A chuva caía fina sobre as ruas estreitas da cidade antiga. Entre becos úmidos e lanternas que balançavam ao vento, uma pequena loja de flores resistia à escuridão. “Hana no Yume” – dizia a placa desgastada. Dentro, entre aromas doces e cores vivas, estava Lisa, uma jovem de cabelos vermelhos como o fogo, mãos delicadas que conheciam a linguagem das pétalas.
Para ela, flores eram vida. Para os outros, apenas ornamentos. Mas naquela noite, algo mudou.
Quando o sino da porta tilintou, Lisa ergueu os olhos e sentiu o coração vacilar. A figura que entrou não parecia pertencer àquele mundo. Um homem alto, pele pálida quase luminosa, olhos vermelhos como rubis queimando em brasa. Um sorriso cortante dançou em seus lábios.
— Um ramo de lírios-negros, pediu ele, com voz grave e rouca, que soou mais como uma ordem do que um pedido.
Lisa hesitou. Nunca ouvira falar de lírios-negros. Flores assim não existiam. Mas, como que guiadas por algo além da razão, suas mãos tocaram um vaso esquecido no canto da loja. Nele, pétalas escuras tremulavam, como se respirassem.
— Como… isso está aqui? — murmurou, mais para si do que para ele.
O homem riu baixo. Um som que parecia ecoar nas paredes, como um sussurro de condenação.
— Porque você os chamou.
Seu olhar a queimou mais do que o fogo de qualquer vela. Foi então que percebeu: o ar estava mais denso, as sombras se alongavam atrás dele, como garras.
— Quem é você? — perguntou, a voz vacilando.
Ele inclinou o rosto, aproximando-se. Sua respiração roçou sua pele, fria como a noite.
— Eu sou aquele que ouve os desejos escondidos no aroma das flores.
Seus dedos tocaram levemente o caule escuro. No instante seguinte, os lírios pareciam pulsar, como se estivessem vivos.
— E você, Lisa… acabou de me invocar.
As luzes piscam, a porta se fecha sozinha. Do lado de fora, a chuva vira tempestade. Dentro, só restam as flores… e o demônio.
Lisa recuou um passo, mas suas costas encontraram a parede coberta por trepadeiras secas. O coração batia tão alto que parecia ecoar pelo pequeno espaço da loja.
— Invocar você? — a voz dela saiu baixa, como um sussurro trêmulo. — Eu… só vendo flores.
Ele avançou lentamente, cada passo acompanhado por um som quase inaudível, como correntes arrastando pelo chão. Quando parou diante dela, sua presença preencheu todo o ar. Lisa sentiu o perfume das flores mudar — um aroma adocicado que se misturava com algo metálico, como sangue.
— Vender flores? — Ele sorriu, expondo dentes afiados, belos e ameaçadores ao mesmo tempo. — Não, Lisa… você as desperta. Não percebe? Cada pétala que toca, cada arranjo que cria… é um feitiço.
O demônio inclinou a cabeça, fitando-a com olhos incandescentes. — Você tem poder. E eu… quero isso.
Antes que ela pudesse responder, as luzes da loja se apagaram. O único brilho vinha agora das pétalas negras no vaso, que pulsavam como corações. O vento lá fora rugia como uma criatura selvagem.
Lisa tentou correr, mas quando estendeu a mão para a porta, uma sombra líquida deslizou pelo chão, envolvendo seus tornozelos como correntes frias. Um grito escapou de seus lábios, mas ele apenas ergueu a mão e o som morreu, preso na garganta dela.
— Não lute, florista. — A voz dele era sedosa, venenosa. — Ouça-me… e eu posso te dar tudo o que deseja. Beleza eterna. Força. Dinheiro. Ou… — Seus olhos arderam como brasas quando ele se inclinou, tão perto que ela sentiu a pele arrepiar. — A imortalidade que até os deuses invejam.
Lisa tentou falar, mas só conseguiu soltar um sopro de ar, o corpo tremendo. O demônio roçou as costas dos dedos em sua bochecha, lentamente, como quem toca algo precioso.
— Mas há um preço, — continuou, sorrindo com crueldade. — Seu coração… ou sua alma. Talvez as duas coisas.
As sombras subiram até a cintura dela, e pela primeira vez Lisa viu o verdadeiro rosto dele: por baixo da ilusão humana, chifres negros se curvavam para trás, marcas carmesins queimavam na pele, e suas asas — imensas, sombrias — se abriram, preenchendo todo o espaço da loja.
No reflexo da vidraça, Lisa se viu cercada por escuridão e flores negras que agora cobriam todo o chão. Elas cresciam como serpentes, entrelaçando suas pernas. E, no fundo do peito, algo começou a pulsar junto com elas, como se uma parte de sua alma estivesse sendo arrancada.
O demônio sorriu, aproximando seus lábios do ouvido dela.
— Diga meu nome, Lisa… e o pacto estará selado.
A tempestade rugiu lá fora, como se a própria noite aguardasse sua resposta.
Lisa ainda ofegava no chão, as cinzas das flores brilhando ao seu redor como brasas adormecidas. O silêncio após a tempestade parecia pesado demais, mas dentro dela algo gritava, algo que não sabia nomear. Poder. Fúria. Medo. Tudo misturado.
Então, a porta da loja, que estava destruída, rangeu. Um passo firme ecoou pelo piso molhado. Lisa ergueu os olhos, ainda tremendo, e viu uma sombra alta cruzar a soleira.
Um homem entrou, vestindo um sobretudo escuro encharcado pela chuva. O capuz escorreu, revelando cabelos negros como a noite, caindo em mechas pesadas sobre um rosto marcado por uma cicatriz que cortava do supercílio até a mandíbula. Seus olhos — frios como lâminas — percorreram o caos da loja antes de pousarem nela.
Por um instante, Lisa sentiu que aquele olhar atravessava sua alma.
— Você o encontrou… — disse ele, a voz grave, carregada de uma fúria contida. — Ou melhor… ele encontrou você.
Lisa tentou se erguer, mas suas pernas falharam. O estranho avançou com passos longos, parando diante dela. Sua presença era tão intensa quanto a do demônio, mas diferente: sólida, afiada, como aço.
— Quem… quem é você? — sussurrou Lisa, ainda segurando as mãos queimadas pelo poder que despertara.
Ele agachou-se, fitando-a de perto. O brilho frio de seus olhos contrastava com a cicatriz que lhe dava um ar perigoso.
— Meu nome não importa agora. O que importa… é que você está viva. E isso significa duas coisas: ou você fez um pacto… ou… — Seus olhos percorreram as cinzas no chão. — … você é mais forte do que eu imaginava.
Lisa engoliu em seco, sentindo um arrepio na espinha.
— Por que está aqui?
Ele se ergueu, caminhando lentamente entre os destroços da loja. Seu sobretudo revelava um coldre com armas estranhas — lâminas negras, gravadas com símbolos, e algo que parecia uma arma antiga, mas pulsante como se fosse viva.
— Estou caçando esse demônio há anos, — respondeu, a voz baixa, quase um rosnado. — E pelo que vejo… agora ele está interessado em você.
Lisa apertou os punhos.
— Ele tentou me matar… ou me usar. Mas eu lutei.
O homem se virou, a cicatriz destacando-se quando um relâmpago iluminou o ambiente.
— Então você é a chave. — Ele deu um passo à frente, a sombra dele cobrindo-a por inteiro. — Se quer viver… vem comigo.
Do lado de fora, a tempestade rugia outra vez, e algo — um sussurro, um riso distante — cortou o ar. O demônio ainda estava por perto. Observando. Esperando.
Lisa olhou para o estranho. Sabia que sua vida tinha acabado de mudar. Mas será que podia confiar nele.
O trovão partiu o céu, iluminando por um instante as paredes quebradas da loja. Lisa sentiu o ar ficar pesado novamente, como antes, mas desta vez ainda mais denso, quase sólido, sufocante.
Darius parou, a mão indo instintivamente para a lâmina na lateral do casaco. Seus olhos endureceram, fitando o vazio atrás dela.
— Ele está aqui.
Antes que Lisa pudesse reagir, o vidro estilhaçado na porta tremeu, como se uma explosão silenciosa atravessasse o ar. Então, sombras invadiram a loja como tentáculos, deslizando pelas paredes e pelo chão, envolvendo tudo.
Uma voz ecoou, profunda, carregada de uma raiva antiga:
— Caçador… quantos anos se passaram?
Do meio da escuridão, ele surgiu. Kael. A mesma presença esmagadora, mas agora sem qualquer máscara humana. Chifres curvados reluziam sob a luz fraca dos relâmpagos, asas negras abertas como um manto vivo. Seus olhos, duas brasas ardentes, cravaram-se em Darius.
Lisa recuou, sentindo as cinzas das flores tremerem no chão como se respondessem à chegada dele.
Darius sorriu, um sorriso frio, letal.
— Kael. Ainda vivo. Uma pena.
O demônio riu, e a risada soou como ferro arranhando pedra.
— E você ainda insiste em me caçar… depois do que fez? Depois do que arrancou de mim?
Lisa piscou, confusa.
— O que… o que ele está dizendo?
Kael avançou um passo, a madeira do piso queimando sob seus pés.
— Pergunte a ele, pequena flor. Pergunte a esse herói quebrado o que esconde atrás dessa cicatriz.
O olhar de Lisa se virou para Darius, mas ele não desviou os olhos do demônio. Sua mão segurava firme a espada, cuja lâmina agora brilhava com runas carmesins.
— Não a envolva nisso, monstro. Essa é a nossa guerra.
Kael ergueu as asas, e as sombras ganharam forma, transformando-se em lâminas vivas, serpentinas escuras prontas para atacar.
— Nossa guerra? — rugiu. — Você arrancou minha alma das chamas e a dividiu! Você roubou o que era meu, Darius!
O caçador deu um passo à frente, e por um segundo, Lisa viu o brilho frio de algo muito além da raiva: culpa.
— Eu faria de novo. Quantas vezes fosse preciso.
Antes que qualquer palavra pudesse ser dita, o chão tremeu. As sombras dispararam como lanças em direção a Darius, que ergueu a espada, criando uma barreira de luz vermelha. O impacto fez as paredes explodirem em estilhaços, o teto ceder parcialmente.
Lisa foi lançada contra o balcão, o coração disparado, tentando entender o que estava acontecendo. Do meio da fumaça, viu Darius girar a lâmina e lançar um golpe contra Kael, que desviou com uma velocidade impossível, sua asa cortando o ar como uma foice.
— Você não vai levá-la, — rugiu Darius.
— Ela já é minha, — respondeu Kael, com um sorriso cruel. — Sempre foi.
Os dois colidiram novamente, luz contra trevas, e cada golpe fazia o chão rachar. As flores queimadas no chão começaram a brilhar, reagindo ao caos. Lisa sentiu uma energia subir pelo corpo, como se algo dentro dela fosse acordado pelo conflito.
Então, a voz de Kael ecoou mais uma vez, como um sussurro na mente dela:
— Lisa… você quer saber por que sente isso? Pergunte a ele… o que fez com o meu coração.
A lâmina de Darius encontrou as garras do demônio, faíscas voando no ar. Lisa olhava para os dois, o sangue pulsando nas têmporas. A loja não ia aguentar por muito tempo. Mas no meio da destruição, uma certeza queimava dentro dela:
Esse não era apenas um duelo entre caçador e demônio. Era sobre ela. Sobre algo que corria em suas veias.
E talvez… algo que não deveria despertar.
O trovão rasgou o céu como uma lâmina, e a loja tremeu com o impacto. Lisa engoliu em seco quando sentiu a temperatura despencar. As cinzas das flores no chão começaram a se agitar, flutuando como poeira viva.
Darius percebeu primeiro. Seus músculos se tensionaram e sua mão deslizou até a espada na lateral do sobretudo.
— Fique atrás de mim, Lisa.
— O quê? — a voz dela saiu trêmula. — O que está acontecendo?
Antes que ele respondesse, uma sombra surgiu do nada, engolindo o canto da loja. Uma risada grave ecoou, fazendo as vidraças racharem como gelo.
— Darius… — a voz soou como um veneno antigo. — Quantos anos se passaram desde que você tentou me matar?
Lisa girou a cabeça e viu Kael emergir das trevas, agora sem qualquer máscara de humanidade. Chifres negros arqueados para trás, asas enormes que pareciam feitas de fumaça viva, marcas carmesins queimando pelo corpo musculoso. Seus olhos vermelhos brilharam quando encontraram os dela.
— E a pequena flor ainda está intacta… por enquanto.
— Afaste-se dela, Kael, ou vou terminar o que comecei. — Darius deu um passo à frente, a lâmina em punho. Rúnicas vermelhas se acenderam na espada, iluminando a cicatriz no rosto dele.
Kael riu, e a risada reverberou nas paredes.
— Sempre tão arrogante. Mas… — seus olhos deslizaram para Lisa — … pelo visto, você falhou em mantê-la longe de mim.
Lisa franziu a testa, sentindo o coração disparar.
— O que ele quer dizer com isso, Darius?
Darius não olhou para ela.
— Não ouça nada que ele disser. Ele é um manipulador.
Kael inclinou a cabeça, sorrindo com crueldade.
— Manipulador? Oh, Lisa, eu apenas falo verdades que ele nunca vai ter coragem de te contar. Pergunte a ele sobre a noite do fogo. Pergunte… por que parte de mim queima dentro de você.
Lisa sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
— O que ele está falando? Darius…?
— Depois, Lisa! — Darius rugiu, erguendo a espada no instante em que Kael avançou. A lâmina encontrou as garras do demônio em um estrondo que fez o chão rachar.
Lisa caiu de joelhos, protegendo a cabeça dos estilhaços. As asas de Kael cortaram o ar como lâminas negras, mas Darius bloqueou, girando a espada com movimentos rápidos e precisos.
— Você devia ter ficado morto, Kael! — Darius gritou, golpeando com força.
— E você devia ter ficado longe do que nunca foi seu! — Kael rugiu, empurrando-o contra a parede com uma força monstruosa.
Lisa viu Darius ser arremessado contra o balcão, a madeira se partindo sob o impacto.
— Darius! — gritou, correndo até ele.
Ele tossiu sangue, mas segurou a espada com firmeza.
— Lisa… corre. Agora!
— Não! — ela gritou de volta, os olhos brilhando com raiva. — Não vou deixar você lutar sozinho!
As cinzas no chão começaram a se agitar novamente, respondendo à voz dela. Lisa sentiu uma energia subir pelos braços, quente como fogo. Quando Kael avançou para golpeá-la, as cinzas explodiram em chamas vermelhas, formando uma barreira entre eles.
Kael recuou, os olhos se estreitando com surpresa.
— Então é verdade… — murmurou, com um sorriso perigoso. — O coração ainda responde.
Lisa olhou para as mãos, cobertas por um brilho carmesim.
— O que… o que está acontecendo comigo?
Darius se ergueu, apoiando-se na espada.
— Não pense nisso agora! Use isso, Lisa! Lute!
Kael riu baixo, as asas se abrindo até tocar o teto.
— Lute, pequena flor. Vamos ver qual lado do inferno você escolhe.
Com um rugido, ele lançou as sombras contra os dois. Lisa ergueu as mãos instintivamente, e raízes incandescentes brotaram do chão, bloqueando parte do ataque. Darius avançou pela brecha, lâmina erguida, mirando o coração do demônio.
O choque que se seguiu fez a loja inteira explodir em luz e trevas.
O mundo girava em meio à fumaça e ao calor do fogo que consumia a loja. Lisa tossiu, os olhos ardendo, procurando Darius entre os escombros.
— Darius! — gritou, mas a resposta não veio.
Antes que pudesse dar outro passo, algo envolveu sua cintura — frio, líquido, vivo. Uma sombra se enroscou nela como uma serpente, erguendo-a do chão. Lisa gritou, debatendo-se, mas foi inútil.
— Solta-me!
— Shhh… — a voz de Kael soou rente ao ouvido dela, como um veneno doce. — Lutar contra mim é inútil, flor. Você sabe disso.
A escuridão a engoliu antes que pudesse gritar por ajuda. Tudo se dissolveu em trevas e vento, até que Lisa sentiu o chão firme sob os pés novamente. Quando abriu os olhos, estava em um lugar que parecia um templo em ruínas, iluminado por chamas negras que queimavam sem calor. O ar era denso, cheio de ecos, e as paredes pareciam pulsar como carne viva.
Kael estava diante dela, as asas recolhidas, mas sua presença ainda era sufocante. Ele caminhava devagar, os passos ecoando como batidas de um coração doente.
Lisa recuou, tentando manter a voz firme.
— Por que me trouxe aqui?
Kael sorriu, um sorriso lento, perigoso, mas carregado de algo que ela não esperava: dor.
— Porque você… é minha.
— Eu não sou sua! — Ela cuspiu as palavras, com a raiva queimando no peito.
Ele parou diante dela, inclinando-se, os olhos vermelhos brilhando à luz das chamas negras.
— Não? Então por que sente isso? — Kael tocou de leve o peito dela, bem sobre o coração. Lisa arfou, sentindo uma onda quente percorrer seu corpo, como se algo pulsasse ali, respondendo ao toque dele. — Ou vai fingir que não percebeu?
Lisa apertou os punhos.
— O que você fez comigo?
— Eu? — Kael riu baixo, mas havia algo amargo no som. — Ele fez isso. Darius. O caçador perfeito. O herói… que roubou o que era meu e o colocou em você.
Lisa sentiu o estômago revirar.
— Do que está falando?
Kael deu um passo atrás, como se medisse as palavras.
— Há anos, quando ele tentou me matar… não conseguiu. Em vez disso, arrancou uma parte da minha essência. E para manter o equilíbrio, para não ser consumido pelo mesmo poder que roubou… ele colocou essa parte dentro de alguém. Dentro de você.
O coração de Lisa disparou.
— Não…
— Sim, flor. — Kael sorriu, um sorriso triste e cruel ao mesmo tempo. — Você é a lâmina que ele escondeu em um corpo humano. Você é o meu coração perdido.
Lisa sentiu as pernas falharem. Sua mente gritava para negar, mas algo dentro dela ardia em concordância — aquela mesma força que despertara na luta.
— Então… eu sou…
— Metade dele. Metade minha. — A voz de Kael era um sussurro, mas cada palavra pesava como ferro. — E isso… nos torna ligados de uma forma que nem os deuses podem quebrar.
Lisa ergueu os olhos para ele, e por um segundo viu algo diferente naqueles rubis ardentes: dor. Solidão.
— Por que está me dizendo isso? Para me manipular?
Kael se aproximou, as sombras se movendo como se respirassem com ele.
— Não, Lisa. Estou dizendo… porque quero que escolha. Ficar do lado dele… ou entender quem você realmente é.
Ela respirou fundo, o peito queimando, a mente em caos.
— Eu não vou escolher você.
Kael sorriu, aproximando o rosto até seus lábios quase tocarem o ouvido dela.
— Não precisa escolher agora, flor. Mas quando o seu coração gritar… eu estarei ouvindo.
E antes que ela pudesse reagir, as sombras ao redor começaram a se mover, prendendo-a em correntes escuras que brilhavam como obsidiana viva.
— Durma, Lisa. Quando acordar… será hora de decidir.
As sombras se fecharam, e tudo mergulhou no escuro.
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