O novo aluno da sala 2B era um alfa. Tímido, alto, bonito demais pra estar ali. E era exatamente o tipo que o ômega safado da sala adorava atormentar.
No primeiro dia, quando Lucas entrou na sala, mal levantou os olhos. Usava o uniforme certinho, o cabelo caía meio bagunçado sobre os olhos, e ele nem respondia direito quando alguém tentava puxar conversa.
Mas bastou o primeiro intervalo pra que o ômega mais perigoso da escola se interessasse.
— Quem é esse? — perguntou Leo, masticando o canudo do suco com um sorriso de canto.
— É o Lucas… novo, transferido da cidade vizinha. — respondeu o colega. — Dizem que é um alfa de família tradicional. Meio certinho.
Leo sorriu mais ainda. “Certinho”, pra ele, era o mesmo que “alvo fácil”.
No dia seguinte, sentou do lado de Lucas sem pedir. Pôs a perna cruzada na carteira, jogando o corpo um pouco pra frente. Estava de camisa meio aberta, pescoço à mostra, cheiro adocicado que fazia qualquer alfa engasgar.
Lucas engasgou.
— Tá tudo bem? — Leo perguntou com falsa inocência, encostando a mão no braço dele. — Você tá suando...
— T-tá quente aqui. — o alfa murmurou, desviando os olhos.
Leo adorava.
Durante a aula, passou um bilhete pra ele:
“Você sempre fica vermelho assim quando vê um ômega?”
Lucas engoliu em seco. E corou de novo.
No terceiro dia, Leo já estava sentado no colo dele na hora do intervalo, dizendo que as cadeiras estavam cheias. E Lucas? Não sabia onde pôr as mãos. Se as afastasse, parecia grosseria. Se encostasse, sentia o cheiro provocante demais do pescoço do ômega. A calça ficava justa. Ele sofria.
Na saída, Leo encostou Lucas na parede perto do bebedouro. Ninguém por perto.
— Vai continuar fingindo que não quer me marcar, grandão? — sussurrou, roçando o nariz na bochecha dele.
Lucas estremeceu. O coração batia rápido.
— A gente nem se conhece direito...
— Uhum. Então me conhece. Com a boca, se quiser. — Leo sorriu, atrevido, e deslizou os dedos pela barriga dele. — Ou vai deixar outro alfa fazer isso primeiro?
Foi aí que Lucas o puxou pelo pulso, com força, e o beijou. Foi bruto. Instintivo. Um estalo de desejo contido. Mas quando se afastou, estava ofegante e nervoso.
— Você me deixa louco...
Leo só lambeu os lábios, vitorioso.
— Ótimo. Porque eu adoro alfas que perdem o controle.
Lucas passou o fim de semana inteiro com a cabeça no ômega.
Na verdade, com mais do que a cabeça.
Léo estava em cada pensamento, em cada respiração mais pesada, em cada arrepio solitário durante a madrugada. E pior: o beijo entre eles tinha sido real. Intenso. Tinha sentido o corpo inteiro reagindo como se aquele fosse o instinto que ele vinha segurando a vida toda.
Mas agora era segunda-feira. Lucas estava de volta ao corredor da escola, de volta à sua rotina de andar olhando pro chão e evitar encrenca. Só que agora ele era o centro dos olhares.
E Léo? Léo fingia que nada tinha acontecido.
Estava com a camisa do uniforme aberta até quase o peito. O colar com pingente batendo contra a pele bronzeada. Sentado na carteira de trás, batendo a caneta contra a boca, olhando pra qualquer lugar — menos pra ele.
Lucas se remexeu desconfortável na cadeira. Ainda sentia o gosto dele. E o cheiro. E a sensação das mãos ousadas demais passando por debaixo da blusa.
E por que ele estava evitando?
Será que se arrependeu?
Será que era tudo brincadeira?
Durante a aula de biologia, Lucas finalmente olhou pra trás. O coração martelava no peito. Queria dizer alguma coisa, qualquer coisa, mas Léo nem se virou. Só deu um sorrisinho de canto quando percebeu o olhar, e então olhou pra janela.
Frio. Irritante. Sensual.
Quando o sinal tocou, Lucas foi até ele.
— Léo, posso falar com você?
— Pode, mas não quer dizer que eu vá ouvir. — ele respondeu, levantando com aquele gingado de ômega seguro de si.
— Por que tá me ignorando?
Léo se aproximou, até o peito quase encostar no do alfa. — Eu não tô te ignorando. Tô esperando você fazer alguma coisa além de ficar vermelho e fugir.
— Eu não fugi. — Lucas disse, tentando manter a voz firme.
— Ah, não? Porque sexta você me beijou como se quisesse me levar pra casa, e agora parece que quer fingir que sou só mais um colega de sala. Decide, grandão. Ou me evita, ou me beija de novo.
Aquilo foi a faísca.
Lucas segurou o pulso dele, firme, e o arrastou pra dentro da sala de material, que estava sempre vazia entre os intervalos. Trancou a porta atrás deles.
— Vai me bater? — Léo provocou, encostado na parede, com o sorriso debochado no rosto.
— Não... mas se continuar falando assim comigo, vou fazer coisa pior.
— Promete?
Lucas se aproximou, hesitante por um segundo, mas o cheiro doce de Léo — um misto de fruta madura com provocação — estava ali, encostando nele como se chamasse o instinto. Ele empurrou o ômega contra a parede, colando o corpo ao dele, mãos nos quadris.
— Você me provoca desse jeito e quer que eu aja como? — sussurrou contra o pescoço dele.
— Marcando. — foi a única palavra que Léo murmurou, com um gemido sutil, os olhos semicerrados.
Lucas rosnou baixo, os olhos começando a brilhar com aquele dourado característico de alfas em alerta.
Ele encostou os lábios no pescoço do ômega, roçando a pele com os dentes, sentindo o corpo de Léo se arrepiar. Uma das mãos desceu pela cintura até a parte de trás, apertando com força, e Léo soltou um gemido abafado, agarrando os ombros dele.
— Tá com medo, alfa? — ele sussurrou, rindo, mesmo com a respiração falha.
Lucas deslizou a boca pelo maxilar dele, até chegar ao canto da boca, e mordeu leve.
— Tô com medo de não conseguir parar.
Léo puxou a camisa dele, passando as mãos por dentro, até tocar o abdômen trincado.
— Então não para. Vamos ver até onde você aguenta.
E eles se beijaram de novo. Mais bruto, mais urgente. Léo colava, mordia, puxava, e Lucas tentava manter o controle, mas cada provocação arrancava dele um gemido grave, um instinto cada vez mais feroz.
Só pararam quando ouviram passos do outro lado da porta. Lucas se afastou, ofegante. Léo ajeitou a camisa, rindo.
— Nervoso, alfa?
— Você é impossível.
— E você adora.
Ele piscou e saiu antes dele.
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Na hora do almoço, Léo foi até o pátio com outro grupo de ômegas. Um deles, Vitor, encostou no braço dele e cochichou algo. Os dois riram.
Lucas observou de longe, o maxilar travado.
Vitor era um ômega beta, bonito, simpático e... claramente interessado em Léo.
E Léo... deixou ele abraçar, tocar, sentar do lado colado.
O peito de Lucas queimava.
Foi quando Vitor passou a mão pela coxa de Léo que Lucas levantou. Não pensou. Só atravessou o pátio e parou na frente dos dois.
— Dá pra parar?
Vitor arregalou os olhos.
— Perdão? Tá falando comigo?
— Tô. Tira a mão dele.
Léo ergueu uma sobrancelha.
— Lucas, o que você tá fazendo?
— Isso. — e puxou Léo pelo braço, afastando-o do banco, enquanto todos começavam a olhar.
— Você enlouqueceu? — Léo perguntou, entre chocado e excitado.
— Não gosto de ver outro cara te tocando.
— Achei que a gente não era nada.
Lucas olhou firme pra ele.
— Então vamos ser.
Léo ficou parado por um segundo, os olhos se arregalando. Mas logo sorriu.
— Tá me pedindo em namoro, alfa tímido?
— Tô dizendo que você é meu.
— Então prova.
Lucas segurou a nuca dele, colou os corpos e o beijou ali mesmo, no meio do pátio. Sem vergonha. Sem se importar com os olhares.
Foi um beijo marcado por ciúme, raiva e desejo. As bocas se encontraram como se o mundo fosse explodir em seguida. Mãos agarrando, corpos encostando, respirações pesadas. Quando se afastaram, Léo estava corado, ofegante, e com a blusa torta.
— Agora sim. — ele sussurrou, sorrindo de canto.
Lucas olhou ao redor. Todos estavam em choque. Vitor foi embora com cara de nojo.
Mas Lucas só enxergava Léo.
— Ainda acha que sou tímido?
— Ainda acho que você vai me marcar em menos de uma semana. — ele respondeu, lambendo os próprios lábios.
E no fundo... Lucas queria mesmo
A tarde estava abafada. O tipo de calor que grudava na pele, deixava o ar espesso e os pensamentos lentos. E talvez tenha sido por isso que Lucas perdeu o bom senso e mandou mensagem pra Léo logo depois da última aula:
“Me encontra na minha casa. Agora.”
Dois segundos depois, a resposta veio:
“No seu quarto? Ou vai me deixar no sofá como bom menino de família?”
Lucas só respondeu com o endereço.
Léo chegou em 20 minutos.
O cabelo molhado denunciava que ele tinha tomado banho só pra isso. Estava com uma camiseta justa e calça colada demais — tudo em preto. Quando Lucas abriu a porta, precisou engolir o instinto de puxá-lo ali mesmo no corredor.
— Seus pais estão? — Léo perguntou, sorrindo enquanto entrava, olhando em volta.
— Trabalhando. Só chegam à noite. — respondeu, tentando soar casual.
— Que conveniente… — o ômega comentou, já caminhando em direção à escada como se conhecesse o lugar.
Lucas o seguiu, tentando não encarar tanto o jeito como a calça moldava as pernas finas. Ou como a camiseta revelava parte da cintura quando ele subia os degraus com aquele andar lento.
O quarto do alfa era simples: cama grande, um armário, uma estante com livros, e um ventilador de teto girando devagar.
Assim que a porta fechou, Léo virou.
— Vai mesmo me deixar sozinho aqui ou vai fazer o que quer?
Lucas respirou fundo, os olhos escurecendo com o cheiro que se espalhava. O perfume natural de Léo parecia mais doce, mais denso, como se o corpo dele soubesse exatamente o que estava prestes a acontecer.
— Você veio pra me provocar?
— Eu respiro e você já fica tremendo, Lucas. Eu nem preciso provocar.
O alfa avançou de uma vez, segurando a cintura dele, puxando com força. Léo soltou um riso baixo, mas logo foi silenciado por um beijo intenso, molhado, faminto. As mãos do ômega já deslizavam por baixo da camisa do alfa, arranhando o abdômen.
— Tira isso. — Léo sussurrou entre beijos, puxando a camisa dele.
Lucas obedeceu.
Em segundos, a camiseta estava no chão, e Léo colava o corpo no dele, as mãos passando pelos músculos, a boca mordendo o ombro. O cheiro estava forte. Excitante. Um misto de desejo e feromônio.
Lucas segurou firme nas coxas dele, levantando-o com facilidade e o jogando sobre a cama.
— Achei que era tímido... — Léo sussurrou, já deitado, o cabelo bagunçado e a respiração ofegante.
— Você tá me fazendo perder o controle.
O alfa se ajoelhou na beira da cama, deslizando as mãos pelas pernas dele, puxando devagar a calça. Léo mordeu o lábio, provocante.
Quando as roupas foram saindo uma por uma, os olhos de Lucas ardiam de desejo. Mas ele ainda hesitava. Ainda lutava com a ideia de machucar, de passar do limite.
Léo percebeu.
— Não precisa me tratar como vidro, Lucas. Eu quero isso. Quero você. — ele puxou o rosto dele com as duas mãos e sussurrou — Quero você em mim. Todo.
Lucas gemeu baixo, e foi a última coisa que pensou antes de perder o juízo.
Os corpos se encontraram com pressa. Léo deixava marcas no pescoço dele com mordidas, enquanto o alfa explorava cada centímetro de pele com a boca. As mãos corriam soltas, segurando firme, apertando. O calor dos dois era quase insuportável. Mas o prazer de finalmente estarem juntos daquele jeito era maior.
Léo soltava gemidos roucos no ouvido dele, os dedos cravados nas costas largas. Lucas sentia os olhos dourados brilharem cada vez que Léo sussurrava seu nome entre gemidos.
— Você é tão bom... tão quente... — ele dizia, arfando.
Lucas tremia. O instinto de marcar começava a borbulhar.
Mordeu o próprio lábio, tentando conter o impulso de cravar os dentes no pescoço exposto e pedir pra ele nunca mais sair de perto. Mas Léo sentiu.
— Vai me marcar? — perguntou no meio do caos. — Tá se segurando por quê?
— Porque eu sei que se fizer isso agora... não vou deixar mais ninguém chegar perto de você.
Léo sorriu com malícia, as pernas ainda enroscadas na cintura do alfa.
— Então marca, Lucas. Me prende em você.
Mas nesse instante, um barulho soou na porta de entrada.
— Filho? Chegamos mais cedo! — a voz da mãe dele ecoou.
O pânico congelou os dois.
Lucas levantou num pulo, tropeçando nas roupas. Léo caiu da cama rindo, enquanto tentava achar a calça.
— Lucas?! — a mãe chamou de novo, subindo as escadas.
— RÁPIDO. No armário! — Lucas sussurrou, puxando Léo pela mão.
— No armário? Clichê... mas delicioso. — Léo riu, entrando no espaço apertado entre os casacos.
Lucas jogou as roupas dentro, trancou e sentou na cama, suando.
A porta se abriu.
— Filho? Está tudo bem?
— T-tô, mãe! Só... dormindo.
Ela olhou desconfiada.
— Dormindo em pé?
— Estava indo deitar.
Ela olhou o quarto.
— Por que tá tão quente aqui?
— O... ventilador quebrou.
Ela suspirou.
— Certo. Desce quando quiser comer. Trouxe sua sobremesa favorita.
Quando ela saiu, Lucas correu até o armário e abriu.
Léo estava encolhido, meio pelado, sorrindo vitorioso.
— Quase fomos pegos. — Lucas disse, ofegante.
— Mas não fomos. — ele mordeu o lábio, puxando Lucas pela gola. — E agora quero terminar o que começamos. Só que com as luzes apagadas, a porta trancada e... você dentro de mim, alfa tímido.
Lucas gemeu, fechou a porta outra vez e trancou.
E dessa vez, não se segurou.
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