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Meus Concubinos

Reencarnei Como o Imperador Que Todos Odiavam

Reencarnei Como o Imperador Que Todos Odiavam

A última coisa que lembro foi o barulho monótono do teclado no escritório. Já passava das dez da noite. Eu era só mais um funcionário exausto tentando cumprir prazos que ninguém respeitava. Pisquei os olhos por um segundo… e então tudo escureceu. Um silêncio denso me envolveu. Meu corpo parecia cair no vazio.

Acordei com um gosto metálico na boca e uma dor incômoda na nuca. O ar estava perfumado com algo adocicado, quase sufocante. Pisquei devagar, e a primeira coisa que vi foi um teto ornamentado com pinturas douradas. Colunas talhadas, cortinas de seda vermelha, almofadas de cetim. Uma cama digna de imperador.

E foi aí que o pânico começou.

— O que é isso...? — murmurei, tentando me sentar.

A dor aumentou, e cambaleei até cair de novo nos lençóis. Tudo era estranho. Meu corpo parecia mais forte, mas pesado. O toque da seda, a luz suave de lanternas… era tudo real demais para ser um sonho. E ainda assim, não fazia o menor sentido.

Levantei com esforço e tropecei até uma penteadeira antiga com um espelho de bronze. Quando vi meu reflexo, meu coração quase parou.

Um homem jovem, absurdamente belo, me encarava de volta. Olhos negros como tinta, pele pálida e perfeita, cabelos longos que escorriam até a cintura. Aquele rosto parecia pintado à mão por algum artista do passado. Mas os olhos… os olhos estavam assustados. Porque eram meus.

— Não pode ser…

Foi quando veio a dor de verdade. Latejante, cruel. Minha cabeça girou e memórias que não eram minhas invadiram minha mente como uma tempestade.

Execuções públicas. Servos suplicando. Três jovens ajoelhados diante de um trono, com correntes nos pulsos. Plebeus chorando de fome. Um sorriso frio. Crueldade. Desconfiança. Solidão.

O homem cujas memórias estavam em minha cabeça… era imperador.

Imperador Liam.

O mais odiado da história do continente de Yurei. Um tirano paranoico que governava com punho de ferro. Ele não confiava em ninguém. Nem mesmo em seus consortes.

— Eu… morri? E reencarnei nesse corpo? — falei em voz alta, trêmulo. — Logo nesse?

A confirmação veio com uma onda de tontura. Sim. Eu estava no corpo do imperador cruel. Um homem poderoso, temido... e completamente sozinho.

— Incrível. Eu sou gay, frustrado, falido no meu mundo... e agora virei o imperador mais odiado desse reino. Isso só pode ser piada do destino.

Sentei na beira da cama e respirei fundo.

Mas então, uma ideia me atravessou como uma flecha. Se agora era eu nesse corpo... então eu decidiria como viver.

— O velho Liam morreu. — murmurei, olhando para minhas mãos. — Agora, quem manda aqui... sou eu.

Fechei os olhos e sussurrei para o espelho:

— Eu não vou ser como ele.

Nem com o povo...

Nem com os consortes.

E foi só então que percebi, entre as memórias dele, os rostos dos três homens que dividiam o título de “esposos imperiais”.

Três jovens lindos. Feridos. Usados como peças. Tratados como prêmios… ou como inimigos.

Mas agora… eram meus.

E eu faria de tudo para merecê-los.

Mesmo que me odiassem no começo.

Mesmo que eu tivesse que conquistar cada um deles… do zero.

Os Três Consortes Que Me Odiavam

Os Três Consortes Que Me Odiavam

Nos dias seguintes, me mantive calado, observando tudo com cautela. Cada gesto dos criados, cada olhar dos ministros, cada muralha do palácio. A corte era um campo minado coberto de ouro.

E no centro de tudo isso estavam eles.

Os três consortes imperiais.

Segundo os registros deixados pelo antigo Liam, eles haviam sido escolhidos por beleza e status — não por afeto. E eram tratados como meras decorações. Ou piores: como ameaças à autoridade do imperador.

Mas agora… eu era esse imperador. E a forma como ele os tratava... me enojava.

Não conseguia esquecer os rostos deles entre as memórias herdadas. Aqueles olhos carregados de mágoa, os lábios selados em silêncio, a postura de quem só sobrevive... nunca vive.

Tomei uma decisão. Chamei os três para um encontro privado no Salão do Luar.

Quando a porta se abriu, eles entraram em silêncio, um a um.

Ren veio primeiro.

Seu olhar era afiado como uma lâmina. Alto, cabelos presos em um coque firme, vestia um hanfu vermelho escuro com detalhes militares. Sua presença era imponente, quase intimidadora. Ele não se curvou. Apenas ficou em pé diante de mim, braços cruzados.

— Vossa Majestade decidiu brincar de carinho agora?

Zian apareceu em seguida.

Sorria, mas sem calor. Tinha um charme leve, refinado, cabelos claros soltos até os ombros e olhos de raposa. Se sentou sem permissão, cruzando as pernas com elegância.

— Que luxo raro. Uma audiência com o imperador sem precisar rastejar.

Por último, Haneul entrou sem fazer barulho.

O mais jovem. O mais discreto. Cabelos negros, pele pálida, olhos tristes. Não me olhou diretamente, apenas se postou atrás dos outros dois, com as mãos unidas na frente do corpo.

Por um momento, o silêncio pesou como chumbo.

Eles esperavam ordens. Esperavam insultos. Esperavam punições.

Mas eu... respirei fundo. E falei:

— Obrigado por virem.

Três pares de olhos se estreitaram. Confusão, desconfiança.

— Sei que é estranho ouvir isso... vindo de mim. Mas não sou o mesmo homem que vocês conheceram. Algo em mim mudou. E, se me permitirem... quero tentar consertar o que foi quebrado.

Ren riu com desprezo.

— Não somos brinquedos que se colam com cola. Alguns cacos cortam de volta.

Zian girou uma mecha do próprio cabelo, zombeteiro.

— Tão sentimental de repente. Vossa Majestade por acaso foi possuído?

Haneul nada disse. Mas algo em seus ombros relaxou. Um milímetro apenas.

— Eu não espero perdão. Nem carinho. Mas quero que saibam que não vou mais tratá-los como objetos. Vocês têm direito à sua liberdade. À sua voz. E... — hesitei — à sua dor.

Por um momento, vi algo estranho em Ren. Uma hesitação. Um lampejo de dúvida.

Zian, no entanto, se levantou e caminhou até mim. Seu rosto ficou próximo ao meu, olhos fixos nos meus.

— Se isso for um jogo, imperador... eu juro que vou derrubá-lo com minhas próprias mãos.

— Não é um jogo. — sussurrei. — É um pedido de recomeço.

Ele me olhou por um segundo a mais… e se afastou.

Ren deu meia-volta e saiu sem dizer mais nada. Haneul o seguiu em silêncio, mas na saída... olhou para trás.

Nos olhos dele, pela primeira vez, não havia medo.

O Primeiro Jantar

O Primeiro Jantar

Conquistar o respeito de generais e ministros era uma coisa. Reconstruir a confiança de três consortes que haviam sido feridos repetidas vezes... era outra bem diferente.

Mas eu precisava começar por algum lugar.

Na manhã seguinte, mandei preparar um jantar informal no Pavilhão de Jade — um salão rodeado por lanternas suaves e janelas que se abriam para o lago espelhado. Nada de guardas, nada de criados em fila. Apenas uma mesa baixa, com travessas quentes, vinho suave e o som da água correndo do jardim.

E três lugares. Para eles.

Ren foi o primeiro a chegar.

Vestia roupas simples, mas seu porte ainda exalava autoridade. Sentou-se em silêncio, sem sequer me olhar. Ficou observando os pratos como se fossem parte de uma armadilha militar.

Zian apareceu depois, sorrindo com ironia.

— Então o imperador agora serve jantares? Daqui a pouco vai lavar roupa com a gente no rio.

— Quem sabe. — respondi, oferecendo um copo de vinho. — Seria um bom começo, não?

Ele arqueou uma sobrancelha, claramente sem saber como responder. Aceitou o copo.

Haneul chegou por último, passos leves, quase sem fazer som. Ele hesitou ao ver os dois já sentados, e por um momento pensei que fosse voltar... mas entrou. Silencioso, como uma sombra gentil, e se sentou no canto, sem dizer nada.

Observei os três. Nenhum parecia à vontade.

Respirei fundo.

— Convidei vocês aqui porque... sei que palavras não são suficientes. Mas ainda quero tentar. Nem que eu precise começar com silêncio e comida quente.

Zian foi o primeiro a pegar os hashis. Pegou um bolinho de arroz e mordeu, arqueando a sobrancelha.

— Hm. Pelo menos o sabor não mente.

Ren ainda não havia tocado na comida.

— Isso não muda nada. — disse ele. — Você pode sorrir, se fazer de justo... mas nós lembramos de tudo. De cada ofensa. Cada humilhação.

— Eu sei. — falei baixo. — E é por isso que não vou pedir que me desculpem. Vou apenas... provar com ações. Uma de cada vez.

Haneul finalmente se moveu. Pegou um pouco do ensopado e comeu devagar. Seus olhos se encontraram com os meus por um breve instante. Ele não sorriu, mas assentiu — quase imperceptível.

Zian continuava comendo, despreocupado, mas não zombava tanto quanto de costume.

Ren, porém, parecia inquieto.

— Você tem ideia do que fez com a gente? — sua voz saiu baixa, mas carregada. — Quantas vezes fomos expostos ao ridículo? Trocados por jogos de poder? E agora quer que compartilhemos uma refeição?

— Não. Eu só quero que compartilhem uma chance.

Ren apertou os punhos. Mas então, devagar, pegou um pedaço de carne e mordeu. O silêncio entre nós ficou mais denso. Quase íntimo.

Por um instante, houve paz.

Três corações partidos, um imperador reencarnado, e uma mesa entre nós tentando unir o que antes só existia por obrigação.

O jantar seguiu sem grandes palavras.

Mas no final, Zian se levantou com um sorriso enviesado e comentou:

— Isso foi… suportável. Quase agradável. Não se empolgue.

Ren saiu sem olhar para mim, mas com passos menos duros.

Haneul, por último, parou na porta. Virou-se lentamente.

— Amanhã... posso ir ao jardim. Se quiser conversar.

Meu coração deu um salto.

— Claro. A hora que quiser.

Ele assentiu. E se foi.

Fiquei sozinho na sala, com o cheiro da comida ainda no ar. E pela primeira vez desde que abri os olhos neste novo mundo... me senti menos sozinho.

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