Olá minhas leitoras!
Escrevo com carinho, mas aviso: essa história é crua,pesada e cheia de verdade incômodas e quero que sintam a adrenalina de cada esquina, o frio na barriga de cada negociação e a tensão e desejo de cada olhar trocado....e pra entender melhor recomendo que leiam duas obras fundamentais
📖O Dono do Morro do Alemão
📖Cidade de Deus
Elas mostram de onde nasceu a realidade que inspira cada detalhe dessa narrativa, as ruas ,as favelas,os códigos,a lei do silêncio e respeito
Agora se preparem que a história vai começar......
🔞contém hots pesados, violência,cenas quentes e explícitas de sexo e não é indicada para menores
⚠️ postarei de dois a três capítulos por dia
⚠️ quem não gosta desse tipo de livro, saia agora
⚠️ se não é a sua vibe, simplesmente não leia
O recado é simples: não deixem comentários maldosos, não critique por ser o que já está avisado aqui....essa obra é pra quem curte esse universo, então se não for pra você respeite e siga em frente!
Pra quem ficar... bem-vindas ao caos do Vincent e os restantes 🔥
Na Cidade De Deus não se nasce livre, se nasce escolhido ou marcado...e eu nasci filho do homem que manda nessa porra toda.
Meu nome é Vincent... Filho do Dono do Morro, meu pai Playboy....Sou herdeiro de um império construído na bala, no medo e no respeito.
Minha mãe é a Manu, a mulher que carrega veneno no olhar e aço no sangue...E tenho a minha irmã gêmea, a Valentina, a prometida ao filho do dono do morro do alemão por um acordo de sangue feito entre monstros.
......................
Era uma terça de sol queimando a nuca quando meu pai me chamou no terraço da nossa casa, com a vista completa da CDD aos nossos pés.
Ele fumava em silêncio, olhos negros como petróleo mirando o horizonte.
PLAYBOY: Vai descer pro asfalto hoje - ele disse sem rodeios - O deputado quer conversar e tá oferecendo coisa grande...mas quer sujeira em troca,coisa que só a gente pode fazer.
Eu já sabia que política cheira pior que cadáver largado na viela,a diferença é que político paga bem mais
VINCENT: o que ele quer?
PLAYBOY: Quer que a gente elimine três candidato...um do complexo da Penha,uma da maré e um que tá se criando no Vidigal, todos concorrência e ele quer limpar o caminho pra ganhar a eleição tranquilo, vai pagar uma fortuna, mas tu vai ouvir, negociar e sair pra cima - eu assenti já que negociar era comigo mesmo
Junto comigo ia o Miguel, o russo alto, branco como giz, frio como o gelo e meu melhor amigo desde os treinos em Moscou...Ele fala pouco, age rápido e atira com a precisão de um cirurgião.
Descemos para o asfalto em silêncio, o deputado esperava num casarão em Santa Teresa, cercado de seguranças armados e com medo até da própria sombra.
***: Vincent...que honra - ele disse tentando esconder o nervosismo atrás de um sorriso amarelo - O morro tem voz e poder por isso chamei vocês
VINCENT: Vá direto ao ponto, tempo é o que menos tenho - falei me sentando calmamente e Miguel ficou de pé atrás de mim
Ele engoliu seco e começou com a proposta, eram três alvos,um milhão por cabeça e zero rastros, o dinheiro era limpo repassado por fora em partes mas tinha um detalhe....ele queria um dos assassinatos ao vivo pra provar "poder" ao partido.
VINCENT: Você quer que a CDD se rebaixe a teatro de horror por voto? - sorri pra ele friamente - Meu pai manda em mil homens, se eu quisesse acabava com essa cidade em uma semana, mas eu negocio e decido o preço - o deputado hesitou e tentou contra-atacar mais eu já tinha virado o jogo - Dois milhões por cabeça, pagamento a vista, nada de transmissão e a gente escolhe o método...ou então você negocia com o vidigal.
***: Feito! - ele assentiu e eu me levantei e encostei no ombro dele falando baixo só pra ele ouvir
VINCENT: Se você tentar dar o calote...a CDD vai eleger seu sucessor com chumbo!
Sai de lá como entrei, com a cidade no bolso e com o Miguel rindo atrás de mim
MIGUEL: Você nasceu pra comandar irmão - eu sorri de lado acendendo um cigarro e fomos embora.
Voltei pro alto da CDD com o Miguel do meu lado e a missão cumprida na cabeça, assim que entrei em casa meu pai estava na varanda com seu copo de whisky na mão e a cara de quem já sabia a resposta
PLAYBOY: Fala - ele disse sem nem virar
VINCENT: fechei por dois milhões cada,sem transmissão e a gente escolhe como e quando, com pagamento a vista - Ele se virou pra mim soltando uma gargalhada curta e orgulhosa
PLAYBOY: Moleque é foda
VINCENT: eu sou teu filho né? - retruquei com um sorriso de canto
PLAYBOY: Vai longe vincent, mas lembra sempre que confiança é só até o primeiro vacilo, até de mim - assenti, isso eu já tinha aprendido antes de aprender a escrever meu nome
Entrei na cozinha e dei de cara com a minha mãe e minha irmã rindo enquanto contavam alguma coisa... Valentina tava com a blusa amarrada na cintura e uma faca na mão, perigosa daquele jeito que só ela conseguia ser.
VALENTINA: olha aí,o reizinho da CDD apareceu - ela fala provocando
VINCENT: cuidado com essa faca aí Val...vai acabar cortando tua língua venenosa
VALENTINA: melhor venenosa do que falsa igual fingindo que não baba na Bia - ela falou rindo
VINCENT: Tu é doida - balancei a cabeça - e tu mãe...vai deixar essa demônia falar assim comigo?
MANU: desde que ela não corte teu pau fora,tá tudo certo
Miguel deu risada e Valentina fez um brinde com a faca...e eu amava aquela bagunça, a família era o único lugar onde eu ainda ria de verdade.
VINCENT: Bora russo - falei - vamos descer na lanchonete
A lanchonete era nosso ponto, nossa vitrine de onde a gente mandava sem precisar levantar a voz. Sentamos na mesa de canto e Miguel acendeu um cigarro enquanto a gente falava dos alvos,dos pagamentos,da movimentação da milícia da zona oeste... até que elas chegaram....eram três, uma loira,uma ruiva e uma morena.....Eram novas na área, recém chegadas da Pavuna, roupas curtas,olhos afiados...a loira tinha olhos azuis de um jeito de quem queria provocar, a ruiva veio direto no Miguel e a morena era só fogo nos olhos.
VINCENT: Caralho...- murmurei olhando pro Miguel
MIGUEL: a ruiva é minha - ele falou sem pensar
VINCENT: então a loira é minha - respondi com um sorriso de canto
Levantei e encarei a loira sem falar nada, só levantei o queixo e fiz sinal sutil com os dedos e ela entendeu e me seguiu sem pensar.
Atravessamos os fundos da lanchonete até um dos barracos vazios que usávamos quando o sangue fervia, entrei primeiro e ela em seguida e fechei a porta com força
VINCENT: Tu quer? - perguntei encarando de cima
***: quero - ela respondeu sem pestanejar
Foi o que bastou e segurei firme sua cintura,puxei pela nuca e beijei com força,sem espaço e sem pausa...ela retribuiu com a mesma fome cravando as unhas nos meus ombros e joguei ela na cama de solteiro encostada na parede onde o colchão rangeu e meu corpo foi por cima....Coloquei o preservativo e os beijos foram brutos,a mão passando por onde bem entendi, meu prazer,meu ritmo e nada de carinho,nada de promessas, apenas instinto.
Ela gemeu meu nome mas não respondi, não era sobre sentimentos,era sobre poder e sobre domínio, e quando acabou...eu levantei, vesti a calça e acendi um cigarro e disse com frieza
VINCENT: Pode ir
Ela não reclamou, sabia que era só isso...pente e rala.
Sai do barraco sem pressa, ajeitando a camisa,cigarro aceso no canto da boca e a mente limpa como só depois de um bom descarrego.
O céu da CDD já começava a escurecer e eu subia na moral sentindo o cheiro do feijão da Dona Cida misturado com o do lixo queimado na esquina.
Chegando perto de casa vi a cena de longe, o Tabuada tava com a cara fechada, braços cruzados,do jeito que só ele ficava quando queria bater e não podia, a Japa estava firme como sempre e apontava o dedo no meio da cara da própria filha....A Bia...a filha do caos e a melhor amiga da minha irmã, a desgraçada que adorava me provocar.
Me aproximei com calma já rindo por dentro da cara de deboche que só a Bia conseguia fazer
VINCENT: que porra é essa aí? - perguntei acendendo outro cigarro
BIA: Eu só dei um soco no otário que tentou me beijar - ela disse rindo de lado
VINCENT: soco? - levantei a sobrancelha - só um?
BIA: foi com o joelho também - ela completou com orgulho
JAPA: e foi pouco - emendou a Japa - era pra ter quebrado os dentes
TABUADA: eu vou resolver isso agora! Ninguém toca na minha filha
VINCENT: calma aí - levantei a mão - Deixa que eu resolvo, só me diz o nome dele
TABUADA: Juninho,o vapor da laje da Grota - eu dei risada
VINCENT: O moleque novo né?
BIA: Novo e burro - ela retrucou com raiva - achou que só porque me viu rindo podia me agarrar
VINCENT: não gosto de homem que força nada,nem toque e nem olhar - fui direto no meu radinho preso na cintura
📱Miguel desocupa aí, deu ruim com um vapor
📱 Caralho nem gozei ainda
📱Vai gozar na porrada,te espero aqui na porta
Desliguei o rádio,dei um beijo na testa da Bia, mesmo ela reclamando e olhei pra ela
VINCENT: ninguém vai encostar em tu
Ela assentiu e no fundo eu sabia que a Bia era chata,mas era família e se fosse preciso eu queimava o morro por ela.
Miguel chegou em menos de cinco minutos, ajeitando a calça,cabelo bagunçado e aquele sorrisinho de canto.
MIGUEL: Tô pronto,qual foi?
VINCENT: Juninho, vapor da Grota tentou beijar a Bia a força - o sorriso no rosto dele sumiu também
MIGUEL: vai morrer?
VINCENT: vai aprender...
Descemos com passos calmos, como quem vai tomar um café...afinal, ninguém corria na CDD quando tava com raiva, a pressa era dos fracos e a gente não precisava gritar pra ser ouvido,o respeito vinha no som do nosso andar.
Passamos pela quadra, viramos o beco da oficina e entramos pela viela que levava pras lajes da Grota...a molecada dispersou quando viu a gente e um dos vapores me deu o toque
***: Juninho tá Ali no canto chefe
Ele tava sentado, encostado na parede com o radinho na mão rindo de alguma besteira
VINCENT: Juninho - chamei firme sem gritar e ele levantou na hora e empalideceu
JUNINHO: Chefe...que que houve?
VINCENT: Me diz aí,foi verdade que tu tentou beijar a filha do Tabuada sem permissão?
JUNINHO: não chefe...quer dizer...ela tava rindo...achei que...
Antes que ele terminasse,dei um tapa seco na cara dele, só um e Miguel cruzou os braços, Juninho cambaleou e levou a mão no rosto assustado.
VINCENT: Sabe o que tu fez de errado? - pergunteu e ele me olhou assustado - tu confundiu liberdade com convite, riso com permissão e mulher não é território livre pra invasão - me aproximei dele - Aqui na CDD a gente protege as nossas, se a mina disser não, é não...e se for filha de alguém nosso, é não mil vezes - falei baixo com a cara a um palmo da dele - Tu tem duas opções Juninho...aprende com um tapa ou vira exemplo pra nunca mais esquecerem teu nome - ele tremeu
JUNINHO: eu entendi chefe, foi mal...juro que foi mal - Miguel pegou o radinho dele e pisou em cima esmagando sem pressa
VINCENT: Primeira e última chance - completei - Some por uns dias,vai ajudar o Galo no lixão e se eu ouvir mais uma história tua com mina,tu vai parar no chão sem dente e sem honra
JUNINHO: Obrigado pela chance...obrigado mesmo...
Ele saiu quase correndo com o rabo entre as pernas e Miguel me olhou com aquele sorriso torto de sempre
MIGUEL: tu é bom demais no psicológico irmão
VINCENT: ele precisava pensar com medo, não com dor
Acendi um cigarro e joguei a fumaça pro alto e fomos subindo de volta...na CDD quem tocava em mulher sem permissão aprendia com os donos do morro o que era ter a alma arrancada aos poucos e comigo respeito era lei.
...-------Breve história --------...
Eu nasci uns minutos antes da Valentina, sete minutos pra ser exato, e desde então nunca deixei ela esquecer que eu sou o mais velho.
Mas enquanto as outras crianças jogavam bola na laje ou brincavam de esconde esconde pelos becos,eu tava com o meu pai no topo do morro aprendendo a segurar uma arma sem tremer e a negociar sem abaixar a cabeça.
Meu pai dizia " Príncipe tem que estar pronto pro trono antes mesmo da coroa chegar" e eu levei isso a sério
Desde pequeno fui treinado no tiro,na mão, na palavra e na cabeça, eu era o futuro comando e ninguém chegava nesse trono sem pagar o preço.
Valentina também não escapou do destino, aos 18 anos ela seria enviada pro Complexo do Alemão, prometida em casamento ao LK,o filho do dono....A aliança entre as favelas mais poderosas do Rio tinha que ser selada em sangue e em casamento e ela odiou,chorou,bateu de frente mas sabia que não tinha escolha...
(a história da Valentina será em outro livro)
E eu? Odiei também,mas no fundo, lá no fundo, sabia que era o único caminho
Valentina é minha metade,se alguém tocar nela eu mato e eu conheço o LK, sei que o mano é linha de frente,frio como eu, calculista, mas se ele fizer minha irmã chorar...aí não tem favela que segure minha fúria.
Minha mãe é um anjo com mente e estratégia, doce ,carinhosa, mas com o cérebro mais afiado que qualquer faça...ao lado do meu pai formaram um império, ele com força e ela com os planos, o morro inteiro respeita os dois e eu sou apenas o reflexo deles.
A Japa e o Tabuada são como parte da minha família,Criaram a Bia ou melhor...criaram o caos encarnado. Beatriz tem o gênio do pai e a língua afiada da mãe, a melhor amiga da minha irmã que cresceu colada com a gente,linda , atrevida, insuportável as vezes....se não fosse minha irmã de consideração, já teria beijado aquela boca só pra ela parar de me provocar.
E o Miguel....conheci ele na Rússia,quando fui treinado por dois anos, ele era um exilado,largado pela máfia russa como um cachorro na neve, mas a gente se reconheceu pelo olhar e então convidei ele pra voltar pro Brasil comigo e desde então ele é mais cria do que eu....Fala português com aquele sotaque arrastado que enlouquece as mulheres e diz que aqui tudo é mais colorido, pra ele o Brasil é liberdade,calor e vida.
Eu nunca quis saber de amor,nunca acreditei que isso fosse pra mim porque o amor te fortalece,te distrai e te fragiliza e eu sou filho do crime...não posso me dar ao luxo de me preocupar com alguém além da minha família.
Vi o que o amor fez com o Mike...eu tinha 14 anos quando a Federal invadiu o morro e matou dezenas...levou a Perigosa como refém e o Mike se entregou pra morrer junto com ela,e aí os dois tombaram juntos como Bonnie e Clyde e mesmo Assim não conseguiram tomar a CDD, mas o vazio que deixaram...esse ficou.
Lembro que a Fran quase enlouqueceu com a perda do irmão e a Aninha...ela amava o Mike de um jeito que doía ver, foram tempos de luto,de silêncio e dor pesada.
Mas já fazem três anos...
agora a favela segue, A Ritinha e o Titi se casaram e estão esperando um filho, felizes criando a família no meio da guerra...
Mas eu? Eu sou a guerra, nasci dela, fui forjado nela e enquanto o trono da CDD for meu...o sangue,o poder e o respeito vão andar comigo sempre!
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