Você Tem Mensagens (do Inferno) Fangar “Edgar X Fang”
um demônio de emoji?
﹒⌗﹒🦇 𝐕𝗈𝖼𝖾̂ 𝗍𝖾𝗆 𝗆𝖾𝗇𝗌𝖺𝗀𝖾𝗇𝗌 (ძ᥆ іᥒ𝖿ᥱrᥒ᥆)﹒౨ৎ˚₊‧
"Tudo começou nos meus malditos 14 anos.
Quando eu conheci aquele maldito Fang.”
Naquela época, eu era só mais um garoto que odiava tudo: meu cabelo bagunçado, a escola, minha mãe sempre gritando, os grupos de WhatsApp que eu saía depois de cinco minutos. Eu não gostava de ninguém, e ninguém gostava muito de mim também.
Talvez fosse melhor assim.
Até que a Mandy resolveu... ser a Mandy.
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Edgar querido! Você quer entrar em um grupo onde está eu e o pessoal? É sobre jogos, festas. Eu sei que você não gosta muito, mas prometo que vai ser legal!
Ela disse com aquele tom de voz que me fazia sentir que eu devia um favor pra ela, mesmo sem dever.
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*Eu revirei os olhos*
— Tá bom. Vou aceitar, mas só porque eu já vi que você já me adicionou.
A notificação chegou antes que eu terminasse de digitar. Grupo novo. Ícone bobo. Gente falando como se fossem melhores amigos há anos. Eu só fiquei observando. Eu sempre observava antes de falar.
E então...
𝗲𝗹𝗲 𝗮𝗽𝗮𝗿𝗲𝗰𝗲𝘂.
𝗲𝗿𝗮 𝗼 𝗙𝗮𝗻𝗴...
Mais quem em sã consciência coloca o próprio nome como “seu demônio favorito” ?!
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— “Cheguei. Quem é o Edgar? Me disseram que ele é antissocial e bonito, quero ver.”
Bonito?
Eu nunca odiei alguém tão rápido.
E também nunca me senti tão... curioso.
"Eu devia ter saído do grupo naquele momento.
Mas é difícil sair quando alguém escreve como se tivesse encostando em você.”
Fiquei encarando a mensagem do Fang por alguns segundos. A notificação piscando no canto da tela como uma maldição sussurrando "responde, vai...".
A Mandy, claro, respondeu primeiro !!
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— “Fang, para de assustar o povo novo 💀 o Edgar é tímido, mas super gente boa!”
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— “Tímido é código pra gostoso e problemático. É isso?”
> Eu queria rir.
Queria mandar ele se ferrar.
Mas, no fundo, eu só tava esperando ele digitar de novo.
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— “E você é o quê? Um demônio de emoji?”
Demorou três segundos.
Fang digitando...
parou.
digitando de novo...
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— “Talvez. Mas sou um demônio que gosta de caras calados. Eles sempre têm algo interessante pra esconder.”
Me senti hackeado. Como se ele tivesse invadido meu histórico de pensamentos e colocado um espelho ali. Meus dedos ficaram tremendo, mas respondi:
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— “Você fala com todo mundo assim ou é só comigo que tá tentando impressionar?”
Perigoso? Eu?
Eu tava com um moletom sujo de Nescau e um coração partido desde os 12. O mais perigoso que eu tinha feito foi chutar uma lixeira na escola depois de tirar 4 em matemática. Mas ele tava me vendo por outro ângulo. E eu... tava deixando.
> "Ele começou a me responder todos os dias."
"Primeiro com piadas."
"Depois com áudios."
"E, então, com silêncios carregados de alguma coisa que eu ainda não sabia dar nome."
⚠️ Você recebeu uma mensagem de @seu demônio favorito:
“Sabe aquele silêncio que acontece quando duas pessoas se encaram e nenhuma tem coragem de dizer que tá sentindo alguma coisa?
Então. Tô nesse silêncio com você, Edgar.”
E foi ali que meu inferno começou.
E eu não queria sair dele por nada.
é por sua conta e risco
> "A gente sempre acha que consegue brincar com o perigo…
Até ele começar a falar com a nossa voz."
Já fazia semanas.
Semanas de mensagens que pareciam socos.
Semanas de provocações e indiretas afiadas como faca de cozinha.
Semanas de Fang me tratando como se eu fosse um joguinho — e ele o vilão que já sabia o final.
Eu deveria ter bloqueado ele.
Deveria ter ignorado.
Mas cada vez que ele sumia, era como se arrancassem um fio do meu sistema nervoso.
E então ele mandou um áudio.
Sem legenda.
Sem contexto.
𝗦𝗲𝘂 𝗗𝗲𝗺𝗼̂𝗻𝗶𝗼 𝗙𝗮𝘃𝗼𝗿𝗶𝘁𝗼 𝗲𝗻𝘃𝗶𝗼𝘂 𝘂𝗺 𝗮́𝘂𝗱𝗶𝗼.
14 segundos.
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➤ "Oi, Edgar."
"Você já percebeu que eu adoro como você tenta parecer durão? É quase fofo."
"Mas vou te avisar: eu quebro coisas difíceis só pra ouvir o barulho."
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➤ "Então, se continuar me respondendo, é por sua conta e risco."
Silêncio.
Só a respiração dele no final.
Arrastada. Quase zombando de mim.
Eu ri. Mas foi aquele riso nervoso de quem tá prestes a cair de um prédio e começa a gostar da altura.
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— “Você age como se fosse um demônio, mas tá mais pra garoto mimado com crise de ego.”
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— “Ah, então você me ouviu direitinho.”
— “E mesmo assim ainda tá aqui. Me responde por quê?”
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— “Porque se eu não te respondesse, eu teria que admitir que você me afeta.”
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·💭 "E eu não tô pronto pra me despir na frente de um monstro que sabe sorrir."
mentira ruim, tente de novo
> "Ele falava comigo como se estivesse me testando.
Como se quisesse saber o quanto eu aguentava antes de quebrar.
E eu… tava deixando."
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𝗺𝗲𝗻𝘀𝗮𝗴𝗲𝗺: 𝖲𝖾𝗎 𝖽𝖾𝗆𝗈̂𝗇𝗂𝗈 𝖿𝖺𝗏𝗈𝗋𝗂𝗍𝗈
— “Tá acordado, Edgarzinho? Ou tá se escondendo de mim nos seus pesadelos?”
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— “Você tem esse ego todo por trauma ou só nasceu insuportável mesmo?”
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— “Nasci assim. Mas nos meus traumas também tem espaço pra você, se quiser morar neles.”
> Eu devia ter rido.
Devia ter bloqueado.
Devia ter saído do grupo, fingido que nada aconteceu.
Mas ao invés disso, eu respondi.
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— “Você fala como se eu fosse só mais uma vítima. Mas não vai me quebrar fácil.”
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— “Quem disse que eu quero te quebrar? Talvez eu só queira ver até onde você consegue fingir que me odeia.”
Silêncio.
Aquele tipo de silêncio que grita.
Que aperta o peito e faz os dedos tremerem sobre o teclado.
> "Ele tava me arrastando.
E eu tava indo.
Voluntário. Faminto."
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— “Li seu texto. Aquele que você postou às 3h da manhã. Sobre o garoto que conversa com o demônio. Bonito. Meio previsível.”
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— “Você stalkeia minhas postagens agora?”
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— “Eu observo o que quero devorar, Edgar.”
Pausa.
Meu coração deu aquele pulo sujo de quem gostou.
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— “Você é patético. Um avatar com frases de efeito.”
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— “E você é um poço de solidão querendo fingir que não tá implorando por um toque, nem que seja o meu.”
Aquilo.
Doeu.
Mas também... acendeu alguma coisa que eu não queria nomear.
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— “Quer saber? Eu não te suporto.”
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— “Mas ainda me responde.
E ainda tá aqui.
Me diz, Edgar...
O que você quer de mim?”
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— “Quero que você suma.”
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— “Mentira ruim.
Tenta de novo.”
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— "Eu odeio você."
·💭 “Mas o pior é que… talvez eu não odiasse tanto assim."
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