"Entre Aulas e Olhares"
Capítulo 1: Primeira Impressão (Péssima, por sinal)
Luan
— Você só pode estar brincando…
A professora sorria com a inocência de quem estava detonando sonhos com um tom doce.
Professora
— Vocês vão formar duplas para o Projeto Interdisciplinar. As duplas foram sorteadas. Luan… com Jae-Hyun.
Luan olhou para o outro lado da sala. Lá estava ele: o aluno intercambista coreano que falava pouco, andava sozinho e tinha a fama de ser brilhante… e insuportável. Cabelo escuro impecavelmente arrumado, fones de ouvido no pescoço, olhar indiferente como se tudo ao redor fosse um tédio existencial.
Jae-Hyun levantou os olhos lentamente, sem mudar a expressão. Só um leve levantar de sobrancelha.
Jae-Hyun
— Oi, — ele disse, com sotaque carregado, a voz baixa.
Luan
— Oi. — Luan respondeu, forçando um sorriso tão falso quanto a motivação que ele não tinha.
Eles se encontraram na biblioteca mais tarde para discutir o projeto. E foi aí que o caos começou.
Jae-Hyun
— Eu já pensei em uma estrutura. Eu faço a apresentação e você pode cuidar do conteúdo escrito.
Luan
— Como é?. Ué, a gente não vai decidir isso junto?
Jae-Hyun
— Eu só acho mais eficiente assim. —folheando seu caderno sem sequer olhar para Luan.
Luan
Luan bufou. — Olha só, eu posso não ser o gênio da sala, mas eu sei escrever. E eu não sou teu assistente.
Silêncio. Jae-Hyun finalmente ergueu os olhos. Ele encarou Luan por um segundo que pareceu uma eternidade.
Jae-Hyun
— Você sempre fala tão alto?
Luan
— E você sempre fala como se fosse melhor que todo mundo?
Outro silêncio. Um sorriso — quase imperceptível — surgiu no canto dos lábios de Jae-Hyun.
Jae-Hyun
— Isso vai ser… Interessante
Luan
Luan cruzou os braços, desafiador.
— Pode apostar que vai.
E assim começa a guerra fria acadêmica entre um brasileiro impulsivo e um coreano gelado… mas será que essa antipatia toda não vai esquentar mais do que eles esperavam? (por favor ignorem a capa e os erros, é minha primeira vez escrevendo 🙂)
Capítulo 2: Café, Orgulho e Silêncios Perigosos
Dia seguinte. A biblioteca da universidade era enorme, com janelas altas e mesas bem iluminadas. Ideal para estudar. Péssimo para manter a paciência principalmente com alguém como Jae-Hyun.
Luan chegou cinco minutos atrasado. O cabelo um pouco bagunçado, o moletom surrado e um copo de café grande nas mãos.
Luan
— Desculpa a demora, a fila tava absurda. — ele disse, largando a mochila na cadeira.
Jae-Hyun
Jae-Hyun nem olhou.
— Eu já organizei as referências. Estão em ordem alfabética
Luan
— Você sempre faz tudo sozinho?
Jae-Hyun
— Quando as pessoas não sabem acompanhar meu ritmo, sim.
Luan
— Olha, eu sei que você é o senhor perfeito, mas a gente é uma dupla. Você pode fingir que respeita isso?
Foi então que tudo aconteceu em câmera lenta:
Luan fez um gesto com a mão — e o café voou.
Bem na direção do notebook de Jae-Hyun.
Jae-Hyun ficou imóvel por dois segundos. Depois, fechou os olhos devagar, como se estivesse contando até dez. Muito lentamente.
Jae-Hyun
— Você… acabou de destruir meu notebook. — disse, num tom absurdamente calmo. Calmo demais.
Luan
— Foi sem querer! — Luan pegou guardanapos da mochila, tentando secar o estrago. — Eu pago o conserto, ou sei lá, a lavagem espiritual!
Jae-Hyun
— Esquece. — disse, puxando o notebook com cuidado. — Não tem o que fazer agora.
Jae-Hyun suspirou. Guardou o notebook.
Jae-Hyun
— Você sabe... você fala alto, gesticula demais, e é desorganizado. Mas... tem algo em você que é impossível de ignorar
Luan
Luan franziu a testa, confuso.
— Isso é... um elogio?
Jae-Hyun
— Nem eu sei. — Jae-Hyun respondeu, se levantando. — Amanhã. Mesma hora. E por favor… sem café.
Ele saiu, deixando Luan parado no meio da biblioteca, com um coração batendo mais rápido do que ele gostaria de admitir.
Capítulo 3: Palavras Não Ditas e Olhares que Queimam
O dia seguinte parecia igual a todos os outros. Mesmas aulas, mesmo calor, mesma pressa nos corredores da universidade.
Jae-Hyun já estava lá, como sempre. Mas dessa vez, sem notebook. Só com um caderno, uma caneta preta e... um copo de chá.
Sem dizer nada, ele empurrou uma xícara para Luan.
Jae-Hyun
— Camomila. Sem açúcar. Achei mais seguro. — disse seco, mas com um canto da boca quase sorrindo.
Luan
— Tá tentando fazer as pazes com chá de velho?
Jae-Hyun
— Melhor que café voador.
O silêncio se instalou por alguns minutos, mas era um silêncio estranho. Não era desconfortável. Era carregado. Como se alguma coisa estivesse entre eles e nenhum dos dois sabia o que fazer com isso.
Luan
— Por que você faz isso? — Luan perguntou de repente, a voz mais baixa. — Se afastar de todo mundo. Fingir que nada te afeta.
Jae-Hyun parou de escrever. O som da caneta cessou.
Jae-Hyun
— Você não entende...
Luan
— Então me explica. — Luan encarou. — Você age como se estivesse acima de tudo, mas ontem… quando derrubei o café… foi a primeira vez que eu vi você... humano.
Jae-Hyun ergueu os olhos devagar. E, pela primeira vez, encarou Luan de verdade.
Jae-Hyun
— Porque se eu não agir assim, eu desmorono.
Jae-Hyun
— Porque estar longe de casa, num país que não é meu, onde as pessoas acham que eu sou estranho… é mais fácil fingir que não sinto nada.
O silêncio agora era outro.
Luan ficou sem palavras. Por um momento, só observou o rosto de Jae-Hyun. A tensão na mandíbula. O jeito como ele não piscava. Como se qualquer fraqueza fosse perigosa.
Luan esticou a mão, quase sem pensar, e tocou a dele sobre a mesa. Foi um toque leve. Mas suficiente para fazer Jae-Hyun olhar suas mãos, como se nunca tivesse sido tocado daquela forma.
Luan
— Você não precisa fingir comigo.
Jae-Hyun puxou a mão de volta, mas não rápido. Devagar. Como se não quisesse, mas tivesse medo de querer.
Jae-Hyun
— Isso... não é uma boa ideia. — murmurou.
Luan
— Por quê? — Luan perguntou, mais perto.
Luan
— Porque você sente alguma coisa?
Olhos nos olhos. Tensão no ar. Corações acelerados.Mas Jae-Hyun apenas se levantou.
Jae-Hyun
— A gente se vê amanhã.— disse, antes de sair, sem olhar pra trás.
Luan ficou ali. Com o gosto da camomila na boca. E a certeza de que o que estava crescendo entre eles... não era mais só implicância.
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