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Entre Irmãos

Conhecendo os personagens!

Mariane

Formada em contabilidade, sonhava em encontrar um emprego na área, tornar-se reconhecida, voltar para casa e provar aos pais que ser mulher e ter sucesso profissional era possível, mas viu seus sonhos irem por água abaixo...

Arthur Caliman

Um homem frio, difícil de lidar, alguém que já sofreu tanto que se esqueceu de como é amar e confiar, Arthur tem 32 anos, será nosso segundo protagonista.

Max Caliman

Irmão de Arthur e seu oposto, homem mau, sem escrúpulos, violento, mulherengo e disposto a tudo para conseguir alcançar seus objetivos, ele fará a vida de Arthur e Mariane um verdadeiro inferno.

Ps: Este livro assim como os outros que publiquei, retratam a realidade como ela é, eu sei que torcemos pela felicidade do casal e que coisas boas aconteçam, mas também sabemos que às vezes isso demora a acontecer, porque o conflito também é necessário, agradeço aos comentários positivos e as críticas que me ajudam a crescer, e peço inclusive que o façam, porém, com respeito, comentários desrespeitosos pondo em risco o sucesso da história serão ignorados e bloqueados.

Um grande abraço e boa leitura!

Capítulo 1 – A Demissão

Olhei quase chorando para os papéis à minha frente. Era o fim dos meus sonhos — aqueles que cultivei durante todo um ano. Tudo que eu queria estava ali, resumido em um punhado de folhas: casar com Max, formar uma família, ter um bom emprego. O que mais eu poderia desejar?

Mas agora, tudo ruía diante de mim.

Respirei fundo, enchendo os pulmões até doer. Sequei os olhos marejados, endireitei os ombros e me levantei. Precisava entregar pessoalmente a carta de demissão. Depois eu voltaria para recolher minhas coisas.

— Max...

Ele levantou os olhos, irritado, e soltou o ar com raiva.

 — O que você quer agora, Mari?

 — Preciso que assine minha demissão. Estou indo embora.

 Ele riu, sem humor, e se levantou de forma brusca.

 — Você se demite quando “eu” quiser que se demita. Agora pare com o drama e traga as planilhas contábeis. O novo sócio já está aqui.

 O sangue ferveu nas minhas veias.

 — Você não ouviu o que eu disse? Estou me demitindo. Não sou mais sua secretária!

 — Cale a boca e me siga.

 Se não estivéssemos no meio da empresa, eu juro que teria esbofeteado ele. Mas, engolindo o orgulho, o segui apressada, sem entender o que estava acontecendo.

 Max entrou na sala de reuniões com passos duros. No fundo da longa mesa, um homem se levantou ao nos ver entrar. Bastou um olhar para perceber a semelhança entre eles. Mas aquele sujeito era diferente. Tinha uma aura arrogante, um olhar frio e uma postura que misturava poder com desdém.

 — Trouxe as planilhas? — ele perguntou, sem nem me dirigir o olhar.

 Max me lançou um olhar cortante.

 — As planilhas, Mariane.

 — Eu já disse: não sou mais sua secretária! Acabei de me demitir, esqueceu?

 — Eu “não” concordei com isso. Então cale-se e volte ao trabalho.

 O homem desconhecido observava em silêncio, os olhos indo de Max para mim. Por fim, caminhou até nós com uma calma que me fez estremecer. Quando parou à minha frente, senti um frio percorrer meu corpo.

 — O que está acontecendo aqui? Há algo que eu deva saber... Irmão?

 Irmão? Max nunca me disse que tinha um irmão. Mas agora tudo fazia sentido — a semelhança física, a postura...

 — Não há nada para saber, Arthur. Apenas o drama existencial da minha secretária, que resolveu se demitir porque eu recusei um aumento.

 Abri a boca, indignada. Eu queria voar no pescoço dele! Max sabia muito bem que dinheiro nunca foi o motivo da minha demissão.

 — Eu não pedi aumento nenhum! Só quero sair desta empresa, e aqui está minha carta de demissão.

 Pressionei os papéis contra o peito dele com raiva. Antes que Max pudesse pegá-los, Arthur os tomou calmamente das minhas mãos e leu por cima.

 — Não há nenhum motivo aparente aqui. Apenas uma demissão sem justificativa. Enfim, se é o que quer... Está demitida.

 Ele devolveu os papéis, sério.

 Pisquei, sem acreditar.

 — Obrigada...

 Me virei para sair, mas Max explodiu.

 — Você não pode demitir “minha” secretária!

 — Eu sou o novo dono disso aqui, Max. Faço o que quiser. E mais: a garota queria sair. Agora, vá buscar as planilhas. E um café, de preferência. Não consigo trabalhar sem café.

 — Eu não sou a sua secretária, irmão.

 Arthur suspirou, cansado. Pelo visto, trabalhar com o irmão seria pior do que ele imaginava.

 Eu já estava quase na porta, tentando escapar daquela cena ridícula, quando ouvi a voz dele — firme como um trovão.

 — Ei, garota. Traga o café. E as planilhas.

 Virei-me, chocada.

 — Desculpe, senhor... Mas o senhor acabou de me demitir. Não sou mais secretária de ninguém.

 Arthur soltou o ar, claramente exausto.

 — Ok. Está readmitida. Agora será minha secretária. Pode buscar o café e os documentos?

 Trabalhar para o irmão estranho de Max parecia ainda pior do que trabalhar para o próprio Max. Ao menos com ele, eu já sabia como me defender. Arthur era um completo mistério. Seu olhar me deixava agitada — não de medo, mas de algo que eu ainda não sabia nomear.

 — Ok...

 Eu precisava do emprego. Tinha alguém que dependia de mim agora, e voltar para a casa dos meus pais estava fora de cogitação. Principalmente porque... eles nem sabiam do que aconteceu no verão passado.

 Saí da sala apressada, querendo desaparecer. Atrás de mim, os dois reiniciaram a discussão.

 — Demitiu minha secretária. Agora contratou pra você? Isso só pode ser brincadeira!

— Eu precisava de uma secretária, e a sua estava disponível — Arthur deu de ombros, sem se importar.

 — Eu vou falar com a mamãe. Isso não vai ficar assim.

 — Fale à vontade. Mamãe só se importa com duas coisas: o cartão ilimitado que eu dei e a pensão do papai. Então, por favor, pare com esse drama.

 — Não é drama! Você roubou minha secretária, e eu a quero de volta.

 Arthur riu, presunçoso.

 — Então o nome dela é Mariane? Gostei. Tem personalidade.

 — Isso não é brincadeira, Arthur.

 — E eu não estou brincando. Vamos lá, Max. Por que você quer tanto essa secretária de volta? O que foi que fez com ela, hein?

 — Vou fingir que não entendi essa pergunta — Max respondeu, já se virando para sair.

 Mas Arthur o segurou pelo braço, firme, olhando nos olhos do irmão.

 — Você entendeu sim. E muito bem.

 Max puxou o braço de volta e saiu apressado.

 Peguei as pastas na gaveta e voltei à sala de reuniões. Bati na porta e entrei. Arthur estava de costas, observando a cidade pela vidraça, imóvel, com um ar de serenidade que contrastava com tudo ao redor.

 — As planilhas, senhor...

 — Deixe sobre a mesa. Junto com o café. E pode sair.

 Assenti e fiz o que ele mandou. Esperei por mais instruções, mas nada.

 — Eu disse que pode sair.

 — Claro, senhor. Me desculpe.

Retirei-me apressada e fui para minha mesa.

Aquele homem era perturbador.

Capítulo 2 – Estilhaços do Passado

Assim que o expediente chegou ao fim, me apressei para juntar minhas coisas e voltar para casa. Eu só queria um banho quente, silêncio e minha filha nos braços. Mas antes que eu pudesse sair, uma voz firme cortou o ar atrás de mim.

 — Mariane.

 — Senhor?

 — Na minha sala. Agora.

 Meu corpo estremeceu. Virei-me para dizer que meu horário já tinha encerrado, mas, claro, ele não esperou por resposta.

 Eu definitivamente nunca deveria ter aceitado esse emprego sem antes pesquisar quem era aquele homem. Aquele sangue — o mesmo de Max — só podia trazer problemas.

 Apressada e com as pernas exaustas, segui em direção à sala dele.

 — Aconteceu alguma coisa, senhor?

 Arthur estava sentado, os olhos fixos em mim — ou melhor, em algum lugar dentro de mim, como se quisesse atravessar minhas defesas.

 — Que planilhas são essas?

 Ele ergueu os papéis que eu havia entregue mais cedo.

 — São as planilhas contábeis que o senhor pediu. Há algum problema?

 Ele jogou os papéis sobre a mesa, claramente irritado.

 — Isso aqui está uma bagunça! Esses números não batem nem com o valor bruto, nem com o líquido da empresa. Está tudo errado! Quem é o bendito contador responsável por isso?

 Fiquei sem palavras. Eu devia contar? Dizer que era Max quem fazia tudo agora? Qualquer escolha me colocaria em perigo. No fim das contas, era ser degolada por Max ou por Arthur.

 — É... o senhor Max. Ele mesmo tem feito a contabilidade desde que demitiu o antigo contador. Faz cerca de um ano.

 O rosto de Arthur perdeu a cor. Só então reparei no tom exato de azul dos seus olhos — uma cor que poderia ser bela, em outras circunstâncias. Mas naquele momento, tudo o que eu queria era sair correndo.

 — Como é que é? O meu irmão está fazendo a contabilidade da empresa? Você só pode estar brincando. Ele nem é formado em contabilidade!

 — Sinto muito, senhor, mas é verdade.

 Arthur passou as mãos pelo rosto, visivelmente exausto.

 — Entre em contato com ele. Agora. Diga que eu quero ele aqui em cinco minutos.

 Abri a boca, depois fechei. Eu precisava ir pra casa. Se me atrasasse mais, Cíntia me ligaria — e eu sabia que ela tinha compromissos à noite. Cíntia era babá da minha filha. Uma mulher maravilhosa, que cuidava de Keitlin com o mesmo amor que eu. Sem ela, eu estaria perdida.

 — Vou ligar, senhor.

 Saí da sala em disparada e tentei falar com Max pelo meu celular — umas vinte, talvez trinta vezes. Nada. Imaginei que ele estivesse me ignorando propositalmente. Liguei do telefone da empresa mais umas dez vezes. Também sem sucesso.

 Já estava ficando desesperada. O horário da Cíntia tinha estourado, e eu sabia que ela precisava ir embora — todas as noites, ela cuidava da mãe.

 Foi então que recebi uma mensagem dela:

“Cadê você, Mari? Preciso ir pra casa”.

Respondi na hora.

“Desculpa, amiga. Meu chefe está me segurando aqui”...

 Cíntia questionou intrigada.

“Max? Pensei que você tivesse se demitido”.

 Respondi:

“Eu ia! Na verdade, fui. Mas acabei sendo recontratada pelo irmão dele. Um demônio ainda pior. Tô surtando”.

 Foi quando Arthur apareceu do nada atrás de mim, e berrou meu nome.

 — Senhorita Mariane!

 Quase deixei o celular cair de susto.

 — Não é permitido o uso do celular durante o expediente.

 Respirei fundo, tentando não gritar.

 — Desculpe, senhor.

 — E o meu irmão? Ele vem?

 — Não. Ele não atende. Liguei pra casa também, sem sucesso.

 Arthur franziu a testa, frustrado.

 — Eu te dei uma ordem simples: falar com meu irmão. Nem isso você conseguiu fazer. Não me admira que tenha tentado se demitir.

 Aquilo foi a gota. Toda a paciência que me restava evaporou.

 Levantei-me com raiva, sentindo meu rosto queimar.

 — Quer saber? Vai pro inferno. Não tenho culpa se o seu irmão é um irresponsável ou se não quer atender. Eu estou tentando! Estou ligando pra ele após o meu horário, quando já deveria estar em casa com a minha filha! Eu não vou ficar aqui sendo destratada por um ignorante feito o senhor!

 Peguei minha bolsa da mesa, bufando.

 — E se quiser me demitir, que se dane. Eu já não queria esse emprego mesmo!

 Virei-me e saí com passos duros. Sentia o olhar dele me seguindo, como se pudesse me triturar só com os olhos. Mas desde que minha filha nasceu, eu havia prometido que nunca mais me rebaixaria por ninguém.

Arthur não merecia nem minha educação.

 Em casa, mal abri a porta e já fui bombardeada de perguntas.

 — O que aconteceu?

 — Longa história... Resumindo: Max tem um irmão. Não sei se mais velho ou mais novo, mas parece que agora é ele quem manda na empresa.

 — E ele te recontratou? Como assim?

 — Nem eu sei explicar. Acho que ele gosta de provocar o Max. E o Max, por sua vez, parece adorar bater de frente com ele também. É... Complicado.

 — Mari... eu não sei se você deveria se meter nisso. Eles podem se odiar, mas no fim das contas são família. E família sempre dá um jeito de se proteger. Quem sobra... é você.

 — Não se preocupa. Eu aguentei só um dia com aquele maluco e já perdi a paciência. Disse tudo o que eu tinha pra dizer. Amanhã, com certeza ele vai me demitir.

 — Melhor assim. Depois de tudo o que você passou com o Max... Se esse outro for ainda pior, é melhor manter distância.

 — Falei com o Max hoje... Discutimos, na verdade. É estranho pensar que ele já foi o amor da minha vida. Agora, o que eu sinto é desprezo. Ou talvez ódio. Nem sei.

 — Tem certeza de que não o ama mais?

 — Eu não sei. Ainda é cedo pra dizer que sim... Ou que não. Ele me humilhou tanto, que acho que nem se eu quisesse, conseguiria perdoar.

 — Então siga seu coração, amiga. Mas, se quiser um conselho: se afasta. Esse homem não merece você. Nem você, nem sua filha.

 — Eu sei... Eu sei.

Ela me abraçou antes de sair às pressas. Cíntia era minha salvação diária com Keitlin. E eu sabia que tudo o que ela dizia era por amor.

Brinquei um pouco com minha filha, a amamentei e depois a coloquei no berço. Fiquei ali observando seu rostinho sereno. Tão pequena. Tão inocente. Como Max podia negar o amor de um pai à própria filha?

 Suspirei e, com o coração pesado, fui me deitar.

Amanhã seria um novo dia.

E eu, provavelmente, uma nova desempregada.

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