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Meu Vilão Favorito

primeiro dia de aula

Às 6h30 da manhã, o alarme toca, quebrando o silêncio calmo do quarto. A luz ainda é suave, filtrada pelas cortinas fechadas, e o ar carrega aquele frescor típico do início do dia. Meus olhos se abrem devagar, pesados de sono, e o corpo ainda parece preso ao calor dos lençóis. Mas, antes mesmo que eu possa me mover por completo, percebo algo fora do lugar. Do outro lado do quarto, vejo meu irmão. Ele está de pé, vasculhando minhas coisas com a maior naturalidade do mundo — como se o espaço dele se estendesse até o meu. O som sutil de gavetas sendo abertas, papéis sendo remexidos e objetos deslocados quebra o restante da calma que ainda havia no ambiente. A familiaridade dele naquele canto que deveria ser só meu me desperta mais do que o toque insistente do alarme. O dia mal começou… e já traz sinais de confusão..
Soyeon
Soyeon
O seu idiota! Por que você tá? mexendo nas minhas coisas? Mãe! Vem cá agora!
Seungmin
Seungmin
Cala a boca, mana! Eu só to olhando se tem algum dinheiro para mim.
Soyeon
Soyeon
Vaza do meu quarto agora!
Junghee
Junghee
O que tá? acontecendo? Que barulho é esse logo de manhã?
Soyeon
Soyeon
O Seungmin mexendo nas minhas coisas!
Junghee
Junghee
Vão logo se arrumar para ir para escola agora!
Arrumei-me o mais rápido que pude, ainda sentindo os efeitos da manhã fria grudados na pele. Cada movimento era apressado, quase automático: roupa escolhida sem pensar demais, cabelo ajeitado na pressa, uma última olhada no espelho apenas para garantir que eu parecia minimamente acordada. Na cozinha, o cheiro do café recém-passado preenchia o ar com uma calma momentânea. Aquela primeira xícara quente entre as mãos trouxe um breve conforto, como um abraço silencioso que só a rotina sabe oferecer. Bebi com pressa, mas aproveitando cada gole — como se aquele café fosse meu único momento de paz antes de tudo começar. Em seguida, peguei minha bolsa e fui até a porta. Girei a maçaneta com um suspiro leve, tentando reunir forças para encarar o dia lá fora. Assim que abri a porta, lá estava ele. De pé, encostado no portão com o mesmo jeito despreocupado de sempre, me esperando como se soubesse exatamente o segundo em que eu apareceria. Meu melhor amigo de infância. O tempo não tinha mudado aquele olhar confiante, nem o sorriso meio torto que sempre carregava nas manhãs. Mesmo sem dizer uma palavra, a presença dele já dizia tudo: o dia realmente tinha começado.
Taewon
Taewon
Você tá! atrasada! Tem noção do quanto eu lhe esperei?
Soyeon
Soyeon
Mas não precisava-me esperar.
Taewon
Taewon
Não pode ficar aqui sozinha, não. Não é que eu me importe, mas como fomos criados juntos, é como a minha irmã, sabe?
Soyeon
Soyeon
Tá! bom, idiota! Já que perdemos o autocarro, vamos a pé!
Caminhamos bastante até chegar à escola. As ruas pareciam mais longas naquela manhã, ou talvez fosse só a sensação do tempo se esticando entre risos, passos apressados e o silêncio confortável que existia entre nós dois. O vento jogava meus cabelos contra o rosto, e a cidade aos poucos despertava ao nosso redor. Quando atravessamos o portão principal, algo dentro de mim acelerou. Aquele típico burburinho de alunos espalhados pelos corredores, o som abafado de vozes misturadas, risos e passos ecoando pelas paredes — tudo isso me empurrou para a realidade de mais um dia. Sem pensar muito, corri na frente dele, apressada, tentando escapar do fluxo apertado de estudantes entrando. Meus passos ecoavam apressados no piso gelado do corredor, o barulho dos armários se abrindo e vozes misturadas criando uma trilha sonora caótica ao fundo. Foi então que, distraída, virei o corredor com tudo — e esbarrei em alguém. Uma garota, alta, de cabelos longos e escuros, carregava uma pilha de livros nos braços. Não tive tempo de parar, nem de pedir desculpas. O choque entre nós foi o suficiente para me desequilibrar por completo. O mundo pareceu girar por um segundo, e eu me preparei para cair no chão frio… mas não caí. Fui amparada por dois braços firmes, que me seguraram com precisão. Meu corpo colidiu com o dele, e por um instante, tudo ficou em silêncio — como se o tempo segurasse o fôlego junto comigo. Levantei os olhos devagar. Ele estava ali. Alto, imponente. Os traços do rosto marcados, o olhar afiado como se analisasse cada detalhe meu. Não disse nada. Apenas me olhava… frio e calculista. Havia algo na forma como ele me encarava — como se pudesse ler pensamentos, segredos, medos. Como se nada escapasse da observação dele. E isso... me fez rir. Uma risada curta, involuntária, escapou dos meus lábios — mais pelo nervosismo do que pela graça. Mas ele não reagiu. A expressão dele continuava exatamente a mesma. Séria. Imóvel. Olhar fixo em mim. E eu ali, nos braços de um completo estranho, sem saber se tinha começado o melhor ou o pior dia da minha vida.
Haejun
Haejun
Tá! confortável? Eu sei que sou bonito, mas não posso ficar-te segurando por muito tempo.
Harin (하린)
Harin (하린)
Mas cuidado por onde anda, garota! Não vou ser gentil da próxima vez.
Ele me ajudou a me levantar com firmeza, os movimentos controlados, quase calculados. Suas mãos tocaram meus braços por um breve segundo a mais do que o necessário, e então me soltou com delicadeza, como se estivesse devolvendo algo frágil ao lugar certo. Enquanto eu ainda tentava recuperar o equilíbrio, ele deu um passo para trás e ajeitou a própria camisa com tranquilidade, sem desviar os olhos. Virou-se em silêncio, e começou a caminhar pelo corredor com passos calmos, mas decididos, como se estivesse satisfeito com o que tinha acabado de acontecer. Foi nesse momento que notei o pequeno sorriso no canto dos lábios dele. Um sorriso contido, quase imperceptível, mas que carregava algo orgulhoso, como se ele soubesse exatamente o efeito que havia causado. E simplesmente foi embora, sumindo entre os estudantes, deixando para trás apenas a lembrança do toque, do olhar e daquela estranha sensação de que algo tinha acabado de começar.
Jiwon (지원)
Jiwon (지원)
Viu? Ela caiu nos braços do seu futuro marido, amiga. Ela é mesmo uma vaca!
Harin (하린)
Harin (하린)
Mas isso não vai ficar assim! Quem ela pensa que é?
Ao chegar na sala, avistei minha amiga acenando com um sorriso animado, como se já estivesse esperando por mim havia horas. Caminhei em sua direção, mas, no meio do caminho, meu olhar se desviou para a frente da sala. Foi então que vi a professora parada ao lado da mesa, os braços cruzados e os olhos fixos em mim, como se soubesse exatamente o que eu havia aprontado antes mesmo de eu abrir a boca.
Soojin (수진)
Soojin (수진)
Atrasada de novo? Já é a sexta vez só este ano. Se se atrasar mais uma vez, vou ter que conversar com seus pais.
Olho para a professora com um olhar triste.
Soyeon
Soyeon
Desculpa, professora. Não vai acontecer novamente… É que eu perdi o meu ônibus.
Soojin (수진)
Soojin (수진)
Vai se sentar agora.
Soojin (수진)
Soojin (수진)
Como eu ia dizendo, a aula de hoje é sobre raiz quadrada.
Yena (예나)
Yena (예나)
Não liga pra ela, amiga. Ela só não tá muito bem hoje… aconteceram várias coisas ruins com ela.
Soyeon
Soyeon
Eu não sei por que eu chego sempre atrasada.

desentendimento

O sinal tocou, ecoando pelos corredores e misturando-se ao burburinho dos alunos que rapidamente se levantavam e se espalhavam pelos caminhos da escola. Aquele som marcava a pausa esperada da manhã — hora de respirar, descansar um pouco e tomar o pequeno-almoço. Peguei minhas coisas com calma e saí da sala junto com a multidão, mas meu olhar procurava algo diferente: um canto tranquilo, longe das mesas cheias e dos grupos barulhentos. Caminhei lentamente pelo refeitório, observando cada bancada ocupada, o som de risadas, bandejas sendo colocadas com pressa, vozes misturadas em conversas apressadas. Foi então que encontrei. Uma bancada quase vazia, encostada junto à janela. A luz suave da manhã entrava por ali, criando um ponto de calma no meio da agitação. Segui até ela, como quem busca abrigo em meio à tempestade, e me sentei com alívio, saboreando o silêncio ao redor enquanto pegava meu café e algo simples para comer. Era só um intervalo — mas naquele instante, parecia o pedaço mais leve do meu dia.
Quando levantei os olhos, ele já estava ali, sentando-se ao meu lado com a naturalidade de quem sempre pertenceu àquele espaço. Seu movimento foi calmo, quase silencioso, mas cheio de intenção — como se ele tivesse escolhido exatamente aquele lugar, exatamente aquele momento. Senti a presença dele antes mesmo de virar completamente o rosto. A maneira como puxou a cadeira, como se não estivesse com pressa, contrastava com a agitação ao redor. Por um instante, tudo pareceu desacelerar, e o simples ato de ele estar ali tornou a mesa menos vazia e o ambiente ao redor, um pouco mais denso.
Soyeon
Soyeon
O que você tá! fazendo aqui?
Haejun
Haejun
Ué! eu vim comer, nê?
Soyeon
Soyeon
Mas eu gosto de comer, sozinha nessa mesa.
Haejun
Haejun
Como isso acontece? eu também fico sempre sozinho nessa mesa, então não adianta-me pedir para sair.
Poucos minutos se passaram até que duas garotas se aproximaram da mesa. Seus passos eram apressados, acompanhados por risadinhas abafadas e olhares rápidos em nossa direção. Uma delas, de cabelo preso em um rabo de cavalo alto e uniforme impecável, mantinha o olhar fixo nele desde que se aproximaram. Sem pedir licença, ela puxou a cadeira ao lado dele e se sentou com um entusiasmo contido, como se aquele lugar já fosse seu por direito. A forma como se posicionou — o corpo levemente inclinado para ele, os ombros quase tocando os dele — deixava claro que sua presença ali não era por acaso. A amiga permaneceu em pé por um instante, olhando em volta, antes de ocupar o assento do outro lado da mesa. Mas era impossível não notar onde toda a atenção estava concentrada: entre ele e a garota que agora fazia questão de se aproximar cada vez mais, como se esperasse ser notada, ou melhor, desejava ser impossível de ignorar.
Harin (하린)
Harin (하린)
Opa, vim sentar aqui. Ela tá lhe incomodando?
Soyeon
Soyeon
Opa? Como assim?
Harin (하린)
Harin (하린)
É que eu e ele temos uma relação diferente, se é que você me entende.
Haejun
Haejun
Não temos não! Cai fora daqui, mete o pé! A única que tá me incomodando aqui é você e a sua amiga.
Após alguns minutos de tentativa frustrada de chamar a atenção dele — risadinhas forçadas, elogios disfarçados e perguntas óbvias — ambas começaram a se incomodar com o silêncio dele e, principalmente, com a forma como ele permanecia ali, tranquilo, como se elas nem estivessem presentes. A garota ao lado dele lançou um último olhar, claramente irritada por não ter conseguido o que queria. Se levantou de forma brusca, empurrando a cadeira com força suficiente para que arrastasse no chão e chamasse atenção de quem estivesse por perto. A outra a seguiu, bufando, o rosto contraído numa expressão de desgosto. Passaram por mim com passos pesados e, antes de saírem por completo, viraram-se ao mesmo tempo. O olhar que lançaram em minha direção era cheio de raiva, como se eu tivesse roubado algo delas, como se eu fosse uma intrusa, um obstáculo, ou pior: uma ameaça. Seus olhos me fitaram como se eu fosse um monstro disfarçado, alguém que não merecia estar ali — mas, mesmo diante disso, tudo o que fiz foi encará-las de volta, sem desviar. Porque, no fundo, eu sabia: aquele ódio não era sobre mim… era sobre o que elas não conseguiam controlar. .
Ele me olhou com aquela expressão que já começava a me ser familiar — fria, calculista, distante. Seus olhos, escuros e intensos, pareciam analisar cada traço do meu rosto, como se estivessem procurando algo escondido sob a superfície. Não havia emoção visível, nem raiva, nem curiosidade, muito menos ternura. Apenas silêncio. Era o tipo de olhar que fazia o tempo desacelerar. Um olhar que não piscava, que não tremia, que não deixava brechas. Ele mantinha os ombros relaxados, mas o semblante rígido, impassível, como se nada — nem mesmo a presença das garotas que haviam acabado de sair furiosas — fosse capaz de alterar o seu estado de espírito. Por um momento, senti como se estivesse diante de um enigma. Como se aquele olhar fosse uma muralha, uma armadura construída para proteger algo que ele se recusava a mostrar. Era como encarar uma tempestade presa atrás de olhos calmos demais. E, ainda assim, havia algo de hipnótico naquela frieza. Uma presença que intimidava, que afastava, mas ao mesmo tempo… atraía. Como se, por trás daquela indiferença, houvesse um segredo pronto para ser descoberto — por quem tivesse coragem de ficar.
Soyeon
Soyeon
Por que tá! todo o mundo olhando para gente?
Haejun
Haejun
Porquê? Porque eu sou popular aqui, e tão pensando que nós tá! junto. Mas eu não gosto de aberrações como vocês, humanos.
Soyeon
Soyeon
Ah, aberração é você! E o que, alienígena?
Haejun
Haejun
Digamos que eu sou um humano diferente.
No exato instante em que o silêncio começava a pesar entre mim e aquele olhar gelado, senti uma movimentação ao meu lado. Meu amigo apareceu como se tivesse sido convocado por um sinal invisível, surgindo com a leveza de quem conhece cada detalhe do meu humor e cada nuance do meu desconforto. Sem dizer uma palavra, ele puxou a cadeira ao meu lado e se sentou com um sorriso despreocupado, mas os olhos atentos demais para serem casuais. Seu timing era perfeito — como se soubesse exatamente o momento em que eu precisava de uma presença segura ao meu lado. A forma como se inclinou ligeiramente em minha direção, como se quisesse me lembrar de que eu não estava sozinha, foi o suficiente para eu soltar um leve suspiro de alívio. Ele começou a conversar como se nada estivesse acontecendo, mas eu percebia os olhares rápidos que lançava ao garoto à nossa frente. Não era ciúme, tampouco confronto. Era uma espécie de proteção silenciosa, como quem diz “se ela vacilar, eu seguro”. E, naquele momento, com ele ali do meu lado, tudo pareceu um pouco menos intenso — como se a tensão anterior fosse empurrada para longe, só pelo simples fato de ele ter aparecido.
Taewon
Taewon
Olá! Que bom que você tá! Aqui! Acabei de tomar café!
Assim que meu amigo se sentou ao meu lado, pude sentir uma mudança sutil no ar — como se a atmosfera ao nosso redor tivesse ficado mais densa, carregada de algo invisível. Olhei de relance para ele, e foi impossível ignorar a forma como seus olhos agora estavam fixos em meu amigo. Mas aquele não era um olhar qualquer. Havia algo afiado ali, quase cortante. Ele não o encarava por raiva, nem por curiosidade comum — observava com a precisão de quem estuda um oponente em silêncio. Seus olhos percorreram cada gesto, cada expressão, como se estivesse analisando não apenas o que ele fazia, mas o que tentava esconder. Era um tipo de silêncio que falava alto. Não havia palavras, mas a tensão era evidente. Seu maxilar se contraía sutilmente, os olhos se mantinham atentos, e a postura, que antes era relaxada, agora estava ligeiramente mais ereta, como se cada músculo estivesse preparado para reagir a qualquer sinal de ameaça. Ele não piscava. Não sorria. Apenas observava. E naquele instante, ficou claro que, para ele, meu amigo não era apenas mais uma presença casual à mesa — era uma variável inesperada, uma peça que ele ainda precisava entender antes de decidir como se posicionar no jogo que, de alguma forma, parecia já ter começado.
Taewon
Taewon
Então… vamos para a quadra?
Soyeon
Soyeon
Não quero, vou ficar um pouco aqui ainda. To terminando… pode ir na minha frente.
Taewon
Taewon
Vamos logo, vem!
Meu amigo, que até então parecia apenas presente, começou a se transformar diante da tensão crescente. Com um gesto repentino, segurou minha mão, mas não como quem busca apoio ou afeto. Era um aperto firme, invasivo, carregado de intenção. Seus dedos se fecharam em volta da minha pele com uma força que não combinava com o ambiente, como se quisesse me arrancar dali à força, sem dar espaço para questionamento. O motivo era claro: ele queria que eu saísse daquela mesa, que fosse com ele, que deixasse para trás a presença que o incomodava tanto. Mas a minha recusa, silenciosa e firme, irritou-o profundamente. Permaneci sentada, imóvel, e foi nesse exato momento que o desconforto virou dor. O aperto em minha mão aumentou, cruel e incontrolado. Sua respiração ficou pesada, os ombros tensos, e o olhar que antes era apenas ciumento se tornou algo mais obscuro, quase ameaçador. Meus dedos começaram a formigar, e a pressão que ele exercia era tanta que logo surgiu um hematoma, manchando minha pele com tons arroxeados. Não havia palavras entre nós, apenas um silêncio pesado, recheado de tensão. A dor física se misturava ao desconforto emocional, enquanto eu ainda tentava disfarçar, tentando manter alguma aparência de normalidade. Mas a verdade era clara: ele não queria apenas minha atenção — ele queria controle. E, naquele instante, me feriu ao tentar tomá-lo à força. .
Soyeon
Soyeon
Você tá me machucando! Eu não quero ir agora.
Num instante tenso e silencioso, ele se moveu com precisão. Com um gesto firme e controlado, afastou a mão do meu amigo da minha com uma força contida, mas inquestionável. Não houve violência explícita, mas havia algo na forma como seus dedos romperam o contato que denunciava domínio — como quem retoma o que é seu por direito, sem pedir permissão. Em seguida, virou-se para mim. Seu olhar encontrou o meu, e naquele momento, tudo ao redor pareceu se apagar. Seus olhos eram frios, impenetráveis, completamente desprovidos de emoção. Não havia raiva visível, nem piedade, nem sequer surpresa. Apenas uma calma assustadora, como se estivesse olhando para mim através de uma parede de gelo. Era o tipo de olhar que não precisa de palavras para ser entendido: não havia dúvidas de que algo havia mudado. Mas foi quando ele voltou os olhos para o meu amigo que a tensão atingiu o ápice. Sua expressão permaneceu serena, mas havia algo feroz por trás da tranquilidade — um brilho nos olhos que lembrava o de um predador prestes a atacar. Ele o encarou com uma intensidade crua, os olhos estreitados, a postura levemente inclinada para frente, como se estivesse medindo cada reação, cada possível fraqueza. Era como observar um lobo focando em sua caça: calculado, silencioso, imponente. Ele não precisava levantar a voz, nem fazer um único movimento brusco. A ameaça estava ali, escancarada no olhar. E naquela troca muda, entre ele e meu amigo, ficou claro que a disputa havia começado — e que nenhum dos dois pretendia recuar.
Haejun
Haejun
Não ouviu que ela não quer ir com você? Você está a machucar ela, não consegue ver isso?
Taewon
Taewon
E quem é você para se meter na minha relação com a Soyeon?
Ele me olhou com aquela frieza cortante, o rosto impassível, como se nenhum sentimento pudesse atravessar a superfície de seus olhos. Era um olhar pesado, calculado, que parecia pesar cada gesto meu, cada mínima reação, como se buscasse encontrar algo que ele pudesse controlar. Mas dessa vez, eu não desviei. Ergui o queixo, mantive o olhar firme e encarei de volta, sem hesitar. O que ele encontrou nos meus olhos não foi medo, nem dúvida — foi desprezo. Um desprezo silencioso, denso, como uma parede entre nós. Olhei diretamente para ele, deixando claro que não aceitava mais aquela presença dominadora, aquele jogo silencioso de poder. Foi uma troca de olhares intensa, onde as palavras não eram necessárias. Frieza contra desprezo. Dois mundos opostos colidindo no silêncio — e, pela primeira vez, ele não era o único que sabia sustentar o olhar. .
Haejun
Haejun
São namorados?
Taewon
Taewon
E se formos, isso não é da sua conta!
Haejun
Haejun
A sua mãe não lhe ensinou como se deve tratar uma mulher?
Taewon
Taewon
Eu sei cuidar muito bem dela,. Não machuquei o braço dela porque quis.
Haejun
Haejun
De qualquer forma, ela não quer ir. Respeita a decisão dela, ou...
Taewon
Taewon
Ou o quê? Vai fazer o quê, o seu planadorzinho de #¿$?%!¡?
Yena (예나)
Yena (예나)
Já chega, vocês dois! Olhem como a minha amiga está — ela está a tender uma crise de ansiedade por culpa de vocês dois, os seus moleques!
Haejun virou-se lentamente, sem dizer uma única palavra. Seus passos eram firmes, silenciosos, quase elegantes, como se cada movimento tivesse sido cuidadosamente ensaiado. O corpo ereto, a cabeça erguida e o olhar fixo à frente demonstravam uma confiança inabalável, fria, imperturbável. Ele não olhou para trás — não precisou. Ao sair, seus olhos mantinham aquele brilho calculista, como se já tivesse analisado tudo, compreendido cada peça no tabuleiro, e decidido seu próximo movimento com precisão cirúrgica. Não havia pressa em seus passos, nem hesitação. Era como se, para ele, a situação já estivesse sob controle, o problema resolvido, o jogo já vencido. A frieza em seu semblante era quase desumana. Os traços do rosto permaneceram inalterados, como uma máscara. Nenhuma raiva visível, nenhum orgulho, apenas o silêncio absoluto de quem observa o mundo de cima, como se estivesse sempre um passo à frente de todos. Quando ele passou pela porta, seu vulto deixou uma sensação estranha no ar — uma mistura de tensão e inquietação, como se sua presença ainda estivesse ali mesmo depois de desaparecer. Era o tipo de saída que não precisava de palavras para ser sentida. Porque, para Haejun, o jogo não acabava com a ausência — ele continuava mesmo em silêncio.
Minha amiga chegou no momento certo, como se sentisse de longe que algo estava errado. Sem dizer nada, apenas segurou meu braço com delicadeza e me guiou para longe dos dois. Seus passos eram firmes, mas suaves, como se tivesse pressa e, ao mesmo tempo, tentasse não me assustar mais do que eu já estava. Nos afastamos da mesa, e quando encontramos um canto mais calmo, ela foi direto buscar um copo d’água. Enquanto eu respirava fundo, tentando recobrar o controle do meu corpo e da minha mente, ela voltou com o copo nas mãos e me entregou com um olhar preocupado. Minhas mãos ainda tremiam levemente, o coração batendo acelerado como se estivesse preso no instante anterior. Bebi a água devagar, sentindo a garganta seca e o nó preso no peito começarem a se dissolver. Ela ficou ao meu lado o tempo todo, em silêncio, respeitando meu espaço, mas me transmitindo exatamente o que eu precisava: segurança.
Yena (예나)
Yena (예나)
Amiga, você tá bem? O que foi aquilo? E porque o garoto popular tá! andando com você agora?
Soyeon
Soyeon
Eu não sei, amiga, o que aconteceu. Só sei que senti muito medo do Taewon — ele nunca agiu assim antes, parecia que éramos namorados.
Yena (예나)
Yena (예나)
Talvez, como vocês são melhores amigos, ele quis te proteger do popular, né?
Soyeon
Soyeon
Não sei, só não quero que ele me machuque de novo. Meu braço tá doendo.
Yena (예나)
Yena (예나)
Vamos para a enfermaria.

A Cura

Na enfermaria.
Enfermeira
Enfermeira
— Deixe-me ver.
Enfermeira
Enfermeira
Vai passar… Mas o que houve pra estar tão machucado assim?
Soyeon
Soyeon
Bom… eu bati, sem querer…
Haejun apareceu sem aviso, como uma sombra que surge no exato instante em que o silêncio começa a pesar. Estava ali, encostado no batente da porta, com uma postura descontraída demais para a intensidade do olhar que carregava. A luz do corredor desenhava sua silhueta de forma quase cinematográfica, realçando a expressão fria e enigmática no rosto. Seus olhos estavam cravados em mim, firmes, penetrantes, como se buscassem respostas em cada traço do meu rosto, como se ele pudesse sentir o que eu estava tentando esconder. Não havia sorriso, não havia raiva — apenas aquele silêncio denso e carregado, que gritava mais alto do que qualquer palavra. Minha amiga foi a primeira a notar sua presença. Ela se enrijeceu levemente, como se algo tivesse atravessado o ambiente e quebrado a bolha de segurança em que estávamos. Seus olhos encontraram os dele por um segundo que pareceu longo demais. Depois, ela olhou para mim, como se pedisse permissão com o olhar, tentando entender se deveria sair ou ficar. Houve um instante de hesitação. Ela deu um passo para o lado, desviando o olhar, e com um gesto contido, passou a mão pelo cabelo, claramente desconfortável. O peso da presença de Haejun era grande demais para ignorar. Por fim, soltou um breve suspiro, forçou um pequeno sorriso e disse algo em um tom baixo, quase murmurando, com aquele jeito sem graça de quem sabe que está interrompendo algo importante — ou perigoso. E então se afastou, deixando-me sozinha sob o peso daquele olhar que não se movia, não piscava, e parecia saber muito mais do que deveria.
Yena (예나)
Yena (예나)
— Eu... tenho um trabalho para apresentar agora. Depois eu volto, tá?
Ela se afastou rapidamente, quase apressando os passos, como se quisesse fugir do peso que ficou no ar. A porta se fechou suavemente atrás dela, mas o som pareceu ecoar com força no silêncio que se instalou. O ambiente, antes acolhedor, agora parecia menor, mais denso, como se o ar tivesse ficado espesso demais para respirar com naturalidade. Haejun continuou parado por um breve instante, observando-me com aqueles olhos profundos e impassíveis. Depois, começou a se aproximar com passos lentos, medidos, como se cada movimento fosse cuidadosamente calculado. O som leve dos seus sapatos contra o piso era a única coisa que quebrava o silêncio absoluto ao nosso redor. Parou diante da maca onde eu estava sentada, mantendo a postura ereta, o rosto parcialmente sombreado pela luz suave da sala. Mesmo de perto, seu olhar permanecia firme, direto, como se tentasse atravessar a barreira que eu colocava entre nós. Sem desviar os olhos, e com a voz baixa, porém firme, ele rompeu o silêncio. Sua presença, por si só, já era imponente — mas a forma como falou, como se cada palavra fosse escolhida com precisão, fez meu corpo enrijecer antes mesmo que ele terminasse a frase.
Haejun
Haejun
_Ele machucou-te assim… por minha causa?
Soyeon
Soyeon
— Não foi por sua causa… É que… ele tá com ciúmes, eu acho. Isso nunca aconteceu ele parecia nervoso… diferente.
Do nada… ele estalou os dedos. No mesmo instante, tudo ao redor pareceu parar. Os sons cessaram, como se alguém tivesse apertado o botão de “mudo” no mundo. O ponteiro do relógio parou. As pessoas, lá fora, congelaram em meio aos movimentos — um passo suspenso, uma conversa interrompida, olhares fixos no vazio. O tempo havia sido suspenso. Só ele continuava se movendo. Com uma calma quase inquietante, deu alguns passos em minha direção, os olhos fixos no meu braço. Seu semblante permanecia sério, mas havia uma suavidade sutil em seus gestos. Quando se aproximou, estendeu a mão com cuidado e, com um toque leve, passou os dedos sobre o hematoma que começava a escurecer minha pele. Uma luz suave, quase imperceptível, brilhou entre seus dedos — quente, tênue, reconfortante. Era como um sopro de alívio atravessando a dor. E, de repente… a dor se foi. Como se nunca tivesse existido. Apenas o calor do toque dele ficou ali, por mais alguns segundos, antes de também desaparecer com o brilho da luz. O tempo ainda estava parado, mas naquele instante, tudo dentro de mim parecia em movimento.
Haejun
Haejun
— Isso deve ajudar você
Ele me olhou por um instante que pareceu eterno. Os olhos frios e calculistas varreram meu rosto como se procurassem algo escondido — um pensamento, uma dúvida, uma fraqueza. Não havia emoção em seu semblante, apenas aquela expressão indecifrável de quem carrega segredos demais para um único corpo. Então, com a mesma tranquilidade inquietante de antes, estalou os dedos novamente. Em um piscar de olhos, o mundo voltou a se mover. Os sons retornaram aos poucos — passos no corredor, vozes distantes, o tic-tac do relógio reiniciado. O tempo, antes suspenso, retomou sua marcha como se nunca tivesse sido interrompido. Sem dizer uma palavra, ele virou-se e caminhou até a porta com passos leves, silenciosos, como se nada tivesse acontecido. Como se curar um ferimento, parar o tempo e desaparecer fosse algo comum, rotineiro. E eu fiquei ali, sentada, ainda sentindo o calor do toque dele no meu braço… mas com a mente girando em círculos. O que ele realmente é? Humano? Não parecia. Anjo? Demônio? Algo entre os dois? A única certeza era: ele não era como os outros. E eu estava, cada vez mais, no centro de algo que nem sabia nomear.
Às 13 horas da tarde
Taewon
Taewon
Quero-te pedir desculpas. Eu não sabia estar te machucando. Eu só queria lhe tirar de perto daquele #¿$?%!¡. Não foi minha intenção.
Soyeon
Soyeon
Tudo bem, já até passou. O hematoma já tá? tudo bem.
Taewon
Taewon
Como o hematoma sumiu tão rápido?
Soyeon
Soyeon
Ah! é um medicamento novo, sabe? Ajuda na cicatrização de alguns ferimentos.
De longe, ele nos observava em silêncio, encostado em uma parede qualquer, meio escondido entre sombras e pessoas distraídas. Os olhos fixos em mim, atentos a cada gesto, cada sorriso, cada palavra trocada entre mim e meu amigo. Eu ria — talvez um pouco nervosa, talvez tentando parecer normal — enquanto meu amigo fazia piadas leves, tentando aliviar a tensão do momento. A conversa fluía com naturalidade, como se fôssemos apenas dois bons amigos dividindo um instante qualquer do dia. Mas Haejun estava ali. Parado. Observando. Seu rosto não expressava raiva nem ciúmes. Era aquela mesma expressão fria e analítica, como se estivesse estudando uma cena de longe, absorvendo todos os detalhes. O modo como eu inclinava a cabeça ao rir, o jeito como meu amigo me olhava, a distância exata entre nossos corpos. Era como se, para ele, nada tivesse acontecido… E, ao mesmo tempo, tudo estivesse acontecendo sob seu olhar.
Haejun
Haejun
Patético... ela já se esqueceu? Humanos são todos carentes.
Ele observa e vai embora.

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