Coração de Ferro (BakuDeku)
Capítulo 1 – O Som do Silêncio
A luz da manhã invadia lentamente o pequeno apartamento no bairro de Musutafu. No quarto principal, o silêncio era quebrado apenas pelo som suave da respiração de uma menina dormindo no quarto ao lado. O homem de 1,87m de altura, corpo esculpido pelo tempo e disciplina, estava diante do espelho, puxando o capuz de sua jaqueta enquanto fitava o próprio reflexo.
𝗞𝗮𝘁𝘀𝘂𝗸𝗶
(disse em voz baixa)
Mais um dia… Eri, você é tudo o que eu tenho.
O rosto endurecido de Bakugou Katsuki escondia as cicatrizes emocionais de batalhas maiores do que as que ele enfrentava no ringue. Lutador profissional de boxe há quase uma década, ele havia conquistado títulos, fama e dinheiro. Mas nenhum cinturão valia mais do que aquele pequeno par de olhos vermelhos que o chamava de “papai”.
No quarto ao lado, um barulho sutil.
𝗘𝗿𝗶
(meio sonolenta)
Papai?
𝗞𝗮𝘁𝘀𝘂𝗸𝗶
(caminha até a porta e abre com um sorriso suave, o tipo raro)
Bom dia, minha lutadora. Dormiu bem?
𝗘𝗿𝗶
Uhum… Você vai treinar de novo hoje?
𝗞𝗮𝘁𝘀𝘂𝗸𝗶
(pega a filha no colo com facilidade)
Vou, mas só depois de te levar pra escola. Primeiro, panquecas com calda de morango, combinado?
𝗞𝗮𝘁𝘀𝘂𝗸𝗶
(rindo baixinho)
Com chantilly também.
Depois de um café da manhã simples, mas cheio de carinho, Bakugou levou Eri à escola com sua moto, como fazia todos os dias. Ela usava um capacete cor-de-rosa e se agarrava firme à cintura dele.
No caminho de volta, ele parou na academia onde treinava. Era um lugar modesto, com cheiro de suor, couro e sangue seco. Mas ali, Bakugou era rei.
𝖱𝗒𝗎𝗃𝗂
(gritando da entrada do ringue)
Tá atrasado, explosivo!
𝗞𝗮𝘁𝘀𝘂𝗸𝗶
(jogando a jaqueta no banco e mostrando os músculos marcados pela luta e o tempo)
Atrasado? Tô aqui antes de você sair da fralda.
𝖱𝗒𝗎𝗃𝗂
(sorri, pegando as luvas)
Sua próxima luta é em duas semanas. Tua cabeça tá no lugar?
𝗞𝗮𝘁𝘀𝘂𝗸𝗶
(olhando pra foto de Eri presa no armário)
Tá. Por ela, sempre vai estar.
Ao final do treino, exausto, ele voltava pra casa. As dores do corpo eram rotina. Mas naquele dia, algo diferente o esperava. Uma carta sobre a mesa.
Reconheceu a caligrafia assim que a viu.
Era de Yuki, sua ex-esposa.
📲> "Katsuki, preciso conversar. Algo importante. É sobre Eri."
Ele franziu o cenho, engoliu seco e olhou para o relógio. Eri sairia da escola em uma hora. O coração do boxeador, que batia forte no ringue, bateu ainda mais forte agora.
𝗞𝗮𝘁𝘀𝘂𝗸𝗶
O que você quer agora, Yuki…?
Capítulo 2 – O Peso das Escolhas
A luz do entardecer atravessava a janela do pequeno apartamento dos Midoriya. O cheiro de café recém-passado pairava no ar enquanto a televisão, no volume mais baixo, exibia um noticiário qualquer.
Na mesa da cozinha, um jovem de cabelos bagunçados e olhos esverdeados apertava os olhos sobre a tela do notebook. Ele roía a unha do polegar com ansiedade.
𝗜𝘇𝘂𝗸𝘂
Droga… todos os anúncios exigem experiência… Como eu vou ter experiência se ninguém me dá a chance?
𝗜𝗻𝗸𝗼
(aparecendo com uma xícara de café)
Você já tá procurando desde cedo, filho. Faz uma pausa, vai.
𝗜𝘇𝘂𝗸𝘂
(pega a xícara, mas sem tirar os olhos da tela)
Não dá, mãe… Se eu não conseguir esse mês, a universidade me bloqueia. Eu não posso perder o semestre.
𝗜𝗻𝗸𝗼
(suspira, puxando uma cadeira)
Eu sei, Izuku… mas você também precisa cuidar de si. Tá emagrecendo, perdendo sono... E seu irmão já tá preocupado também.
Nesse momento, uma voz rouca ecoa da sala.
𝗦𝗵𝗶𝗴𝗮𝗿𝗮𝗸𝗶
Eu falei pra ele vir trabalhar comigo na oficina. Mas não, tem que ser com criança. Vai entender...
𝗜𝘇𝘂𝗸𝘂
(sorri de leve, mas não desiste)
É com criança mesmo. Eu quero isso. E não vou abrir mão.
𝗦𝗵𝗶𝗴𝗮𝗿𝗮𝗸𝗶
Pedagogia... Não sei de onde você puxou esse coração mole. Mas tá, se acha que vai dar certo…
Shigaraki não era o irmão mais carinhoso, mas no fundo se preocupava. Já Inko estava visivelmente cansada, trabalhando como costureira para sustentar os dois filhos sozinha desde que o pai deles foi embora.
Izuku respirou fundo e digitou mais uma vez no buscador:
“Vaga para auxiliar de educação infantil – meio período”
Após alguns minutos de rolagem, seus olhos pararam num pequeno anúncio:
> “Procura-se ajudante com paciência, dedicação e amor por crianças.
Local: creche particular Pequenos Gigantes.
Contato: 91XXXXXXX – falar com Sra. Takeyama.”
𝗜𝘇𝘂𝗸𝘂
Pequenos Gigantes... nunca ouvi falar... mas vou tentar!
Ele imediatamente pegou o celular e salvou o número.
Nesse momento, o celular vibrou com uma mensagem.
Izuku sorriu involuntariamente ao ler. Mesmo nos dias difíceis, Uraraka conseguia acalmar o furacão dentro dele.
Minutos depois, outra mensagem chegou. Era de Shoto, seu melhor amigo desde o colégio.
Enquanto o sol se escondia no horizonte, Izuku sentia algo diferente no peito. Não era só ansiedade. Era como se alguma coisa nova estivesse prestes a acontecer. Uma mudança de rota.
O que ele não sabia…
Era que aquela vaga na creche seria o ponto de encontro entre dois mundos completamente diferentes.
O mundo de Izuku Midoriya, o universitário com sonhos suaves.
E o mundo de Katsuki Bakugou, o lutador com cicatrizes profundas.
Capítulo 3 – Pequenos Gigantes, Grandes Encontros
A manhã chegou mais rápido do que Izuku esperava. Quase não dormiu, nervoso por conta do novo emprego. Vestiu uma camisa social verde-clara, calça jeans escura e um tênis limpo, mas já meio gasto. No espelho, tentou dar um jeito no cabelo rebelde, em vão.
𝗜𝗻𝗸𝗼
(sorrindo da porta)
Você tá lindo, meu filho. As crianças vão adorar você.
𝗜𝘇𝘂𝗸𝘂
Eu tô parecendo um espantalho estagiário…
𝗜𝗻𝗸𝗼
(rindo)
Um espantalho muito doce. Boa sorte.
Izuku caminhou pelas ruas de Musutafu até chegar na pequena creche. Um prédio simples, colorido, com uma cerca branca e desenhos de girafas e nuvens nas paredes. O letreiro dizia:
“Creche Particular Pequenos Gigantes”
Ele engoliu seco, respirou fundo e entrou.
𝖳𝖺𝗄𝖾𝗒𝖺𝗆𝖺(𝖣𝗂𝗋𝖾𝗍𝗈𝗋𝖺)
Izuku Midoriya?
𝗜𝘇𝘂𝗸𝘂
Sim! É um prazer, senhora Takeyama.
𝖳𝖺𝗄𝖾𝗒𝖺𝗆𝖺(𝖣𝗂𝗋𝖾𝗍𝗈𝗋𝖺)
Você parece mais novo ainda pessoalmente. Mas vamos ver se tem jeito com criança.
𝖳𝖺𝗄𝖾𝗒𝖺𝗆𝖺(𝖣𝗂𝗋𝖾𝗍𝗈𝗋𝖺)
Hoje é seu primeiro dia, então vai me acompanhar e ajudar no que precisar.
Izuku assentiu, ajeitando a mochila no ombro.
A manhã começou com a recepção dos pequenos. Crianças de 3 a 6 anos entravam uma a uma, algumas sorridentes, outras chorando, com suas mochilinhas coloridas.
Foi ali que Izuku a viu pela primeira vez.
Uma garotinha de cabelos brancos como neve, pele pálida e olhos rubros, com um pequeno curativo no braço e um laço amarelo na cabeça. Ela segurava firme a mão de um homem alto, loiro, com expressão fechada e postura protetora.
𝖳𝖺𝗄𝖾𝗒𝖺𝗆𝖺(𝖣𝗂𝗋𝖾𝗍𝗈𝗋𝖺)
(baixinho para Izuku):
Aquela é a Eri. Muito tímida. Quase não fala. O homem com ela é o pai
𝖳𝖺𝗄𝖾𝗒𝖺𝗆𝖺(𝖣𝗂𝗋𝖾𝗍𝗈𝗋𝖺)
Katsuki Bakugou. Lutador profissional, mas não se engane pelo jeito dele… é um pai excepcional. A mãe da menina… sumiu faz um tempo.
Izuku observou em silêncio, sentindo uma estranha empatia. Não sabia explicar, mas aquela menininha parecia... carregada de algo mais.
𝗞𝗮𝘁𝘀𝘂𝗸𝗶
(ajoelhando-se diante da filha)
Você lembra do que o papai disse, né?
𝗘𝗿𝗶
(sussurrando)
Que eu sou forte...
𝗞𝗮𝘁𝘀𝘂𝗸𝗶
Isso. E que vou te buscar depois. Qualquer coisa, é só chamar uma professora, certo?
Eri assentiu com a cabeça e soltou lentamente a mão do pai, indo para dentro.
Bakugou se levantou e lançou um olhar direto para Izuku, por instinto. Era como se analisasse cada centímetro do jovem.
𝗞𝗮𝘁𝘀𝘂𝗸𝗶
(rígido)
Você é novo aqui?
𝗜𝘇𝘂𝗸𝘂
(engolindo em seco)
Sou, sim. Izuku Midoriya. Estudante de pedagogia. Só ajudante, por enquanto.
𝗞𝗮𝘁𝘀𝘂𝗸𝗶
Hm. Qualquer coisa com ela… me liga. Qualquer coisa.
Bakugou assentiu, sério, e foi embora sem dizer mais nada.
Quando Eri entrou na sala, não disse uma palavra. Sentou no canto e abraçou o próprio joelho, observando os outros brincarem.
Izuku se aproximou com cuidado, segurando dois bonequinhos de madeira: um coelhinho e um dinossauro azul.
𝗜𝘇𝘂𝗸𝘂
(sorrindo gentilmente)
Esse coelhinho tava te procurando. Ele disse que ouviu falar de uma menina muito corajosa por aqui… Será que é você?
Eri o olhou, assustada, mas sem responder.
Izuku não forçou. Colocou os brinquedos no chão ao lado dela e se afastou devagar.
Uma hora depois, ele a viu brincando sozinha com o coelhinho.
No fim do dia, quando Bakugou voltou para buscá-la, Eri correu até ele e disse, baixinho:
𝗘𝗿𝗶
O coelhinho me achou hoje...
Bakugou franziu a testa, confuso.
Ela apontou discretamente para Izuku, que arrumava alguns blocos ao fundo da sala.
𝗞𝗮𝘁𝘀𝘂𝗸𝗶
(olhou de novo para Izuku, com mais atenção desta vez)
Tsk… Veremos.
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