No Fio da Pele
01
🔥 1. Caio Ferraz
Idade: 27 anos
Profissão: Advogado criminalista (ligado a famílias influentes)
Aparência: Cabelos escuros, sempre bem vestido, olhar frio e calculista, usa óculos finos.
Personalidade: Inteligente, contido, com uma presença dominante. Carrega um trauma antigo que o faz manter todos à distância. Tem dificuldade em confiar e um passado que não pode apagar. Seu toque é raro, mas quando acontece... é devastador.
Segredo: Já foi envolvido com um caso de corrupção e violência que destruiu sua reputação — por isso, agora vive entre a lei e a sombra.
Frase típica: “Controle é tudo. E você me faz perdê-lo.”
💔 2. Rafael Lins
Idade: 24 anos
Profissão: Estudante de psicologia / Estagiário no fórum
Aparência: Cabelos avermelhados, pele clara, expressão curiosa e vulnerável, também usa óculos.
Personalidade: Sensível, observador e teimoso. Finge ser mais seguro do que realmente é. É cativado por tudo o que Caio tenta esconder. Apesar do medo, ele provoca, insiste, se aproxima.
Histórico: Teve uma infância conturbada e busca entender os comportamentos humanos para se salvar — e salvar os outros.
Frase típica: “Você se esconde, Caio. Mas eu já te vi.”
Capítulo 1 — O Som do Silêncio
O Fórum Criminal da cidade era um lugar onde os passos ecoavam mais do que as palavras. Rafael sabia disso. Caminhava pelos corredores com a prancheta apertada contra o peito e os olhos correndo entre placas de salas e portas entreabertas. Era seu primeiro dia como estagiário, e mesmo que tentasse parecer seguro, o leve tremor em seus dedos entregava a ansiedade que sentia.
Ele estava perdido. Claro que estava. E não havia ninguém naquele andar para perguntar... até que uma porta de vidro se abriu com um clique suave, revelando a figura que mudaria o compasso de seus dias.
caio ferraz
— Procurando algo? — a voz era baixa, firme, com um leve tom de ironia.
Rafael virou-se e encontrou um homem de terno escuro, impecável. O cabelo preto caía um pouco sobre os olhos, e os óculos realçavam a frieza elegante de seu rosto. Não sorria. Não precisava. A presença dele bastava para dominar o ambiente.
Rafael lins
— A sala da promotoria... — Rafael começou, tentando não parecer impressionado. — Era para ser no terceiro andar, mas...
caio ferraz
— Está no lugar certo. Só na direção errada. — O homem apontou com um leve gesto de cabeça. — Vem comigo
Rafael o seguiu em silêncio, notando a postura ereta, o andar calmo, como quem sabe que o mundo não tem pressa com ele. Passaram por uma fileira de janelas altas, e o sol da tarde tingia de dourado o chão de mármore.
caio ferraz
— É novo aqui — o homem comentou, sem olhar para trás.
Rafael lins
— Primeiro dia — Rafael respondeu, forçando um sorriso. — Dá pra perceber?
O homem parou diante de uma porta de madeira escura. Virou-se devagar, os olhos encontrando os de Rafael como se o estudasse.
caio ferraz
— Dá. Mas não se preocupe. Aqui, todo mundo começa perdido.
caio ferraz
E então estendeu a mão.
— Caio Ferraz.
Rafael hesitou um segundo antes de apertar.
Rafael lins
— Rafael Lins.
O toque foi breve, firme. Mas havia algo ali. Não exatamente calor, mas… uma descarga. Como se um fio de tensão ligasse a pele de um ao outro. Caio pareceu perceber também. Seu olhar demorou um segundo a mais do que deveria. E depois soltou a mão, como se nada tivesse acontecido.
caio ferraz
— Boa sorte, Rafael — disse apenas, abrindo a porta para ele passar.
Rafael entrou, mas virou-se antes que a porta se fechasse
Rafael lins
— Obrigado, doutor Caio.
E por um instante — quase imperceptível — Caio sorriu. Não um sorriso inteiro. Só o canto da boca. Como se dissesse: Você me intrigou, garoto.
A porta fechou devagar, com o som leve de um destino começando a se escrever.
02
Capítulo 2 — Uma Mesa, Duas Distâncias
A manhã passou como um borrão para Rafael. Documentos, anotações, orientações soltas. Mas nada ficou tão gravado quanto aquele olhar. Caio Ferraz. O advogado criminalista que parecia andar com o mundo às costas — e mesmo assim, não se curvar diante dele.
Ao meio-dia, o refeitório do Fórum estava menos cheio do que ele imaginava. Pegou um prato simples, arroz, frango, alguma salada esquecida no canto. Procurou um lugar para sentar, e encontrou vários. Mas seus olhos pararam em um específico.
Caio estava ali. Sozinho. Lendo algo no celular, uma garrafa de água pela metade ao lado do prato quase intocado.
Rafael hesitou. Podia ir para o outro lado do salão. Mas não foi.
Rafael lins
— Posso? — perguntou, indicando o lugar à frente
Caio levantou os olhos por um segundo. Depois fez um gesto quase imperceptível com a mão, como se dissesse faça o que quiser.
Rafael se sentou. Começou a comer em silêncio, sentindo o peso de não dizer nada. Mas a curiosidade era mais forte que o bom senso.
Rafael lins
— Você sempre almoça sozinho? — arriscou
caio ferraz
Caio não levantou os olhos do celular.
— Sempre que posso.
Rafael lins
— Não gosta de gente?
caio ferraz
— Gosto de silêncio
Rafael lins
Rafael deu um meio sorriso.
— E agora está me tolerando por quê?
Pela primeira vez, Caio o encarou de verdade. Os olhos por trás das lentes tinham uma calma que incomodava. Como se pudessem atravessar camadas.
caio ferraz
— Porque você perguntou. E porque não tenta parecer algo que não é.
Aquilo pegou Rafael desprevenido. Engoliu em seco
Rafael lins
— Isso é bom ou ruim?
caio ferraz
— Ainda estou decidindo.
O silêncio voltou, mas dessa vez... mais leve. Como se algo se assentasse entre os dois, invisível. Um acordo tácito: vamos ver até onde isso vai.
Caio voltou ao celular. Rafael voltou ao prato. Mas os dois sabiam — mesmo sem admitir — que aquela era a primeira de muitas mesas divididas.
E que a distância entre eles estava diminuindo
03
Capítulo 3 — O Som da Voz Dele
Na semana seguinte, Rafael passou a perceber que o mundo de Caio Ferraz tinha regras não escritas.
Ele nunca chegava atrasado, nunca explicava para onde ia, nunca conversava além do necessário. Mas Rafael também percebeu que ele sempre passava pela sala de estágios depois do almoço. Sem motivo aparente. Às vezes, só deixava um documento. Outras vezes, nem isso.
E Rafael... Rafael fingia não perceber. Mas o corpo reagia antes da razão. O coração acelerava, o estômago apertava, e o cheiro discreto de perfume amadeirado se gravava na memória com precisão absurda.
Na quinta-feira, por volta das seis da tarde, a chuva caiu sem aviso. Não um chuvisco, mas um dilúvio de verão que cobriu as janelas de cinza e apagou o som da cidade.
Os outros estagiários começaram a ir embora, um a um. Rafael ficou, digitando um relatório que ninguém leria, enrolando o tempo na esperança de que a chuva passasse. Quando restavam apenas ele e a luz fraca do monitor, a porta se abriu devagar.
Era ele.
caio ferraz
— Ainda aqui? — Caio perguntou, sem parecer surpreso.
Rafael lins
— Esperando a chuva parar — Rafael respondeu, virando-se.
Caio se aproximou da janela. Observou o céu como quem lê um presságio.
caio ferraz
— Não vai parar tão cedo.
Houve um silêncio confortável. Rafael se levantou devagar, foi até o cabide onde deixava sua mochila. Estavam os dois ali, lado a lado, com a chuva batendo como música de fundo.
Rafael lins
— Nunca te vi fora do terno — Rafael comentou, quase sem pensar.
Caio virou o rosto, e pela primeira vez Rafael viu um traço de humor genuíno nos olhos dele.
Rafael lins
Rafael riu, surpreso com a resposta.
— Parece que você dorme assim.
caio ferraz
— Às vezes eu acho que sim — Caio respondeu, com um suspiro leve. — Mas isso acontece quando você vira parte de um sistema que exige armadura o tempo todo.
Rafael ficou em silêncio. Aquelas palavras não soavam como frase pronta. Soavam... reais.
Rafael lins
— Deve ser cansativo.
caio ferraz
Caio encostou-se à parede e cruzou os braços.
— E você? Por que psicologia?
Rafael lins
— Porque ninguém me ouviu quando eu mais precisava. — A resposta saiu antes que Rafael pudesse pensar. E ficou no ar, crua, sincera demais.
Caio não comentou. Mas também não desviou o olhar.
caio ferraz
— E agora? — ele perguntou.
Rafael lins
— Agora... — Rafael respirou fundo. — Eu ouço. Mesmo que ninguém peça. Às vezes, até demais.
Caio o olhou com uma intensidade que não precisava de palavras.
— Isso pode te destruir — disse, num tom tão baixo que quase se confundia com o som da chuva.
Rafael lins
Rafael o encarou. Sem fugir, sem medo.
— Ou pode me salvar.
Foi a primeira vez que o silêncio entre eles pareceu não bastar. Havia algo ali, denso, invisível, esticando-se como um fio entre os corpos.
Caio desviou o olhar. Pegou a pasta na cadeira ao lado, como se voltasse à armadura
caio ferraz
— Vou te dar uma carona — disse, sem perguntar.
Rafael lins
— Você não precisa..
Rafael hesitou. Mas foi. E enquanto caminhavam pelo corredor vazio, lado a lado, cada passo ecoando no chão de mármore, ele soube — com uma certeza silenciosa — que aquele não era apenas o som da chuva lá fora.
Era o som de algo começando.
Mesmo que nenhum dos dois soubesse ainda o nome.
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