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Leônidas, aos quarenta e poucos anos, carregava nos ombros o peso de um império construído à custa de noites mal dormidas e decisões implacáveis. Era o ceo magnata da "Prime Boi", uma gigante da indústria de carnes que abastecia churrascarias e supermercados em todos os continentes. Seus olhos, antes talvez vibrantes, agora refletiam uma frieza calculada, resultado de anos dedicados exclusivamente ao crescimento de sua empresa.
A amargura era um tempero sutil, quase imperceptível para os observadores casuais, mas profundamente enraizada em sua alma. Era um homem de poucas palavras e gestos ainda mais econômicos, a não ser quando se tratava de negociar contratos milionários ou inspecionar pessoalmente as instalações de seus frigoríficos. O sucesso estrondoso de seus negócios não havia trazido consigo a felicidade que secretamente almejara em sua juventude, apenas um vazio crescente que ele tentava preencher com números e metas cada vez mais audaciosas.
Seu escritório no último andar do arranha-céu da empresa oferecia uma vista panorâmica da metrópole, mas Leônidas raramente se permitia contemplá-la. Para ele, a cidade lá embaixo era apenas mais um mercado a ser conquistado, mais um palco para a incessante engrenagem de seus negócios. A vida pessoal era um luxo que havia se negado, focando toda a sua energia na expansão da "Prime Boi". As cicatrizes emocionais de um passado que ele se esforçava para esquecer contribuíam para sua aura de inacessibilidade, tornando-o temido e respeitado, mas também solitário em seu reino de carne e poder.
Leônidas, em sua busca incessante por algo que o preenchesse além dos números e da carne, havia colecionado não apenas empresas, mas também quatro casamentos, cada um deles um espelho de sua própria incapacidade de amar e ser amado. Todas as suas exs esposas eram mulheres de beleza estonteante, com personalidades que, à primeira vista, pareciam capazes de amá-lo.
A primeira, Isabel, era uma fotógrafa exuberante, com cabelos cor de fogo e um espírito livre que contrastava violentamente com a rigidez de Leônidas. Ela o via como um desafio, um bloco de gelo a ser derretido, e ele, em sua juventude e inexperiência emocional, acreditou que o caos criativo de Isabelle poderia trazer cor à sua vida monocromática. O casamento durou apenas dois anos, sufocado pela possessividade dele e pela necessidade dela de voar. Isabel, cansada de ser mais uma peça em seu museu particular, partiu sem olhar para trás, levando consigo sua vivacidade, foi morar na Europa e constituiu família, com um músico.
Em seguida veio Sofi, uma renomada advogada, tão cerebral quanto ele, com uma inteligência afiada e uma beleza clássica, de feições simétricas e olhos penetrantes. Leônidas se sentiu atraído pela mente dela, pela capacidade de Sofi de acompanhar seus raciocínios complexos e de discutir negócios com a mesma paixão com que ele os vivia. O casamento foi mais uma parceria estratégica do que uma união de corações.
Eles compartilhavam o sucesso profissional, mas a intimidade emocional era uma terra árida. Sofi, pragmática como era, percebeu que a vida com Leônidas era um contrato sem cláusulas de afeto e, após alguns anos, pediu o divórcio, buscando uma vida com mais calor humano, ela queria filhos e ele não.
A terceira foi Damila, uma ex-modelo internacional, dona de uma beleza estonteante e um sorriso que desarmava qualquer um. Ela era o oposto das duas anteriores: divertida, espontânea, e com uma alegria de viver contagiante. Leônidas, talvez em um momento de exaustão da própria seriedade, pensou que a leveza de Damila poderia ser o antídoto para sua amargura. Ele a mimava com joias e viagens luxuosas, mas era incapaz de oferecer-lhe a atenção genuína e o carinho que ela tanto ansiava.
Damila era muito mais jovem que ele, e valorizava a simplicidade e a conexão, percebeu que era apenas um acessório de luxo na vida do magnata, uma esposa troféu. Seu casamento, pontuado por longas ausências de Leônidas e silêncios pesados, implodiu após três anos, deixando Damila com a sensação de ter vivido em uma gaiola de ouro.
E, por fim, Lyela. também jovem, vibrante, com olhos de esmeralda e uma energia jovial que, por um breve período, conseguiu quebrar a armadura de Leônidas. Ela era uma estudante de gastronomia talentosa, apaixonada por novidades culinárias e por novas experiências.
Leônidas, já com seus quase quarenta anos e a amargura ainda mais profunda, viu em Lyela uma última chance de redenção, de talvez experimentar a doçura da vida que sempre lhe escapara. Ele a presenteou com o restaurante dos seus sonhos, pensou que a havia comprado e, com ela, um pedaço de felicidade.
O casamento durou apenas um ano e meio. Leônidas, consumido pelo trabalho e incapaz de demonstrar carinho ou vulnerabilidade, afastou-a gradualmente. Lyela, por sua vez, sentindo-se negligenciada e invisível, encontrou consolo em outro lugar. Um rapaz mais jovem, que trabalhava como garçom em seu próprio restaurante, ofereceu a ela a atenção, a paixão e a leveza que Leônidas jamais poderia proporcionar.
A notícia da traição chegou a Leônidas de forma brutal, não por palavras, mas por fotos incriminadoras e a fria confissão de Lyela. Para o magnata, não foi apenas o fim de mais um casamento, mas a confirmação de que, no jogo do amor, ele era um perdedor incurável, e que nem todo o seu poder e dinheiro poderiam comprar o que realmente importava. Ele queria ter filhos, acreditava que estavam tentando até.
A traição de Lyela, com um homem tão diferente dele, deixou uma cicatriz profunda, mas também a certeza de que a amargura de Leônidas estava agora mais consolidada do que nunca.
Leônidas, com a amargura ainda mais densa após o golpe final de Lyela, decidiu que era hora de afogar suas mágoas naquilo que sempre o consolou: os negócios. Uma oportunidade surgiu em forma de um luxuoso resort em uma ilha, um paraíso intocado que fervilhava com a promessa de um novo reality show. O plano era simples: a "Prime Boi" seria a principal patrocinadora, com seus cortes premium em destaque, garantindo uma exposição global. Era um movimento puramente estratégico, sem qualquer pretensão de lazer ou descanso para Leônidas.
Na manhã de sua partida, o céu de São Paulo estava limpo e ensolarado. Leônidas chegou ao heliponto particular em seu carro blindado, com a pasta de couro preta firmemente em suas mãos, o rosto impassível como sempre. Não havia despedidas, não havia bagagem extra além de sua determinação férrea.
O helicóptero, um modelo sofisticado e silencioso, aguardava. Ele subiu sozinho, o barulho das pás cortando o ar enquanto a máquina elevava-se sobre a selva de pedra. A cidade, com seus arranha-céus e trânsito caótico, encolheu-se rapidamente sob seus pés, tornando-se um mero borrão à medida que o helicóptero ganhava altitude.
A viagem foi longa, mas Leônidas não se importou. Sua mente estava imersa em cálculos e estratégias, ignorando a vastidão azul do oceano abaixo. Não havia interesse em paisagens paradisíacas ou na promessa de águas cristalinas. A ilha era apenas um ponto no mapa, um local de negócios. Ele não tinha a menor intenção de se demorar, de se misturar com os organizadores do reality show ou de se permitir qualquer tipo de relaxamento.
Sua presença ali era estritamente profissional, uma aparição breve para selar o acordo e garantir que a máquina de publicidade da "Prime Boi" funcionasse a todo vapor. Leônidas estava ali para trabalhar, para ver seu império crescer, e nada mais. A ilha, com toda a sua beleza natural, era apenas mais um palco para a demonstração de seu poder e influência.
O plano de Leônidas de uma visita rápida e puramente profissional desmoronou junto com o céu. Pouco depois de sua chegada à ilha, uma tempestade tropical avassaladora desabou com fúria. Raios rasgavam o céu, o vento uivava como um animal ferido e a chuva caía em cortinas impenetráveis. Em poucas horas, as antenas de comunicação caíram, silenciando telefones e cortando qualquer acesso à internet, isolando quase completamente a ilha do mundo exterior. Casas simples foram destruídas, e uma parte significativa do resort, incluindo alguns dos luxuosos bangalôs à beira-mar, foi severamente danificada.
Leônidas, acostumado a ter controle absoluto sobre cada aspecto de sua vida, viu-se preso. Contrariado, e fervendo de impaciência, ele foi forçado a passar a noite no resort, ouvindo a fúria do temporal lá fora, enquanto sua mente trabalhava incansavelmente para reestabelecer a comunicação. O sono veio a contragosto, leve e perturbado.
Ao amanhecer, a chuva havia diminuído para uma garoa fina e o vento se acalmara. A ilha, no entanto, parecia ter sido virada de cabeça para baixo. Árvores caídas, destroços espalhados e a paisagem antes paradisíaca agora marcada pela força da natureza. Leônidas, com a frustração borbulhando, decidiu que não podia ficar parado esperando. Precisava de respostas sobre pendências, precisava de uma maneira de sair dali.
Sem o helicóptero, que estava impossibilitado de voar, e sem a comunicação, a única opção era explorar a ilha a pé. Com o terno impecável e os sapatos sociais totalmente inadequados para a lama e os escombros, Leônidas iniciou sua caminhada pela pequena cidade costeira que servia de base para o resort.
Enquanto caminhava, a realidade da situação o forçou a uma decisão inusitada. Sujo de lama e com a roupa amarrotada, ele entrou na única lojinha aberta, uma que vendia suvenires e roupas de praia. Com um suspiro de resignação, ou talvez um lampejo de ironia em seus olhos amargos, Leônidas comprou o que precisava para se adaptar.
Ele emergiu da loja irreconhecível. Vestia uma bermuda florida com padrões tropicais extravagantes, uma camiseta amarela berrante com a frase "Eu Amo Surfar" estampada em letras azuis-claras, um boné igualmente exótico e óculos de sol espelhados que escondiam seu olhar severo. Nos pés, chinelos de borracha substituíam seus sapatos de couro lustroso.
A cena era quase cômica. Há pelo menos vinte anos, desde os tempos de faculdade, Leônidas não se vestia com tamanha informalidade, muito menos com algo tão… descompromissado. A roupa não se encaixava nele, parecia um disfarce, mas era o único jeito de continuar sua busca por uma saída daquele paraíso (agora nem tanto) isolado. Cada peça de roupa era um lembrete do quão fora de seu elemento ele estava, um desconforto que, de alguma forma, parecia intensificar sua determinação.
Ele retornou ao resort para guardar suas coisas, tirou informações e foi andar.
Leônidas, com sua nova e estranha vibe de turista, prosseguiu seu caminho pela ilha castigada. A praia, antes um cartão-postal, agora exibia a fúria da tempestade: coqueiros inclinados, areia espalhada em montes irregulares, e detritos arrastados pela maré. Avistou um quiosque de praia, ou o que restava dele, e sentiu uma pontada de sede. Decidiu arriscar.
Aproximou-se, notando o estrago. O telhado de palha estava parcialmente desabado, expondo o interior do pequeno estabelecimento, que parecia ter sido atingido por uma bomba de lama e folhas. Uma mulher n.egra, de cabelos cacheados e despenteados, suja de terra e com uma expressão de cansaço e frustração, lutava para mover uma tábua pesada.
— Com licença, moça. Você poderia me vender uma água de coco, por favor? — Leônidas perguntou, com sua voz habitualmente grave e imponente, que, naquele contexto, soou quase inoportuna.
A mulher parou bruscamente o que estava fazendo, ergueu a cabeça e fixou nele um par de olhos irritados. Ela o avaliou de cima a baixo, da bermuda florida aos chinelos, com um ar que beirava o desprezo.
— Água de coco? Sério, moço? — Ela retrucou, com a voz embargada pela raiva contida e pelo cansaço.
— Você não está vendo o estrago? O telhado caiu! Tá tudo sujo, cheio de lama, e você vem me pedir água de coco como se eu fosse um robô?
— Uma máquina de vendas?
Leônidas, acostumado a ser prontamente atendido, sentiu um lampejo de irritação.
— Eu só perguntei se estava atendendo. Não há necessidade de ser rude. — Ele tentou manter a compostura, mas sua voz denotava um tom de comando.
A mulher largou um martelo com um baque seco, foi batendo as mãos na bermuda suja.
— Rude? Rude é você, que chega aqui depois de uma tempestade dessas, com essa roupa de quem acabou de sair de um comercial de cerveja, e não percebe a situação!
— Não estou atendendo! Não estou limpando porque eu quero, estou limpando porque se eu não fizer, perco o pouco que tenho!
— O freezer tá cheio e já era. Tô cheia de coisas pra fazer.
Leônidas ficou em silêncio por um instante, processando a explosão. Nunca ninguém havia falado com ele daquela forma, especialmente uma funcionária de um estabelecimento qualquer. Ele, o magnata, o homem que movia montanhas, estava sendo tratado com desprezo por uma vendedora de água de coco.
— Olha, eu… — Leônidas começou, um pouco sem saber o que dizer.
— Não tem "olha, eu"! — Ela o interrompeu, apontando para o interior do quiosque com um gesto amplo e irritado.
— Vê isso aqui? Isso era o meu sustento! E agora? Agora é entulho! Então, por favor, vá procurar sua água de coco em outro lugar, porque aqui, o máximo que você vai encontrar é sujeira e uma mulher que está prestes a explodir!
Dafine se virou, retomando a luta com a tábua, com os ombros tensos e a frustração intensa no ar. Leônidas, pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se completamente desarmado. A sede ainda estava lá, mas a vergonha inesperada e a crueza da realidade o atingiram com força. Ele deu um passo para trás, a bermuda florida e a camiseta chamativa, parecendo ainda mais ridículas em contraste com a cena de devastação e a indignação genuína daquela mulher tão linda. Sem mais uma palavra, ele se virou e se afastou do quiosque, deixando a mulher para trás em sua batalha contra os estragos da tempestade.
Leônidas se afastou do quiosque, com a imagem da mulher irritada e a sensação de ter sido repreendido ainda frescas em sua mente. Encontrou um tronco caído na areia, a poucos metros de distância, e sentou-se. O sol, que começava a aparecer entre as nuvens dispersas, revelava ainda mais a extensão da destruição.
De onde estava, ele a observava. Apesar do cansaço e da sujeira, havia uma beleza selvagem naquela mulher, uma força bruta que o intrigava. Ela não era uma jovem e nem deslumbrante como suas ex-esposas, mas uma mulher mais madura, talvez nos seus trinta e poucos anos, com um corpo curvilíneo realçado pelo short jeans curto e a camiseta simples. O cabelo castanho escuro estava completamente bagunçado, com alguns fios teimosos grudados no rosto suado, mas isso apenas adicionava um charme autêntico à sua aparência.
Ela se movia com uma energia quase furiosa, chutando um pedaço de madeira do quiosque e murmurando palavrões. Era evidente que a tempestade havia levado não apenas parte de seu negócio, mas também uma boa dose de sua paciência.
Leônidas, acostumado a decifrar mentes e comportamentos em reuniões de conselho, tentava entender aquela mulher. A raiva genuína, a resiliência em meio ao caos… algo nela o impedia de simplesmente ir embora. A sede, que ainda o incomodava, tornou-se secundária. Uma curiosidade inusitada o dominou.
Com um suspiro, Leônidas se levantou do tronco, novamente com a roupa de "turista" parecendo um uniforme de disfarce, e caminhou de volta em direção ao quiosque. A mulher estava agora tentando desenterrar algo da areia, com as mãos sujas e os dentes cerrados em frustração.
— Moça… — Leônidas tentou, com uma voz mais suave desta vez, quase um murmúrio.
— Eu sei que não está atendendo, mas… você se importaria de me dar uma água? Eu… eu posso pegar, se você disser onde está.
Ela parou, com o corpo tenso, e se virou lentamente, com os olhos escuros cintilando com uma irritação renovada, quase como se ele fosse um mosquito persistente. Ela apontou com o dedo sujo para um tambor azul de plástico, meio enterrado na areia, a poucos metros dela.
— É só pegar, moço! — Ela disse, com a voz áspera e carregada de impaciência.
— Ou vai desidratar morrer seco.
— Por acaso é cego? Não está vendo que eu tô ocupada aqui?
Leônidas piscou, um pouco atônito com a franqueza. Nunca em sua vida alguém havia perguntado se ele era cego. Era uma pergunta absurda, mas, naquele contexto de caos e desespero, soava menos como uma ofensa e mais como um desabafo.
Ele desviou o olhar para o tambor, depois para ela, que já havia voltado à sua tarefa de desenterrar sabe-se lá o quê. Sem dizer mais nada, ele se aproximou do tambor, pegou uma garrafa de água mineral, a última que havia lá dentro, em meio a cervejas, refrigerantes.
Agradeceu com um aceno de cabeça, mas a mulher já estava novamente imersa em sua batalha contra os estragos da tempestade, ignorando-o completamente. Leônidas bebeu toda a água, sentindo o frescor do líquido, mas também a estranha sensação de ter sido completamente despojado de sua autoridade e status.
Com a garrafa vazia em sua mão, um novo dilema se apresentou. Em sua pressa para o que seria uma breve visita de negócios, ele não havia sequer pensado em levar dinheiro vivo, e a máquina de cartão, obviamente, não funcionaria sem energia ou internet. Ele, o magnata que movimentava milhões, estava sem um centavo no bolso. Olhou para a mulher, que agora tentava içar uma lona pesada sobre o buraco no telhado, xingando em voz baixa.
Com um suspiro, Leônidas se aproximou novamente.
— Moça… — ele começou, com a voz um pouco mais hesitante.
— Eu… eu não tenho dinheiro aqui comigo, e a máquina de cartão… bem, você sabe. O pix não está passando.
Dafine parou, com a lona quase escorregando de suas mãos, e o encarou novamente, com os olhos estreitados.
— E eu com isso, moço? Não trabalho de graça. Primeiro toma a água, depois diz que não tem como pagar, aí aí.
— Não, claro que não. — Leônidas tentou se explicar.
— Eu gostaria de pagar pela água. Mas como não tenho dinheiro, e as comunicações estão fora… Eu poderia te ajudar com os reparos.
— Em troca da água. Parece que está com dificuldades.
Ela o estudou por um momento, com as sobrancelhas arqueadas em ceticismo, o cansaço visível em cada linha de seu rosto. Ele, com aquela roupa ridícula e o jeito de quem nunca havia pegado em um martelo na vida, oferecendo ajuda. A cena era quase hilária, mas ela estava desesperada.
— Ajudar? Você? — Ela riu, um som irônico.
— Ok, moço do comercial de cervejas, me ajude. O telhado quebrou e preciso pregar umas tábuas ali em cima antes que a próxima chuva molhe tudo de novo. A escada está ali.
Leônidas sentiu uma pontada de orgulho ferido pela forma como ela o chamou, mas ignorou. A escada de madeira, velha e instável, estava encostada na parte lateral do quiosque. Ele a posicionou com certa dificuldade, foi subindo degrau por degrau, sentindo o olhar da mulher sobre ele. O martelo era pesado e pouco familiar em suas mãos acostumadas a canetas e contratos.
Ele encontrou uma tábua solta e, com uma concentração quase cômica para alguém tão poderoso, ergueu o martelo. Mirou o prego e… PAH! Em vez da madeira, o martelo acertou em cheio o seu próprio dedo.
Um grito abafado escapou de Leônidas, um som inesperado. Ele soltou o martelo, que caiu fazendo barulho, e levou a mão ferida à boca, se mexendo com dor, de repente perdeu o equilíbrio. Com um berro, ele despencou na areia, com a bermuda florida subindo e revelando suas pernas pálidas.
Dafine, que o observava, explodiu em uma gargalhada alta e descontrolada. Ela ria tanto que teve que se apoiar no quiosque, com a barriga doendo, as lágrimas escorrendo pelo rosto sujo.
— Ai meu Deus! — ela conseguiu dizer entre as risadas.
— Eu não acredito! Que desastre!
— Machucou?
A risada dela se intensificou, misturada com um som de exasperação. Ela se recompôs um pouco, secando as lágrimas.
— Tá vendo? Eu sabia que você não era do tipo que pegava no pesado! Vem cá, deixa eu ver essa mão.
— Tudo bem?
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