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O Diabo que Me Ama

1

. Josh Liri, de apenas 18 anos, respirou fundo enquanto olhava para a porta fechada. Seu primeiro paciente estava do outro lado.

E não era um paciente qualquer.

Era *ele*—Murilo Vitelli, o temido líder da máfia italiana, capturado após anos de investigações. Um homem que comandava impérios do crime com um aceno de mão, que fazia homens tremerem só de ouvir seu nome. E agora, por ordem judicial, ele estava ali, sentado na sala de espera, pronto para começar suas sessões de terapia.

*"Por que eu?"* O pensamento martelava em sua mente enquanto ele apertava a caneta entre os dedos. Ele ainda nem tinha se formado, estava apenas no estágio, e já tinham colocado o pior dos casos em suas mãos.

A secretária olhou para ele, preocupada.

— Ele está esperando, Josh.

— Eu sei. — Josh engoliu seco, levantando-se devagar.

A caminho da sala de espera, seu coração batia tão forte que ele temia que Murilo pudesse ouvir. Quando abriu a porta, lá estava ele—elegante, trajando um terno impecável, como se não estivesse sob custódia. Seus olhos escuros se fixaram em Josh, e um sorriso lento surgiu em seus lábios.

— Olá, senhor Murilo. — Josh tentou manter a voz firme.

— Você é meu psicológico novo. — A voz de Murilo era suave, quase sedutora, mas carregada de uma perigosa autoridade.

— Sim. Claro, estou aqui para ajudar você.

Murilo inclinou a cabeça, examinando o jovem terapeuta como um predador estudando sua presa.

— Vou adorar ter sua ajuda. — Ele sorriu, e Josh sentiu um calafrio.

— A sessão não começa hoje, só amanhã. Hoje vim apenas me apresentar.

— Ah, que pena. Estava ansioso. — Murilo cruzou as pernas, relaxado. — Qual o seu nome?

— Josh. Josh Liri.

— *Doutor* Josh. — Murilo riu baixinho. — E é muito lindo.

Josh sentiu o rosto queimar. Aquilo não era profissional. Nada naquela situação era.

— Obrigado. Acho que vamos nos dar bem. — Mentira. Ele já sabia que aquele seria o pior caso da sua vida.

Antes de se virar para sair, Murilo chamou-o novamente:

— Até amanhã, *doutor*.

Josh não responde apenas saio da sala e foi para seu apartamento

Josh trancou a porta do seu apartamento e deixou a pasta pesada cair sobre a mesa da cozinha. Seus dedos tremiam levemente enquanto abria o arquivo, como se aquelas folhas pudessem queimar sua pele.

**Nome: Murilo Vitelli**

**Idade: 25 anos**

**Histórico Psicológico:** Inteligência acima da média, diagnóstico de psicopatia, comportamento manipulador extremo.

**Notas Adicionais:** Conhecido como "O Diabo Esperto". Responsável pela internação e suicídio de 4 terapeutas anteriores.

**Crimes Estimados:** Homicídios diretos e indiretos – mais de 500 vítimas.

**Afiliação:** Líder da maior facção da máfia italiana no país.

Josh fechou os olhos por um segundo, tentando processar o que estava lendo. *Como diabos esperam que eu lide com isso?* Ele era só um estagiário, um garoto de 18 anos que mal sabia onde estava pisando.

Seu telefone vibrou. Era uma mensagem do supervisor:

**"Josh, você foi escolhido porque Murilo só aceitou sessões com você. Não sabemos por quê. Tenha cuidado."**

O sangue gelou em suas veias. *Ele me escolheu? Por quê?*

Josh voltou a olhar para a foto de Murilo no arquivo. Aquele sorriso frio, os olhos que pareciam enxergar tudo. Ele não estava lidando com um paciente comum. Estava lidando com um predador que já tinha destruído profissionais muito mais experientes.

— Porra... — Josh murmurou, esfregando o rosto.

Seu notebook estava aberto, e ele digitou rapidamente: *"Como lidar com pacientes psicopatas manipuladores?"*

Os artigos científicos não ajudavam muito. *"Mantenha limites claros. Não se deixe envolver emocionalmente. Nunca revele informações pessoais."*

Fácil dizer. Difícil fazer quando o paciente era um mestre em ler pessoas.

Josh respirou fundo e começou a anotar um plano:

**Não demonstrar medo.** (Impossível.)

**Controlar as sessões, não deixar Murilo dominar.** (Como?)

**Não cair nos jogos mentais dele.** (Ele já tinha derrubado quatro terapeutas.)

O telefone vibrou de novo. Dessa vez, um número desconhecido.

Josh hesitou antes de atender.

— Doutor Josh. — A voz do outro lado era suave, quase um sussurro. Era *ele*.

— Como você conseguiu esse número? — Josh tentou soar firme, mas sua voz falhou.

Murilo riu baixinho.

— Você é tão jovem... tão *puro*. — A palavra saiu como um elogio venenoso. — Estou ansioso para nossa sessão amanhã.

— Sessões têm horário marcado, Murilo. Isso não é profissional.

— Ah, mas eu nunca fui muito fã de regras. — Uma pausa calculada. — Você leu meu arquivo, não foi?

Josh ficou em silêncio.

— Eu sei que sim. — Murilo continuou, quase divertido. — E agora está aí, tentando descobrir como não acabar como os outros.

— O que você quer? — Josh perguntou, os dedos apertando o telefone.

— Só queria te avisar... — A voz de Murilo ficou mais baixa, quase íntima. — *Você já é meu favorito.*

A ligação caiu.

Josh ficou parado, o coração batendo como um tambor.

Ele não estava preparado.

E Murilo sabia

2

Josh mal havia dormido. Os olhos pesados e a mente ainda rodando com a ligação misteriosa de Murilo. Ele se arrumou mecanicamente – camisa social, calça preta, o jaleco branco que tentava lhe dar uma aura de profissionalismo que ele ainda não sentia.

O prédio do instituto parecia mais sombrio hoje. O corredor longo, as portas fechadas, o silêncio pesado.

— Bom dia, Josh! — A recepcionista sorriu, mas seu olhar era de pena. Todos sabiam com quem ele estava lidando.

— Bom dia, Clara. — Ele retribuiu o sorriso, forçado.

— Coragem hoje, hein? — O segurança, Marcos, cruzou os braços. — O *cara* já chegou faz meia hora. Pediu café e tudo.

Josh engoliu seco.

— Ele tá algemado, pelo menos?

— Nem precisou. Veio todo educado, como se fosse só mais um paciente. — Marcos balançou a cabeça. — Mas você sabe como é. Cuidado, moleque.

Josh assentiu e caminhou até a porta da sala de terapia. Respirou fundo. *Não mostra medo. Mantém o controle.*

Ao abrir a porta, Murilo já estava lá, sentado na poltrona como se fosse dono do lugar. Dessa vez, sem o terno – apenas uma camisa social aberta no colarinho, as mangas arregaçadas, revelando tatuagens discretas que Josh não teve tempo de decifrar.

— *Doutor Josh.* — Murilo sorriu, os olhos escuros brilhando como brasas. — Que bom que você veio.

— Bom dia, Murilo. — Josh fechou a porta e se dirigiu à sua cadeira, tentando manter a postura profissional.

— Bom dia, *senhor* Josh. — O tom era quase provocativo, como se Murilo soubesse exatamente o quanto aquilo perturbava o jovem terapeuta.

Josh abriu o bloco de notas, evitando contato visual prolongado.

— Como você se sente hoje?

— Como todos os dias. — Murilo encostou-se no sofá, relaxado. — *Bem.* Mas quero sair daqui.

— Você vai sair assim que melhorar. — Josh repetiu a linha padrão, mas soou falso até para ele mesmo.

Murilo riu baixinho, como se aquilo fosse uma piada particular.

— *Doutor Josh...* — Ele inclinou-se para frente, os cotovelos apoiados nos joelhos. — Posso fazer uma pergunta?

Josh hesitou. *Não caia nos jogos dele.*

— Claro. Qual é a pergunta?

— Você vai ser meu amigo, né? — A voz de Murilo era doce, quase infantil, mas os olhos eram de um predador.

Josh sentiu um frio na espinha. *Isso é uma armadilha.*

— Sim, claro. — Ele respondeu, automático, antes que seu cérebro pudesse processar o erro.

Murilo riu – uma risada suave, mas que ecoou pela sala como um trovão.

— Ótimo. — Ele recostou-se, satisfeito. — *Porque eu adoro fazer novos amigos.*

Josh olhou para as anotações, mas as palavras borravam-se diante dele. Ele já tinha cometido seu primeiro erro.

E Murilo sabia.

A sessão mal tinha começado, e o jogo já estava perdido.

[24/7 16:08] Belly: **Capítulo 4: O Jogo de Xadrez**

Josh respirou fundo antes de começar a sessão de verdade. Ele precisava manter o controle, não deixar Murilo perceber o quanto ele ainda estava nervoso.

— Bom, vamos começar nossa sessão.

— Claro. — Murilo respondeu, relaxado na cadeira, os olhos fixos em Josh como se estivesse estudando cada movimento seu.

Josh decidiu começar com algo simples, tentando construir algum tipo de rapport.

— Murilo, eu quero saber... o que você gosta de fazer no seu tempo livre?

Murilo não desviou o olhar, mantendo aquele olhar intenso que fazia Josh sentir-se como um rato sendo observado por um gato.

— Eu gosto de... jogos. — Ele respondeu, os lábios curvando-se em um sorriso lento.

— Que tipo de jogos? — Josh perguntou, tentando soar interessado, mas sua voz saiu um pouco mais tensa do que ele gostaria.

— Xadrez. — Murilo inclinou-se um pouco para frente, como se estivesse compartilhando um segredo. — *Adoro* xadrez.

Josh franziu a testa. Xadrez. Um jogo de estratégia, de controle, de prever os movimentos do adversário. Fazia todo sentido.

— Você é bom?

Murilo riu, um som suave e perigosamente encantador.

— *Sou ótimo.*

Josh hesitou por um segundo, mas então teve uma ideia. Se ele conseguisse engajar Murilo em algo que ele gostava, talvez pudesse ganhar sua confiança – ou pelo menos, entender melhor como ele pensava.

— E se eu trouxer um xadrez para jogar com você?

Os olhos de Murilo brilharam, como se Josh tivesse acabado de cair em uma armadilha perfeitamente armada.

— Eu *adoraria* jogar com você, doutor Josh.

Josh anotou algo em seu bloco, tentando disfarçar o frio na espinha. Ele não sabia se aquilo era uma boa ideia, mas agora não havia volta.

— Certo. Na próxima sessão, então.

Murilo sorriu, mostrando os dentes brancos e perfeitos.

— Mal posso esperar.

O silêncio que se seguiu foi carregado, como se o ar entre eles estivesse eletricamente carregado. Josh limpou a garganta, tentando retomar o controle da sessão.

— Enquanto isso, vamos falar sobre...

Mas Murilo interrompeu-o, inclinando-se ainda mais para frente, a voz baixa e íntima.

— Você sabe, doutor Josh... no xadrez, eu sempre jogo para ganhar. Sempre.

Josh sentiu um arrepio percorrer sua coluna.

— Isso é... bom. É importante ter objetivos.

Murilo riu novamente, como se Josh tivesse dito algo engraçado.

— *Exatamente.*

Josh percebeu, então, que ele não estava apenas lidando com um paciente perigoso.

Ele estava sentado à frente de um jogador de xadrez.

E ele, Josh, era apenas mais uma peça no tabuleiro

3

Josh manteve a expressão neutra enquanto anotava a resposta de Murilo. *Carros.* Um hobby comum, mas naquele contexto, parecia mais uma peça do quebra-cabeça que era a mente do mafioso.

— Que tipo de carros você gosta? — perguntou Josh, mantendo o tom casual enquanto observava Murilo de soslaio.

Murilo esticou os braços sobre o sofá, como um gato satisfeito.

— Os velozes. Os perigosos. — Seus dedos tamborilaram levemente no braço do móvel. — Ferraris, Lamborghinis... mas meu verdadeiro amor é um clássico: o Alfa Romeo 33 Stradale.

Josh anotou *"fascínio por velocidade/risco"* em seu bloco.

— Você dirige muito?

Os olhos de Murilo escureceram por um instante.

— Costumava. — Ele sorriu, mas agora havia algo afiado por trás da expressão. — Até meus... *hobbies*... se tornarem um problema para as autoridades.

Josh sentiu o ar ficar mais pesado. Ele precisava mudar de assunto antes que a conversa derivasse para território perigoso.

— E mecânica? Gosta de trabalhar em carros?

Para sua surpresa, Murilo riu — uma risada genuína que fez Josh piscar, desconcertado.

— Querido doutor, você acha que eu sujaria essas mãos? — Ele ergueu as mãos, dedos longos e impecáveis. — Tenho pessoas para isso. Muitas pessoas.

O silêncio que se seguiu foi cortante. Josh percebeu que havia tropeçado em outro aspecto do mundo de Murilo — um mundo onde ordens eram dadas e outras pessoas as cumpriam, não importasse o custo.

— Entendo — murmurou Josh, limpando a garganta. — E quando você—

— Você tem carteira, doutor Josh? — Murilo interrompeu, inclinando-se para frente com interesse repentino.

— Eu... tenho. Por quê?

Os olhos de Murilo brilharam com uma ideia perigosa.

— Quando eu sair daqui — *não "se", Josh notou, mas "quando"* — devemos dar um passeio. Tenho um Porsche 911 GT3 RS guardado que faria você chorar.

Josh forçou um sorriso.

— Acho que isso violaria algumas regras éticas.

Murilo fez um gesto desdenhoso.

— Regras. — A palavra saiu como um insulto. — Você vai aprender, doutor, que algumas coisas valem mais que regras.

O relógio na parede marcou o fim da sessão. Josh nunca havia sentido tanto alívio ao ouvir um simples tique-taque.

— Por hoje é tudo, Murilo. Amanhã continuamos.

Murilo levantou-se com a graça de um grande felino.

— Até amanhã, então. — Na porta, ele se virou. — Oh, e doutor?

— Sim?

— Não esqueça nosso xadrez. Estou ansioso para ver... como você joga.

Quando a porta se fechou, Josh soltou o ar que nem sabia estar prendendo. Ele olhou para suas anotações — *carros, velocidade, poder, desafio a regras* — e então para a bolsa onde guardaria o jogo de xadrez.

Pela primeira vez, Josh se perguntou se ele era o terapeuta... ou apenas mais um brinquedo novo na coleção de Murilo.

[24/7 16:08] Belly: **Capítulo 6: A Rosa e o Xeque-Mate**

Josh saiu do consultório com um sorriso forjado nos lábios. Seu supervisor, Dr. Álvaro, o esperava no corredor, os olhos cheios de preocupação.

— *Então, como está sendo o segundo dia com o nosso "paciente especial"?* — perguntou, cruzando os braços.

Josh ajustou a pasta debaixo do braço e mentiu sem hesitar:

— *Tá sendo ótimo, até agora. Ele é... cooperativo.*

O Dr. Álvaro ergueu uma sobrancelha, claramente cético.

— *Sério? Murilo Vitelli, cooperativo?* — Ele soltou uma risada seca. — *Cuidado, Josh. Cobras também são "cooperativas" até morderem.*

Josh acenou com a cabeça, evitando o olhar penetrante do chefe.

— *Eu sei. Tô tomando cuidado.*

Mal podia esperar para sair dali.

---

A loja de jogos era pequena, acolhedora, cheia de tabuleiros e miniaturas. O cheiro de madeira envernizada e plástico novo enchia o ar. O atendente, um homem jovem com óculos grossos, cumprimentou Josh com um aceno.

— *Precisa de algo específico?*

Josh olhou ao redor antes de responder.

— *Um jogo de xadrez. Bom, resistente.*

O atendente sorriu.

— *Ah, um clássico. Temos esse aqui em ébano e mogno. As peças são pesadas, bem feitas...*

Josh tocou o cavalo de xadrez, sentindo o peso sólido na palma da mão. *Perfeito.*

— *Vou levar.*

A caminho de casa, Josh não conseguia parar de pensar em Murilo. Aquele sorriso afiado, os olhos que pareciam ver tudo. *Por que ele está tão interessado em mim?*

Quando chegou ao seu apartamento, algo estava errado.

A porta estava ligeiramente entreaberta.

Josh congelou. *Eu tranquei. Tenho certeza que tranquei.*

Com o coração batendo forte, ele empurrou a porta devagar, o jogo de xadrez apertado contra o peito como um escudo improvisado.

O apartamento estava silencioso. Nada parecia fora do lugar.

Até que ele entrou no quarto.

Sobre sua cama, solitária, repousava uma **rosa vermelha**.

Josh aproximou-se lentamente, como se a flor pudesse explodir. Era fresca, as pétalas aveludadas ainda úmidas de orvalho. Ele a pegou, sentindo o aroma doce e pesado.

*Como isso foi parar aqui?*

O telefone vibrou no bolso, fazendo Josh pular. Era Lucas, seu amigo da faculdade.

— *E aí, terapeuta dos loucos! Como tá a carreira?* — Lucas riu do outro lado da linha.

Josh olhou para a rosa, depois para a porta, imaginando se alguém ainda estava lá fora.

— *Tá... complicado.*

— *Ah, cara, relaxa! Você tá começando agora, é normal se sentir perdido.*

Josh engoliu seco.

— *Lucas... se eu sumir algum dia, investiga o paciente que eu tô tratando, tá?*

Risada incrédula.

— *Tá assistindo muito *Silence of the Lambs**, hein?*

Josh não respondeu. Seus olhos estavam fixos na pétala que caíra na cama, vermelha como sangue.

E então, um barulho.

*Alguém respirando do outro lado da porta.*

— *Lucas, eu te ligo depois.*

Desligou.

O apartamento estava em silêncio novamente.

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