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Onde a Dor Tem Nome

O leilão

.
Voz abafada nos corredores escuros do porão, sons de passos ecoando em concreto molhado
Barulho de correntes se arrastando
Aoi está ajoelhado no chão frio, os braços amarrados para trás, o olhar perdido em algum ponto invisível da parede suja.
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🪷 Nome japonês: Aoi Yukimura (雪村 葵) 🕯 Idade: 19 anos 📏 Altura: 1,74m 🎭 Personalidade: Silencioso, observador, retraído. Aoi não fala muito, mas seus olhos sempre parecem dizer algo que ele jamais colocaria em palavras. Ele aprendeu a esconder seus sentimentos como forma de proteção. Às vezes se mostra gentil, mas é instável emocionalmente. 🩸 Passado: Foi raptado ainda adolescente e mantido em cativeiro por criminosos que usavam garotos como moeda de troca. Vítima de abuso físico e psicológico, Aoi acabou sendo vendido para o mafioso como “um produto limpo e obediente”. Mas há algo ainda mais obscuro em seu passado, um segredo que ele esconde até mesmo de si mesmo.
A respiração dele é baixa. Quase imperceptível. Mas ele ainda está ali. Vivendo. Sendo mantido inteiro por puro instinto.
Homem desconhecido se aproxima
desconhecido
desconhecido
*Agacha na frente de Aoi* Olhos bonitos. Vai render bem.
Aoi não reage. Nem pisca. Apenas observa. Como se já tivesse passado por tudo. Como se nada mais fosse novo.
Dois meses antes, ele tinha uma vida. Tinha nome, casa, cheiro de sabão na roupa. Agora... só correntes, silêncio e mãos que ele prefere esquecer.
A porta de ferro se abre com um rangido longo e metálico.
guarda
guarda
Tira ele daí. Começa em 10 minutos.
no salão do leilão subterrâneo luz vermelha, cheiro de álcool e suor, homens de terno e olhos frios
A plateia está posicionada. Telas exibem “lotes” com números e informações mínimas. Ninguém sabe nome. Ninguém quer saber.
Aoi está em pé, agora, no centro de uma plataforma giratória, usando apenas uma camisa branca fina que cai pelos ombros.
Ele olha para o chão. Não fala. Não treme.
Os outros gritavam, pediam socorro, suplicavam. Mas Aoi aprendeu que gritar só dá mais prazer aos monstros. Silêncio é o único escudo que restou.
leiloeiro
leiloeiro
Lote 27. Masculino. 19 anos. Pele clara. Treinado para obediência. Item em perfeito estado.
Alguns homens riem. outros sussurram algo obsceno. mas no fundo do salão… uma nova presença surge.
Ren Daigo entra na sala.
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⚔️ Nome japonês: Ren Daigo (大悟 蓮) 🔥 Idade: 26 anos 📏 Altura: 1,85m ⚖️ Papel: Chefe de uma célula da máfia no submundo de Shinjuku. Comanda o tráfico de informações, lavagem de dinheiro e “importações humanas”. Tem fama de imprevisível e cruel, mas há um código interno que ele segue: lealdade absoluta ou punição exemplar. 🎭 Personalidade: Ren é agressivo, controlador e sedutor. Inteligente, estrategista, mas com traços impulsivos, especialmente quando sente que está perdendo alguém ou algo. Ele nunca se apaixonou de verdade… até conhecer Aoi. Com os outros, ele é seco. Com Aoi, ele tenta ser mais paciente, mas é dominado pela obsessão crescente de querer protegê-lo (e possuí-lo).
Ele usa um sobretudo preto, os cabelos molhados pela chuva. O cheiro de cigarro e suor fresco se mistura ao ambiente. Os olhos são pesados, fundos, impacientes.
Ele passa por dois homens e ambos se calam sem que ele diga uma palavra.
Ren
Ren
Já começaram essa palhaçada?
guarda
guarda
Senhor Daigo... está em andamento. Tem alguns “bons produtos” hoje.
Ren Passa os dedos nos cabelos molhados e suspira
Ren
Ren
Isso é carne podre empacotada. Tão previsíveis.
Ele vai se aproximando da área principal, onde Aoi está iluminado sob uma luz amarela suja
Ele Para, e observa em silêncio
Aoi levanta os olhos. Pela primeira vez desde que foi exposto.
Eles se encaram.
Foi menos de dois segundos. Mas naquele instante, Ren sentiu algo diferente. Não luxúria. Não pena. Curiosidade.
leiloeiro
leiloeiro
Lance inicial: 3 milhões de ienes.
Homem 1
Homem 1
Quatro!
homem 2
homem 2
Cinco.
homem 3
homem 3
Sete!
Ren
Ren
*Interrompe, voz baixa e firme* Dez milhões.
Silêncio absoluto no salão. Os outros homens olham entre si, confusos. Isso não era comum.
leiloeiro
leiloeiro
D-dez milhões para o senhor Ren Daigo… mais alguém?
homem 2
homem 2
Tá brincando? Por esse aí?
Ren
Ren
*Olhar cortante* Repete, se tiver coragem.
O Homem se cala imediatamente.
leiloeiro
leiloeiro
vendido
Aoi continua em silêncio. Mas há um leve tremor na ponta dos dedos. Quase imperceptível.
No Corredor externo..chuva fina caindo. Aoi é entregue a Ren
guarda
guarda
Aqui está. Seu novo… bem, senhor.
Ren
Ren
*Tira o casaco e joga nos ombros de Aoi* Não quero que ele congele. Ainda não decidi o que fazer com ele.
Aoi o olha de relance, olhos escuros e fundos.
Aoi
Aoi
Por que me comprou?
Ren
Ren
Você olhou pra mim como se soubesse o que eu sou. E isso… me incomoda.
O carro preto desaparece na chuva de Tóquio, levando dois homens para um lugar ainda mais escuro. O começo de algo talvez doente, intenso… e inevitável.

início da prisão silenciosa

~continuando~
O carro parou diante de uma casa grande e sem vida. Sem flores. Sem janelas abertas. Parecia mais uma construção abandonada do que um lar. Mas ali seria o novo “lugar” de Aoi.
Ren desce primeiro, acende um cigarro e espera, encostado no capô, como se não tivesse acabado de comprar alguém.
Ren
Ren
Leva ele lá pra dentro.
Ren
Ren
Quarto dos fundos. Tranca a porta. Não precisa de cama macia pra dormir.
Dois homens o acompanham até o interior da casa. Passam por salas vazias, paredes frias e luzes amareladas.
O quarto é pequeno. A cama é fina, o colchão afundado, sem travesseiros. Há uma câmera discreta no canto superior da parede. Nada mais.
Aoi é deixado ali, sozinho.
Aoi se deita de lado, puxando os joelhos até o peito. A camisa branca está suada. Sua pele coça na área da cintura, a cicatriz ali pulsa discretamente.
Ele fecha os olhos. Mas o sono não vem como antes.
No escuro, ele volta. Para os corredores escuros. Para os gritos abafados. Para as mãos que seguravam forte demais.
[Pesadelo | Flashback distorcido]
Chão frio de concreto… pés descalços… uma mão com anel apertando seu pulso… uma luz estourada no rosto…
Vozes abafadas:
???
???
Ele é bonito, vai render mais se não quebrar logo.
???
???
Ele tentou fugir. Marca ele.
Sons de corrente. algo quente descendo pelas costas. dor. sangue.
Aoi grita, mas ninguém ouve. Nem ele mesmo. A voz fica presa na garganta.
Aoi acorda com o corpo encharcado de suor. A respiração está acelerada. O quarto está completamente escuro, exceto por uma luz vermelha piscando suavemente no canto da câmera.
Aoi se senta devagar.
Aoi
Aoi
Sussurra, sozinho: Ainda aqui…
Ele passa a mão nos próprios braços, tentando parar o tremor. Olha ao redor.
Ele não consegue dormir novamente. Então, apenas permanece ali, encolhido no canto, encarando o chão.
~Manhã seguinte~
A porta se abre com um estalo seco.
Ren entra no quarto, com uma bandeja nas mãos: arroz simples, sopa, um copo d’água.
Ren
Ren
Bom dia, flor do cativeiro.
Aoi nem olha. Continua sentado no mesmo canto, como se a noite tivesse congelado tudo.
Ren
Ren
Não vai dizer nada?
Ele coloca a bandeja sobre a pequena mesa encostada na parede.
Ren
Ren
Eu vi o que aconteceu essa noite.
Ren
Ren
Fica mais bonito quando dorme. Pena que você grita sem som.
Aoi levanta os olhos. Sem medo. Sem raiva. Só vazio.
Aoi
Aoi
Eu não estou com fome.
Ren
Ren
Sorri de lado, quase entediado: Não perguntei.
Aoi volta a olhar pro chão. As mãos descansam sobre a perna, discretas. A cicatriz na cintura pulsa mais uma vez, escondida sob o tecido amassado da camisa.
Ren
Ren
Eu posso te manter vivo sem comida. Mas se morrer, perde o valor.
Ren
Ren
Você escolhe, boneco.
Aoi não comeu. Ren não insistiu. Mas os olhos dele demoraram um pouco demais no corpo do garoto antes de sair.
Porta se fecha.

Testes e Feridas

.
O tempo dentro daquele quarto parecia não existir. A luz era sempre a mesma. A temperatura nunca mudava. E o som... só vinha de passos distantes, vozes abafadas ou do zumbido fraco da câmera em funcionamento.
Aoi estava ali. Sentado. De novo. Ainda de camisa branca, suada, com a mesma expressão de ontem. Não comia há mais de 24 horas.
Ren observava tudo pelas câmeras. E nada no comportamento daquele garoto seguia os padrões que ele conhecia.
[outro cômodo da casa | Ren diante das telas de vigilância]
Ren está sentado, pernas abertas, cigarro aceso entre os dedos. A tela mostra Aoi em tempo real.
Ren
Ren
Tá tentando se matar pela fome ou pela apatia?
Ele dá uma tragada longa e solta a fumaça devagar, os olhos fixos no corpo frágil encolhido na tela.
Ren
Ren
Você é um enigma. E eu odeio enigmas.
Ren
Ren
Mas também não consigo deixar passar sem decifrar.
Quarto de Aoi | fim da tarde
Aoi se levanta pela primeira vez. Caminha devagar até a parede, toca nela com a ponta dos dedos, como se estivesse conferindo se aquilo é real.
Ele solta um suspiro baixo, pressiona a lateral da cintura e faz uma leve careta, um incômodo. A camisa cola na pele onde a cicatriz mal curada pulsa. Mas ele não tira, não expõe. Apenas suporta.
Ele sente dor. Mas não a mostra. Porque mostrar fraqueza… era sempre punido.
Ren entra no quarto
Dessa vez, ele entra sem avisar. Sem comida. Sem fala de efeito. Só o olhar fixo.
Aoi nem se vira. Continua de pé, encostado na parede, com os ombros tensos.
Ren
Ren
Tá vivo. Isso já é um avanço.
Aoi não responde.
Ren
Ren
Você dormiu?
Aoi
Aoi
Não.
Ren
Ren
*Sorri de lado* Claro que não. Você é do tipo que dorme com um olho aberto, né?
Aoi não confirma, mas também não nega.
Ren
Ren
Sabe o que me irrita em você? Esse silêncio. Ele não é submisso. Não é medo. É outra coisa.
Ren
Ren
É como se você me olhasse por dentro. Como se soubesse o que eu sou.
Aoi se vira devagar, e pela primeira vez o encara direto.
Aoi
Aoi
Eu já vi homens como você.
Ren
Ren
Errado
Ren
Ren
Você nunca viu ninguém como eu.
Os dois ficam em silêncio. o ar no quarto pesa. o olhar de Ren desce sutilmente pelo corpo de Aoi, não com desejo, mas com uma curiosidade quase clínica.
Aoi percebe. E recua um passo.
Ren
Ren
Tá escondendo alguma coisa?
Aoi
Aoi
...não
Ren dá um passo à frente. Os dois estão agora a poucos centímetros um do outro.
Ren
Ren
Mente mal.
Ren
Ren
Mas tudo bem. Ainda não tô com pressa.
Ele passa por Aoi, devagar, e sai do quarto sem dizer mais nada. O cheiro do cigarro dele fica no ar.
[Na manhã seguinte]
Ren não falou nada quando abriu a porta. Só fez sinal com a cabeça. E Aoi, mesmo confuso, se levantou. Como um prisioneiro obediente, mas nunca realmente submisso.
Eles caminharam em silêncio pelo corredor estreito da casa. Aoi descalço, passos leves. Ren atrás, pesado, firme. Um predador.
O novo quarto era maior. Um colchão decente, uma janela trancada, lençóis escuros. A luz ali era mais suave, mas o ar… continuava denso.
Ren
Ren
Achei que merecia algo mais confortável.
Ren
Ren
Você tá se comportando bem. Até demais.
Aoi entra. Não agradece. Apenas observa. Há um espelho no canto. Grande. Estranhamente limpo. Mas ele sente que há algo atrás dele.
A câmera agora estava oculta. O espelho… era falso. Ren queria mais do que vigilância. Queria assistir. Sentir. Possuir.
Ren fecha a porta atrás de si.
Ren
Ren
Vai ficar de pé aí o dia todo?
Aoi se senta na beira da cama. Ainda calado.
Ren
Ren
Sabe o que me irrita em você? Esse jeito vazio.
Ren
Ren
Parece que eu tô tocando vidro.
Ren
Ren
Mas hoje...
Ren
Ren
Hoje eu quero ver até onde esse vidro aguenta.
Ren dá dois passos à frente. Está a um palmo de Aoi.
Aoi sente o calor. O cheiro de cigarro, couro e perfume amargo.
Ren encosta dois dedos no queixo de Aoi, obrigando-o a levantar o rosto. Aoi não resiste. Mas seus olhos não brilham. Não imploram. Só… aceitam.
E isso era o pior tipo de resposta.
Ren solta um riso abafado e dá um leve tapa no rosto dele | não forte, só o bastante pra marcar presença.
Ren
Ren
Tá vendo? Nem isso mexe com você, ou te deixa extremamente apavorado.
Ren
Ren
Então vamos ver o que te quebra de verdade.
Ele recua um passo. Em silêncio, tira a própria camisa.
O corpo dele é marcado. Ombros largos, cicatrizes antigas nas costelas, pele firme e quente. Ele joga a camisa sobre a cadeira e se aproxima de novo.
Ren
Ren
Vou tocar você.
Ren
Ren
E se você não me parar... vou fazer mais.
Aoi não responde. Mas os ombros encolhem levemente. O corpo fala o que a boca não pode.
Ren se ajoelha na frente dele. As mãos sobem pelas pernas de Aoi até alcançar a barra da camisa branca.
Lentamente, começa a puxá-la para cima.
Aoi treme.
Ren
Ren
*Sussurra* Vai dizer que tem medo agora?
E então… ele vê.
Uma cicatriz larga, ainda avermelhada, atravessando parte da cintura de Aoi. Profunda. Mal curada. Viva.
Ren congela. As mãos ainda seguram a barra da camisa, mas ele não puxa mais.
Os olhos dele descem, fixos na ferida. Uma respiração longa escapa de seus lábios.
Aoi desvia o olhar. Pela primeira vez, ele tenta recuar. Devagar. Mas com o corpo tenso como um animal acuado.
Ren
Ren
Quem fez isso?
Aoi não responde. Mas os olhos brilham com algo entre medo e desespero contido.
Ren
Ren
Isso não foi acidente.
Ele solta a camisa de Aoi. Se levanta devagar, sem encará-lo mais. Pega sua própria camisa de volta. O clima mudou.
Ren
Ren
Vai me contar.
Ren
Ren
Mais cedo ou mais tarde.
Ele caminha até a porta. Antes de sair, olha por cima do ombro.
Ren
Ren
Eu sei que tem feridas aí que não fui eu que causei.
Ren
Ren
Tem alguém antes de mim que destruiu a sua confiança, a sua paz.
Ren
Ren
E agora eu quero entender de onde veio essa dor que você carrega.
Ren
Ren
quero saber quem te quebrou.
E então, ele fecha a porta.
Aoi ficou ali, imóvel. O peito subia e descia devagar. A cicatriz ardia. Mas não era a pele que mais sangrava.

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