Encontro
Aviso
Você que está lendo esse diário virtual, se você o encontrou significa que aconteceu algo comigo e não estou mais entre os vivos
Mas ao contrário do que você deve estar imaginando...
Este que vos fala não é sobre algum romance proibido ou uma vida pacata cheia de segredos.
Este é um diário que eu fiz com perfis falsos das pessoas que encontrei ao longo dessa louca jornada com mensagens não enviadas.
Estou aqui escrevendo para provar que não fiquei louca e nem o meu avô era louco, estou aqui para registrar o segredo mais bem guardado do universo.
Ps: Não vou colocar datas, porque posso tornar isso mais perigoso e confuso do que é.
Eu sei, como vou provar isso tudo sem data?
Vai por mim, você não vai querer saber, isso é o mesmo que pedir para ficar louco, vamos apenas contar como um a partir de agora.
Espero profundamente que você acredite em mim, já que eu mesma estou começando a duvidar de mim mesma
Prólogo
Há muito tempo atrás, meu avô me contava como era o mundo afora, como era fora desse enorme continente em que vivemos.
Naquela época eu tinha 11 anos e o admirava muito, ainda o admiro na verdade, adorava ouvir suas desventuras pelo mundo, parecia tão magico.
Eu só confiava nele na verdade, minha mãe era muito estranha, bebia o dia todo desde que meu pai morreu em um acidente de trabalho e meu irmão mais velho era que cuidava dela e de nós, isso quando não estava mergulhado nos estudos ou cansado dos seus três trabalhos de meio período semanais.
Então eu passava mais tempo com meu avô.
Vez ou outra, minha mãe aparecia bêbada pela casa, falando coisas sem o menor sentido e depois começava a atacar verbalmente o vovô dizendo: "a culpa é sua, se não tivesse aceitado a herança da família aquilo não teria acontecido."
Sempre ficava confusa depois daquilo e perguntava do que ela estava falando, mas nessa hora meu irmão aparecia e a tirava dali, sempre olhando vovô com um misto entre um sorriso amarelo e um olhar ameaçador.
Perguntei várias vezes para ele o que foi tudo aquilo, mas ele simplesmente dizia que era um assunto difícil demais para eu entender.
Ficava emburrada em um canto depois disso, chateada com ele, mas logo passava e eu o procurava para me desculpar pela criancice, ele me perdoava na hora e me contava histórias.
As mais interessantes eram sobre os animais do zodíaco chinês, eram engraçadas.
Principalmente o cachorro que tentava parecer sério, mas acabava caindo nas brincadeiras dos outros, por outro lado era muito decidido quando tinha certeza de algo....
Ou ainda a cabra que passa maior parte do dia dormindo, mas quando estava acordado, era muito enérgico e atento ao que faz.
E foi num desses arrependimentos meus da vida que eu entrei em seu quarto sem bater, como sempre, mas não o encontro ali.
Achei estranho, mas resolvi esperar ali, enquanto dava uma olhada em suas coisas.
O guarda roupa era o mais interessante, era onde ele guardava as coisas que adquiriu em suas viagens pelo mundo.
Então nem pensei duas vezes e comecei por ali.
Como eu era pequena, não alcançava a parte de cima, então empurrei uma cadeira e subi nela e imediatamente uma caixa vermelha com estrelas chama minha atenção, minha pequena mãozinha já se movendo para lá sem o meu consentimento, movida pela pura curiosidade.
Assim que toquei na caixa, me senti estranha, mas ignorei e a abri, logo depois....
Não consigo lembrar o que aconteceu, só lembro da escuridão.
Lembro do vovô me chamando preocupado, mas toda vez que lhe pergunto sobre o que aconteceu...
Ele mudava de assunto e eu ficava emburrada de novo.
1. Testamento
Hoje completa seis anos desde aquele dia e três desde que meu avô se foi, mas pelo menos ele se foi sem dor.
Um dia o encontramos em seu próprio quarto e ele estava sorrindo, estava dormindo e sorrindo.
Quanto ao seu quarto e coisas... ele doou para o museu local.
Deixou uma típica faca egípcia para meu irmão Jonas e minha mãe ficou um colar francês que ele ganhou de uma família rica de lá, depois de...
Como posso dizer resolver um problema com insetos mutantes em seu restaurante.
Quanto a mim... foi destinado o conteúdo daquela caixa vermelha cheia de estrelas, minha mãe surtou na hora (e ela estava sóbria) e Jonas ficou tenso.
Lily Silva Zohuzehus
O que é agora... é um presente do vovô. Vocês também receberam uma lembrança dele, então me deixem em paz.
(digo entre lágrimas na época)😢
Jonas Silva Zohuzehus
Então Lily..... é que...
(começa nervoso)😨
Elina Silva
Filha, por favor....😨
Lily Silva Zohuzehus
É nada!!! Vocês dois são os estranhos!!! Viviam olhando o vovô como se ele fosse o assassino do papai e ELE NÃO É, COMO VOCÊS MESMOS DISSERAM FOI UM ACIDENTE DE TRABALHO!!!
(é minha vez de surtar)😡💢💢💢
Vejo-os de olhos arregalados, sem palavras e eu tinha mais o que falar, se o nosso advogado não os tivesse chamado para uma conversa que não me incluía.
Quando eles somem quarto afora indo para a sala conversar, desabo no chão exausta, não aguentava ficar na minha própria casa sem me exaurir e sabia que a partir daquele momento seria pior.
E o mais estranho de tudo é a vibração que eu sinto da caixa em minhas mãos naquele momento em que gritei.
Me deixou ainda mais curiosa quanto ao que tinha na caixa, já que eu não lembrava o que tinha ali.
Ao levantar a tampa, me sinto nostálgica, é o mesmo medalhão que o papai usava e que por algum motivo, ninguém mais usava.
Tinha vontade de chorar, jamais imaginaria que veria de novo a fina moeda de prata de não mais de dois centímetros de espessura e cinco centímetros de altura e comprimento, mas algo estava diferente...
Ele não tinha arabescos dourados na lateral e as dozes divisórias não eram compostos pelo mesmo arabesco dourado.
Os do papai eram arcos negros, será que era uma cópia feita para mim?
Jonas Silva Zohuzehus
Não acredito...
(escuto vindo porta)😨😨😨
Ele estava tão pálido que parecia que ia desmaiar, mas algo me dizia que ele estava olhando algo além do medalhão que coloquei no pescoço.
Lily Silva Zohuzehus
O que foi Jonas?
(pergunto desconfiada)🤨
Jonas Silva Zohuzehus
E... sse medalhão maldito, não foi enterrado com o papai?
(diz assustado)😨
Lily Silva Zohuzehus
Também achei isso e acho que foi na verdade... olha, não é negro.
(digo lhe mostrando os arabescos dourados)🙄
Jonas Silva Zohuzehus
Não, não, não. Lily tire isso, vamos jogar fora. É inconfundivelmente o medalhão maldito do papai.
(diz quase histérico)🤪🤪🤪
Lily Silva Zohuzehus
Jonas, qual é o seu problema? Está cego? Não é o mesmo, ficou louco que nem a mamãe, por acaso?
(digo dando um passo para trás assustada)😥
Jonas Silva Zohuzehus
Não, não e não. Se ele mudou, significa que não era eu o próximo herdeiro, isso não pode acontecer. Não pode acontecer com a Lily.
(diz como se eu não estivesse bem na sua frente)🤪😨🤪
Lily Silva Zohuzehus
Do que você está falando? Eu, hein! Vocês todos são malucos, não é o medalhão do papai e mesmo se fosse porque você o jogaria fora? Você por acaso o odeia tanto assim a ponto de querer jogar fora qualquer coisa que nos lembre dele
(digo colocando o medalhão para dentro da camisa)😢
Vejo-o acordar do torpor arrependido, mas o que estava dito, estava dito, não tinha mais volta.
Por todos os dias consecutivos, os dois me encaravam como se eu estivesse condenada à morte e isso me irritou tanto que passei todos os dias mais tempo fora de casa andando sem motivo nenhum e sem nenhum objetivo, que voltava tão exausta em casa que nem jantava e ia direto para a cama.
No dia seguinte, acordava bem antes do sol nascer e ia para a cozinha fazer o café, almoço e jantar.
Enfiava tudo na mochila e saia de casa bem na hora do sol nascer.
Tudo para não encarar os dois malucos que eram minha família, fiz isso por todos esses anos e quando era inevitável o encontro, descontava toda a minha frustração nas minhas amigas.
Elas me conheciam tão bem que nem falavam nada, só me ouviam extravasar, só não sabiam qual era o motivo das brigas na minha família.
Já me perguntaram se eu não tinha outros parentes para morar, mas infelizmente eu não tinha e se tivesse estariam espalhados pelo mundo, provavelmente todos eram aventureiros.
Estava no nosso sangue a ânsia por aventura, já fomos bem grandes como os clãs japoneses, mas por alguma fatalidade só sobrou minha família.
Somos os últimos Hozuzehus da face da Terra.
Um sobrenome único e esquisito era o que nos marcava, por isso eu o odiava o suficiente para só falar o meu nome e só as vezes usar o sobrenome da minha mãe, Silva.
Foi numa dessas conversas em que eu era grossa com minhas amigas que uma delas, Natali, me indicou um grupo voluntário integral.
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