Sob a Sombra de Moretti
Capítulo 1 – O Convidado Indesejado
[Sala privada do clube noturno “Inferno Nero”, em Milão. Música abafada ao fundo. Luz vermelha. Uma porta se abre. Um capanga empurra um jovem para dentro da sala. Ao fundo, sentado numa poltrona de couro, está o chefão da máfia: Salvatore Moretti, terno impecável, olhar afiado como navalha.]
Salvatore Moretti
(Sem levantar os olhos do copo de whisky)
— Esse é o tal hacker que acreditou que podia brincar de Deus?
Capanga
(Com o joelho pressionando o prisioneiro no chão)
— Elia Russo. Invadiu os sistemas da Família Romano, mas esbarrou nos nossos arquivos, senhor. Tá limpo. Nenhuma arma. Só atitude.
Salvatore Moretti
(Erguendo os olhos, encarando Elia com desprezo):
— E você pensou que isso seria inteligente? Invadir o ninho da víbora?
Elia Russo
(mesmo no chão, ergue o rosto com um sorriso debochado):
— Eu pensava que víboras tinham mais classe. O sistema de parece de 2004.
[Silêncio. Um dos capangas dá um passo à frente, pronto para bater, mas Salvatore ergue a mão lentamente.]
Salvatore Moretti
(Com um sorriso gelado):
— Engraçado. Tem coragem. Ou é só burro?
Elia Russo
(Sem hesitar):
— Você que escolhe. Eu só entrei onde ninguém mais teve coragem. E talvez… tenha gostado do que vi.
Salvatore Moretti
(Levantando-se, passos calmos):
— Do que viu?
Elia Russo
(desafiador):
— O nome Moretti repetido em transações ilegais por toda a Europa. Mas o que me chamou mesmo a atenção… foi a sua foto. Impossível ignorar.
Silêncio carregado. Salvatore se aproxima, para diante de Elia. Olhos nos olhos.
Salvatore Moretti
Salvatore (voz baixa, ameaçadora):
— Você está flertando com a própria morte?
Elia Russo
Elia (sussurra):
— Talvez. Mas ela tem olhos bonitos.
[Os capangas trocam olhares confusos. Salvatore solta um leve riso — não de humor, mas de surpresa. Ele agacha diante de Elia, pega seu queixo com força.]
Salvatore Moretti
Salvatore:
— Vai me dizer agora quem te mandou? Ou vou ter que descobrir sozinho enquanto te quebro?
Elia Russo
Elia (encara firme):
— Ninguém me mandou. Eu vim atrás de você.
Salvatore Moretti
Salvatore (arqueia uma sobrancelha):
— De mim?
[Longo silêncio. A tensão quase pulsa no ar. Salvatore se levanta devagar, anda até a janela. Pensa. Vira-se com olhar mais calculado.]
Salvatore Moretti
Salvatore:
— Soltem ele. Mas quero esse moleque sob vigilância. 24 horas. E... tragam ele até minha casa amanhã. Pessoalmente.
Capanga
Capanga (hesitante):
— Senhor, tem certeza?Ele-
Salvatore Moretti
Salvatore (interrompe):
— Eu não repito ordens.
[Elia é solto. Ele se ajeita, ainda sorrindo.]
Elia Russo
— Obrigado pelo convite, Don Moretti. Vai ter vinho?
Salvatore Moretti
— Vai ter o inferno. E talvez... um gole de algo mais forte.
AVISO:Obra em experimento ainda pode ser mudado alguma foto de personagem .
Capítulo 2 – Vinhos, Silêncio e Veneno
[Cenário: Mansão Moretti – ala principal. No fim do corredor forrado por colunas de mármore escuro, uma dupla de portas se abre para revelar a sala de estar do Don. Um espaço luxuoso e sóbrio: tapeçarias vermelhas, livros encadernados em couro, uma lareira crepitando. Um criado conduz Elia com passos firmes.]
Rocco
(sem emoção):
— O Don o espera. Recomendo que o senhor mantenha a língua dentro da boca. E os pés, também.
Elia Russo
(com um sorriso ladeado de ironia, observando os detalhes da mansão):
— Ah, mas e se a minha língua for a parte mais interessante que tenho? Seria um crime não usá-la.
[O criado bufa em silêncio e o deixa. Elia atravessa a sala com calma, como se andasse por um palco. Ele veste camisa preta levemente aberta no peito, calça justa e um colar de prata com pingente triangular. Cabelos dourados desalinhados, olhos azuis faiscando malícia. Salvatore está de costas para ele, observando as chamas da lareira.]
Salvatore Moretti
Sem se virar):
— Está atrasado. Ou desafiando, de propósito?
Elia Russo
(sentando-se no sofá de veludo carmesim, cruzando as pernas com um estalo leve):
— Um pouco dos dois. Pensei que mafiosos fossem mais pontuais quando se trata de encontros perigosos.
Salvatore Moretti
(virando-se lentamente, taça de vinho na mão, os olhos verdes cortando o ar como lâmina):
— Isso não é um encontro. Isso é um teste. Você está aqui por minha vontade, Elia Russo. Não confunda curiosidade com carinho.
Elia Russo
(passando os dedos pelos lábios, fingindo surpresa):
— Pena. E eu achando que já tínhamos passado da fase das ameaças sutis. Que tipo de teste começa com vinho?
[Salvatore caminha até ele, seus sapatos fazendo pouco ruído no piso de madeira. Está com a camisa branca dobrada nos antebraços, o peito levemente aberto, sem gravata. Um bracelete discreto em couro escuro no pulso. Seus dedos longos seguram a taça como se fosse parte dele.]
Salvatore Moretti
Parando à frente de Elia):
— Um teste de paladar. De instinto. De submissão.
[Ele estende a taça diante do rosto de Elia, aproximando o vinho escuro dos lábios do loiro.]
Elia Russo
Sem tocar a taça, ergue o olhar e fala devagar):
— Veneno ou safra cara?
Salvatore Moretti
— Às vezes são a mesma coisa.
[Elia o encara por longos segundos. Depois, segura a mão de Salvatore que sustenta a taça — não com força, mas com precisão. Inclina-se e bebe direto do cristal, os lábios tocando o vidro onde antes Salvatore havia tocado. Uma gota escorre pelo canto de sua boca.]
Elia Russo
(passando a língua pelo próprio lábio):
— Forte. Denso. Ardente na garganta.
— Quase tão perigoso quanto você.
[Silêncio tenso. Salvatore o observa como se avaliasse uma obra de arte ousada demais para estar ali.]
Salvatore Moretti
Se agacha diante dele, voz baixa):
— Você sabe com quem está lidando?
Elia Russo
— O nome está em todos os arquivos que hackeei. Salvatore Moretti. Filho do falecido Giancarlo. O Fantasma do Norte. Rei do submundo europeu.
— Mas nada disso explica o que vi quando olhei nos seus olhos ontem.
Salvatore Moretti
(franze ligeiramente o cenho):
— E o que você acha que viu?
Elia Russo
(inclina-se levemente, a voz baixa como um sussurro íntimo):
— Um homem que se esconde atrás da reputação. Que controla tudo — mas que não sabe lidar quando alguém toca... nele.
[Salvatore segura o queixo de Elia com força repentina, mas o loiro não recua. Ao contrário: aproxima-se mais, os seus joelhos agora tocando a coxa do outro . O silêncio que segue é carregado de algo indecifrável: desejo, ameaça, ou talvez ambos.]
Salvatore Moretti
(voz rouca):
— Você brinca com fogo como quem quer morrer.
Elia Russo
— Ou como quem quer se queimar e lembrar do cheiro.
[A mão de Salvatore desliza para o pescoço de Elia, não apertando, mas sentindo a pulsação.]
Salvatore Moretti
— Um dia... isso aqui vai ser o último lugar que você vai sentir vida.
Elia Russo
Sorri, devasso):
— Só se for com a sua mão.
[Por um momento, a sala parece conter a respiração. Então, Salvatore se levanta, gira nos calcanhares e anda até o aparador, voltando com uma segunda taça de vinho.]
Salvatore Moretti
— Você não é o que parece.
Elia Russo
(ainda sentado, mais sério agora):
— Nem você.
Salvatore Moretti
— Amanhã, vou te levar para ver o que há por trás dos portões da Família Moretti. Se você não vomitar, talvez sobreviva.
Elia Russo
— Mal posso esperar para conhecer o inferno com você.
[Luzes baixam levemente. Música clássica toca ao fundo. O capítulo termina com Salvatore virando-se de costas, taça na mão, e Elia observando-o com olhos famintos — não só de poder, mas de algo muito mais perigoso.]
Capítulo 3 – Onde o Medo Dorme
[Cenário: Subsolo da mansão Moretti – porão usado para interrogatórios, punições e segredos. O teto é baixo, as paredes de pedra antiga úmidas. Iluminação fria e artificial. Cheiro de metal, cigarro e sangue ressecado no ar.]
Salvatore caminha à frente, os passos lentos e pesados ecoando no corredor estreito. Elia o segue, mais sério desta vez. Atrás deles, em silêncio tenso, vem o capanga de confiança: Rocco, alto, forte, barba cerrada, olhos de aço. O olhar dele nunca desgruda de Elia.]
Elia Russo
Elia (baixando o tom de voz):
— Então... aqui é onde os contos de fadas viram histórias de terror?
Salvatore Moretti
Sem olhar para trás):
— Aqui é onde a verdade mostra os dentes. E onde a lealdade é testada com sangue.
Rocco
Pela primeira vez, fala, com raiva contida):
— Ele não precisa ver isso. É um lixo enfiado aqui só porque sabe brincar com códigos e cuspe.
Salvatore Moretti
(para, vira-se lentamente para Rocco):
— Está questionando minha decisão?
Elia Russo
Intervém com um sorriso venenoso):
— Agradeço o ciúme, Rocco. Mas o Don sabe muito bem me proteger... e me usar, se quiser.
Rocco
(dá um passo à frente, os olhos cravados em Elia):
— Um passo em falso e eu arranco sua língua, loirinho.
Elia Russo
(sem recuar):
— Que romântico. Só faltou flores.
[Salvatore ergue a mão. Rocco se afasta, relutante, com os punhos fechados. Eles seguem. Chegam a uma porta de ferro, trancada com código e biometria. Salvatore digita e entra.]
[Interior: Um cômodo com cadeira metálica no centro, correntes, instrumentos de tortura modernos e antigos, e uma única luz pendendo do teto. Um homem machucado está desacordado num canto. Sangue seco no chão.
Salvatore Moretti
(Olhando para Elia):
— Bem-vindo ao coração da serpente. Nem todo segredo pode ser apagado com um clique.
Elia Russo
(Observa tudo com olhos atentos, mas firmes):
— Você faz isso com frequência?
Salvatore Moretti
— Com precisão. E sem prazer. Tortura é apenas uma linguagem... como o seu código.
[Rocco fecha a porta atrás deles. O som ecoa como um aviso.]
Rocco
— Ele vai vomitar em cinco minutos.
Elia Russo
(olhando diretamente para o homem no chão):
— Quem é ele?
Salvatore Moretti
— Um traidor. Tentou vender nomes da minha família para a polícia de Roma. Foi capturado ontem à noite.
Salvatore Moretti
(olha sério):
— Ainda não. Preciso que ele conte tudo. E às vezes... um grito diz mais que mil palavras.
[Salvatore se aproxima da cadeira, encosta nela. Um silêncio cruel se instala.]
Salvatore Moretti
— Você queria saber o que há por trás do meu mundo. Está olhando. Este é o lugar onde se escolhe entre o amor e o medo. Entre viver sob meu nome... ou morrer esquecido em um buraco.
Elia Russo
(voz firme, mas mais baixa):
— E onde você está, Salvatore? Amor ou medo?
[Silêncio. Salvatore ergue o olhar lentamente. Algo em sua expressão muda. Como se a pergunta o tivesse tocado num ponto que ele mesmo evita.]
Rocco
(rosnando):
— Já chega. Ele não tem o direito de falar assim com você.
[Num gesto súbito, Rocco empurra Elia contra a parede com força, segurando-o pela gola. Elia bate a cabeça, mas não demonstra dor. Salvatore apenas observa.]
Rocco
(gritando, quase cuspindo):
— Você não pertence aqui! Você é só um brinquedo sujo, uma distração temporária! Quer ver sangue? Vai ver o seu!
Elia Russo
(com a respiração pesada):
— E você é o cachorrinho ciumento... que late porque sabe que nunca será tocado como eu fui.
[Silêncio total. Rocco ergue o punho, pronto para bater. Mas antes que atinja Elia, Salvatore avança e segura o braço dele com força brutal.]
Salvatore Moretti
(frio, cortante):
— Solte. Agora.
[Rocco hesita, depois obedece, os olhos cheios de fúria e dor. Elia cai de leve no chão, tosse. Salvatore o encara por um segundo, e então se vira para Rocco.]
Salvatore Moretti
— Vá para a ala externa. Agora.
Rocco
— Ele vai acabar te destruindo.
Salvatore Moretti
(calmo):
— Talvez. Mas não será você quem vai impedir.
[Rocco sai, batendo a porta. Elia se levanta com dificuldade. Passa a mão pela boca e observa Salvatore em silêncio.]
Elia Russo
(fraco, mas ainda provocativo):
— Não sabia que causava tanto desconforto só com palavras.
Salvatore Moretti
(se aproximando, com um olhar sombrio):
— Você causa mais do que isso.
— E o que me assusta... é que eu começo a gostar.
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