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Emma – Entre o Amor e Máfia

Capítulo 1 – Meu ponto de paz

Algumas considerações:

Este é um livro de minha autoria, dito isso qualquer tipo de plágio é considerado crime.

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Todas as imagens foram retiradas da Internet: Pinterest.

...

Estou sentada no jardim, ao lado do meu melhor amigo e amor da minha vida. Acredito que o amo desde a primeira vez que nos vimos, quando eu ainda era apenas uma menina.

Agora, prestes a me casar, a sensação é surreal. Deixarei de ser apenas a filha mais nova dos Bergamaschi para me tornar esposa. Uma mulher casada.

É difícil acreditar, mesmo tendo visto meus irmãos viverem isso antes de mim — construírem suas famílias, criarem filhos. Amo as minhas cunhadas e, principalmente, os meus sobrinhos. Sempre soube que também queria uma família grande, barulhenta e cheia de amor.

— Tem certeza que quer morar tão longe dos seus pais? — Lucca pergunta, com aquele olhar que já me conhece melhor do que eu mesma.

— Sim. — respondo com um sorriso sereno.

— Você é tão apegada a eles… vai sentir falta.

— Sim, mas estaremos começando a nossa própria família. Morar longe vai me ajudar a amadurecer ainda mais.

Ele apenas assente.

— Estou tão ansiosa para o casamento.

— Eu também, meu amor.

— Não me contou como foi a sua despedida de solteira — ele comenta, com um sorriso brincalhão nos lábios.

— Foi incrível.

— O que acontece numa viagem só de mulheres?

— É segredo, querido.

Eu, Luna, Chiara, Zoya, Kira e a minha melhor amiga Celina viajamos juntas e passamos quinze dias na Espanha. Sempre desejei conhecer outras culturas, e a Chiara tornou isso possível. Ela organizou tudo com perfeição, me proporcionando uma despedida de solteira inesquecível.

— Dando continuidade aos assuntos sobre o casamento… acha mesmo necessário viajarmos com três soldados? — pergunto, franzindo o cenho.

— Não. Mas Don Mattia deixou claro que isso não estava em discussão.

— Tem algo com que eu deva me preocupar?

— Não. Mas você sabe a realidade em que vivemos. Precaução nunca é demais.

Suspiro.

— Odeio tudo isso.

— É realmente complicado viver no nosso mundo, minha pequena mafiosa.

— Lucca! — repreendo, revirando os olhos.

Ele sorri alto e me envolve em seus braços. No aconchego do seu abraço, tudo se aquieta. Quando estamos juntos, nada mais importa. Ele é o meu ponto de paz.

— Me perdoa — sussurra, beijando o topo da minha cabeça. — Só estava brincando.

— Quero que tenhamos uma vida tranquila… como Kira e Dante.

— Eu sei. E estou fazendo de tudo para realizar todos os seus desejos. Larguei o meu posto dentro da máfia, e agora passo os dias num escritório.

— Odeia isso? Ter deixado de ser um soldado para se tornar um executivo?

— Não. Faria tudo por você, senhorita Bergamaschi.

— Eu te amo.

— Também te amo.

Nunca aceitei bem ter nascido numa família de mafiosos. Tudo que envolve esse mundo me assusta. As coisas que presenciei quando era mais nova me fizeram querer manter distância de tudo isso.

Depois do que meu irmão passou com a Luna, ele mudou completamente. Hoje, está à frente da Cosa Nostra, temido e respeitado como nosso pai foi um dia. Sua liderança se fortaleceu ainda mais após renovar a aliança com outras casas.

Eu e minhas cunhadas passamos por treinos intensos: defesa pessoal, técnicas de sobrevivência e até tiro. Nunca me imaginei usando uma arma, e ainda não gosto da ideia. Espero não precisar usá-la.

Durante os últimos anos, mergulhei nos estudos e me afastei da realidade da máfia. Por um tempo, senti-me uma pessoa comum.

Mattia chegou a querer oferecer um novo posto ao Lucca dentro da organização. Mas eu implorei para que não o fizesse. No fim, ambos concordaram que ele assumiria um cargo na vinícola da família. Para mim, foi um alívio imenso.

Emma

Capítulo 2 – O Último Olhar

Nunca a família Bergamaschi havia experimentado tamanha felicidade. O amor pairava no ar, em cada canto, e a calmaria dos últimos anos trazia uma paz imensa. Depois de três anos de noivado, o grande dia de Emma e Lucca finalmente havia chegado.

Todos estavam radiantes e emocionados com a nova etapa da vida da caçula dos irmãos Bergamaschi. Emma e Lucca se aproximaram ainda na adolescência, pouco depois de ela completar quinze anos. Foi algo natural. O amor cresceu entre eles com uma força serena, sólida e silenciosa. Sob os olhos atentos de Don Aldo, pai de Emma, a jovem viveu cada fase do relacionamento com delicadeza e entrega, certa de que sua história de amor estava apenas começando.

— Querida, acorde, está na hora de se arrumar — disse Martina, com a voz doce e animada.

— Bom dia, mamãe! — respondeu Emma, virando-se na cama com um sorriso impossível de conter. — Mal dormi essa noite... não via a hora de amanhecer.

— Imaginei. Mas ainda tem algumas horas para se recompor da noite mal dormida.

— O Lucca já chegou?

— Sim, está no anexo com os seus irmãos.

— Hoje é, de longe, o dia mais feliz da minha vida.

— E terá muitos outros, meu amor.

Após o café da manhã ao lado das mulheres da família, uma equipe entrou em ação para preparar o tão aguardado “dia da noiva”. Emma estava encantada com cada detalhe: da massagem relaxante ao penteado e à maquiagem, tudo realçava ainda mais sua beleza natural.

Mas o vestido... o vestido era a cereja do bolo. Delicadamente bordado, havia sido desenhado por ela mesma, em segredo, ao longo dos anos. Cada linha, cada curva, cada renda — tudo pensado com amor.

No jardim da casa de campo, a decoração já estava pronta. Luxo e sutileza se misturavam em perfeita harmonia. Era o último casamento dos filhos de Aldo e Martina, e todos sabiam que um novo enlace familiar só aconteceria quando os netos crescessem — e isso ainda levaria tempo.

A cerimônia começou. Emoções transbordavam de todos os olhares. Quando Emma surgiu ao lado de seu pai, caminhando em direção ao altar, Lucca não conteve as lágrimas. Era real. Era amor.

A celebração durou horas e foi marcada por risos, música e alegria. Ao final da festa, Emma e Lucca se despediram da família e partiram rumo à lua de mel. No carro que os levava ao aeroporto, estavam escoltados por soldados da Cosa Nostra. Mattia, irmão mais velho de Emma e atual Don da família, não poupava recursos com segurança — especialmente depois dos acontecimentos com Nikolai, anos antes.

Mesmo sendo um caso isolado, ele sabia que os inimigos podiam surgir de onde menos se espera. Agora mais experiente, Mattia mantinha ao seu lado apenas os melhores. Não corria riscos quando o assunto era proteger a família.

Faltavam apenas alguns quilômetros para o aeroporto quando uma movimentação suspeita de carros foi notada pelo motorista. Ele parou o veículo bruscamente e acionou a escolta via rádio.

— O que está acontecendo? — perguntou Lucca, erguendo-se no banco.

— Estamos averiguando, senhor. Não era para ter ninguém a essa hora nessa estrada — respondeu o soldado.

Mas ele mal terminou a frase e os tiros começaram. O carro foi alvejado por rajadas secas e potentes. Em instantes, a escolta respondeu ao ataque, trocando tiros com precisão. Os soldados que acompanhavam o casal dentro do carro se preparavam para agir.

Lucca, por instinto, levou a mão à maçaneta.

— O que está fazendo?! — Emma segurou a mão dele com firmeza.

— Preciso ir. Não posso ficar aqui enquanto somos atacados!

— É claro que pode! — ela disse, a voz embargada pelo medo. — Meu amor... eu sei o que estou fazendo.

Antes que ele pudesse abrir a porta, o soldado à frente o deteve com palavras firmes:

— Senhor... com todo o respeito: o senhor não é mais um soldado da Cosa Nostra. Don Mattia deixou isso bem claro. Fique ao lado da sua esposa. Daremos nossas vidas para protegê-los.

Emma não disse mais nada. Apenas segurou com força a mão do marido, os olhos marejados, o peito apertado. Ela apenas esperava — esperava que ele ficasse.

Que escolhesse o amor.

Que escolhesse viver.

Emma...

Os soldados saíram do carro, e Lucca segurou meu rosto entre as mãos. Mesmo antes que ele falasse, eu já sabia o que pretendia. Conheço-o tão bem quanto ele me conhece. Sei que ele não conseguiria ficar indiferente diante da situação.

— Linda, eu preciso ir lá fora. Não posso ficar aqui feito um covarde. Eu não sou assim e você sabe disso.

— Estou com medo. Por favor, não faz isso.

— Vai ficar tudo bem. Confia em mim?

— Sim... tome cuidado.

Lucca saiu do carro com uma arma em punho. Papai sempre disse que um soldado da máfia nunca deixa de ser um soldado — não importa onde esteja. Agora, posso confirmar isso.

Pelo vidro da janela, vi que, assim como os outros três soldados, Lucca não se afastava do carro onde eu estava. A troca de tiros se intensificava, e pude ver quando vários corpos iam ao chão.

O desespero tomou conta de mim. Lembrei de quando a casa em que nasci foi invadida pelos russos. Aquele havia sido, até então, o momento mais traumático da minha vida.

Os inimigos eram mais numerosos, mas nossos homens eram altamente treinados — e levavam vantagem. Escutei pelo rádio que o reforço estava chegando. Meu coração se aliviou ao ouvir o barulho de carros e motos se aproximando.

Lucca então abriu a porta do carro e sorriu para mim. Retribui o sorriso... até que um disparo ecoou. O sorriso dele sumiu, e ele caiu diante de mim.

— Lucca!

Saí do carro e me joguei sobre seu corpo. Estava escuro e eu não conseguia ver onde ele havia sido atingido.

— Lucca, por favor, fala comigo! Lucca!

Senti alguém me chamando. Agarrei-me ao corpo do meu marido e implorei por ajuda a quem estivesse próximo.

— Por favor, me ajuda! Ele precisa ser socorrido agora!

Fiquei de pé enquanto implorava ao homem diante de mim, até que novos disparos foram ouvidos. O soldado me jogou no chão, protegendo-me com o próprio corpo. O reforço chegou, e os inimigos começaram a recuar.

— Senhora, está bem? — perguntou Lorenzo.

— Sim, estou.

— Precisamos sair daqui.

— Eu preciso que me ajude a colocá-lo no carro.

— Ok.

Outros homens se aproximaram. Entrei no carro e eles colocaram a cabeça de Lucca no meu colo. Tentei fazê-lo acordar, mas era em vão.

Minutos depois, chegamos ao hospital. Uma equipe já nos aguardava e o levou às pressas. Eu só conseguia chorar. Permaneci parada na entrada da emergência, sem saber o que fazer.

— Senhora — disse Lorenzo.

— Sim?

— Já comunicamos sua família. Don Mattia está a caminho.

— Ok...

— Se quiser, posso levá-la até a sala de espera.

Assenti com a cabeça. Segui até a sala e sentei-me. O soldado — cujo nome eu nem sabia — esvaziou o local e ficou de guarda na porta. Olhei para o meu vestido, encharcado de sangue, e chorei novamente, imaginando a gravidade da situação.

O tempo passou. Mattia e Ângelo chegaram. Ângelo me abraçou, enquanto Mattia conversava com o soldado. Logo depois, um médico entrou com notícias. Mattia me olhou, e senti o pesar no seu olhar. Caminhei até eles.

— Pequena... eu sinto muito — disse ele.

— Não... não, não...

— Precisa vir comigo.

Segui meu irmão até uma sala na emergência. Lá estava Lucca, deitado, ligado a vários aparelhos. Aproximei-me a passos largos.

— Meu amor... por favor, não me deixa...

Lucca olhou para mim, e foi no brilho dos seus olhos que percebi o exato momento em que perdi o amor da minha vida.

Ele fechou os olhos pela última vez.

E tudo à minha volta pareceu desacelerar, como se o tempo congelasse.

Capítulo 3 – A Promessa do Irmão

Mattia...

Os aparelhos aos quais Lucca estava ligado começaram a apitar de forma contínua. O som cortava o ar como lâminas, e bastou um olhar dos médicos para eu entender: não havia mais nada que pudesse ser feito.

Emma permanecia estática diante do leito, os olhos fixos, sem piscar, como se recusasse a aceitar a realidade. Caminhei até ela em silêncio, abracei seus ombros e a conduzi para fora do quarto. Ela não reagiu.

No corredor, nossa família já nos aguardava. Minha mãe a envolveu nos braços, mas Emma continuava imóvel. Por fim, seu corpo cedeu. Ela desmaiou.

Os médicos correram para atendê-la. Rapidamente foi sedada e levada a um quarto reservado. Luna e minha mãe a acompanharam, ambas em choque, tentando manter a força diante da dor.

— Já sabe o que aconteceu? — meu pai perguntou, com o olhar tenso.

— Ainda não, pai. — respondi.

— Não entendo... estávamos em paz há anos.

— Os inimigos não se foram, — disse Paolo, sombrio. — Apenas esperaram. Sempre há quem deseje vingança.

— Acha que foram os russos? — indagou Ângelo.

— Sim. Nunca conseguimos chegar a um acordo com aqueles malditos. Esse ataque parece com algo deles.

Suspirei fundo, sentindo o peso da responsabilidade se acumular sobre meus ombros.

— Neste momento, precisamos focar na Emma. Eu não sei se ela vai aguentar isso... Meu Deus, esse era pra ser o dia mais feliz da vida dela.

— Você precisa ir até a sede e conversar com os homens que estavam com ela. Eles já estão aguardando. — Paolo orientou com firmeza.

— Vai, meu filho, — disse meu pai. — Eu cuido das coisas por aqui.

 Segui acompanhado de Paolo. Ao chegarmos à sede da organização, os soldados responsáveis pela segurança da Emma e do Lucca já nos aguardavam. Um relatório detalhado do ocorrido havia sido preparado.

— Quem estava no comando esta noite? — Paolo perguntou.

— Eu. — respondeu Lorenzo, aproximando-se.

Lorenzo ajoelhou-se diante de mim e Paolo. Era o melhor soldado que tínhamos. Disciplinado, preciso, com uma lealdade que vinha de sua origem na 'Ndrangheta, de onde veio quando mais precisávamos de reforços.

— Falhei, Don Mattia. E coloco meu cargo à disposição da sua vontade.

— Levante-se, Lorenzo. — pedi.

Ele obedeceu imediatamente, mas manteve-se em postura de respeito absoluto.

— Dispense os seus homens.

Ele o fez sem hesitar. Em seguida, pedi que Paolo também nos deixasse a sós. Assim que a porta se fechou, encarei Lorenzo.

— Já estou ciente de tudo que aconteceu essa madrugada. Cada detalhe já me foi passado. No momento certo, iremos atrás de quem fez isso. Mas agora... quero agradecer a você.

Ele franziu a testa, surpreso.

— Agradecer?

— Sei que salvou a vida da minha irmã. Perdemos o Lucca... mas você tirou a Emma daquele inferno. Você a protegeu quando tudo parecia perdido.

— Apenas cumpri meu dever, senhor. E lamento profundamente a perda que a sua família sofreu.

— A minha família precisa viver esse luto, Lorenzo. Mas em breve, voltarei a falar com você. Tire alguns dias para descansar. Sei que não é adepto a férias, mas estou lhe dando essa ordem: vá. Cuide de si mesmo antes de voltarmos ao campo de batalha.

Ele assentiu, respeitosamente, e deixou a sala.

Fiquei sozinho por alguns minutos, tentando recompor os pensamentos. O silêncio era cortante. Eu era o homem mais poderoso do clã Bergamaschi — e mesmo assim, não consegui proteger minha irmã do luto mais cruel.

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