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Eternal Blade Online

O Começo do Pesadelo

O céu estava pintado de um vermelho profundo, como sangue diluído em água. Kaito abriu os olhos lentamente, sentindo o peso do equipamento inicial pressionando seu corpo. Suas mãos se moveram instintivamente em direção à espada curta em sua cintura — uma lâmina simples, mas afiada. 

Ao seu redor, centenas de jogadores começavam a se levantar, confusos. Alguns chamavam pelos menus do jogo, outros gritavam por amigos. O burburinho de vozes se misturava com o som do vento cortando os edifícios de pedra da Praça do Despertar, o ponto inicial de Eternal Blade Online. 

—"O que está acontecendo Por que não consigo sair!" — um jovem de cabelos desgrenhados agarrava o próprio cabelo, desesperado. 

Kaito franziu a testa. Algo estava errado. 

Foi então que uma sineta ecoou em todo o andar, seguida por uma voz fria e metálica: 

"Bem-vindos, jogadores. Meu nome é Neo, o Criador deste mundo." 

O silêncio caiu sobre a praça. 

"Como vocês já perceberam, o botão de logout foi removido. Não há escapatória. Se tentarem desconectar à força, seus nervódios serão queimados por seus XGear." 

Um murmúrio de pânico se espalhou. 

"Há apenas uma maneira de sair: chegar ao 100º andar e derrotar o Guardião Final. Boa sorte." 

A mensagem se dissipou, deixando apenas o vento e o terror pairando no ar. 

Kaito respirou fundo, forçando a mente a se acalmar. "Preciso me mover. Ficar parado é morte certa." 

Ele já havia jogado betas de outros VRMMOs e sabia que o primeiro passo era formar um grupo. Olhou ao redor, avaliando os jogadores próximos. 

—"Você também parece estar pensando direito." 

Uma voz suave, mas firme, veio de trás dele. Ao se virar, viu uma garota de cabelos prateados e olhos azuis como gelo, segurando uma lança simples. 

—"Airi," ela disse, estendendo a mão. "Lanceira. Acho que é melhor não ficarmos sozinhos." 

Kaito apertou sua mão. 

—"Kaito. Espadachim. E concordo." 

Antes que pudessem continuar, um grito ecoou do outro lado da praça. 

—"MONSTROS! ELES ESTÃO VINDO PELOS PORTÕES!" 

Um grupo de Kobolds Armados invadiu a praça, brandindo machados enferrujados. Eram inimigos fracos em condições normais, mas agora, com a ameaça da morte real, até um golpe errado poderia ser fatal. 

—"Vamos!" Kaito puxou sua espada e avançou. 

Airi correu ao seu lado, lança brilhando sob a luz vermelha. 

O primeiro kobold pulou em sua direção. Kaito desviou para a esquerda e cortou seu flanco, fazendo o monstro gritar antes de se desfazer em pixels. 

—"Dois vindo pela direita!" Airi avisou, girando sua lança para atingir um no peito. 

Eles lutaram lado a lado, derrotando um inimigo após o outro. Outros jogadores começaram a se juntar à batalha, formando pequenos grupos. 

Quando o último kobold caiu, uma mensagem apareceu: 

[Bônus de Primeira Vitória: +1000 EXP]

—"Pelo menos ganhamos bastante xp," murmurou Airi, ofegante. 

Kaito olhou para os jogadores ao redor. Alguns estavam feridos. Outros choravam. Um garoto mais novo tremia, segurando um machado com as mãos trêmulas. 

—"Não podemos ficar aqui," ele disse, baixinho. "Precisamos nos fortalecer." 

Airi concordou com um aceno. 

—"O primeiro andar tem uma cidade segura, certo Vamos até lá." 

Após uma curta caminhada, chegaram a Rokuren, a cidade principal do 1º andar. Era um lugar movimentado, com lojas, tavernas e uma grande fonte no centro. Jogadores se aglomeravam em grupos, discutindo estratégias ou apenas tentando processar a situação. 

—"Olhem! Alguém colocou um quadro de recrutamento!" Airi apontou para uma placa de madeira perto da taverna. 

Várias mensagens estavam escritas: 

- "Precisamos de um tank! Grupo experiente!" 

- "Curandeiros, juntem-se a nós!" 

- "Sobreviventes, vamos nos organizar!" 

Kaito suspirou. 

—"Acho que precisamos de mais pessoas." 

Foi então que um homem alto, vestindo uma armadura pesada, se aproximou. 

—"Vocês dois parecem saber o que estão fazendo. Querem se juntar ao nosso grupo, no caminho para a taverna encontramos a entrada para o Boss, e vamos nos preparar hoje e enfrentar o boss amanhã." 

Kaito e Airi trocaram olhares. 

—"Qual é o plano" Kaito perguntou. 

O homem sorriu. 

—"Chamo-me Duran. E o plano é simples: matar o Rei Kobold antes que ele mate a gente."

A Primeira Barreira

A taverna Cerveja do Guerreiro estava abarrotada de jogadores, mas o silêncio pesava como uma laje de pedra. Kaito girou o copo vazio entre os dedos, observando o grupo reunido ao redor da mesa de carvalho riscada por lâminas. 

—"Então, é isso. O Rei Kobold fica na masmorra no leste do andar," explicou Duran, traçando um mapa grosseiro na superfície da mesa com o dedo. "Relatos dizem que ele tem três fases de batalha e um ataque especial que pode instakill quem estiver com menos de 30% de HP." 

Airi puxou o capuz do manto para trás, revelando uma expressão tensa.

Um calafrio percorreu a espinha de Kaito. "Mortes reais. Não dá para errar." 

—"Precisamos de um plano impecável," ele disse, erguendo a voz para o grupo. "Dois tanques alternando, três DPS focando nos tendões das pernas para reduzir sua mobilidade, e um curandeiro de plantão." 

Um rapaz magricela chamado Takeshi bateu na mesa, entusiasmado. 

—"Pra que tanta cautela? É só o primeiro boss! Eu vou na frente e corto a cabeça dele!" 

Antes que alguém pudesse contestar, ele saiu da taverna com seu machado gigante balançando nas costas. 

—"Idiota..." murmurou Lena. 

Duran suspirou. 

—"Vamos atrás dele antes que vire pasta de pixels."

O caminho até a masmorra era uma trilha sinuosa entre penhascos, com Kobolds Sentinelas patrulhando as redondezas. O grupo os eliminou em silêncio, evitando alertar mais inimigos. 

Ao chegarem à entrada da masmorra — um portal de pedra com runas vermelhas —, encontraram Takeshi esperando, impaciente. 

—"Demoraram! O boss já deve estar com saudade da minha lâmina!" 

Kaito ignorou o comentário e apontou para o interior sombrio. 

—"Formação padrão. Duran e eu na frente. Lena e Airi atacam à distância. Mika, você fica de olho na nossa saúde." 

A curandeira Mika, uma garota de voz suave, assentiu enquanto segurava seu cajado de madeira com força. 

O interior da masmorra cheirava a mofo e ferro velh, faziam Airi apertar o punho em volta de sua lança. 

—"Não olhe," Kaito sussurrou para ela. "Foque no que está à frente." 

E então, eles o viram.

O boss era uma monstruosidade de 3 metros de altura, com pelagem negra e uma coroa de crânios humanos em sua cabeça. Seus olhos amarelos brilhavam na escuridão quando ele ergueu seu machado de duas lâminas. 

[Rei Kobold - Nível 10 - HP: 100%] 

—"AGORA!" Duran gritou, avançando com seu escudo levantado. 

O machado do boss atingiu o metal com um estrondo, fazendo Duran escorregar para trás, mas Kaito aproveitou a abertura para cortar o tendão da perna esquerda do monstro. 

-15% HP! 

—"Funcionou!" Airi comemorou, lançando um Piercing Thrust que acertou o peito do Kobold. 

O boss rugiu e entrou em Fase 2, jogando Duran longe com um golpe giratório. 

—"Ele está mais rápido!" Lena gritou, disparando uma flecha que acertou o olho direito do monstro. 

Foi então que Takeshi, ignorando completamente a estratégia, pulou no ar com seu machado brilhando. 

—"MORRA, SEU LIXO!" 

O Rei Kobold sorriu.

Antes que Takeshi pudesse atingi-lo, o boss desapareceu em uma névoa púrpura e reapareceu atrás dele. 

—"Takeshi, esquiva!" Kaito berrou, mas era tarde demais. 

O machado do Rei Kobold cortou o garoto da clavícula até o quadril, um golpe tão rápido que o sistema nem registrou o dano — apenas uma mensagem piscou em vermelho: 

[Takeshi - ELIMINADO] 

O corpo do jogador se dissolveu em cristais brilhantes antes de atingir o chão. 

—"NÃO!" Mika gritou, perdendo o foco por um segundo. 

Foi o suficiente. 

O boss avançou em direção a ela, mas Airi interveio, bloqueando o golpe com sua lança. A força do impacto a jogou contra a parede. 

-68% HP! 

—"Airi!" Kaito correu em sua direção, mas Duran o puxou para trás. 

—"FOCA NO BOSS, OU VAI MORRER TAMBÉM!" 

Kaito engoliu o grito de raiva e voltou-se para o Rei Kobold, agora com 10% de HP restante. 

—"Lena, DISTRAI ELE!" 

A arqueira disparou uma Flecha Incendiária no rosto do monstro, fazendo-o recuar. 

Kaito não perdeu tempo. Ele ativou uma habilidade única: Corte Relâmpago e pulou, mergulhando sua espada no pescoço do Rei Kobold até a guarda. 

[Rei Kobold - HP: 0%] 

O monstro rugiu uma última vez antes de explodir em fragmentos de luz.

A sala ficou em silêncio, exceto pelo som da respiração ofegante do grupo. 

Mika correu até Airi, aplicando Cura Moderada enquanto chorava. 

—"Eu... eu poderia ter salvado ele..." 

Duran fechou os olhos. 

—"Ninguém salva quem não quer ser salvo." 

Kaito olhou para os cristais no chão — os últimos vestígios de Takeshi. "Ele morreu por orgulho. E se eu falhar, quem mais vai sumir?" 

Airi se levantou com dificuldade e colocou uma mão em seu ombro. 

—"Vamos continuar. Parar agora só faria a morte dele ser em vão." 

Ele assentiu, apertando o punho em volta da Medalha do Primeiro Andar que apareceu em seu inventário. 

[Recompensas Desbloqueadas: Espada de Ferro (Kaito), Lança do Vento (Airi), Pergaminho de Cura (Mika)] 

Lena quebrou o silêncio. 

—"O próximo andar nos espera. E dessa vez... sem idiotas." 

O grupo saiu da masmorra sob a luz do sol virtual, carregando o peso de sua primeira perda real.

O Preço da Vitória

O Portal para o Segundo Andar brilhava como um véu de água suspenso no ar, ondulando suavemente no centro da praça de Rokuren. Kaito esticou a mão, sentindo a superfície gelada do portal antes de atravessá-lo. Uma sensação de formigamento percorreu seu corpo, e em um piscar de olhos, o cenário mudou. 

O Segundo Andar se estendia à sua frente — um deserto vasto e escaldante, com dunas douradas que se perdiam no horizonte sob um céu cor de laranja. O calor virtual era tão intenso que até o ar tremeluzia. 

—"Pelo menos não sentimos fome ou sede de verdade," murmurou Lena, limpando a testa seca com o braço. 

Airi ajustou a Lança do Vento nas costas, seu presente pela vitória contra o Rei Kobold. A arma tinha um brilho prateado e um efeito de vento cortante em cada golpe. 

—"Não subestime o sistema. Se o jogo diz que estamos com calor, nosso cérebro vai acreditar," ela respondeu, olhando para Kaito, que inspecionava sua nova Espada de Ferro. 

A lâmina era mais pesada que a inicial, mas o corte era limpo e preciso. Ele deu um giro experimental com a arma antes de embainhá-la. 

—"Vamos. A cidade segura deve estar perto."

A Cidade de Areia de Hakaze era um oásis no meio do deserto, com paredes de pedra avermelhada e ruas cobertas por toldos coloridos que protegiam do sol. Jogadores se aglomeravam em torno de uma fonte central, onde um mercador NPC vendia poções de resistência ao calor. 

—"Precisamos comprar algumas dessas," Mika sugeriu, segurando seu Pergaminho de Cura como se fosse um tesouro. 

—"Com que dinheiro?" Duran cruzou os braços. "Gastamos tudo em equipamentos depois do último boss." 

Foi então que uma voz rouca os interrompeu. 

—"Se precisam de dinheiro, eu tenho um trabalho para vocês." 

Um homem encapuzado, com uma cicatriz que ia da testa até o queixo, observava o grupo de dentro de um beco escuro. 

—"Quem é você?" Kaito colocou a mão no punho da espada. 

—"Chamem-me de Rashid. E tenho um problema com Escorpiões da Areia atacando minhas caravanas. Eliminem o ninho deles, e eu pago 5000$." 

Airi levantou uma sobrancelha. 

—"Por que não faz você mesmo?" 

Rashid sorriu, revelando dentes manchados. 

—"Porque o ninho fica dentro da Caverna da Perdição. E lá... coisas desaparecem."

A entrada da caverna era um buraco negro na lateral de um penhasco, como se a terra tivesse aberto um sorriso maligno. O ar dentro era frio e seco, contrastando com o calor do deserto. 

—"Luz," Kaito ordenou, e Lena acendeu uma tocha virtual, iluminando as paredes cheias de runas antigas. 

—"Isso não parece coisa de escorpiões," Mika sussurrou, apertando o cajado contra o peito. 

Ela estava certa. 

No chão, rastros de arrasto marcavam a poeira, como se algo — ou alguém — tivesse sido puxado para o fundo da caverna. 

—"Fiquem alertas," Duran avisou, levantando seu escudo. 

Eles avançaram até uma câmara ampla, onde dezenas de Escorpiões da Areia (nível 8) se aglomeravam em volta de uma pilha de equipamentos abandonados. 

—"Loot de jogadores," Lena identificou, franzindo a testa. "Isso não é normal. Monstros não recolhem itens." 

Antes que pudessem investigar, os escorpiões os atacaram.

A batalha foi rápida, mas estranha. Os escorpiões não atacavam de forma aleatória — eles miraram primeiro em Mika, como se soubessem que ela era a curandeira.

De volta a Hakaze, Mika se recuperava em uma cama de taverna, enquanto os outros se reuniam em volta de uma mesa. 

—"Duran era um deles desde o início," Lena resmungou, esmagando um copo vazio em sua mão. "Ele nos levou lá para sermos roubados." 

Kaito olhou para a Espada de Ferro sobre a mesa. 

—"Não podemos confiar em ninguém facilmente. Não aqui." 

Airi observou o movimento da cidade pela janela — jogadores rindo, bebendo, como se não estivessem presos em uma sentença de morte. 

—"Mas também não podemos fazer isso sozinhos." 

Ele concordou com um aceno. 

—"Então encontramos aliados... mas verificamos cada palavra deles."

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