Pensamentos
As noites mal dormidas e o excesso de pensamentos fazem-me estremecer. Não acredito que depois de 5 anos de relacionamento tudo acabou.
Agora, sinto-me despedaçada e sem rumo, vivi uma vida que não era minha, fiz coisas que prefiro nem lembrar. Só me restam lembranças e feridas marcadas por um amor que só apenas eu amei.
23 de Dezembro de 2021
— Katherine preciso que vá ao mercado e compre alguns ingredientes para ser feito a Ceia de Natal, você será a responsável por fazê-lo.
— Mãe, assim tão de repente?
— Claro que sim, irei encontrar o Roberto hoje e voltarei somente amanhã para a Ceia é claro.
— Nossa - pensou Katherine — Está bem Mãe.
— Aqui está, isso é suficiente, compre o que quiser se sobrar. Agora estou indo, até amanhã filhota.
Minha mãe acha que eu sempre tenho que fazer as coisas pra ela enquanto se diverte por aí. Será que ela não pensa que eu não estou bem e acabei de terminar meu relacionamento, deprimida e ainda a cozinheira da vez. Ninguém liga, afinal.
Supermercado Prime
Que lista imensa me sinto um Masterchef escolhendo o que comprar para fazer isso é tão chato. Poderia eu estar se divertindo com alguns amigos pelo menos apesar que, não tenho amizades, pra falar a verdade só os da internet e olha lá. Vamos ver o que preciso escolher:
...Lista da Ceia de Natal: ...
...1. Peru;...
...2. Salpicão;...
...3. Maionese;...
...4. Uva Passa;...
...5. Batata Palha;...
...6. Rabanada;...
...7. Panetone;...
...8. Vinho;...
...9. Cerveja; ...
Pelo menos álcool não vai faltar, já que sou eu que vou fazer tudo mesmo.
— Tudo deu R$150,00 reais, débito ou crédito?
— É no dinheiro moça.
— Obrigada moça, tenha um bom dia.
— Feliz Natal, um ótimo dia pra você também.
Nossa, como o dia hoje está frio e nublado tinha me esquecido de como é bom estar assim amo o frio e a chuva bom que combina com a minha tristeza.
Vivi 5 anos da minha vida com um cara que nem se importou comigo e nem com os meus sentimentos. Como foi difícil terminar aquele relacionamento tóxico.
20 de Dezembro - Término
— Roberto eu te chamei aqui hoje porque preciso conversar com você sobre a gente.
— Diga Katherine, o que tanto te preocupa?
— Eu gosto muito de você Roberto mas acho que não dá mais pra fingir que está tudo bem com a gente.
— O que você quer dizer, fingir?
— Você sabe muito bem ao que me refiro. Não há mais respeito entre nós dois, você mudou muito comigo estamos a 5 anos juntos.
— Katherine você sabe que é muito cedo pra casar, só por isso quer terminar?
— Queria eu que isso fosse o problema.
— Então o que é?
— Roberto, você não me respeita mais por qualquer coisa você me xinga, me chama de gorda, fala de outras na minha frente de como queria que eu tivesse o corpo de tal garota.
— Você está louca!
— Agora que comecei, deixe eu terminar de falar.
Roberto fica em silêncio.
— Além disso, você vive na droga desse celular curte um monte de foto de mulher pelada fica de conversinha com ex e ainda fica querendo que nosso relacionamento se transforme numa brincadeira de casais ?! Não eu não quero isso pra mim, me cansei de aguentar tudo isso calada, eu quero terminar.
— Mas eu te amo Katherine, não podemos terminar assim.
— Não, você não me ama.
Roberto levanta e a puxa pelo braço fazendo ela se sentar em seu colo.
—Olhe pra mim, seu homem, fique comigo. Ninguém vai te querer a não ser eu.
— Você se acha demais não é? - Katherine se levanta rapidamente.
— Óbvio! Você acha que alguém iria te querer quando te conheci Katherine? - Sorri com com os braços cruzados.
— Você acha que terminando comigo alguém ainda vai te querer ?
— Não ligo se vão me querer ou não. Eu só não quero mais estar com um babaca como você.
— Roberto ri — Então fique aí com sua feiúra, não sei nem o que vi em você, me arrependo profundamente de ter te escolhido. Tantas mulheres lindas por aí e eu fui ficar com você. Aliás, eu tive pena de você por isso escolhi namorar com você. - Ri alto de Katherine.
— Katherine se segura com os olhos cheios de lágrimas. — Saia daqui e nunca mais apareça! E outra, eu que me arrependo de ter te conhecido e perdido esse tanto de tempo ao seu lado, eu te odeio!
Depois daquele dia eu apenas chorava pensando no quanto perdi naquele relacionamento. Agora eu tenho que recomeçar de novo, me preparar para algo melhor para mim.
Roberto me fez de palhaça e seus pais também não gostavam de mim. Apesar que eu nunca fiz nada demais e nem motivo teria, apenas sei que tudo isso acabou e posso recomeçar de novo.
Ao chegar em casa Katherine guarda suas coisas e as compras da ceia de Natal. Ela se sente bem cansada, a fila no supermercado estava longa e para chegar em casa ainda teve que caminhar alguns metros.
—Nossa, como estou cansada! Como queria morar perto de tudo. Aqui nesse vilarejo tudo é longe, não vejo a hora de tirar minha carteira e sair daqui.
Telefone toca...
— Alô
— zuuuuuuzuuuuuu
— Quem é?
— Zuuuuuuzuuuuuu
— Que droga é essa?!
Desliga o telefone...
— Novamente me ligam e fica nesse chiado horrível, deve ser alguém tentando me zoar só pode.
Não era primeira e nem a última ligação que Katherine recebia, sempre ligavam pra ela e isso acontecia. Depois que ela desligou, retirou suas vestes para se banhar porque naquela noite sua mãe dormiria fora então não teria para onde ir a não ser ficar em casa sozinha.
19:00h da Noite..
— Ahh! - Suspira com alívio — Que ótimo tomei um banho tão quentinho, que frio maravilhoso. Apesar que passar sozinha nesse frio é uo mas fazer o que né ?!
— Quero assistir um filme legal, vejamos - procura ansiosamente por um filme - Pronto esse parece bom.
Vozes do filme: "Van Helsing o Caçador de Monstros."
Enquanto Katherine assiste ao filme, se passa alguns minutos e ela começa a ficar sonolenta e começa a chover, ventos soprando leve pelas janelas e se escuta as folhas das árvores se moverem com a força dos ventos.
Katherine então adormece profundamente e começa a sonhar..
Ela se encontra em uma floresta fechada e somente a luz da lua cheia iluminava o ambiente. O céu estava estrelado e estava frio, Katherine seguia caminhando por uma pequena trilha que existia naquela floresta até que ela avistou um homem na beira do rio.
— Quem será ele ?! - Olhou curiosa mas sem se aproximar.
De repente ele se vira.
— Aah, o quê?! Tomara que ele não tenha visto. - Se escondeu entre as árvores.
— Tem alguém aí? - Perguntou.
Katherine sentiu medo e continuou em silêncio até que...
— Eu sinto seu cheiro humana, porquê se esconde de mim minha presa.
Ao segundo instante que Katherine se esconde ele aparece atrás dela. Com o rosto metade humano e metade lobo.
— O quê? Como isso é possível - Pensou..
Imediatamente ela sai correndo desesperada assustada ao vê-lo daquela forma sinistra.
— Socorro! Socorro! Alguém me ajuda!!!
Enquanto ela correu alguns metros dali, parou rapidamente para respirar, sua falta fôlego a entregava ao cansaço.
— Eu não acredito no que vi, ele é uma criatura ou algo assim? Que diabos é isso?
— Eu sou o seu destino - Respondeu segurando seus ombros e olhando em seus olhos.
— Como? - Gritou assustada.
Katherine acorda gritando totalmente assustada como o que tinha sonhado. Estava suada e com frio..
— Ufa!! - Suspirou aliviada — Foi apenas um sonho. Que frio!
O filme ainda passara na TV..
— Acho que esse filme não me fez bem, lobisomens nossa... Sai fora.. - Pegou o controle da TV e desligou rapidamente.
— Porquê eu estou tão suada? Está frio, muito frio.
Katherine após ter acordado daquele sonho foi diretamente para seu quarto com a ideia de adormecer novamente já que para ela aquilo foi só um sonho bobo por causa do filme que assistia. Mas ela não negava que o que ela tinha visto foi extremamente assustador e não sai da sua mente a imagem daquele homem metade lobo metade humano. E em sua mente não saia a seguinte frase: "Eu sou o seu destino."
— Que diabos é isso Katherine? Pare de pensar nisso, só foi um sonho. - Repetiu para si mesma como forma de conforto.
Depois de tanto repetir para si mesma que era apenas um sonho, ela voltou a dormir profundamente até o dia seguinte.
Telefone toca...
— Alô? - atende atordoada.
— Filha?
— Oi mãe é a senhora, o que foi?
— Acorda minha filha, hoje é véspera de Natal, dia festa uhuuull..
— Mãe, me ligou pra isso?
— Calma filha, não fique irritada. É apenas pra avisar que chegamos às 19h.
— Está bem, mas alguma coisa?
— Não esquece de fazer a nossa ceia, ok?
Encerra a chamada..
— Que saco isso, me acorda pra nada.
Se passaram algumas horas e as preparações para a Ceia de Natal estavam a todo vapor. Katherine preparou tudo com capricho apesar de não estar muito animada com ideia de passar seu primeiro Natal solteira.
18:30h da Noite..
— Filha, chegamos!
— Mas já? Vocês não chegariam as 19h?
— Resolvemos chegar meia hora mais cedo, afinal estamos ansiosos para provar essa ceia de Natal que com certeza deve estar deliciosa porque minha filha querida fez.
— Só por isso veio? - fica com a sombrancelha levantada e cruzando os braços.
— Claro que não filha, você sabe que a mamãe te ama.
— Tá, Tá.. Não é pra tanto, não sou mais criança.
— Eu sei, é o hábito filha.
— Filha, cadê seu namorado?
— Mãe já esqueceu que eu terminei ? - Pergunta um pouco desanimada.
— Ah filha, desculpa. Acabei não prestando atenção nisso.
— É de se esperar - Pensou — Não se preocupe mãe eu tô ótima.
— Amor, não irrite a Katherine deve estar sendo chato perguntar sobre isso. - Disse o namorado de mãe de Katherine.
— Está tudo bem. Já são quase 00:00h vou aprontar a mesa.
— Eu ajudo filha.
Katherine junto com sua mãe aprontaram a mesa com a Ceia. Os fogos de artifício começaram a aparecer iluminando o céu, muitas famílias naquele dia estavam reunidas em suas casas.
— Feliz Natal filha. - Abraçou rapidamente Katherine.
— Feliz Natal Mãe.
Naquele instante apesar das circunstâncias Katherine se sentia um pouco feliz de que não estava tão sozinha ali. E olhando para o céu estrelado repleto de fogos de artifício pedia as estrelas que algo bom acontecesse com ela.
— Que eu encontre alguém que me ame de verdade.
E com essas palavras, abriu uma cerveja e começou a beber com lágrimas escorrendo em seu rosto com a esperança de que ainda iria encontrar o seu verdadeiro amor.
Depois de uma noite regrada a bebida e a pensamentos distantes Katherine se despede de sua mãe e vai diretamente para seu quarto bêbada.
Ela sobe as escadas de madeira sorrindo ao som da música que tocava lá fora. Abre a porta do seu quarto e cai na direção da cama, abraça o travesseiro e começa a dormir profundamente. Então algum tempo depois o som diminui sinalizando que todos já haviam dormido e somente o som do vento entre as árvores pairava no ar.
Algum tempo se passou e Katherine continuava a dormir. Ela não percebeu que havia deixado a janela do seu quarto aberta, mesmo sendo o segundo andar ela não se sentia tão segura assim e naquela noite era a primeira vez que isso acontecia.
O vento soprava leve as cortinas brancas de seda se movimentavam com o seu soprar. Cada respiração que Katherine dava eram como se nada ali existia a não ser o cheiro de álcool que exalava dela.
De repente, a janela de seu quarto faz um leve barulho como se estivesse sendo aberta por completo. Havia mais alguém ali no seu quarto se parecia com uma sombra alta diante das cortinas, somente se via olhos dourados brilhando na escuridão.
Então, aquela silhueta foi criando forma e seus cabelos negros se moviam com o farfalhar do vento, a luz do luar refletia sobre sua pele macia e forte, aproximadamente 1.90cm de altura passos eram dados devagar e seu olhar era fixo em Katherine que ali dormia. A observava com uma atenção que não piscava como se encontrasse o que queria bem diante dele.
Até que... A porta se abriu de repente..
— Katherine.. Filha? — Era a mãe de Katherine. Ela percebe que a janela se encontra aberta.
— Essa pirralha bebeu horrores. — Disse com a voz embolada.
Ela foi em direção a janela olhou para fora como forma de segurança apesar da visão embaçada então fechou a janela e cobriu Katherine com todo o cuidado para que não a acordasse.
— Durma bem filha. — Sussurrou baixinho como se estivesse falando com um bebê.
Cansada e bêbada dali saiu, fechou a porta e novamente o silêncio retornou naquele quarto mas aquela sombra ainda continuava ali observando Katherine dormir aos pés de sua cama.
Katherine dormia profundamente mas seu corpo dava sinais de desconfiança como se soubesse que mesmo dormindo havia alguém ali a observando. Então de repente ela abre os olhos meio atordoada e zonza da bebida e enxerga um brilho no escuro.
— Aí.. Minha cabeça parece que vai explodir.. — Lamentava baixo. — O que é aquilo? Ela não conseguia distinguir o que via. Sua visão embaçada não a ajudava.
Ela tentou se levantar mas foi em vão, a tontura a fazia girar como se estivesse numa roda gigante. Deitar novamente foi a única alternativa positiva para ela naquele momento então com a voz cansada e enrolada disse...
— Eu estou vendo coisas aonde não tem. Ela ri — Que diabos há comigo? Resmunga para si mesma e complementa. — Isso que dá se doar tanto.. Lamenta..
Novamente ela apaga diante daquela sombra que a observava um sorriso leve surge em meio a escuridão daquele quarto então ele se aproxima e com uma de suas mãos com articulações definidas, veias discretas e tensas e com movimentos lentos acaricia os cabelos de Katherine e um sussurro baixo e sedutor soa de sua boca. — Durma bem minha doce presa. O tempo está ao nosso favor... Sorri ao vê-la dormindo e complementou — Logo, você será minha. — Ele se levanta e antes de sair ainda se vira para trás com sentimento de que em breve a encontraria novamente e então pela janela saiu e foi embora apenas deixando uma rosa vermelha próximo de suas mãos delicadas e macias.
As horas passam e já se notava o raiar do sol iluminando seu quarto os pássaros cantavam anunciando que mais um dia havia chegado. Katherine começa a se mexer indicando que estava acordando, ela abre os olhos um pouco avermelhados da bebedeira da noite passada, sua cabeça estava bastante pesada seu estômago revirado e muita sede como se não bebesse água a dias. Ela se levanta e vai ao banheiro lava seu rosto oleoso manchado de lápis de olho e escova seus dentes, penteia seus cabelos castanhos ondulados e retorna novamente indo diretamente ver o celular.
Enquanto ela verificava seu Facebook uma mensagem de sms sem remetente chega. — Número Desconhecido — Espero que tenha gostado do meu presente. Katherine se espanta com a mensagem e tenta entender o que aconteceu na noite passada. Então ela vê diante da sua cama uma rosa vermelha que estava em cima do seu ursinho de pelúcia, parecia fresco como se tivesse sido retirado do pé naquele momento, ela o pega com delicadeza e sente o o perfume doce que emanava daquela rosa.
— Quem me deu essa rosa? Pensou ainda lendo aquela mensagem. — Tão cheirosa e bonita. Naquele momento ela pega um copo simples e o enche de água colocando ali a rosa para que não murchasse. Então deixa o copo com a rosa ao lado de sua cama e desce para tomar café da manhã.
Alguns minutos depois...
— Bom dia! Bom dia!
— Bom dia filha dormiu bem?
— Como um bebê — Respondeu sentindo o cheiro do bom café.
— Filha porque você dormiu com a janela aberta? Você não tem medo? — Perguntou esperando que Katherine respondesse.
— Eu dormi? — Respondeu surpresa.
— Ontem fui ainda verificar se estava tudo bem com você e a janela estava meio aberta com as cortinas agitadas com o vento.
— Eu nem percebi — Respondeu tentando lembrar de algo.
— Mãe, a senhora sabe quem me deu aquela rosa ?
— Que rosa? — Respondeu curiosa — Não havia nenhuma rosa no seu quarto.
— Mas... Como então aquela rosa apareceu ? Eu não saí para lugar nenhum — Sussurrou para si mesma.
Depois de ter tomado café da manhã ela volta para o seu quarto perdida em seus pensamentos sobre a rosa e a mensagem daquele que não se identificava.
— Será que... — Pega o celular e abre na mensagem recebida de mais cedo — E se eu mandar uma mensagem de volta talvez.. Eu possa saber quem é afinal.
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