Aiana
Aiana é uma garota tímida que já sofreu bastante, perdeu os pais cedo e foi morar com a tia que sempre deixou claro estar sendo obrigada a cuidar dela, quando Aiana fez quinze anos sua tia a pôs para fora de casa, disse que ela já tinha idade suficiente para se virar e que já podia trabalhar, sem casa, comida, estudo ou ajuda Aiana não teve muitas escolha se não vender-se.
Anthony
Anthony também perdeu os pais jovem, porém nasceu em família rica, dinheiro nunca foi um problema, foi criado na fazenda por seu tio, tem um grande amor por ele e faria qualquer coisa que estivesse ao seu alcance para ajudá-lo, porém o tio de Anthony acaba ficando muito doente e vem a falescer o que o deixará transtornado.
Anabelle ( A bruxa do mal)
Morou na fazenda desde sempre, para infernizar os empregados, é a vilã da trama, seca sem coração ou alma, Anabelle fará tudo que estiver ao seu alcance para separar Anthony de Aiana, não há ninguém em toda fazenda que consiga gostar dela.
Fabrício
O melhor amigo de Aiana, sempre por perto cuida dela como se fosse seu irmão mais velho, porém nutre sentimentos mais profundos por ela que não são correspondidos, porém ainda assim, ele deseja o melhor para ela, pois sabe que ela é uma garota que vale milhões.
As mãos dele percorriam o corpo dela com uma vontade febril, como se quisesse tomá-la inteiramente para si. A garota à sua frente parecia tão pequena e frágil que ele se sentia um verdadeiro bruto por tê-la em seus braços. Mas o desejo era tão intenso que já não conseguia se conter.
Beijou o pescoço dela, traçando uma linha de beijos cada vez mais quentes até alcançar os seios. Sugou um dos mamilos, fazendo-a se curvar e gemer em seus braços. Aquilo só o excitou ainda mais. Era lindo vê-la revirar os olhos — sem joguinhos, sem máscaras — apenas prazer. Puro e simples prazer.
Fazia tempo que não se encontrava com uma mulher assim.
Assim que a deitou na cama e tirou o restante da pouca roupa que ela usava, ficou paralisado por um instante. Linda. Maravilhosa. Que sorte a dele. Teria pago o triplo se fosse preciso, mas a teria por toda a noite.
Tomou sua boca com mais do que desejo — havia ali uma fome inexplicável. Sabia que aquilo era errado. Apaixonar-se por uma garota de programa definitivamente não estava nos seus planos. Mas algo nela era diferente, hipnotizante.
Foi então que percebeu um detalhe fora do comum: ao contrário das outras garotas, ela não fugia dos seus beijos. A maioria detestava ser beijada na boca — aceitavam qualquer sacanagem, desde que o pagamento fosse bom, mas os beijos... esses, geralmente recusavam. Ela, não. Ela parecia querer.
Ele mordiscou a calcinha dela e a puxou com os dentes, lambendo suas pernas com provocação. Mais uma vez ela gemeu. O doce perfume que emanava da pele dela era viciante — adocicado, floral, quase mágico. Seus dedos escorregaram até a cavidade úmida e quente, e então... os olhos dela explodiram em um misto de paixão, desejo, prazer e... medo?
Anthony tentou ignorar aquilo. Continuou animado, tentando levá-la ao delírio. Mas assim que se deitou sobre ela e pressionou o corpo contra o dela, aquele olhar assustado voltou.
Quis encará-la, perguntar se estava tudo bem. Era o momento em que, normalmente, elas ficavam mais excitadas. Mas ela parecia cada vez mais apavorada. Passou as mãos por suas costas, puxando-o para si, mas suas mãos tremiam.
— Aiana? Tá tudo bem com você?
Ele não deveria ter perguntado. Por que se importar? Tinha pago por ela, não tinha?
Ela apenas assentiu, sem dizer uma palavra. Ele voltou a beijá-la no pescoço, mas não conseguiu ignorar a feição dela. Os olhos se fecharam com força, e ela prendeu a respiração. Foi o suficiente.
Ele se afastou bruscamente.
— Você é virgem?
A resposta veio no silêncio. Ela não conseguiu encará-lo. Seus olhos varreram a cama e o quarto todo, mas jamais encontraram os dele. Estava vermelha como uma pimenta.
— É sério? Uma garota de programa... Virgem?
— Desculpa — disse, enfim, com a voz embargada. — É minha primeira noite, senhor. Mas eu prometo fazer tudo o que quiser... posso aprender rápido, de verdade...
Ele piscou várias vezes, depois se levantou, jogando o lençol sobre ela.
— Eu não sou esse tipo de homem. Sinto muito. Não costumo... ensinar ninguém. Consiga outro que a treine, depois... Quem sabe.
Ela se ajoelhou aos pés dele, desesperada.
— Não, por favor! Se meu patrão descobrir que eu fracassei, vai me esfolar viva. Eu devo dinheiro a ele, prometi que pagaria essa dívida hoje...
— Vendeu sua virgindade por três mil reais? Tem ideia de quão valiosa ela é? Não há preço que pague isso. Mas se ainda quiser vender... leiloe para algum velho rico. Vai ganhar muito mais.
Ela viu nos olhos dele — desprezo, pena e decepção. Tudo junto.
— Três mil é mais que o suficiente... pago minha dívida e sumo daqui sem correr riscos.
Ele gargalhou.
— Acha mesmo? É tão inocente assim? Você acha que ele vai te deixar ir? Ninguém entra nessa vida por vontade, mas sabe por que permanecem? Porque não tem saída. Depois que entra no inferno... só te resta abraçar o capeta.
Ela chorou em silêncio. Ele pegou a camisa do chão e vestiu.
— Essa sua roupa hoje tem um custo. Sua lingerie, sua maquiagem, cabelo, depilação... tudo. Quando pensar que quitou sua dívida, ela já terá dobrado. Sabe qual o apelido do Clane? Demônio da noite. Ninguém deve a ele e sai vivo.
— Você pagou por mim... Merece o que comprou.
Ele sorriu, contrariado.
— Já disse que não sou esse tipo de homem. Não desvirgino menininhas. Quantos anos você tem? Quinze? Dezesseis?
— Dezoito. Fiz mês passado.
— Deveria ter buscado outro emprego, então. O que vão fazer com você lá fora... É cruel. Tem uma fila de homens velhos, sujos, suados — e na maioria das vezes, casados — prontos para te usar. Vão te foder até você implorar para que parem... e quando achar que acabou, vai começar de novo.
— Então me ajude. Fique comigo. Não deixe que eles entrem aqui...
— Eu não faço caridade. Deveria ter pensado nisso antes.
Ele caminhou até a porta e a abriu com força. Estava certo — havia uma fila do lado de fora. O próximo da fila era horrível: baixo, barrigudo, bigode sujo. O cheiro de álcool e suor era insuportável.
— Só um segundo — disse ele, forçando um sorriso. — Esqueci minha carteira lá dentro.
Fechou a porta e passou as mãos na cintura, andando de um lado ao outro. Estava prestes a comprar uma briga feia por uma desconhecida. Olhou para ela. Ainda sentada na cama.
— O que foi? É tão ruim assim?
— É péssimo. Pior do que eu esperava.
— Tudo bem... Eu fiz uma escolha, como você disse. Agora é hora de lidar com as consequências.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos.
— Ok. Esqueça o que eu falei.
Caminhou até ela e tirou todo o dinheiro que tinha na carteira — cerca de cinco mil reais.
— Pegue isso e suma daqui. Entre no banheiro, suba no alçapão no teto. Vai ver uma claridade — é uma janela. Vai ter que pular. É alto, mas não demais. Você consegue.
— Pensei que não fizesse caridade...
— Eu não faço. Mas nem o diabo merece o que tem lá fora te esperando. Considere isso uma segunda chance. E prometa que da próxima vez vai fazer escolhas melhores.
Ela assentiu, com os olhos cheios d’água. Se vestiu às pressas e, ao passar pela porta do banheiro, olhou para trás. Queria agradecê-lo.
Mas ele já tinha partido.
Partido para sempre.
E ela nem ao menos sabia o nome do homem que a salvara naquela noite.
Seu salvador.
Seu lindo e maravilhoso salvador.
Dez anos mais tarde...
Anthony caminhou até a vidraça de sua empresa e fechou os olhos, tentando esconder a dor que o corroía naquele momento. A secretária abriu a porta discretamente.
— Senhor? Estão todos prontos.
Ele se virou e assentiu com a cabeça.
Durante a caminhada fúnebre, Anthony não conseguia pensar em outra coisa a não ser em tudo o que havia vivido ao lado do tio. Emanuel cuidara dele após a morte dos pais. Era um homem de meia-idade na época, paciente, bondoso... Anthony nunca entendeu por que ele nunca se casou ou teve filhos. A verdade é que Emanuel dedicou a vida a vê-lo feliz. Foi ele quem lhe ensinou tudo, quem acreditou que ele seria capaz de manter o legado da família.
Anthony olhou para o céu e viu nuvens escuras se formando. Que dia horrível para morrer... O tio devia estar indignado em algum lugar do além — ele odiava dias chuvosos. Anthony sorriu de canto. Aquilo devia ser castigo por ele nunca dar a parte dos santos.
— O senhor está bem? — perguntou Sidney, o contador da empresa, sempre prestativo.
— Estou, sim. Meu tio não gostaria de me ver triste. Ele sempre dizia que queria um velório alegre... Mas fazer promessas é bem mais fácil do que cumpri-las.
Sidney suspirou.
— Eu entendo. Quando meu pai faleceu há cinco anos, fiz tudo como ele queria... Mas, no fim do dia, eu ainda me sentia quebrado. Como se nada fosse suficiente.
Anthony apenas assentiu. Deixar Emanuel partir estava sendo mais difícil do que ele imaginava.
As semanas seguintes foram de trabalho intenso. Anthony mergulhou de cabeça na empresa, como uma forma de fugir da dor. Evitava parar, pois sabia que, se o fizesse, pensaria no tio — e isso o deixaria ainda mais triste. Mas seu corpo já dava sinais de esgotamento. Os olhos pesavam, pediam descanso, e ele não sabia como conceder isso sem acabar se perdendo na escuridão.
Sidney entrou na sala com alguns papéis nas mãos.
— Senhor, podemos conversar?
— Pode falar.
— É sobre o haras Três Corações. Acho que teremos que vendê-lo.
— Vender? De jeito nenhum! — Anthony se levantou abruptamente. — Aquele era o lugar preferido do meu tio. Nem me venha com história de crise financeira, porque não é o caso. Tenho cavalos premiados lá, puro-sangue! E a empresa vai muito bem, cada vez mais forte...
— Eu sei, senhor...
— Então por quê?
— Por falta de funcionários. Desde que seu tio faleceu, começou uma demissão em massa. Já tentamos novas contratações, mas ninguém quer ficar por lá. Estão todos revoltados.
— Até o Andrew?
— Não, Andrew continua firme. Mas já perdemos mais de vinte pessoas. O serviço está acumulando, e a situação está ficando insustentável.
Anthony suspirou, derrotado.
— Eu estava tentando não pensar nisso... Mas talvez seja hora de dar atenção a isso. A empresa vai bem, está prestes a atingir um pico de lucros. Mas eu... estou exausto.
Ele hesitou.
— Avise que estou voltando.
— Para o haras?
— Sim. Vou passar um tempo lá. Recuperar os funcionários, dar um novo rumo àquele lugar. Avise a Anabelle para preparar tudo para minha chegada.
— Sim, senhor.
Sidney saiu e repassou o recado à secretária, que logo ligou para a casa da fazenda.
Anabelle recebeu a notícia com animação. Fazia pelo menos cinco anos que não via Anthony. Ele se afastara do haras quando o tio adoecera — não conseguia suportar vê-lo definhando. Anabelle, governanta da fazenda há quinze anos, crescera ali. Sabia que Emanuel sonhava vê-la casada com o sobrinho, e não foram poucas as vezes que ele lhe deu dicas para fisgá-lo. Mas Anthony sempre foi direto: não queria formar família, não era esse tipo de homem.
Mas agora ele estava voltando.
E machucado.
Talvez, pensava Anabelle, fosse o momento de conquistá-lo. Seria o ombro amigo, a mulher que o tiraria do fundo do poço... e quem sabe, o faria enxergá-la com outros olhos.
Os funcionários foram convocados às pressas, enfileirados como em um quartel. Na verdade, estavam mesmo em um regime quase militar. O motivo de tantas demissões tinha nome e sobrenome: Anabelle Lucenberg, mais conhecida entre os empregados como "a boneca do mal".
Nenhum funcionário gostava dela. Arrogante, antipática e mandona, era óbvio que não se via como uma simples funcionária.
Lourdes viu Aiana correr em sua direção e entrar na fila.
— Tá atrasada.
— Eu sei. A Marina fugiu de novo hoje cedo. Quase não consegui pegá-la.
Marina era a cabra de estimação de Aiana. Nascera cega, mas parecia ter um talento especial para encontrar cercas abertas. E, quando escapava, era um caos. Aiana tinha um jeito especial com ela, mas mesmo assim, dava dor de cabeça.
Anabelle se aproximou.
— O assunto parece tão divertido. Querem compartilhar com o restante?
Aiana suspirou. Já estava farta daquela mulher. Ergueu a cabeça e a encarou.
— Não acho que seja do seu nível de entendimento.
Os colegas engoliram a risada — alguns não resistiram. Anabelle estreitou os olhos. Odiava aquela petulante, sempre cheia de respostas afiadas. Em outros tempos, teria mandado Aiana embora. Mas com a chegada de Anthony tão próxima, não podia abrir mão de ninguém.
— Três noites na estrebaria devem refrescar sua memória sobre o seu verdadeiro nível aqui dentro!
Aiana abriu a boca, chocada. Dormir na estrebaria? Isso era desumano. Lourdes a olhou com pena, mas Aiana apenas cerrou os punhos. Estava fervendo por dentro. Queria socar o rosto daquela mulher... Mas precisava do emprego.
— Sem problemas — respondeu, virando-se. — Pelo menos lá, só tem vacas no sentido literal.
Saiu da fila, deixando risos e palmas para trás. Sabia que estava encrencada. Provavelmente ficaria sem almoço também, mas já não se importava. Não ia mais abaixar a cabeça. Precisava do trabalho, sim. Mas não aceitaria ser humilhada por ninguém.
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