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Luz na Minha Escuridão

Capítulo 1- Apresentações

Isadora, 17 anos

Isadora é uma jovem sensível e um pouco fechada, que luta contra a depressão desde faz tempo. Apesar da tristeza que a consome, ela carrega dentro de si uma vontade silenciosa de se reerguer. Sua jornada começa quando ela encontra na fé uma luz que começa a aquecer seu coração e abrir seus olhos para um novo caminho.

Miguel, 19 anos

Miguel é um jovem carinhoso e dedicado à igreja, conhecido por sua paciência e espírito acolhedor. Ele percebe a dor que Isadora carrega e se dispõe a caminhar ao lado dela, oferecendo apoio e mostrando, através da fé e do amor, que mesmo as feridas mais profundas podem ser curadas.

Helena Costa

Idade: 41 anos

Helena é uma mulher forte, prática e de personalidade firme. Criou Isadora praticamente sozinha após o afastamento do marido, e por isso sempre se sentiu na obrigação de manter tudo sob controle. Às vezes, essa rigidez a impedia de perceber a profundidade do sofrimento da filha. Ela não entendia de imediato a dor silenciosa de Isadora, e sua forma de lidar com isso era com cobranças e repreensões, acreditando que isso traria força à filha. Mas com o tempo, e ao ver a transformação da menina através da fé e da presença de Miguel, Helena começa a se abrir e a compreender a filha de verdade. O amor materno sempre existiu, mas aprendeu a demonstrá-lo com mais empatia e acolhimento.

Roberto Almeida

Idade: 45 anos

Roberto é um homem emocionalmente ausente, que abandonou a família quando Isadora ainda era criança. Seu afastamento deixou marcas profundas na filha, especialmente no que diz respeito à autoconfiança e ao sentimento de abandono. Ele é um homem fechado, que evita conversas profundas e costuma se esquivar de responsabilidades emocionais. Mais tarde na história, Roberto reaparece, e o reencontro entre ele e Isadora é tenso, cheio de feridas não curadas. Mas é também um momento de confronto e libertação para ela. Mesmo que a relação não se reconstrua completamente, Isadora encontra paz ao encarar esse passado.

Aurora Costa

Idade: 17 anos

Resumo:

Larissa é a prima mais próxima de Isadora e, mesmo sendo diferente em muitos aspectos, é quem leva a protagonista ao culto onde tudo começa a mudar. Alegre, extrovertida e espontânea, Larissa tem uma fé leve e simples, mas é genuína em sua preocupação com a prima. À sua maneira, ela é um instrumento usado por Deus no início da transformação de Isadora, mesmo sem entender completamente o que a outra está passando. É ela quem dá os primeiros empurrões — às vezes à força — para tirar Isadora do quarto e da escuridão emocional.

Ana Luz Costa Almeida

Idade: Recém-nascida (no final da história)

Ana Luz é a concretização do amor restaurado entre Isadora e Miguel. Seu nome carrega propósito: “Luz” representa a nova vida, a esperança que venceu as trevas, e “Ana” significa "cheia de graça", como uma resposta de Deus à jornada de dor e fé da mãe. Desde o ventre, Ana já transformava a vida do casal, trazendo ainda mais união, responsabilidade e amadurecimento.

Capítulo 2- Mais Um Dia

Ela não sabia que essa luz estava prestes a entrar em sua vida, trazendo mudanças que ela jamais imaginara.

Isadora não chorava mais como antes. Não porque estava melhor — mas porque até as lágrimas pareciam ter se cansado. Era como se tudo dentro dela estivesse entorpecido, adormecido, desligado. Às vezes, olhava para o teto do quarto durante horas, se perguntando se alguém sentiria falta caso ela simplesmente desaparecesse.

Ninguém percebia.

A dor dela era silenciosa demais para ser notada num mundo tão barulhento.

À noite, deitava-se com o travesseiro apertado contra o rosto, tentando sufocar os pensamentos que gritavam em sua mente. Os medos, as comparações, a sensação constante de inadequação — tudo a pressionava, esmagava, consumia.

Havia dias em que não queria levantar. Outros, em que se levantava apenas por obrigação. Escovava os dentes como um robô, passava a escova no cabelo sem se olhar no espelho, colocava qualquer roupa e saía com passos arrastados. Estar viva era um esforço.

Na escola, os colegas a viam como "a estranha". Aquela que mal falava, que andava sozinha, que parecia sempre cansada. Alguns cochichavam pelas costas, outros riam alto demais perto dela — como se tentassem lembrar Isadora de que ela era diferente, como se o riso alheio fosse uma forma de exclusão.

Ela não respondia. Já havia se acostumado com o rótulo. Com o peso. Com a solidão.

O que ninguém sabia é que ela gritava por dentro.

Isadora desenhava pequenas linhas no papel da última página do caderno. Rabiscos repetitivos, quase compulsivos. Tentava organizar sua mente assim. Às vezes escrevia palavras soltas: "ninguém", "vazio", "escuro", "fim".

Outras vezes, rabiscava cruzes. Era estranho, porque não era de frequentar igreja, mas tinha algo nas cruzes que a fazia sentir-se estranhamente segura. Talvez uma lembrança vaga da infância, de quando sua avó orava por ela antes de dormir. Talvez um instinto, um chamado que ela ainda não entendia.

Em casa, Helena — sua mãe — não sabia como lidar. Dizia que era só uma fase, que Isadora precisava de foco, de ânimo, de vontade. Mas essas palavras, ao invés de ajudar, machucavam mais. Isadora não queria pena. Queria ser entendida.

Mas como explicar o inexplicável?

Como dizer que estava viva, mas não se sentia viva?

E mesmo assim, havia aquela fagulha. Tão pequena quanto uma estrela distante. Mas viva. Uma centelha de algo que ela nem sabia nomear, mas que parecia prometer: “Ainda não acabou.”

E foi num sábado qualquer, quando sua mãe insistiu para que ela saísse com a prima Aurora para um encontro de jovens na igreja do bairro, que tudo começou a mudar. Isadora recusou de primeira. Bufou, rolou os olhos, tentou protestar.

Mas sua mãe foi firme.

E talvez — só talvez — aquela centelha no fundo do peito tenha sussurrado baixinho: "Vai."

E ela foi.

Arrastando os pés, com o coração pesado, mas foi.

Ela só não imaginava que, naquele lugar, entre cânticos e sorrisos estranhos, ela encontraria o olhar que mudaria tudo.

Essa luz vai salvar Isadora,desse mundo escuro.

Capítulo 3- Um encontro Inesperado

O sábado havia amanhecido como todos os outros: cinza, silencioso e sufocante. Isadora sentia o peso da rotina esmagando o peito desde o momento em que abriu os olhos. Não havia planos, expectativas, nem vontades. Era só mais um dia em que ela respirava porque o corpo insistia em continuar. Como de costume, trancou-se no quarto, deixou o celular no modo silencioso e deitou de lado, encarando a parede como se procurasse nela alguma saída para sua dor.

Ficava assim quase todos os fins de semana — quieta, invisível, esquecida. Às vezes fingia que estudava, só para que a mãe não desconfiasse de seu vazio. Outras, apenas ouvia o som distante das vozes da casa, como se tudo lá fora estivesse a mil quilômetros de distância.

Mas naquele sábado, sua mãe não se conformou.

— Você precisa sair um pouco, Isa. — disse Helena, com um olhar bravo, mais firme do que de costume.

— Eu não quero sair. — respondeu Isadora, tentando esconder a irritação e, por trás dela, a ansiedade que crescia como um nó no peito. A ideia de estar em público, de sorrir falsamente, de fingir normalidade... era cansativa só de imaginar.

— A Aurora vai com você. Se arrume, pois você vai ir com ela sim. — A frase veio como uma ordem definitiva, encerrando qualquer possibilidade de discussão.

Isadora ficou em silêncio. Por dentro, explodia. Por fora, apenas acenou com a cabeça. Não tinha energia para brigar. Vestiu uma calça jeans qualquer, uma camiseta larga, prendeu os cabelos em um coque frouxo e seguiu sua prima Larissa até a praça que ficava em frente à igreja. Os passos eram arrastados, como se cada metro caminhado fosse um fardo, e o coração batia apertado, confuso.

A praça era linda. O céu nublado não tirava o brilho das árvores bem cuidadas, das flores nos canteiros, das famílias sentadas nos bancos, conversando, rindo, vivendo. Isadora observava tudo em silêncio, sentia-se deslocada, como se estivesse num filme onde não era personagem — só uma espectadora invisível de um mundo ao qual não pertencia.

Foi então que o viu.

Miguel atravessava o portão da igreja com passos tranquilos. Estava conversando com alguns meninos, sorrindo de forma leve e verdadeira. Havia algo nele que chamava atenção sem esforço. Talvez fosse o jeito calmo, a postura tranquila ou — o que mais prendeu Isadora — a paz no olhar. Não era uma beleza comum; era algo além da aparência. Era o tipo de pessoa que parecia carregar a luz que ela havia perdido.

Por um breve instante, os olhos dele encontraram os dela.

Isadora congelou.

Foi rápido, talvez até acidental, mas a troca de olhares a atingiu como um choque. Miguel desviou em seguida e continuou andando, entrando na igreja com os outros rapazes. Nada demais havia acontecido — e, ao mesmo tempo, algo dentro dela se mexeu. Um incômodo. Uma curiosidade. Uma sensação de que aquele olhar tinha atravessado camadas que ninguém mais conseguia alcançar.

Ela não entrou na igreja. Não se sentia pronta. Sentou-se num canto da praça, com os fones desligados nos ouvidos apenas para afastar abordagens. Observava, de longe, a movimentação no culto. As músicas que escapavam pelas janelas soavam diferentes — menos religiosas, mais... acolhedoras.

Quando o culto terminou, Isadora se levantou, pronta para ir embora, quando uma voz atrás dela a fez parar.

— Oi... você estava no culto? — perguntou Miguel, se aproximando devagar, com um sorriso gentil no rosto e as mãos nos bolsos do moletom escuro.

Ela virou-se devagar, surpresa por ele lembrar dela. Ainda mais surpresa por ele ter vindo falar com ela.

— Não... só vim com minha prima. Fiquei aqui fora mesmo.

— Entendi... Às vezes só de estar perto já ajuda, né? — disse ele, com um tom leve, sem forçar nada. As palavras ficaram no ar como um convite velado, uma ponte estendida.

— Sou Miguel, prazer. — estendeu a mão com naturalidade, com aquele mesmo olhar calmo de antes.

Ela apertou a mão de leve, sem firmeza, quase sem encará-lo.

— Isadora.

Miguel sorriu outra vez, e dessa vez demorou um pouco mais antes de continuar.

— Se você quiser vir um dia... pra entrar mesmo... a gente sempre tá por aqui. — disse com suavidade, como quem semeia algo sem esperar resposta imediata.

Com um aceno breve, ele voltou para perto do grupo.

Isadora permaneceu parada por alguns segundos, como se tentasse entender o que aquilo significava. Era só uma conversa rápida. Um cumprimento. Um gesto simples.

Mas fazia tempo que ninguém a olhava daquela forma — como se ela existisse de verdade.

E aquilo, por menor que fosse, acendeu algo dentro dela que ela nem sabia que ainda estava vivo.

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