⚠️ AVISO AO LEITOR
Esta obra foi construída com o coração de quem ama contar histórias e a ousadia de quem decidiu fazer isso de um jeito diferente.
A partir do capítulo 4, cada capítulo assume uma estrutura independente, como em séries populares.
Isso significa que cada episódio tem seu próprio arco — com humor, emoção e identidade própria — mas todos se conectam por algo maior: a jornada da protagonista, Valentina Delaço.
Val é intensa, divertida, apaixonada, cheia de falas marcantes e alma vibrante.
Ao acompanhá-la, você vai rir, se emocionar, se surpreender e, talvez, se ver refletido em algum detalhe — porque essa história, mesmo com seus exageros, nasceu da vida real.
Muita coisa aqui foi inspirada em pessoas reais, conversas verdadeiras e laços genuínos.
Por isso, deixo um agradecimento especial e cheio de carinho aos meus amigos do Price, que são parte dessa construção — na troca, na inspiração, e principalmente, na amizade.
Este livro é, acima de tudo, uma homenagem.
A quem veio de longe e chegou até aqui com garra.
A quem já foi desacreditado, mas segue em frente com coragem.
E a você, leitor, que decidiu embarcar nessa jornada com a gente.
Seja bem-vindo(a). Boa leitura.
E que cada capítulo te abrace de um jeito único.
......................
[Som de vinheta no fundo. Luzes piscam. Plateia em contagem regressiva.]
VOZ DA VAL (NARRANDO, ENQUANTO IMAGENS DA VIDA DELA PASSAM EM TELÕES):
— Quando uma mulher nasce com a boca grande e o salto maior ainda…
o mundo já avisa: “fala menos, senta direito.”
— Mas eu preferi sentar no ao vivo.
(Imagem de Val criança vendendo brigadeiro. Val adolescente de fone, apresentando trabalho. Val adulta correndo pra pegar ônibus.)
— Eu vim do tipo de lugar que só entra na TV quando dá morte ou enchente.
— Mas mesmo sem câmera, eu já fazia show.
— Minha mãe vendia salgado.
Meu pai vendia desculpa.
E eu? Vendia brigadeiro com cartaz escrito: “Doce sim, burra não.”
[SOM DE VINHETA EXPLODE. A LUZ SE ABRE EM CIMA DELA.]
CENÁRIO — PALCO DO PRICE NEWS / AO VIVO
Val entra.
Ela não desfila. Ela ocupa.
Passos firmes. Salto alto. Microfone na mão como se fosse espada.
Plateia grita. Telão pisca:
> PRICE NEWS — COM VALENTINA DELAÇO
VAL (pra câmera):
— Boa noite, Brasil.
— Bem-vindos ao único programa onde a hipocrisia não tem assessoria de imprensa —
e o roteirista já foi embora chorando porque EU não sigo roteiro nenhum, MERMÃO.
(Plateia grita. Ela sorri com marra e continua.)
— Mas antes de trazer coach que respira pra ganhar 1.200 reais por cabeça…
— Antes de eu perguntar pra político se ele sabe o preço do arroz…
— Eu tenho uma coisa pra contar.
(Val anda pelo palco. Luz acompanha. Telão atrás começa a mostrar cenas do passado — bairro pobre, crianças brincando na rua, uma menina fazendo pose com pente de microfone.)
— Eu sou filha do caos.
Criada no grito.
Afiada na marra.
— Nunca fui a mais bonita. Nem a mais calma. Mas fui a que falava mais alto.
— Enquanto o povo sonhava em ser blogueira, eu sonhava com TP, cenário e manchete com meu nome.
(Ela aponta pro letreiro: “PRICE NEWS”.)
— Hoje eu tô aqui.
— Com microfone de verdade, salto pago em 3x e a missão de te acordar.
— Porque se ninguém te contou, eu te conto:
O sistema não te quer esperto.
Não te quer ousado.
Não te quer com voz.
— E adivinha o que eu sou?
(Val sorri, aproxima o microfone como se fosse segredo.)
— O sistema me odeia.
(Plateia explode.)
— Eu sou o terror do marqueteiro.
Sou o pesadelo do assessor.
Sou a mulher que não manda currículo — manda recado.
— E se você se sentiu meio esquisito no mundo, meio “grande demais”, “intenso demais”, “falante demais”...
(Val chega perto da câmera. Olha como se enxergasse quem tá lendo.)
— Então, mermão…
Esse palco também é seu.
(Ela gira, cabelo voa. O som da vinheta volta. Letreiro muda no fundo: “Hoje no Price News: o coach da calma”)
VAL (voltando o tom debochado):
— Mas chega de história triste, né?
— Porque hoje é dia de expor promessa vazia.
De dar voz a quem nunca teve.
De mostrar que quem veio da lama também sabe usar brilho.
(Val para no centro do palco. Olha direto pra câmera.)
— Eu sou Valentina Delaço.
E se prepare.
— Porque hoje…
HOJE EU TÔ NO MEU AUGE.
— E se o país cochilar,
eu acordo ele no grito.
— AO VIVAÇO, BRASIL!
(Plateia em êxtase. Vinheta explode. Câmera gira. CORTA.)
Continua...
Nota da autora:
Oi, querido(a) leitor(a)!
Se você está gostando da história, deixa aquele like e comenta aqui embaixo — isso faz toda a diferença e me incentiva demais a continuar escrevendo com ainda mais carinho!
Ah, e nossos capítulos estão sendo revisados com muito cuidado, mas se você encontrar algum errinho de digitação, já sabe: é só avisar que a gente corrige rapidinho!
Obrigada por estar aqui, sua presença é muito importante para mim! ❤️
(Luzes do palco se apagam. A vinheta some. O letreiro do Price News gira até desaparecer. Silêncio nos bastidores — só o som dos saltos apressados de Val batendo no chão de cimento frio.)
Voz em off (Valentina):
— Eu sempre sonhei com o palco.
Mas ninguém te conta que, quando ele apaga, sobra só você…
…e um salto que machuca mais que ex.
(Val entra no camarim. Bate a porta com força. Tira os saltos e joga num canto, ainda bufando. Solta o microfone, arranca os cílios postiços com a fúria de quem tira dívida do nome.)
Val (resmungando sozinha):
— Caceta... que programa puxado.
O coach do B.O. quase me fez perder a paciência de nascença.
(Ela se senta num pufe rosa-bebê, destoando do resto do camarim cinza. Encarando o espelho — sobrancelha levantada, olheira gritando, sorrisinho torto.)
Val (pensando alto):
— “Você fala demais”, diziam.
— “Ninguém vai levar a sério uma menina dessas.”
— “Jornalismo não é pra você.”
(Pega um lenço de farmácia. Cada passada apaga um pedaço da Val do palco… e revela a Valentina da rua de barro e do brigadeiro no pote de margarina.)
Val (olhando pro espelho, com ironia):
— Pois é, Brasil.
A menina que falava demais agora tá ao vivo.
Falando. Demais.
(Ela dá uma risadinha de canto. Meio orgulhosa. Meio esgotada.)
(A porta se abre de supetão. Entra Léo, o assistente de som, com o crachá torto e o cabelo igual ao áudio que ele testa: cheio de interferência.)
Léo:
— E aí, Val! Entrevista do século, hein?
O cara quase virou fumaça no meio do palco!
Val (tirando o brinco, sem olhar pra ele):
— Léo, se aquele homem é coach, eu sou um iPhone desbloqueado em 12x no boleto.
(Entra Dandara, produtora. Camisa amarrotada, sempre com cara de “me dá só cinco minutos de paz”.)
Dandara:
— Eu avisei que ele era esquisito.
Na reunião, o homem pediu pro Wi-Fi “vibrar numa frequência mais positiva”.
Val:
— Vibração positiva é o nome da cinta que eu tava usando pra fingir que não jantei feijoada ontem.
(Os três caem na risada. Val levanta, descalça, só de meias, andando pelo camarim com a naturalidade de quem já perdeu a vergonha e achou outra no lugar.)
Val:
— Falo mesmo.
Essa maquiagem de palco pesa mais que a fatura do meu cartão.
Tô exausta. Mas tô viva.
(Pega uma marmita no frigobar, senta no chão e começa a comer com garfo de plástico.)
Léo:
— Tu ainda come no chão, Val?
Val:
— Claro, porra.
Quem nasceu sentada na calçada não se acostuma com poltrona de couro fake.
Dandara:
— Sabia que tu ia meter essa hoje.
A plateia te ovulou forte.
Na internet, tão te chamando de "a Oprah do Capão".
Val (de boca cheia):
— Capão, Brasil, Marte... pode vir.
Só não me pede pra dar bom dia com voz doce.
Aqui é: bom dia, me dá meu café e cala a boca.
(Ela se deita no carpete com a marmita no colo, cabelo solto, finalmente relaxada. O brilho do palco cede lugar à luz fria e crua do camarim.)
Val (sincera, cansada, mas com alma):
— Eu amo isso aqui.
Mesmo com as merdas, os perrengues, o roteiro que ninguém segue.
Eu amo.
— Porque toda vez que eu sento naquela bancada improvisada, olho pra câmera e falo do jeito que ninguém deixa...
…é como se eu gritasse por mim, pela minha mãe, por todo mundo que calaram.
(As luzes do camarim diminuem. Val sozinha. Marmita vazia ao lado. O espelho embaçado pelo tempo — e pela luta.)
Voz em off (Val, mais contida, profunda):
— As pessoas dizem que querem verdade.
Mas não querem.
Elas querem espetáculo.
— Querem o brilho, não o suor.
A lágrima encenada, não a dor de verdade.
O discurso editado, com filtro, trilha sonora… e dancinha no final.
(Imagens do palco passam no telão: Val de salto, maquiada, microfone em punho. Depois, Val descalça, cansada, comendo no chão do camarim.)
— Ser real assusta.
Ser real dá trabalho.
[Respira fundo.]
— E, cá entre nós...
ninguém paga ingresso pra ver o bastidor.
— Quando a mulher é forte, chamam de louca.
Quando fala alto, é barraqueira.
Quando não sorri, é amarga.
— Mas se ela se cala...
…ninguém pergunta se ela tá bem.
(Val encara a câmera — não como apresentadora. Mas como Valentina. Humana. Entre os cacos e as luzes.)
— Sabe o que cansa?
Não é só o palco.
É ter que escolher entre agradar e ser você.
Entre ser amada… ou ser livre.
(Ela limpa a última maquiagem do rosto.)
— E eu me pergunto, às vezes:
— Quanto vale se vender?
— Quanto vale caber num molde que não é seu?
— Quanto vale subir no palco... se pra isso, cê tem que deixar a sua alma no camarim?
(A luz vai se apagando aos poucos. Fica só a voz.)
— Mas quer saber?
— Se for pra perder a essência...
…eu prefiro seguir pobre.
Mas de salto.
— Porque tem coisa que nem aplauso compra.
(Tela preta. Letreiro final aparece, branco e firme:
“No fundo, ninguém quer ver gente de verdade. Querem o teatro, não a vida.
E eu?
Cansei de fingir que sou personagem.”
— VALENTINA, ex-cobaia do sistema. Agora dona do palco.
Continua...
(O chão de linóleo range sob os passos de Val. Ela entra descalça, salto na mão, café na outra. Olheira gritando. Boca seca. Alma acesa.)
As pessoas param. Aplaudem.
Técnicos, maquiadoras, estagiários — todo mundo viu, todo mundo sentiu.
Técnico de som (gritando da ilha):
— Val! Tu salvou minha fé na televisão!
Produtora (balançando o celular com o replay do programa):
— Tua fala virou meme… e discurso motivacional no mesmo vídeo!
Val ri, faz o sinal de “joia” e segue.
Mas antes de chegar à própria sala…
Lorena surge do nada. Elegante, séria — mas com um brilho no olhar que não disfarça.
Lorena:
— Val. Sala 3. Agora.
Val arregala os olhos.
Val (murmurando):
— Pronto, lá vem.
(Entra. Eduardo já está lá. Pasta na mão. Tablet na outra. Tela aberta: gráficos, tweets, prints de matérias.)
Eduardo (sem rodeios):
— Valentina, você foi brilhante.
Val pisca, desconfiada.
Val:
— Vocês tão elogiando sem vírgula? Sem “mas”?
Lorena (sorrindo):
— Sem “mas”.
O programa foi um estouro.
Audiência recorde, mídia repercutindo, redes sociais fervendo.
Eduardo:
— A melhor estreia da faixa em cinco anos.
Val senta na beirada da cadeira, como quem ainda não acredita.
Val:
— E eu achando que ia levar bronca por ter chamado o coach de boleto ambulante.
Lorena:
— Pode até ter sido...
Mas ninguém tira que foi verdadeiro.
E o público reconhece quando é de verdade.
Eduardo:
— Você mostrou que dá pra fazer jornalismo com coragem, ritmo e alma.
É entretenimento, sim. Mas com espinha dorsal.
Você cutuca, provoca, mas informa.
E isso, hoje, vale ouro.
Val respira fundo. Olha para eles, mais suave, ainda ela.
Val:
— Sempre disseram que eu falava demais.
Agora tão me pagando pra isso.
Cá entre nós... demorou, né?
Lorena:
— Demorou.
Mas chegou.
Eduardo:
— Então aproveita. O país tá ouvindo.
E a gente tá contigo.
Val se levanta com calma, vai até a porta. Antes de sair, se vira com um sorriso contido:
Val:
— Se a verdade incomoda, que bom.
Porque eu ainda tenho muita pra entregar.
Sai. Fecha a porta. Atravessa o corredor com a leveza de quem sabe que venceu por ser quem é.
(Narração — Valentina, em off. Tom firme, íntimo, sincero.)
— Tem gente que se pergunta de onde vem essa coragem.
Essa língua afiada. Essa sede de justiça misturada com sarcasmo.
— Já me chamaram de exagerada.
De barraqueira.
De insuportável.
— “Val fala demais.”
“Val se acha.”
“Val tá passando dos limites.”
— Mas ninguém pergunta de verdade de onde eu vim.
Ninguém quer saber o que tem por trás do salto, do microfone, do close.
— Então anota aí, Brasil:
— Antes de ser Valentina na TV,
eu fui só Val.
— Filha de dona Lúcia, nascida em Tejucupapo, interior de Goiana.
Onde mulher aprende cedo que respeito não vem no grito —
vem no olhar firme e na coragem de ficar de pé, mesmo com o mundo empurrando pra baixo.
— Eu não cresci na bolha.
Cresci com os pés no barro, sim.
Mas também com livro na mão, ideia na cabeça, e resposta na ponta da língua.
— Quando cheguei em São Paulo, disseram que meu sotaque era problema.
Que meu jeito era “forte demais”.
Que jornalismo era pra quem sabia se calar.
— Mas eu vim pra fazer barulho.
— E se hoje eu tenho um palco,
não é porque fui domesticada.
É porque sobrevivi sem me moldar.
— O que eu faço não é fofoca disfarçada.
É jornalismo de verdade, com ritmo, humor e coragem.
É notícia que entra como piada, mas cutuca como denúncia.
— O Price News não é só programa.
É o microfone que roubaram da quebrada.
É a voz que calaram no meio da redação.
É a pauta que ninguém quis bancar — e eu banquei.
— Então se preparem.
Porque a Val tá só começando.
— E se incomoda, ótimo.
Notícia boa nunca foi confortável.
Continua...
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