📖 Capítulo 1
(Alfa Primordial – O Sangue da Lua Ancestral)
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Antes do mundo conhecer Rhydian... antes mesmo da primeira transformação de Kaelya… existiam as Alcateias Primordiais — tribos ancestrais ligadas à lua, ao sangue e à terra.
Eram sete, criadas por diferentes linhagens de lobos, cada uma com uma missão, um dom… e um segredo.
🐺 1. Alcateia Umbra – "Sombra, silêncio, sobrevivência."
Habitantes das Montanhas Negras, onde nasceu Rhydian.
Lobos de pelagem escura, especialistas em caçar na escuridão total.
Guardam antigos feitiços de invocação e têm pacto com espíritos da floresta.
Foram os primeiros a sentir o nascimento do Alfa Primordial.
🐺 2. Alcateia Aethra – "Ar, visão e profecia."
Vivem nas Falésias Altas, onde o vento nunca para.
Lobos de olhos claros, com dons de premonição e leitura dos astros.
Isolados e respeitados, registram os ciclos lunares e anunciam os presságios.
🐺 3. Alcateia Sköllar – "Ferro, força e guerra."
Território no Círculo de Pedra Sangrenta.
Lobos maiores, musculosos, treinados para combate.
Responsáveis por proteger os limites sagrados das tribos.
São rivais declarados da linhagem de Rhydian.
🐺 4. Alcateia Lunareth – "Luz, cura e proteção."
Vivem em campos floridos sob constante neblina.
Lobos de pelagem prateada e olhos calmos.
Guardam as Lunas sagradas e as tradições femininas.
Dizem que Kaelya tem traços dessa linhagem perdida…
🐺 5. Alcateia Vheron – "Mistura, ruína e traição."
Exilados. Tentaram cruzar o sangue lobo com humanos e magos.
Criaram seres corrompidos — meio-lobos, meio-humanos, sedentos por poder.
Foram extintos por Rhydian... ou quase.
🐺 6. Alcateia Thorne – "Fogo, castigo e redenção."
Vivem perto dos vulcões adormecidos.
Lobos com cicatrizes e pelagem chamuscada.
Sobreviventes de guerras antigas, têm o dom de controlar o calor e o fogo.
Aliados inconstantes. Leais apenas à lua.
🐺 7. Alcateia Myrak – "Segredo, sangue e verdade."
Vivem nas florestas profundas onde Kaelya cresceu.
Ninguém sabe muito sobre eles. Alguns dizem que se extinguiram.
Outros acreditam que a Filha da Lua Sangrenta nasceu em meio a essa tribo oculta.
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Por trás de todas essas alcateias… havia um conselho antigo, chamado O Círculo da Lua.
Hoje, quase ninguém fala dele. Mas os anciãos da Aethra ainda sussurram:
> “Quando a lua sangrar e o lobo primordial despertar,
uma filha da névoa prateada nascerá com olhos de promessa e alma de guerra.”
> “E ao encontrarem-se, Alfa e Luna quebrarão a ordem do mundo…
para que ele possa nascer de novo.”
Muitos acham que é apenas mito.
Mas entre os ossos sagrados, enterrados no Círculo de Pedra,
há marcas recentes. Uivos antigos voltaram a ecoar.
E os espíritos da floresta — silenciosos por décadas — agora estão inquietos.
Algo se move.
Kaelya ainda não sabe o que é.
Rhydian sente, mas ainda não viu.
E os líderes das alcateias, espalhados por territórios marcados por medo e tradição, já começaram a se reunir em segredo.
Eles sabem que o equilíbrio está por ruir.
E que a guerra… está para começar ou já começou,
e eles não querer que nada tirem a paz que reina a milênios, mas por um breve silêncio a terra começa a trêmula e o medo do conflito já toma conta de suas auras, mas não sabia eles que estava nascendo um novo mundo.
📖 Capítulo 2
(Alfa Primordial – O Sangue da Lua Ancestral)
A noite em que Kaelya nasceu foi marcada por um presságio que calou até os mais antigos da floresta.
A lua, outrora prateada e serena, tingiu-se de vermelho profundo. O céu parecia chorar fogo, e os ventos uivavam como se soubessem que algo havia despertado. Os mais velhos sussurravam lendas sobre essa noite — o retorno de um sangue antigo, esquecido pelos deuses, que traria caos ou renascimento.
Kaelya veio ao mundo envolta em silêncio, não chorou, não gemeu. Seus olhos abriram-se com a força de quem já sabia. Prateados. Brilhantes. Como metal derretido sob o luar.
Sua mãe, Alina, foi expulsa da própria alcateia por carregar um feto sem pai conhecido, fruto de um ritual esquecido nas pedras antigas de Draegor. Com medo da maldição, teve que fugir. Sozinha e ferida, encontrou abrigo nas raízes de uma árvore ancestral, onde o sangue da lua escorria para a terra.
Ali nasceu Kaelya.
Ali também começou sua solidão.
Criada entre o silêncio das árvores e o canto triste dos corvos, Kaelya cresceu ouvindo histórias sussurradas pelo vento. Sua mãe a ensinava a respeitar a natureza, a ouvir a floresta, a nunca confiar nos homens — nem nos humanos, nem nos lobos.
Mas a menina era diferente. Desde pequena, os animais a seguiam, as sombras a protegiam, e o fogo se acendia sem que ela o tocasse. Aos oito anos, teve o primeiro sonho com olhos lilás brilhantes. Sentia calor, proteção e força… mas ao acordar, tudo desaparecia.
Aos dez anos, tudo mudou.
Caçadores invadiram a floresta. Homens sedentos por sangue e ouro. Alina tentou fugir com Kaelya, mas foi atingida por uma flecha envenenada. A menina assistiu, em silêncio, sua mãe tombar. Não chorou. Não gritou. Apenas sentiu algo dentro de si se quebrar… ou talvez se abrir.
Naquela noite, sozinha, suja de terra e sangue, Kaelya caiu no sono sob a árvore onde nascera.
E ali, dentro dela, Kirya despertou pela primeira vez.
A loba não se mostrou. Mas sussurrou.
"Não tema. Eu sou tua carne. Tua alma. Tua fúria."
A infância que restou foi feita de sobrevivência. Aprendeu a caçar, a fugir, a se esconder. Cabelos longos e prateados como névoa da manhã, olhos que pareciam enxergar o que ninguém via. Nenhum humano se aproximava. E os lobos? A evitavam como peste. Sentiam o que ela era… e o que poderia se tornar.
Na adolescência, os sonhos aumentaram. Via um homem de olhos verdes intensos. Ele não falava, mas olhava como se soubesse quem ela era. Como se estivesse esperando.
Kaelya
Aos dezoito, seu corpo já era o de uma guerreira. Forte, ágil, esguia. Sua beleza era selvagem, indomada. Mas em seus olhos havia solidão. Ninguém pertencia a ela, e ela não pertencia a ninguém. Vivia nas margens da floresta de Myrak, próxima ao Vale Sombrio — um território proibido onde, diziam, morava o último Alfa Primordial.
Kaelya ouvia o chamado.
Vez ou outra, o som batia nos ossos. Uma canção que não vinha do mundo, mas de dentro.
Ela resistiu por anos.
Até aquela noite.
A lua cheia subiu no céu, e com ela, o ar mudou. O vento trouxe cheiro de fumaça e metal. A floresta silenciou. E então, ela ouviu:
"Venha."
Foi apenas um sussurro, mas era tudo que ela precisava.
Pegou seu manto, amarrou o punhal da mãe na cintura e partiu.
Passou pelo riacho onde os cervos bebiam. Cruzou a ponte caída, onde os mortos costumavam cantar. Atravessou o portão de névoa que separava o mundo dos vivos… do mundo dos lendas.
O Vale Sombrio a recebeu com um frio cortante. Mas Kaelya não sentiu medo.
Sentia Kirya vibrando dentro dela.
Quando pisou sobre a pedra negra do primeiro penhasco, o mundo pareceu parar.
Um uivo rasgou o céu. Forte. Antigo.
E os olhos dela se abriram em luz.
Pela primeira vez, Kirya emergiu completamente.
Kirya
Kaelya caiu de joelhos, sentindo o corpo queimar. As veias pulsaram em prata. Os olhos brilharam em lilás. E então, ela viu…
No alto da montanha, entre a névoa e o luar, ele a observava.
Alto. Escuro. Selvagem.
Rhydian.
O último Alfa Primordial.
📖 Capítulo 3
—(Alfa Primordial – O Sangue da Lua Ancestral)
Rhydian nasceu sob uma tempestade que durou três dias e três noites.
Os ventos arrancaram árvores. O céu rachou em relâmpagos. Os rios transbordaram como se o mundo tentasse impedir aquele nascimento.
Mas nada poderia deter o que estava vindo.
Sua mãe, Elyra, era a Luna de uma das alcateias mais antigas — a Alcateia Umbra, guardiã das Montanhas Negras. Seu pai? Nunca foi revelado. Elyra dizia apenas que ele não era deste mundo, e que Rhydian não deveria jamais saber seu nome.
Desde pequeno, Rhydian era diferente. Seus olhos — verdes como o âmbar ao sol — brilhavam à noite. Tinha febres que faziam o chão tremer e pesadelos que sangravam realidade. Aos cinco anos, derrubou um guerreiro adulto com um único grito. Aos sete, enfrentou um urso com as próprias mãos.
Mas sua infância foi marcada por tragédia.
A Alcateia Umbra estava em guerra com duas tribos selvagens: os Karzai, lobos sem honra, e os Vheron, mutantes que cruzavam com humanos corrompidos.
Durante um ataque surpresa, Rhydian viu sua mãe ser degolada na frente dele. Não chorou. Não fugiu. Ele apenas... olhou.
Naquela noite, a lua minguante desapareceu.
E algo dentro dele quebrou.
Foram os anciãos que o encontraram. De pé, coberto de sangue, cercado por quinze corpos dilacerados. Mas nenhum arranhão nele.
Desde então, Rhydian foi chamado de Filho da Névoa. Um lobo sem freio. Um poder que nem a lua conseguia domar.
Aos quinze, se afastou da alcateia e subiu para as montanhas. Viveu isolado por sete anos, comendo carne crua, dormindo em cavernas e sonhando com sombras.
Foi lá que o Espírito de Blend o encontrou.
Um lobo negro, gigante, com patas enormes e olhos vermelhos como sangue em chamas. Ele não falou. Apenas o encarou.
E Rhydian soube: não era mais um lobo comum.
Era um Primordial.
A transformação não veio como nos outros.
Não houve dor. Não houve controle.
Foi como se seu corpo tivesse apenas lembrado do que era.
A pele virou névoa. Os ossos, ferro. O sangue, brasa.
Blend e Rhydian tornaram-se um.
Quando desceu das montanhas, não era mais o garoto órfão.
Era o Alfa.
As alcateias menores se ajoelharam. Os Vheron foram extintos em menos de dois ciclos lunares. Os Karzai fugiram para o deserto e nunca mais ousaram retornar.
Rhydian fundou a Alcateia Nocturn, uma linhagem criada sob juramento de sangue.
Regras simples:
Fidelidade. Fúria. Silêncio.
Ele nunca aceitou uma Luna. Recusou todas as marcas.
"Minha alma já foi escolhida," dizia. "E quando ela vier, o mundo ruirá para que o novo renasça."
Os anciãos o temiam.
Os jovens o idolatravam.
Era dito que sua presença fazia a terra tremer.
Que sua respiração queimava árvores.
Que nenhum outro lobo podia ficar de pé diante dele.
Mas nem tudo era força.
À noite, Rhydian sonhava com um campo de neve…
Com olhos prateados…
E uma loba envolta em luz.
Ele acordava em silêncio.
Sem entender o que esperava.
Apenas sentia: estava mais perto.
O tempo passou.
Hoje, Rhydian vigia de seu trono nas montanhas.
Blend ronda as florestas como um demônio sagrado.
E os que ousam atravessar o limite de seu território…
Simplesmente… desaparecem.
Ele sente.
Algo se aproxima.
Não é ameaça.
É… destino.
E quando ela chegar…
Nem os deuses escaparão da fúria dele.
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