Desejo Proibido
cap. I
Nunca fui bom em deixar as coisas no passado.
Quando fui embora dessa cidade, achei que estava fechando uma porta.
Mas existem portas que a gente não fecha... só aprende a viver do outro lado.
Mateo era meu melhor amigo, sim. Mas o pai dele...
Ele foi meu primeiro pensamento proibido.
O primeiro silêncio que me doeu guardar.
Com um diploma na mão, uma mala na outra...
E o coração tremendo como se eu tivesse dezessete de novo.
Angel
💭Depois de tantos anos, essa cidade ainda tem o mesmo cheiro...💭
Angel
💭De terra molhada, pão torrado… e... 💭
Angel
[desbloqueia o celular vendo as mensagens do amigo]
Matteo
Você já chegou? como foi de viagem?
Angel
Cheguei tem pouco tempo...
Matteo
Achei que fosse cancelar de novo.
Angel
Dessa vez eu não cancelaria.
Matteo
Meu pai tá preparando um churrasco. Como nos velhos tempos.
Matteo
Você pode deixar suas coisas no quarto de hóspedes...
Angel
Ainda mora na mesma casa?
Matteo
Com a mesma cerca branca.
Matteo
O jardim Impecável.
Angel
💭Algumas coisas nunca mudam, não é mesmo?💭
Angel
[Coração batendo rápido dentro do peito enquanto os olhos se mantinham fixos à tela, mas os pensamentos...]
Não era apenas nostalgia...
Algo que não deveria sentir...
Matteo
Meu pai vai ficar feliz em te ver.
Angel
Tá... até as 19:30 tô aí...
Angel
[Deita de bruços sobre a cama, abraçando ao travesseiro enquanto solta um grito abafado]
Angel
não sei se consigo encarar aqueles olhos novamente...
Angel
Nem se consigo continuar mentindo pra mim mesmo...
Cap. II
Angel
[Olhando pela janela, o rosto meio perdido]
As luzes da cidade vão se acendendo uma a uma...
O céu escurece devagar, tingido de tons azul-escuros e lilás.
O quarto tem luz morna, suave. Os móveis antigos rangem em silêncio.
Angel
Só um reencontro inocente. Certo?
Angel
[Se senta na beirada da cama]
O colchão afunda com o peso do corpo.
A mala ainda fechada no canto do quarto.
Angel
💭Leonard... ele vai estar lá...💭
Angel
💭Mas... Matt também💭
📱O celular vibra em cima da escrivaninha📱
Angel
[estica a mão pegando o aparelho e assim conferindo as notificações]
Matteo
Pai tá tentando cozinhar sozinho! 😂
Matteo
Corre antes que a gente morra intoxicado 🤧
Angel
[sorri de leve, mas os olhos não acompanham]
Angel
[abaca por deixar o aparelho de lado, pensativo, a mensagem ainda aberta na tela]
Angel
💭dramático como sempre💭
Angel
💭Engraçado como ele fala do pai com tanta leveza…💭
Angel
💭Como se fosse só mais um pai qualquer.💭
Angel
[Levanta devagar e encara o armário que sempre o pertenceu.]
Angel
[Pega uma camisa preta simples e jeans escuro. Observa por um instante antes de vestir.]
Angel
E se ele nem olhar na minha cara?
Angel
[Se aproxima do espelho.]
Angel
[O reflexo o encara de volta. Cabelos arrumados, expressão contida, mas os olhos… entregam tudo.]
Angel
Droga... [sussurro] você... no fundo sabe que não é só um maldito jantar...
As calçadas estão vazias.
A brisa da noite sopra suave, carregando cheiro de terra molhada e fumaça distante.
As luzes dos postes lançam sombras longas. O som abafado de TV e conversas escapam pelas janelas das casas enquanto Angel seguia caminhando com as mãos nos bolsos de seu casaco.
Angel
💭Meus passos me conhecem melhor do que eu.💭
Angel
💭Sabem pra onde estou indo…
Mesmo quando eu finjo não saber.💭
A frente a casa dos Reyer's se destaca...
Um verdadeiro convite à calma... pintada em um branco suave, com detalhes em madeira escura no telhado e nas portas de vidro duplo que se abrem para uma varanda acolhedora.
A luz amarela quente escapa pelas janelas e banha suavemente o chão molhado pela garoa que caiu mais cedo. Um leve vapor sobe da chaminé ao fundo da casa, denunciando o calor da churrasqueira que já trabalha firme.
O portão branco, baixo e ornamentado com detalhes de ferro, abre-se para um quintal amplo, decorado com vasos de plantas alinhados e floridos. À direita, uma mesa de madeira está posta sob a varanda, rodeada por cadeiras simples, mas elegantes.
A fumaça do churrasco mistura-se com o cheiro de carne assando, especiarias e risos abafados de vozes conhecidas, tudo embalado por uma trilha sonora no ambiente que sai de uma caixinha de som discreta, próxima à parede da varanda.
Angel
💭Foi aqui... Que tudo começou.💭
Matteo
[Aparece sorrindo, descalço, camiseta larga, com um pano de prato no ombro.]
Matteo
Pensei que tinha fugido!
Matteo
Entra logo, cara. Tá tudo quase pronto...
Matteo
[abre o portão e o abraça com força, como se nada tivesse mudado]
Angel
[sente o peito apertar e devolve o abraço logo adentrando junto do amigo]
Angel
[os passos parecendo mais pesados à medida que se aproximam dos fundos]
A luz das lamparinas penduradas no varal ilumina o quintal com tons dourados.
Plantas em vasos grandes cercam o espaço.
Um violão encostado na parede.
Uma cerveja esquecida sobre o freezer.
E ali, de costas para tudo, está ele.
A camsa social escura molda o corpo largo e bem esculpido. As mangas dobradas até a altura dos cotovelos enquanto as tatuagens e veias se mantinham à mostra...
Ele segura a pinça com firmeza, virando as carnes na grelha com calma.
Angel
[olhos sutilmente arregalados enquanto suor lhe escorria pelas têmporas]
O homem mais velho ainda se mantinha distraído e quando finalmente se vira...
O mundo desacelera por um instante.
A mesma ausência de palavras.
Foi ele quem falou primeiro:
Leonard
Angel... [voz baixa e rouca, quase num sussurrar enquanto um sorriso lhe surgia ao canto dos lábios] finalmente, chegou.
Só o estalo da brasa e o som do coração de Angel batendo alto demais para ser ignorado.
Angel
💭Eu deveria ter voltado pro quarto.💭
Angel
💭Deixado essa cidade.💭
Os olhos ainda se cruzavam.
A fumaça queima, mas não tanto quanto o que eles sentem no peito.
O cheiro da carne, o calor da brasa, tudo vira pano de fundo para aquele instante mudo.
Leonard
💭Ele tá exatamente igual…💭
Leonard
💭Ou talvez eu só tenha guardado ele perfeito demais na memória.💭
Matteo que nem percebe a tensão no ar...
Ri, colocando uma música animada no celular, pegando duas latinhas de dentro do freezer acabando por derramar farofa no chão mas ignorando a esse detalhe chama os dois para brindar.
Matteo
[entrega uma latinha na mão de Angel]
Leonard
[observando fixamente ao mais novo, pisca desviando o olhar para o filho que lhe chamava a atenção]
Angel
[sutilmente corado, envolvido pelo amigo e tentando ignorar o olhar que recaía sobre si com o peso de um predador sobre sua presa]
Matteo
Às voltas inesperadas da vida!
Matteo
E a picanha também, claro... [rindo e brindando]
Leonard
[Estende a latinha para Angel]
Os dedos se tocam sem querer.
O tilintar do atrito entre as latas é abafado internamente pelo barulho do coração de Angel, latejando no fundo do peito.
Angel
💭Eu disse que ia ser só um jantar.💭
Angel
💭Mas nada é “só” quando se trata dele.💭
cap. III
O churrasco já estava no fim.
O céu escuro ganhava tons dourados por causa da iluminação quente do pátio, e o cheiro de carne assada ainda pairava no ar.
Os risos cessaram jazia um tempo dando espaço ao som de grilos e do farfalhar das folhas ao redor da casa.
Matteo estava distraído conversando com alguém ao telefone, enquanto Angel recolhia os pratos usados da mesa de madeira sob o alpendre.
Leonard
[olha para o filho, vê que ele esta distraído e se aproxima com uma cerveja na mão, observando Angel discretamente]
Leonard
Você não precisava fazer isso… é visita.
Leonard
[olha firme para o garoto]
Leonard
Continua o mesmo...
Angel
[abaixa o olhar, sem saber como responder]
Angel
[Seus dedos apertam o prato nas mãos por um instante.]
Matteo
[do outro lado do quintal]
Matteo
Vou tomar banho e já volto!
Matteo
Não comam o pão de alho sem mim!
Angel
[aproveita a brecha e entra na casa pela porta dos fundo]
Angel
[indo ate a cozinha lavar as louças]
Matteo
[entra pela porta da frente rindo alto, sem suspeitar de nada.]
Leonard
[espera alguns poucos minutos e segue Angel em silêncio deixando a cerveja para trás]
Os copos na pia ainda pingam água.
A luz amarela sopra calor no ambiente.
Matteo já saiu para o banho, deixando apenas os dois.
Leonard surge em silêncio, como uma brisa quente.
Se aproximando por trás de Angel, que ainda ensaboava um dos pratos.
Leonard
[sussurra rente à nuca] Senti sua falta garoto...
Angel
[estremece, tanto pelo toque quanto pelas palavras]
Leonard
[o envolve com firmeza pelos braços, pressionando o corpo contra o dele]
Leonard
[O queixo roça o pescoço do mais jovem enquanto deposita ali um beijo demorado]
Leonard
Está me ouvindo? [murmura]
Leonard
Você não tem ideia do quanto pensei em você todos esses anos.
Leonard
E agora você está aqui... como se nunca tivesse ido embora.
Angel
[a espuma do detergente escorre entre os dedos enquanto seu coração acelera]
Ele sabia que era loucura, mas…
Sentia falta daquele toque, daquela presença que o marcara profundamente.
Angel
Leonard... [sussurra quase num lamento]
Leonard
[gira Angel lentamente e o encara]
Os olhos escuros que antes o assustavam, agora o seduzem...
Leonard
Só... me dá isso. Só isso agora.
Leonard
[o beija. Sem medo. Quente. Cru. Lento no começo, mas cheio de saudade contida]
Angel
[gemẹ baixo contra seus lábios, se agarrando à camisa do homem mais velho como se o tempo não tivesse passado]
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