Era assim no interior. E todos eles, cunhados e cunhadas, também receberam peças especiais, feitas pela fábrica — inclusive o primogênito da nova geração. Meu pai fez uma peça só para ele quando nasceu. Foi a primeira vez que vi meu pai chorar por causa de uma joia.
Apolo suspirou, e continuou.
Eu... fui o que fugiu das regalias dos meus pais. Quis estudar e sair de Feira de Santana. Sempre fui o filho do meio que ficava calado nos cantos, que lia mais do que falava. Quis ensinar. Mas também fui o que mais errou. Aos 19 anos, me apaixonei por Clara Sampaio Duarte. Ela tinha 17. Começamos a namorar ainda em Feira. Era uma tempestade. Inteligente, livre, cheia de opinião. A família nunca aceitou muito bem nosso relacionamento. Não por preconceito, mas porque Clara sonhava alto demais.
Lembro de um jantar. Ela ajudava minha mãe na cozinha quando mamãe perguntou como ela se via no futuro. Clara respondeu sem hesitar: queria ser famosa, atriz de novela, modelo, celebridade. E quando mamãe perguntou se ela queria filhos, Clara disse que não, que um filho estragaria o corpo dela. Mamãe ficou em silêncio. Mas sei que aquilo doeu. Apesar disso, acreditei que o amor bastava. Me formei, comecei a dar aulas ainda ali em Feira. Mesmo com a fábrica indo bem, mesmo com todas as possibilidades, escolhi ensinar. Clara nunca entendeu isso. Dizia que eu era covarde, que me escondia. Eu a acusava de fugir da realidade. E, no fundo, os dois estavam quebrados.
Casamos assim mesmo, por impulso. Mas minha mãe nunca lhe deu uma joia. Uma vez, Clara me perguntou o porquê. Eu menti. Disse que mamãe estava pensando no desenho. Mas a verdade era que ela não aceitou nosso casamento. E, talvez por orgulho, Clara nunca perguntou de novo. Ela engravidou. E a gente ficou feliz. Ia nascer uma menina. Sentíamos isso. Mas no quarto mês, ela perdeu o bebê. Aquilo... me destruiu. Nunca superei. Ser pai ainda é um sonho dolorido. Um ano depois, nos separamos. Dei a parte que ela exigiu e nunca mais tive notícias.
Vim pra Salvador com a ajuda do meu pai. Aluguei um apartamento no Horto Florestal. Dividi com Paula um tempo. Hoje moro sozinho. Sou conhecido como um dos melhores professores do Colégio São Paulo. Mas poucos sabem quem eu sou. E é assim que eu prefiro.
Ele hesitou, mas continuou.
Tem uma aluna... tem algo nela. Safira. Conheço desde pequena. Toda vez que eu passava perto da Educação Infantil, ela me olhava com curiosidade. Nunca foi de muita conversa. Nunca se aproximou. Mas não se precisa de palavras pra sentir presenças. Dou aula pra ela desde o sexto ano. Sempre respondia de forma cortante. Mas estudava. Tinha dedicação. Nunca foi brilhante, mas não desistia. Conversando com o professor Sérgio, entendi que ela não era de se abrir com facilidade com adultos. Mesmo assim, admirei sua coragem. Sua postura.
Agora, no primeiro ano do ensino médio, percebo algo mudando. Nela. Em mim. Uma presença que não me sai da cabeça. Talvez por carregar dor. Talvez por esconder segredos. E eu sei reconhecer um coração ferido quando vejo.
Apolo fechou o caderno com cuidado.
Ali, entre palavras caladas, estava seu segredo. Seu passado. Sua saudade. E, talvez, o início de algo que ele não queria nomear.
Mas que já começava a bater forte demais.
Apolo fechou o caderno com um estalo leve e recostou-se na cadeira. O abajur jogava uma luz amarelada sobre a escrivaninha, destacando as marcas de caneta em seus dedos. Quando respirou fundo, sentiu o perfume doce invadindo o espaço antes mesmo de ouvir a voz.
— Escrevendo sobre mim, Apolo? — Fernanda falou baixinho, colando os lábios em sua nuca.
Apolo se sobressaltou.
— Fernanda… eu pensei que você já estivesse dormindo.
Fernanda
Ela riu de canto, deslizando as mãos pelos ombros dele.
— Dormir? Com essa chuva grossa batendo na janela e você sozinho aqui, todo sério, mordendo a caneta? Nem pensar.
Ele se virou devagar, os olhos estreitos.
— Eu disse que você podia dormir aqui por causa da chuva forte. Mas não que viesse até o meu escritório.
Fernanda inclinou a cabeça, maliciosa.
— Ah, Apolo… sempre tão cheio de regras. Você me deixa no quarto de hóspedes, mas sabe que eu não vou ficar lá quietinha. — A voz dela desceu em um sussurro. — Você pode enganar muita gente, mas eu sei que sente falta de calor.
Apolo desviou o olhar, tentando se manter firme.
— Não é tão simples.
Ela sorriu, escorando-se na mesa, a centímetros dele.
— É simples sim. Você quer… eu quero. O resto é desculpa.
Ele passou a mão pelo rosto, nervoso, mas o corpo já começava a reagir.
— Fernanda… eu não sou o mesmo depois da minha separação com a Clara. Eu não sou mais de afeto.
Fernanda arqueou uma sobrancelha, provocativa.
— Ótimo. Eu não vim aqui buscar afeto. Vim buscar você. — E sem esperar resposta, sentou-se no colo dele, de frente, as pernas encaixando de leve nas laterais. — Sente só…
Apolo travou a respiração, as mãos pairando sem saber se empurrava ou puxava.
— Você sabe que tá passando dos limites.
Ela mordeu o lábio, aproximando-se do ouvido dele.
— E você sabe que adora quando eu passo. E pelo visto você está gostando!
Apolo cerrou os olhos, sentindo a pele arrepiar inteira.
— Eu não estou gostando.
Fernanda coloca a mão por dentro da bermuda dele e percebe que ele está de pau duro.— Não é isso que sua rola está dizendo.
Apolo sem reação tenta falar alguma coisa. — Fernanda…
— Shhh… — ela interrompeu, roçando os lábios no pescoço dele. — Fica quieto e sente.
Ele tentou resistir, mas quando Fernanda puxou seu rosto, beijando sua boca e com a mão no seu pau, o mundo pareceu estalar. Foi um beijo faminto, quente, cheio de língua e urgência. Apolo agarrou sua cintura sem perceber, puxando-a contra si.
— Você é fogo… — murmurou entre beijos, já sem fôlego.
— E você é quem me acende — ela respondeu, sorrindo maliciosa.
As mãos de Fernanda deslizavam por dentro da camisa dele, explorando cada músculo. Ele arfava, tentando manter o controle.
— Você sabe que eu não sou de carinho…
Ela riu baixinho, mordendo o lábio.
— Quem falou em carinho? Eu quero você bruto, do jeito que é.
Isso bastou para quebrar qualquer resistência. Apolo a puxou com força, fazendo a cadeira ranger, e a beijou como se quisesse devorá-la inteira. Os livros quase caíram da mesa quando ele a apoiou contra a escrivaninha.
— Eu devia mandar você pro quarto agora mesmo… — disse com a voz rouca.
— Então manda… se tiver coragem de me soltar. — Fernanda o olhava com desafio, os olhos brilhando.
Ele sorriu torto, excitado, as mãos firmes na cintura dela.
— Você me deixa louco.
— Eu vim pra isso — ela respondeu, arqueando o corpo contra o dele. — Me mostra o quanto, professor.
O beijo voltou, ainda mais urgente. As respirações se misturavam, gemidos baixos escapavam, e o escritório — antes silencioso e cheio de lembranças — virou palco de uma chama que nenhum dos dois quis apagar.
Então Apolo colocou Fernanda em cima da escrivaninha e começou a descer os beijos, ele tirou a blusa que ela está e descobriu que ela estava nua por debaixo.
Apolo questionou. — Você estava nua esse tempo todo?
Fernanda, responde sendo bem provocativa.— Estava sim, e até parece que você não gostou.
Apolo então continua de onde parou, começa a chupar e mordiscar os seios dela, tirando gemidos sinceros dela. Apolo vai descendo gradualmente e chega perto da buc*** dela e começa a chupar com gosto e focando no clitóris dela.
Fernanda se segura firme na escrivaninha. — Aim Apolo, chupa minha buc***!
Apolo continua chupando ela, então ele coloca dois dedos dentro dela e começa a movimentar muito rápido fazendo Fernanda gemer de desespero. Assim que a Fernanda goza ele chupa todo mel dela, então ele tira ela de décima da escrivaninha e ela começa a chupar o pau dele com vontade.
Apolo não costuma gemer quando alguma mulher está chupando ele e o mesmo acontece com a Fernanda, ele pensa que ela não chupa muito bem, mas se conforma. Para ela não perceber que ele não está se agradando muito, ele levantar ela coloca ela de costas pega uma camisa, colocar e logo em seguida começar a f*der ela com bastante força.
Em quanto isso ele bate na bunda dela e puxa seus cabelos loiros, não demora muito ela goza.
Fernanda sem saber como perguntar, pergunta para Apolo. — Apolo, posso te pedir uma coisa?
Apolo ainda ali de pau duro. — Pode sim, sobre o que se trata?
Fernanda sem graça fala. — Porque você não come o meu c*?
Apolo sem entender direito. — Porque você quer que eu coma seu c*? Eu nunca quis isso e já deixei bem claro.
Eu apenas pensei que você pudesse ter mudado de ideia. — Ela fala de cabeça baixa.
Apolo responder frio e já sem clima. — Mas pensou erado. — Ele sai de perto dela.
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