NovelToon NovelToon

Quem Mora ao Lado

O começo do fim, e o início do recomeço.

Lana Santoro, 30 anos, advogada. 📚

Determinada, elegante e intensa. Lana acreditava ter uma vida estável ao lado do namorado… até descobrir a traição da pior forma. Ferida, mas não quebrada, decide recomeçar em um novo apartamento e longe de tudo que a lembrava do passado. Carrega cicatrizes que esconde por trás de uma postura firme. Ela não está pronta para confiar, mas também não está disposta a fingir força quando tudo dói.

Mateo Dante, 36 anos, Bombeiro. 🔥

Silencioso, protetor e cheio de mistérios. Mateo é o tipo de homem que fala pouco, mas observa tudo. Seu passado pessoal o tornou fechado, mas isso só intensificou sua presença. Ele mora no apartamento ao lado de Lana e, mesmo sem querer, acaba se envolvendo com ela de forma inevitável — primeiro por um processo de divórcio em segredo, depois por algo que nenhum dos dois sabe controlar.

......................

Capítulo 1.

Acordei de manhã para ir ao escritório de advocacia terminar umas papeladas. Olhei para o lado e não vi Bernardo, meu namorado. Ele tinha dito que viria pra casa, mas imaginei que não tivesse conseguido chegar.

Saí do quarto em silêncio, só pensando no café que ia precisar pra segurar o dia. Passei pela sala… e parei.

Roupas estavam jogadas no sofá. Estranhei. Olhei pro canto e vi dois pares de sapatos: um dele… e um salto alto feminino.

Aquele salto não era meu.

A respiração travou. Meus músculos ficaram tensos. O ar ficou preso dentro do peito.

Segui o rastro de roupas com o coração acelerado. Cada passo era uma confirmação muda do que eu não queria ver. Passei pela cozinha, depois pelo corredor… e então, a porta do quarto de hóspedes estava encostada.

Me aproximei. Empurrei com a ponta dos dedos.

E vi.

Vi Bernardo deitado com outra mulher.

Ela estava parcialmente coberta, os cabelos bagunçados caindo sobre o travesseiro. Ele dormia como se nada tivesse acontecido, o peito nu à mostra, o braço envolvendo a cintura dela com intimidade. Como se fosse normal. Como se fosse deles.

Meu mundo parou. Por segundos, o silêncio me engoliu. Depois veio o choque. E então a dor — rasgando de dentro. Um grito escapou da minha garganta como se partisse meu peito ao meio.

— FILHO DA PUTA!

A mulher acordou assustada, se encolhendo no lençol. Bernardo piscou confuso, tentou sentar na cama. Estava nu. Suado. Com o cheiro dela impregnado no quarto onde eu costumava dormir com ele.

— Lana… espera… — ele murmurou, a voz pastosa de sono.

— ESPERAR O QUÊ, BERNARDO?! ESPERAR VOCÊ ACABAR DE GOZAR COM ELA ANTES DE ME OLHAR NA CARA?!

A mulher levou a mão à boca, sem reação. Bernardo se levantou às pressas, puxando o lençol pra cobrir a cintura.

— Não é o que você tá pensando…

— NÃO ENCOSTA EM MIM! — gritei, empurrando ele com força. — Eu confiei em você. A GENTE MORAVA JUNTO, BERNARDO!

— Foi um erro. Eu bebi, a gente tava conversando e…

— Você tá mesmo tentando justificar que trouxe uma mulher pra MINHA casa, dormiu com ela NA MINHA CAMA e ainda teve a cara de pau de me olhar e dizer que foi "um erro"? — cuspi as palavras, com o rosto em chamas de ódio.

Ele estendeu o braço, talvez querendo me acalmar. Eu bati com força na mão dele. As lágrimas escorriam quentes.

— Eu podia ter aceitado qualquer coisa… MENOS TRAIÇÃO.

— Lana…

— CÊ É UM LIXO. Um homem fraco. Um covarde. E sabe do que mais? Pode ficar com ela. Pode afundar junto.

Entrei no quarto como um furacão. Puxei minha mala debaixo da cama, abri o armário e comecei a enfiar roupas às cegas. Nem sabia o que levava. Só queria sair.

Ele ainda tentava falar. Dizer qualquer coisa. Mas era só ruído. As palavras dele batiam na minha dor e voltavam como faca.

Minhas mãos tremiam, os olhos ardiam, mas continuei. Peguei documentos, bolsas, sapatos, tudo que consegui.

E quando virei pra sair, olhei pra ele uma última vez.

Ele estava parado. Nu. Coberto de vergonha.

Mas não chorava.

Não implorava.

Não lutava.

E isso doeu mais do que a traição.

Vizinho

O corredor da empresa parecia interminável enquanto Lana arrastava sua mala pesada. O peso da noite passada ainda apertava o peito, e cada passo ecoava um misto de cansaço e determinação. Ela só queria chegar ao banheiro, lavar o rosto, tomar um pouco d’água e tentar organizar os pensamentos antes que desabasse de novo.

Mas antes que conseguisse se trancar, uma voz familiar cortou o silêncio:

— Lana!

Giovana, sua amiga de longa data e chefe do setor, apareceu apressada, com os olhos arregalados e a expressão carregada de preocupação.

— Foi ele, né? — disse com raiva contida, cruzando os braços.

Lana apenas assentiu com a cabeça, tentando manter a postura. O silêncio dizia mais que mil palavras.

— Eu vou matar aquele filho da puta — disparou Giovana, se aproximando e segurando o braço da amiga com firmeza, quase como se quisesse impedi-la de cair. — Me fala que você não deixou isso quieto, por favor.

— Saí de casa. Vim direto pra cá — respondeu Lana, com a voz rouca, abafada. — Não consegui, não queria ficar lá nem mais um segundo.

Giovana soltou um suspiro irritado e logo puxou Lana para um canto mais reservado, longe dos olhares dos outros funcionários.

— Você não vai ficar sem chão, entendeu? Eu não vou deixar. — Ela abriu a bolsa e começou a mexer no celular. — Espera aqui.

Em poucos toques, já estava em um site de aluguel de apartamentos.

— Pronto. Vamos resolver isso rápido. Olha essas opções — mostrou a tela a Lana com um gesto firme. — Escolhe o que quiser. Eu autorizo cinco dias de folga. Pra se ajeitar, respirar, se reencontrar. E esquecer que aquele infeliz existe.

Lana sentiu um nó na garganta. Por um segundo, deixou que a força da amiga a sustentasse. Respirou fundo.

— Obrigada, Gi. Eu precisava disso.

Giovana sorriu de lado, como quem já tinha feito isso mil vezes. — É claro que precisava. Você é uma mulher incrível, e eu não vou deixar que isso te quebre.

**

No final da tarde, no prédio novo, Lana parou em frente à porta do apartamento. O dia parecia ter durado uma semana inteira.

Arrastou suas malas até o elevador, subiu até o andar indicado e caminhou até a porta 502. Estava prestes a destrancar quando viu um homem saindo do 501, logo ao lado.

Ele estava de fones no ouvido, cabelos úmidos, regata preta colada no peito largo e músculos que pareciam esculpidos à mão. Olhou pra ela. Ela olhou de volta.

— Oi — disse ele, com um sorriso contido.

— Oi — respondeu, surpresa com a visão inesperada.

Ele passou por ela e seguiu seu caminho. Nada além disso.

Mas bastou.

Lana ficou ali parada, a chave ainda na mão, sentindo o peso daquele breve encontro.

Dois apartamentos. Um ao lado do outro.

Duas vidas prestes a se cruzar.

**

Após a descoberta devastadora da traição, Lana Santoro sabia que não podia mais viver nos cômodos onde foi ferida. A casa que um dia foi abrigo virou prisão. Com o coração estraçalhado e a dignidade intacta, ela fez a única coisa possível: pegou o que pôde, foi trabalhar — e recomeçou.

Mas nem mesmo o escritório conseguiu esconder o caos interno. O rosto maquiado, o salto firme, nada enganava quem realmente a conhecia. E Giovana conhecia cada detalhe.

Entre o frio do prédio novo e o calor de uma amizade leal, Lana deu o primeiro passo rumo a uma nova história.

Com malas, mágoas e um recomeço batendo à porta... ou melhor, na porta 502.

Mal sabia ela que o vizinho do 501 estava prestes a virar tudo do avesso.

Distração

O apartamento estava silencioso, mas dentro de Lana o barulho era ensurdecedor.

Ela se jogou no sofá vazio, abraçando uma almofada como se aquilo pudesse segurar o mundo que desmoronava dentro dela. O rosto apoiado nos joelhos, os olhos pesados pelas imagens que insistiam em voltar.

A mulher na cama, o caminho que percorria até a sala, as roupas espalhadas, o cheiro estranho no quarto. Bernardo nu. E o pior — a frieza dele.

Ela esfregou o rosto com força. Precisava parar de lembrar.

Levantou-se, foi até o banheiro e abriu a torneira com pressa. Jogou água no rosto, prendeu o cabelo num coque frouxo, desses de quem não se importa muito com a aparência, mas que por algum motivo sempre ficava bonito.

Colocou um short jeans surrado, uma regata branca sem sutiã. A roupa grudava levemente em sua pele ainda quente. Não se olhou no espelho — não queria ver os olhos vermelhos nem o cansaço estampado. Só queria... afogar alguma coisa.

Desceu até a loja de conveniência do térreo com passos decididos, mas o peito ainda machucado.

Pegou um salgadinho amendoim pra acompanhar a cerveja, pegou três garrafas de cerveja, alguns salgadinhos, vinho e vodka, refrigerante, uma lata de energético e limão, gelo, açúcar, conhaque, chiclete — como se cada coisa ali tivesse alguma missão: calar a mente, entorpecer o corpo, ou adocicar a vida amarga de repente.

— Você vai beber isso tudo sozinha? — perguntou uma voz grave e rouca atrás dela.

Lana virou o rosto devagar e deu de cara com ele.

Mateo.

O vizinho de olhar intenso e corpo de pecados. Ele estava sem camisa, marcando seu abdômen definido, músculos e ombro largo, calça esportiva e um sorriso enviesado no canto dos lábios.

— Depende. Vai dividir comigo? — ela rebateu, erguendo uma das garrafas.

Ele soltou uma risada curta.

— Não costumo aceitar bebida de mulheres bonitas em crises existenciais... mas posso abrir uma exceção. Deu um riso

Lana sorriu de canto, mas não respondeu. Começou a andar até o caixa, e ele acompanhou o passo como se fosse natural.

- você está bebendo por amor ferido?

,- Lana concordou com a cabeça.

— Quer conversar sobre isso? Ou prefere fingir que não aconteceu nada?

— Prefiro me embriagar fingindo que não ligo.

— Entendi... — ele disse. — Se mudar de ideia, minha porta tá aberta. Às vezes esquecer um ex na cama de um vizinho é uma forma legítima de terapia.

Ela parou. Olhou pra ele.

Não havia grosseria no tom. Nem pressão. Só um convite coberto de sarcasmo e um certo interesse inegável.

— Obrigada, doutor Phil — respondeu com ironia. — Mas hoje minha terapeuta vai ser a vodka mesmo.

Mateo riu. A risada era baixa, sexy, e ele a observou por mais um segundo antes de se afastar.

Lana voltou para o elevador, as sacolas pesando nos braços... e aquele olhar queimando nas costas.

Talvez esquecer fosse impossível.

Mas distrair, quem sabe.

ela entrou pensando em seu vizinho o quanto era engraçado, leve e educado. - ela foi retirando as coisas da sacola quando ouviu as batidas na porta.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!